Sempre ao teu lado escrita por J S Dumont


Capítulo 2
Capitulo 2- O mundo que fica do outro lado da parede


Notas iniciais do capítulo

Olá gente, como prometido hoje é domingo e estou aqui de novo postando mais um capitulo, fiquei bastante feliz com o numero de comentários e favoritações, quero agradecer a todos que decidiram acompanhar essa história e farei o possivel para não desapontá-los, bom, capitulo ainda em POV Renesmee no próximo será POV Bella.



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Capitulo 02:

O mundo que fica do outro lado da parede

— Mamãe para onde vamos quando dormimos? – perguntei a minha mamãe eu estava deitada na cama e eu olhava para claraboia. Ela estava branca, e então estava de dia.

— Não vamos para nenhum lugar... – ela me respondeu, ela estava preparando o nosso cereal.

Como todos os dias quando eu acordei, não estava mais no guarda-roupa, minha mamãe me tira de lá durante a noite e me coloca na cama para eu dormir ao lado dela, então eu acordei na cama dela como todos e todos os dias. Agora já era de dia e eu já tenho cinco anos e um dia.

— Não passamos pela claraboia? – perguntei a ela e olhei para claraboia, estava começando a fazer um barulhão e a claraboia estava ficando embaçada. Estava começando a chover.

— Nunca saímos daqui Nessie, sempre permanecemos nesse mesmo lugar! – ela respondeu e depois colocou o leite no cereal, eu me levantei da cama e sentei a mesa. Eu notei que a mamãe estava séria, não sorria como nos outros dias, ás vezes acontecia isso com ela do nada, mas eu nunca conseguia entender o por que.

— Mas e os sonhos... Como sonhamos então? – perguntei.

Mamãe então sentou do meu lado e olhou para mim.

— São coisas da nossa cabeça! – ela respondeu e então eu comecei a comer o cereal, pena que não era mais de bolinha de chocolate.  - Nessie você já tem cinco anos, acho que você já tá na idade de entender algumas coisas...  – ela disse e então eu parei de comer.

— O que mamãe? Você vai me ensinar coisas novas? – perguntei a mamãe, sorrindo. Eu sempre gostava quando ela me ensinava mais sobre o mundo, embora o nosso mundo seja muito pequeno, ainda tem muitas coisas para saber sobre ele.

— Sim... – ela ficou um tempo calada, enquanto virava a cadeira em minha direção e se aproximava ainda mais de mim. – Se eu disser para você que existem mais coisas atrás daquela claraboia? Mais coisas além do céu e que você não tem apenas um papai, mas também tem uma vovó e um vovô!

— O que é isso? – perguntei a ela.

— São os meus pais, mamãe também tem um papai e uma mamãe, eles ficaram com a mamãe até os dezessete anos, eles cuidavam de mim assim como eu cuido de você hoje...

— E por que eles não estão aqui? – eu perguntei.

— É porque eles não sabem que eu estou aqui... Filha, isso aqui é apenas um quarto, não é o mundo, existe muitas coisas depois desse quarto!

— Como elas existem? – perguntei. – Tudo fica depois da claraboia?

— Sim... Está vendo a porta... Então, estamos em um quarto, isso aqui abre... – ela disse, se levantou, foi até a porta e bateu nela. – E ela leva a gente para o outro lado!

— Mas que outro lado? – perguntei.

— Tudo tem dois lados Nessie!

— Não, não é tudo que tem dois lados, um octógono não...

— É mais...

— O octógono tem oito lados!

— Sim, mas a parede tem dois lados, tem o lado de dentro que é onde a gente tá e tem o lado de fora, e ela nos leva para outro lugar...

— Sim, para onde você foi para namorar o papai, outro mundo que fica na TV...

— Não Nessie, não é outro mundo... Como você acha que Nick trás a nossa comida?

— Através da magia!

— Não, ele compra, essas coisas tem tudo lá fora, tudo existe nesse mundo que fica depois dessa parede...

— Mas... Mas... Você disse que as outras coisas existem apenas na TV! – eu gritei para ela e depois me levantei da mesa, não queria mais aprender sobre isso.

— Nessie! Nessie! – ela disse se aproximando de mim, eu fui até o sofá e me sentei. Mamãe se sentou ao meu lado. – Você não quer conhecer sua vovó e seu vovô?

— Você disse que não precisamos de mais ninguém, que eu já tenho você e você tem a mim... – eu respondi a ela.

— Eu sei o que eu disse, mas você era pequena, Nessie não podemos viver presas aqui o resto da vida, você pode ver o céu, pode ver os prédios que você vê na televisão, pode ver as arvores, um cachorro que você sempre quis...

— Você disse que isso só existe na TV! – eu gritei para ela.

— Eu sei o que eu disse Nessie, mas não é verdade, eu menti! – ela gritou.

— Você mentiu... Você me disse que eu não podia ter um cachorro porque ele só existe na TV! – eu disse a ela, me levantei do sofá e joguei-me na cama, abracei o travesseiro da mamãe e não quis mais olhá-la.

E então fiquei um tempinho ali deitada, abraçada ao travesseiro, até que eu dormi, quando eu dormi eu pensei como seria ter um cachorro, eles são cheios de pelos e ele lambe as pessoas, ele também pula e existe de vários tamanhos, tem cachorros que são bem grandes e outros que são bem pequenininhos, eu queria um pequenininho, pois um grande poderia me derrubar, eles devem ser pesados, eu queria que fosse menina e que se chamasse Dora. Mas mamãe disse que eles são reais, mas não existe fora da TV e agora ela disse que eles existem sim fora da TV e estou ficando confusa.

Quando eu dormi, eu me vi num jardim, correndo e um cachorro pequenininho correndo atrás de mim, e eu o chamava: “Dora! Dora!” e ele pulou em cima de mim e então eu cai na grama e ri, ri muito. Eu nunca estive num jardim, mas eu já vi um nas novelas da mamãe, eu o achei tão lindo. O jardim tem grama, arvores e muitas flores, flores de todas as cores, eu queria pegar em uma delas, mas no máximo que tínhamos era uma planta, eu nunca vi uma flor, mas ela existe e mamãe disse que fica depois da claraboia, mas não temos como ver nada disso, nós estamos presas e mamãe diz que estamos num quarto. Por que estamos num quarto e outras pessoas estão fora dele? Só nós que não sabemos a magica que desvenda o código?

Quando abri os olhos eu vi a mamãe, ela estava deitada do meu lado, os olhos dela estavam abertos e ela olhava para mim, ela passou a mão nos meus cabelos, para tirar do meu rosto.

— Os meus avos se chamam vovó e vovô? – perguntei a ela.

— Não Nessie, todos nós temos nomes... – ela respondeu.

— Como assim? Você não se chama mamãe?

— Eu me chamo Isabella, eu te disse isso, mas acho que você esqueceu... – ela respondeu, e depois ela se remexeu e se sentou na cama, eu me sentei também e a olhei. – Seu vovô se chama Charlie e sua vovó Renée...

— E conseguimos ver eles pela TV que nem meu papai? – perguntei a ela.

— Não... Eles não aparecem na TV, seu papai aparece porque ele é jogador e os jogos passam na TV... – ela ficou calada por algum tempo até que falou novamente. – Todos costumavam me chamar de Bella, era o meu apelido...

— Igual a mim com o Nessie? – perguntei.

— Isso, o seu nome é Renesmee, mas gosto de te chamar de Nessie!

— Se cachorros existem fora da TV porque não podemos ter um? Eu queria ter então a Dora... – eu perguntei.

— Não podemos ter um cachorro aqui, o espaço é pequeno, ele vai arranhar, vai fazer cocô em todo canto e...

— Podemos pedir um para o Nick!

— O Nick não é o nosso amigo Nessie...

— Ele é ele me deu uma boneca! E ele pode trazer tudo como uma magica e...

— Não é mágica! – mamãe colocou as mãos no rosto, pareceu ter ficado nervosa e então eu me calei. – Eu vou fazer o almoço...

Como todos e todos os dias, mamãe enquanto fazia o almoço eu assistia TV, fui trocando de canal pelo controle para procurar meu papai.

— Mamãe cadê o papai? – perguntei a ela.

— Ele não aparece todos os dias na TV! Só quando o time dele joga... – mamãe me respondeu, e então eu suspirei e desliguei a TV. — Por que você não assiste Dora? – mamãe me perguntou.

— A Dora também existe fora da TV que nem os cachorros? – perguntei a ela.

— Não, ela é um desenho animado... – ela me respondeu.

Eu estava confusa, estava difícil de entender, depois de pensar e pensar, eu entendi que as coisas existiam fora da TV era o que a mamãe dizia que era real, só que elas ficam depois da claraboia e não apenas dentro da TV, mas tinham coisas que existiam somente na TV que são o que minha mamãe diz que não são reais, como a Dora Aventureira.

Depois do almoço, fomos tomar banho na banheira, hoje mamãe quis fazer bolinhas de sabão, eu olhei algumas voarem até estourar, depois, mamãe e eu brincamos de gritar e gritamos e gritamos, de vez em quando fazíamos isso, mamãe diz que era para ver se os ETS escutavam, mas já tinha cansado dessa brincadeira, porque os ETS nunca gritavam de volta.

Quando a claraboia começou a ficar escura, mamãe já foi me colocar no guarda-roupa e mandou-me dormir, hoje eu não queria dormir, eu tinha descoberto muitas coisas e ainda queria saber mais, mas mamãe disse que continuaria me contando amanhã, fiquei deitada com minha boneca, e comecei a contar e contar para ver se dormia, eu estava já no numero quarenta... Quarenta um, quarenta e dois, quarenta e três... Até que ouvi um barulho! Sentei-me e fui olhar nos buraquinhos, vi um homem próximo da mamãe. Era o Nick! Comecei a olhá-los pelo buraquinho do guarda-roupa.

 - Oi... Eu trouxe algumas coisas... – eu ouvi Nick dizer.

— Ah sim, obrigada, senta! – mamãe respondeu.

— Obrigado, é, e ai ela gostou da boneca? – ele perguntou agora já sentado na cadeira. Mamãe não respondeu. – Gostou?

— Sim... – ela disse. – E as vitaminas?

— Ah são dinheiro jogado fora...

— Se nossa dieta fosse melhor...

— Você já vai começar a reclamar de novo? Você deveria ser mais agradecida, eu estou desempregado sabia? E mesmo assim eu continuo trazendo as coisas, até uma boneca para sua filha eu comprei...

— Obrigada...

— É você é chata ás vezes... Você não tem ideia como o mundo está hoje, tudo está um absurdo e quem paga tudo? Quem paga a conta de energia?

— Você...

— Sim, eu te alimento, alimento sua filha, eu trago roupas e tudo que você precisa, e ainda você vem reclamar de uma droga de uma vitamina!

— Me desculpa!

— Sabe, eu estou desempregado á seis meses, sabe o que é isso? Como vou continuar pagando tudo?

— E o que você está pensando em fazer? Tá procurando outro emprego?

— NÃO TEM NENHUMA PORRA DE EMPREGO! – Nick gritou de repente e bateu as mãos na mesa, o seu grito me assustou, eu fiquei assustada e fui com o corpo para trás, bati as costas na parede do guarda-roupa e fez mó barulhão.

— Olá? – ele chamou.

— Ela tá dormindo! – mamãe disse rapidamente.

— Eu acho que não! Você a deixa no armário o dia todo e a noite também? Ela tem duas cabeças por acaso? – ele perguntou olhando para mamãe, depois virou-se em direção ao guarda-roupa, e foi se aproximando dele, eu consegui ver o rosto dele assim que ele se aproximou dos buraquinhos, ele era mais velho que a mamãe, tinha barba e usava um óculos. – Hei, você quer um doce? Sai dai de dentro!

— Hei, vem, vamos, vamos para cama! – mamãe o chamou.

— Vem garotinha... – ele continuou me chamando, eu cheguei a colocar a mão na porta do guarda-roupa para abrir, mas mamãe logo o puxou, e eles foram para cama e dentro do guarda-roupa eu não conseguia ver a cama.

Eu voltei a deitar no guarda-roupa, enquanto abraçava minha boneca, voltei a contar... Quarenta e quatro, quarenta e cinco, quarenta e seis...

Mamãe e ele só conversaram um pouquinho só, mas falavam tão baixo que eu não conseguia entender. O Abajur apagou, clique, e o Nick fez a cama ranger. Continuei contando, contando, contando. Tudo quieto. Acho que ele deve estar dormindo. Será que a mamãe desliga quando ele desliga? Ou fica acordada esperando ele ir embora? Vai ver que os dois estão desligados e eu ligada, o que é esquisito.

Pensei que até poderia sentar e sair de engatinhando do guarda-roupa, eles nem iam saber, eu poderia dar uma espiada, ver como eles dormem juntos, será que eles estavam um do lado do outro ou virados ao contrário?

Mamãe e eu na maioria das vezes acordamos uma virada para outra. Será que é assim com o Nick? Pensei nisso até eu dormir.

Quando abri os olhos tudo estava ainda em silencio, olhei pelos buraquinhos e não vi ninguém, ainda estava meio escuro. Eu queria ter saído do guarda-roupa quando ele falou comigo, eu queria ter pegado o doce e falado com o Nick, ele não parecia ser mal, trazia comida para nós e até me trouxe uma boneca, quem sabe se eu pedisse ele dava a Dora para mim.

E então eu sai do guarda-roupa, abri a porta bem devagarinho e pisei no chão, tudo estava silencioso, apenas dava para escutar o zumbido da geladeira. Dei mais alguns passos até que aiii. Dei uma topada com o dedão em alguma coisa, peguei e vi que era um sapato, um sapato gigantesco. Olhei para a cama, lá estava ele, o Nick, aproximei e fui olhá-lo mais de perto. Ele ficou um tempinho de olhos fechados, ate que de repente abriu os olhos, ele ficou calado por alguns segundos até que então falou:

— Oi garotinha...

Foi então que minha mamãe gritou de repente:

— NÃO! NÃO SE APROXIMA DELA, SAI DE PERTO DELA, SAI! – ela gritava e seu grito me assustou, ela me empurrou e começou a tentar segurar Nick, eu gritei, fui para trás quando via Nick subir em cima da mamãe, ela estava deitada na cama de barriga para baixo e ele por cima dela, ele virou o rosto dela contra o travesseiro. E apertou o rosto dela, segurando-a pelo pescoço, minha mamãe chorava e ele gritava:

— FICA QUIETA, FICA QUIETA! Quer respirar? ENTÃO FICA QUIETA!

Eu entrei correndo dentro do guarda-roupa, para ver se ele parava de machucar a mamãe, me encolhi lá dentro, enquanto a ouvia chorar por um tempo, até que tudo ficou silencioso novamente por algum tempinho.

— Se você me agarrar assim de novo, eu te mato! – escutei ele dizer, e então eu o vi passar pelo guarda-roupa, ouvi novamente um barulho bip, bip, PUM. Silencio. Ele parecia ter ido embora.

— NESSIE! NESSIE! – eu ouvi minha mamãe gritar, sai correndo de dentro do guarda-roupa e quando eu vi a mamãe eu corri até ela e a abracei.

— Me desculpa, eu sai do guarda-roupa, me desculpa! – eu pedi para ela chorando, mamãe me abraçou forte, enquanto chorava também. – Eu não vou fazer isso de novo, eu prometo!

— Você está bem? Ele tocou em você? – ela perguntou, soltando-me e colocando as duas mãos no meu rosto.

— Não... – eu respondi, ela me abraçou novamente e ficou abraçada comigo por um bom tempo.

— Ele é mal, ele machucou você!- eu disse.

— Eu estou bem, eu estou bem... – ela disse e ficamos abraçadas ate dormir.

Eu sabia que mamãe estava mentindo, pois depois que acordei novamente eu vi que o pescoço dela estava roxo, ele havia o apertado bem forte, tanto que ficou marcado, enquanto ela ainda dormia, eu coloquei o dedo em cima do machucado e mamãe gemeu, e então abriu os olhos. Ela sorriu para mim e me deu um beijo na testa.

— Eu amo você... – ela disse, e eu sorri para ela.

— Também amo você mamãe...

— Você não pode fazer essas coisas! – ela disse.

— Me desculpa, eu só queria pedir para ele me dar um cachorro... – eu falei.

— Nessie, eu já falei que não tem como termos um cachorro aqui dentro, só quando sairmos daqui!

— Como assim? – perguntei. E mamãe levantou-se da cama, ela amarrou um pano no pescoço dela e olhou novamente para mim.

— Sairmos desse quarto... – ela disse.

— Não temos a magia que desvenda o código! – eu disse.

— É eu sei... – ela disse para mim e depois se sentou do meu lado. – Mas ele tem, a porta ela abre...

— E quando passamos por ela encontramos todas aquelas coisas? Prédios, cachorros, vovó, vovô?

— Isso...

— Eu não consigo ver o lado de fora! – eu falei, desapontada.

— Eu sei... Eu sei que disse outra coisa para você, mas você era muito pequena e não ia entender, mas você agora já é grande, consegue entender tudo, você é esperta!

— Não... Eu não sei como tudo cabe no mundo, ele é tão pequeno... – eu disse.

— Ele não é pequeno Nessie, estamos em um pedaço bem pequeno dele, depois dessa porta tem um mundo enorme! – ela explicou para mim.

Eu fiquei olhando para mamãe, mas tudo que ela dizia só me deixava mais confusa. E então eu desisti de aprender sobre isso, era muito difícil.

— Pode me dar outra coisa para comer? – perguntei para ela.

Ela suspirou e então ela olhou para cima, para claraboia e depois olhou para mim de novo.

— Olha lá, tem uma folha na claraboia! – ela apontou para claraboia, eu olhei para ela.

— Eu não estou vendo! – eu disse.

— É, eu quero que você veja, vem! – ela me pegou no colo e foi em direção a mesa, ela subiu na cadeira, para me deixar mais próxima da claraboia, eu vi algo mais não era verde, era uma cor bem diferente, não parecia as folhas da TV.

— Não é uma folha, as folhas das arvores são verdes... – respondi a ela.

— É, mas são verdes nas arvores, elas apodrecem e caem...

— Cadê o resto das coisas que você me disse? Cadê a grama? Arvores? Os cachorros? Gatos?

— Não conseguimos ver daqui porque a claraboia aponta para cima e não para os lados... – ela disse colocando-me no chão e saindo de cima da cadeira.

— É mentira! – eu disse a ela. – Não existe tudo isso, não existe nada disso, não existe vovó e vovô, não existe papai e nem nada disso que você diz que existe fora da TV! Você está mentindo! – eu gritei.

— Não Nessie, existe, existe sim, eu tive que mentir porque você era muito nova e tive que inventar histórias, mas agora você tem cinco anos e pode me entender, você tem que entender, você precisa, não podemos viver assim para sempre!

— Eu quero voltar a ter quatro anos...

— Filha...  – mamãe puxou a cadeira e se sentou, ficando na minha frente. – Lembra a história da Alice no país das maravilhas?

— Sim...

— Então, se lembra de que ela vivia em um mundo, ai apareceu um coelho e ela o seguiu e caiu em um buraco?

— Sim... Lembro!

— Então, ela foi parar em outro mundo, vamos dizer que foi mais ou menos assim comigo, eu vivia no mundo que fica atrás dessa parede, depois da claraboia, no mundo onde tem tudo, cachorros, gatos, prédios, grama, arvores, flores, tudo, eu vivia numa casa, com minha mamãe e meu pai...

— Que casa? A da TV!

— Não, era uma casa fora da TV que fica depois da parede, era uma casa real Nessie, tinha uma rede, tinha vários quartos, tínhamos até um gato chamado Tommy...

— Você tinha um gato?

— Sim... Eu tinha, ele era branco e bem peludo!

— E foi ai que você conheceu papai?

— Sim estudávamos na mesma escola...

— O que é uma escola?

— Um lugar onde crianças e jovens se reúnem para aprender tudo isso que eu te ensino, e lá, eu conheci seu papai...

— E onde eu estava?

— Você estava ainda no céu, quando eu comecei a namorar o seu papai você venho parar na minha barriga, e ai, um dia eu estava andando pela rua, eu estava passando por um beco e estava vazio, Nick apareceu e me sequestrou, me puxou e me jogou dentro da picape dele e vim parar aqui... – mamãe então começou a chorar, eu não queria mais ouvir essa história.

— Eu não quero essa história, para! – eu disse.

— Você tem que escutar Nessie, é a nossa história, é a minha história, você precisa saber como tudo aconteceu... – ela disse. – Ele me trancou no galpão dele, isso aqui é um galpão que fica no quintal dele, e sabe essa porta? Ele é o único que tem o código, mas não é através de magia, ele não quer contar para gente qual é o código, e eu não consigo sair daqui porque ele me trancou aqui há seis anos e só ele sabe o código... – ela disse chorando.

 - NÃO, ISSO TUDO É MENTIRA! – eu gritei. – Ele é legal, ele só não foi legal quando eu sai do guarda-roupa, mas a culpa foi minha!

— Ele me sequestrou, ele me prendeu aqui a força Nessie! Você não entende? O mundo é enorme e estamos vivendo apenas em um pedacinho dele, esse quarto fedorento é apenas um pedaço minúsculo de todo o mundo...

— O QUARTO NÃO É FEDORENTO! Só quando você solta pum... – eu rosnei.

— Tá bom Nessie! – ela disse discordando com a cabeça e enxugando as lágrimas e ficou em silencio por um tempinho.

— Não chora mamãe, as lágrimas vão secar... – eu pedi.

— Está bem filha, eu vou fazer um sanduíche para você! – ela disse e então foi para pia, e eu fiquei observando-a enquanto ela preparava o lanche.

Mamãe terminou o lanche, entregou-o para mim e não falou mais nada.

Continua...


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Notas finais do capítulo

N/A: Iai o que acharam? COMENTEM! Próximo POV Bella ;) Até domingo:* e boa semana a todos!!!