Sempre ao teu lado escrita por J S Dumont


Capítulo 16
Capitulo 16 - Marcas do Passado


Notas iniciais do capítulo

olá gente, hoje é domingo dia de sempre ao teu lado, bom, primeiro quero agradecer as tres recomendações que recebi no capitulo anterior: debora cas, leilinha e diluah prior, muito obrigada pela suas recomendações, me deixaram mais feliz para postar essa semana, agora, eu quero pedir um favor a todos, comentem por favor, se vocês estão lendo toda semana STL deixem comentários toda semana, não só nos caps mais emocionantes, mas sim em todos, todos são importantes para mim, e todos eu desejo saber a opinião de vocês, então peço que todos eles vocês deixem comentários, ainda mais nesse que é longo né, eu mereço. comentem nem que seja para xingar edward eu deixo vai kk parei não vou dar ideia.
eu espero que gostem desse cap. voltamos para pov bella no próximo acontecerá algo muito interessante muito mesmo, se vocês forem boazinhos eu talvez volte antes se não nos vemos domingo que vem, vai depender de vocês e do amor de vcs por sempre ao teu lado ;)



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16. Marcas do passado

Desde que eu sai daquele quarto, eu tentava não pensar. Eu tentava não me lembrar dele, ele já tinha feito parte da minha vida demais, foram seis anos, seis longos anos aturando-o e fingindo ser sua mulher, mesmo que eu nunca tivesse intenção de ser. Eu fui obrigada, eu nunca quis ficar com aquele homem, eu nunca quis escutar suas reclamações, fazer parte da sua vida. Eu nunca quis dormir com ele, mas ele não me deu escolhas. E foram seis anos que pareceram mais uma eternidade.

Eu achei que estava liberta, teria uma nova vida e nunca mais iria querer me lembrar de Nick, até hoje eu nem sei qual é seu verdadeiro nome, nunca tive vontade de saber, eu só queria fechar os olhos e fingir que nada aconteceu, que ontem eu fui á lanchonete e levei um fora de Edward, e agora estou aqui em minha cama, chorando porque perdi meu namorado e estou gravida. É eu queria que tivesse sido assim, eu queria ter tido tempo dentro desses seis anos para resolver isso, talvez se isso tivesse acontecido agora eu estivesse casada com Edward, provavelmente teríamos resolvido ás coisas, aquele não iria ser nosso fim, mas não. Ele não me deu a chance de resolver a minha vida, agora Edward está noivo de uma modelo, e minha filha está sem pai. E isso é tudo por culpa dele, tudo por culpa do Nick, e eu fui tão tola que achei que só de estar livre dele eu poderia apagar, eu poderia voltar a viver normalmente como se nada tivesse acontecido, como se nada disso tivesse sido importante.

Mas não, aquele maldito marcou minha vida e não é só fechar os olhos e fingir que nada aconteceu que essa vai ser a verdade dos fatos. Eu estou abalada, eu estou abalada emocionalmente o suficiente para ter pegado um monte de remédio e tomado, eu estou abalada o suficiente para tentar me suicidar mesmo sabendo que tenho uma filha de cinco anos que depende de mim. Simplesmente eu achei que tudo seria mais fácil se eu dormisse e não acordasse mais, a dor iria parar, as lembranças iriam sumir. Era isso que eu queria, era assim que eu achei que iria ser, mas não foi. Nessie só tem cinco anos e provavelmente superará tudo que passou. Mas e eu? Eu tenho chance de recomeçar?

Eu já sabia que quando pisasse fora daquele quarto e voltasse para o mundo ás coisas não seriam mais as mesmas, tudo seria diferente e eu teria que começar da onde parei. Eu tinha que procurar esperanças, esperanças em algum lugar e provavelmente acreditei que Nessie seria a minha força, ela foi, ela foi minha força nesses últimos seis anos, mas teve um momento que nem ela bastou. Eu surtei, eu deixei a tristeza me consumir, mesmo livre de Nick eu deixei que ele continuasse me destruindo, embora ele estivesse longe de mim ele ainda me fazia mal, e tenho que admitir que eu errei quando disse que não pensava nele, a raiva e a tristeza continuavam dentro de mim. Aquele maldito ainda fazia parte de minha vida, e me dava desespero em ver que tudo isso ainda me fazia mal.

Quando abri os olhos, tudo estava muito claro, achei que eu estaria no outro lado, que essa seria a tal da luz que muitos vê quando estão mortos, mas eu me matei. Não era para eu estar aqui. Era para eu estar em outro lugar, fechei os olhos, abri de novo e ouvi vozes, alguém estava falando algo, mas eu não conseguia entender. Tudo continuava claro, e eu tentei falar alguma coisa, mas não conseguia formular nada, da minha boca só saia ruídos e novamente fechei os olhos. Acho que apaguei.

Depois achei que fui para outro lugar, um lugar terrível onde me fazia reviver tudo que vivi de novo, pois lá estava eu no meu primeiro dia de cativeiro, logo quando Nick me levou para aquele terrível quarto, eu estava chorando, eu estava com medo. Eu estava no canto do quarto implorando para ele:

— Me deixa sair! Por favor, me deixa sair! – eu gritava.

Ele se aproximou tão rápido como um raio, agarrou-me, me fazendo gritar, em seguida, pois uma de suas mãos em minha boca e a outra me segurou pela nuca e disse:

—Se você gritar de novo eu vou te matar! – e em seguida me empurrou, eu cai no chão de costas e comecei a chorar, olhei a minha volta totalmente assustada, e naquele momento é como dizem, todas as lembranças voltaram em minha mente, pensei em meus pais, pensei na minha escola, em todos meus amigos, pensei em Edward, pensei na vida maravilhosa que eu tinha e que as vezes eu sentia raiva dela, como eu fui tola, eu tinha que agradecer pela vida maravilhosa que eu tinha. Pois ela era um paraíso comparado com os próximos seis anos que eu iria viver.

Com certeza se eu tivesse saído dali, naquele exato momento eu teria ido atrás de Edward, faria o possível para ter resolvido as coisas com ele, com certeza eu teria dado valor a tudo que eu tinha, eu teria abraçado mais forte minha mãe naquela manhã, eu teria falado “eu te amo” para ela e também para o meu pai, eu teria falado tudo o que queria ter dito para o Edward naquela lanchonete, eu teria feito muitas coisas diferentes em minha vida.

Mas eu estava ali, deitada naquele chão frio do quarto, chorando, achando que nada mais teria jeito, foi o que ele disse para mim:

— Não se mexa! – primeiro ele gritou isso, enquanto ia até o guarda-roupa pegar algo lá de dentro, eu me desesperei ao ver que se tratava de uma corda, e tentei arrastar o meu corpo para o canto do quarto, implorei para ele não fazer aquilo, mas logo ele já estava em cima de mim, eu me debati, pedi para ele me soltar, para ele me deixar ir, eu implorei, falei para ele que não contaria para ninguém, que ia fingir que nada disso aconteceu, e se ele tivesse me soltado talvez eu tivesse feito isso mesmo, mas não, enquanto ele amarrava meus braços, ele falava e eu conseguia sentir aquele seu hálito de cerveja. – Você vai ficar aqui comigo, estou precisando de uma mulher, é por um tempinho...

Eu arregalei os olhos e abanei a cabeça, já com medo do que iria acontecer. Quis falar para ele: Por que não arruma uma mulher como todas as outras pessoas no mundo? Por que simplesmente não sai e procura uma? Mas de nada saiu da minha boca, em vez disso eu tentei novamente gritar, ele ficou irritado com os meus gritos:

— Eu não mandei você parar! – ele gritou, e em seguida ele pegou um lenço de dentro do seu bolso e enfiou ele na minha boca, depois continuou o que estava fazendo, continuou amarrando os meus braços para trás, e em seguida minhas pernas, depois falou que já voltava e eu me desesperei, não queria ficar daquele jeito, deitada de bruços no meio do chão, mas foi o que ele fez, simplesmente saiu e me deixou ali, por horas.

Com o tempo meus braços foram ficando dormentes, meu corpo começou a doer e comecei a sentir frio devido eu estar horas deitada num chão gelado, eu não me lembro direito no que eu pensei, mas sei que naquele momento eu achei que não iria sair viva dali de dentro.

Sei que o primeiro dia foi um dos mais difíceis, é difícil você se dar conta que tudo que viveu não teria mais valor dali em diante, tudo, ficaria apenas nas recordações e viver dentro de um quarto nos seis anos seguintes pensar tornava-se uma tortura. Agora fora daquele lugar, eu não gostaria de me lembrar disso, lembrar do desespero que passei e como aquele homem as vezes era tão cruel.

Eu sei que depois que ele voltou, ele estava sorrindo, disse que eu estava com sorte, que seria impossível de me ouvirem gritar dali de dentro, e acho que foi naquele momento que ele teve a certeza de que minha estadia ali iria aumentar, não iria ser apenas um tempinho, de um tempinho viraram-se anos, agora era para eu ainda estar lá, se eu não tivesse armado um plano tão arriscado de fuga.

Quando ele me soltou, eu quase não conseguia mexer os braços, ele estava doendo demais, eu gemi de dor e estava cansada demais para chorar, meus olhos estavam quase se fechando quando ele soltou-me totalmente, me virou como se eu fosse apenas uma boneca de pano e começou a puxar-me pelas pernas, e arrastar-me pelo quarto, não demorou muito tempo para eu me dar conta de que ele estava me levando para cama.

Abri os olhos assustada, sentei na cama com os olhos arregalados, percebi que estava tendo um pesadelo, depois de tantos dias fora do cativeiro era primeira vez que eu estava tendo um pesadelo com o Nick, eu estava sonhando com o meu primeiro dia no quarto. Engoli um seco e senti um gosto amargo em minha boca, olhei a minha volta e me dei conta de que estava no hospital, o mesmo hospital que eu fui com Nessie assim que sai do quarto.

Eu estava me sentindo levemente enjoada, voltei a deitar a cabeça no travesseiro e olhei para o teto do quarto do hospital. Foi quando eu escutei um barulho de abrir de porta, olhei rapidamente para ela e vi o Dr. Clay entrando no quarto.

— Senhorita Swan, que bom que já acordou... A senhorita deu um belo de um susto em nós! – disse o Dr. Clay aproximando-se de mim.

— Os meus pais estão no hospital? – perguntei para ele, mas a voz estava fraca demais.

— Seu pai passou a maior parte do tempo aqui, ele agora deve estar na recepção... – ele disse, depois desviou o olhar para o prontuário que segurava. – Me diga, está sentindo algo?

— Estou sentindo enjoos... – eu disse.

— Dor de cabeça? – ele perguntou.

— Não muito, é eu posso ver o meu pai? – perguntei ao médico.

— Daqui a pouco eu aviso que você já acordou, com licença... – ele respondeu e eu suspirei. Logo pensei em Nessie e o quanto ela deve estar assustada.

Observei o Dr. Clay sair do quarto, soltei um suspiro e voltei a olhar para o teto, eu pensei em como eu queria estar em qualquer outro lugar que não fosse aqui, para tirar um pouco o tedio eu procurei o controle da televisão para liga-la, mas não encontrei, passei a mão no cabelo e vi que seria um dia torturante, onde teria apenas os meus pensamentos como companhia.

+++

Ainda demorou quase uma hora para alguém aparecer no meu quarto, era a enfermeira trazendo medicação, pedi para que ela arrumasse um controle para TV, ela falou que iria ver, mas não voltou com o controle, em vez disso depois de uns vinte minutos meu pai entrou no quarto, eu sorri para ele enquanto observava ele se aproximar de mim, seus olhos estavam marejando.

— Pai... É me perdoe! – eu disse a ele, levemente envergonhada com o que eu havia feito.

— Eu não quero que você me peça desculpas, eu quero que você me diga que nunca mais vai fazer isso... – ele disse a mim e eu não aguentei encará-lo, eu estava envergonhada demais, desviei o olhar para minha frente, e ele sentou na cama, ao meu lado. – Bella sabe como ficamos felizes em ter você de novo conosco? Tudo pareceu um sonho, foram seis anos de procura, e acredite tua mãe e eu nunca desistimos de te encontrar, e agora quando conseguimos encontrar você, ter você de novo conosco, você mesma tenta retirar sua própria vida, se você tivesse conseguido Bella? Imagina de ter te volta e depois te perder, assim, desse jeito, se você não consegue pensar em você, pelo menos pense na sua mãe, pensa na sua filha que precisa de você e pense em mim...

— Eu sei, mas, é que pai, eu achei que seria mais fácil... – eu disse, voltando a olhar para ele e ele pegou a minha mão. – Mas não é, eu pensei que eu ia conseguir esquecer, mas eu não consegui, eu não consigo esquecer, eu não consigo tirar essa culpa, essa dor... – algumas lágrimas caíram dos meus olhos e rapidamente retirei-as com a mão. Senti meu pai apertar minha outra mão, e ele olhou-me com um sorriso no rosto.

— Você não vai conseguir esquecer Bella, mas você pode aprender a conviver com isso, eu entendo filha que foi uma experiência terrível, uma das mais terríveis que pode acontecer com um ser humano, mas pense Bella, que sua história é uma história de esperança, você sobreviveu, ele pode ter tirado quase tudo de você, mas ele não conseguiu esmagar o seu espirito, você se reergueu e está aqui viva, e não o deixe tirar a vida de você, ele já tirou muito Bella, levante a cabeça e siga em frente, você não está sozinha e caso no meio do caminho você caia, ainda estaremos aqui para ajudar a te levantar de novo... – mais uma lágrima caiu dos meus olhos, mas eu não a enxuguei. – Não tenha medo de viver Bella, você ainda tem uma vida inteira pela frente e pode muito bem recuperar todo esse tempo perdido...

Eu sorri para meu pai e beijei a sua mão, tinha já esquecido como ele sempre teve esse dom de falar as palavras certas no momento certo, na realidade eu acho que eu me esqueci de muitas coisas.

Realmente eu estava me sentindo culpada pelo que eu havia feito, eu estava sofrendo, mas por um momento eu esqueci todas as pessoas que me amavam, para apenas concentrar em minha dor, foi um ato egoísta e fiquei me culpando por isso durante todo o dia.

Mas no outro dia eu já estava começando a superar e me sentir melhor, tive uma noite inteira para refletir, principalmente refletir as palavras de meu pai, era a segunda vez que eu sentia-me viva de novo, era a segunda vez que Deus estava me dando uma nova oportunidade, a primeira ele usou a minha filha para me salvar e me tirar daquele cativeiro, e agora eu estava acordando de uma tentativa de suicídio. É o meu pai estava certo, eu precisava dar uma nova chance para mim, não apenas por mim, mas têm eles, meus pais que sonharam por muito tempo me reencontrar e minha filha, que é tão pequena e que precisa de mim mais do que qualquer outra pessoa. Ela foi minha luz durante esses seis anos e tem que continuar sendo.

Eu estava já entediada em ficar naquele quarto do hospital e a saudade da Nessie estava começando a apertar, até agora eu não consegui nem ligar a televisão e nem sei se passou no jornal essa minha tentativa de suicídio. Então eu decidi tomar um longo banho, pois a agua quente sempre foi ótima para me relaxar. Fiquei um bom tempo embaixo da agua, só sai quando estava me sentindo bem melhor. Depois que sai do meu banho, passei a mão no espelho esfumaçado, olhei minha aparência no espelho e vi que não era uma das melhores, eu estava extremamente pálida e meus olhos estavam muito, mais muito inchados.

Vesti a roupa de hospital e sai do banheiro, assim que entrei no quarto tive uma surpresa, agora ele estava cheio de flores, de ursinhos, de bombons, eram vários presentes, eu sorri para eles abobalhada, a enfermeira que estava trazendo todos, quando me viu olhou-me com um leve sorriso no rosto.

— Parece que tem muitas pessoas que te amam! – a enfermeira disse, agora estava com um novo buque de rosas na mão.

— Minha família é bastante grande! – eu disse. Aproximando de um buque de rosas que eles haviam colocado numa pequena mesa que havia num canto do quarto, próximo do buque de rosas havia outros presentes. Alguns deles estavam com cartões, agora eu teria o que fazer, ficaria um bom tempo lendo-os.

— Eu acho que alguns deles devem ser de admiradores! – a enfermeira falou, e eu a olhei com as sobrancelhas franzidas.

— Eu sai a pouco tempo de um cativeiro, eu não conheço mais ninguém, é impossível eu ter admiradores! – eu falei.

— É eu soube da sua história, eu te admiro muito pela sua força... – ela disse para mim.

— Eu não sou forte, eu tentei me matar... – eu falei desviando o olhar dela para o buque de rosas, eu toquei em uma de suas pétalas.

— Isso é compreensível, acho que tudo que você passou, varias pessoas em seu lugar também pensariam em fazer o mesmo... – ela disse, olhando para mim. – Mas não desista da vida senhorita Swan, ainda mais agora que está livre! – ela disse, sorrindo para mim e eu sorri para ela também.

— Obrigada, eu farei isso... Qual é seu nome? – perguntei a ela.

— Ellen... – ela disse.

— Me chame de Bella! – falei para ela e ela concordou com a cabeça.

— Vou trazer o seu jantar! – ela disse e depois saiu do quarto, enquanto ela saia eu comecei a olhar os cartões. Fui abrindo e olhando um por um, encontrei flores dos meus pais, de tios, de pessoas que nem conheço que disseram que ficaram comovidos com minha história, ganhei um urso de Alfred, a pessoa que ajudou minha filha logo que ela fugiu da picape do Nick, outro urso da policial Sara, e eu já ia abrir o cartão de um buque de flores, quando a enfermeira Ellen voltou com o jantar, então eu fui para cama e me concentrei em minha bandeja de comida.

Sinceramente eu não consegui comer muito. A comida estava começando a amargar em minha boca e eu sentia como se tivesse caindo pedras em meu estomago, comi apenas a metade e assim que a enfermeira foi embora levando a bandeja, meus olhos concentraram-se novamente naquele monte de presentes.

Era bom receber tantos presentes, fazia-me ver o quanto sou amada por algumas pessoas, eu sabia que muitas pessoas que sequer me conheciam me admiravam, por sentir-se comovidos com a minha história, por um lado eu sentia-me incomodada por isso, pois não me considero diferente de ninguém, mas, mesmo assim, eu sentia-me mal em pensar que muitos poderiam ter ficado desapontados com minha tentativa de suicido, pois esse ato mostra que não sou tão forte como eles imaginavam.

Mas mesmo assim eu estava diante de monte de presentes, que só mostrava-me que muitos tinham carinho por mim, não pude evitar sorrir diante deles, fui até onde tinha parado e peguei na mão um vaso azul muito bonito com rosas vermelhas, as minhas preferidas, deve ser de algum familiar que conhece meu gosto.

Cheirei uma das pétalas e peguei o cartão, ele era maior e quando abri vi que tinha uma longa mensagem, logo comecei a ler:

Bella

Eu não tenho palavras nem para escrever a emoção que senti e ainda sinto ao saber que você está viva e de volta, eu sei que eu não deveria fazer isso nesse momento tão delicado que você está passando, me perdoe, mas eu não me contive, eu precisava te falar que eu não me esqueci de você, espero que aceite essas rosas vermelhas, que ainda lembro que são suas preferidas como um presente de boas vindas, é seja bem vinda novamente ao mundo Bella, e espero poder te rever logo, pois temos muito que conversar. Com muito amor, Edward Cullen.

Uma lágrima caiu dos meus olhos, e o vaso caiu de minhas mãos, quebrou-se em milhares de pedaços, eu senti como se meu coração fosse explodir, eu estava boquiaberta. Minha cabeça estava girando. Edward já sabia que eu estou de volta, mas o que mais me surpreendeu é saber que ele ainda está querendo ter contato comigo.

+++

Assim que abri os meus olhos no dia seguinte, a primeira coisa que eu olhei foi para aquelas flores, ás flores que Edward deu para mim estavam em cima da mesa, num canto. O vaso era tão bonito, mas já tinha se quebrado, e toda vez que eu pensava no gesto dele meu coração disparava fortemente.

Eu não sabia o que pensar, eu não sabia o que eu sentia, eu só sei que parecia que nada daquilo era verdade, Edward queria falar comigo, Edward queria me ver e por um momento depois de tanto pensar, eu conclui que a razão para ele querer falar comigo poderia ser por causa de Nessie, ele provavelmente viu as noticias, sabe que tenho uma filha, ele deve estar se questionando, se perguntando se Nessie é filha dele. Comecei a pensar se ele já chegou ir a minha casa, se ele chegou a ver Nessie. E eu torcia que não, pois eu nem imaginava o que ela poderia ter falado para ele.

Fiquei pensando nesse assunto a noite inteira, e no dia seguinte eu estava um pouco tonta, a enfermeira veio logo cedo trazer café da manhã e eu tive dificuldade para engolir a comida, eu já estava ansiosa para ver o meu pai, ou minha mãe, eu estava querendo perguntar para eles sobre o Edward.

Tive que fazer alguns exames durante a manhã e logo depois que voltei para o quarto, cheguei a receber minha primeira visita do dia, não era o meu pai, mas sim Sara, ela logo que me viu sorriu e eu sorri de volta para ela, afinal, era impossível não gostar da pessoa que te libertou.

— Oi, é tão bom poder te ver! – Sara disse, aproximando-se de mim, remexi-me na cama para sentar-me e continuei sorrindo para ela. – Meu Deus, eu fiquei extremamente surpresa quando soube o que aconteceu, como você está?

— Agora, eu, eu estou melhor! – falei, passando a mão no rosto. – É eu sei eu fiz uma idiotice! Eu me sinto péssima com isso...

— Não se cobre por isso Isabella... – ela disse, sentando-se na cama ao meu lado e pegou a minha mão. – Você passou por um momento muito difícil, e imagino como deve estar sendo estranho adaptar-se novamente, depois de viver tanto tempo isolada, você é um ser humano, tem hora que sei lá, a gente explode!

Eu confirmei com a cabeça.

— É mais ou menos isso... – eu concordei com ela. – Eu explodi, é tão estranho o que eu estou sentindo, sabe? 

— O que você está sentindo? – ela perguntou e fiquei olhando para ela, calada, na verdade eu não tinha coragem de falar. – Vai, se abre, pode fazer bem para você!

Ainda fiquei alguns segundos em silencio, antes de conseguir falar.

— Bom, eu, eu, eu me sinto como se eu tivesse estado nesses seis anos dentro de uma caixa de vidro, sabe? – eu falei e ela concordou com a cabeça. – E quando sai, ela quebrou-se, tá eu tenho que admitir que sair fisicamente não foi tão difícil, mas eu não sai por inteira, é como se a minha alma tivesse ainda ficado presa dentro daqueles cacos e eu não consegui, eu não consegui me libertar por completo, eu achei Sara, eu achei estupidamente que simplesmente por sair daquele quarto eu já iria superar, eu achei que era só não pensar sabe? Mas não é assim, eu nunca vou poder apagar as marcas que Nick deixou em mim...

— Esquecer você não vai mesmo, mas pense que foi uma experiência, foi uma experiência terrível, mas sempre podemos tirar algo de bom, embora por mais terrível que a experiência tenha sido! – ela disse para mim.

— É eu achei que eu tinha ficado mais forte, eu fiquei mesmo, mas pela Nessie, só que quando eu vi que ela estava em segurança... – eu suspirei. – Ai, eu me desabei... Desabei tudo que eu segurei por todos esses anos! – fiquei calada por alguns segundos antes de continuar. – Sara, desde que eu entrei naquele cativeiro, eu fiquei pensando no que aconteceria com a Nessie, primeiro eu fiquei com medo, muito medo dele descobrir que eu estava gravida, só que não daria para esconder muito tempo...

— Então é verdade o que Nessie disse para mim quando eu a encontrei... – Sara falou.

— O que? – perguntei a ela.

— Que o pai dela é um jogador de basquete... – ela disse, no mesmo momento engoli um seco e olhei para baixo.

— É, ele é o Edward Cullen!

— Minha nossa! Ele é muito famoso, ele...

— É, ele e eu namoramos na adolescência e quando fui sequestrada ele não sabia que eu estava gravida, eu estava com pouco tempo de gravidez quando Nick me capturou, e logo quando ele soube da minha gravidez ele achou que o filho era dele, de primeiro momento ele ficou nervoso e eu fiquei tão assustada que eu não tive coragem de contar que Nessie não era dele, afinal, se ele já estava bravo imaginando que eu estava gravida dele então imagina se ele descobrisse que o filho era de outro homem, eu fiquei quieta, e ele foi aceitando a ideia e permitiu que eu a tivesse, durante a gestação ele chegou a ficar até animado, disse que não tinha filhos, Nessie seria a primeira, e você não sabe como varias vezes eu fiquei com ódio, com raiva e queria explodir e gritar na cara dele que Nessie não era dele, que ele não era nada meu, nada, eu não o via como um namorado, um marido, nem nada disso, mas eu não conseguia, eu queria só protege-la, sempre o que eu mais quis foi proteger a minha filha! – eu disse e algumas lágrimas foram caindo dos meus olhos. – Era estranho porque um pouco antes eu estava pensando em abortar, mas, depois que fui capturada por Nick e isso tornou-se impossível, a Nessie foi tornando-se a minha única companhia, eu me sentia sozinha lá dentro sabe, e eu não tinha com quem conversar, e fui aprendendo a falar com ela ainda dentro da minha barriga e foi ai que fui me apegando a ela, e quando ela nasceu, ela mesmo bem pequenininha, foi tão parecida com o Edward, Nick logo começou a desconfiar, ela não era parecida com ele e nem tanto comigo, e então em uma discussão eu estourei e acabei contando para ele a verdade, Nick ficou louco de raiva, ele comprou anticoncepcionais e me deu, disse que eu era suja demais para ter um filho dele e ameaçou de caso eu engravidasse ele iria fazer eu abortar a base de porrada... – eu senti um nó em minha garganta ao me lembrar desse momento, mais lágrimas caíram dos meus olhos. – Por um momento eu senti aliviada sabe? Eu nunca iria querer um filho daquele monstro, não teve um dia sequer que eu esquecesse de tomar os remédios, não tanto por medo de engravidar e ele me obrigar a abortar, mas porque eu não queria algo dele crescendo dentro de mim, a criança não iria ter culpa, mas, eu acho que não suportaria, porque não seria fruto de um amor, como foi com a Nessie, sabe?

— O importante é que não aconteceu, não é? – ela disse para mim e eu sorri forçadamente para ela.

— É Deus foi bom nessa parte comigo, eu acho que ele só lhe dá a cruz que você pode carregar, seria difícil para mim se eu tivesse engravidado daquele homem... – eu falei, e então soltei um suspiro. – Eu iria tentar proteger a criança, por ser minha também, mas seria mentira se eu não falasse que seria algo terrível... É, Sara, desde que eu sai do cativeiro eu evitei saber sobre ele, mas, acho que tá na hora de eu encarar isso... – respirei fundo antes de continuar. – O que vocês já descobriram sobre ele? – perguntei.

Sara ficou calada por alguns segundos, antes de responder.

— Eu acho melhor você passar na delegacia quando estiver melhor, não é bom ficarmos falando sobre as investigações aqui no hospital, sabe? É um assunto um tanto delicado, por que você não espera, e usa esse tempo para descansar e colocar um pouco a cabeça no lugar? – ela sugeriu, e pelo jeito que ela falou eu já havia entendido que as investigações haviam avançado e ela parecia que não queria me contar.

Porém, eu não julguei a atitude de Sara, depois do que fiz qualquer um seria extremamente cauteloso, principalmente quando o assunto for o Nick, mas depois de pensar por algum tempo, eu já tinha percebido que eu não deveria evitar o assunto, pelo contrario, eu precisava entender o por que isso aconteceu comigo. Por que eu fui à escolhida? Teria sido aleatoriamente? Ou teria algo por trás disso tudo?

Confesso que eu cheguei a fazer essas perguntas durante esses seis anos, mas Nick nunca quis me responder, com o tempo isso acabou não se tornando mais tão importante para mim, isso porque eu coloquei em minha cabeça que saber não iria mudar o que aconteceu, mas agora, depois de acordar novamente e ver que a vida estava me dando uma nova oportunidade, eu comecei a ver que sim, as vezes saber pode fazer a maior diferença do mundo, não mudando o que aconteceu, mas poderia me libertar, libertar minha alma daquele quarto.

Eu confesso que até me senti melhor em conversar sobre o assunto, não tive a oportunidade nem de conversar muito sobre o que me aconteceu no cativeiro com os meus pais, antes eu queria evitar o assunto e meus pais não queriam insistir nele, acho que é uma maneira de não me fazer recordar os momentos difíceis, mas vi que antes eu estava seguindo o caminho errado, pois o que me aconteceu, é como disseram, é uma experiência terrível, mas vai ser para sempre parte da minha vida.

Eu fiquei até um tanto feliz que depois de vinte minutos que Sara foi embora, minha mãe chegou, eu gostava de ver meu pai, mas a saudade que eu estava sentindo por ela estava aumentando. Assim que ela me viu, ela correu até mim e me abraçou fortemente, senti as lágrimas dela molhando minha roupa e aquilo me deixou emocionada, fazendo com que algumas lágrimas caíssem dos meus olhos também.

Ela me soltou, sorriu forçadamente para mim e enxugou suas lágrimas com seus dedos.

— Me perdoe mãe, eu sinto muito pelo que fiz... – eu falei, e realmente eu estava bastante envergonhada com os meus pais, embora meu pai falasse que tudo estava bem, eu ainda não conseguia pensar assim, eu não tinha pensado neles, eu não tinha pensado em ninguém, somente em minha dor e agora que eu estava começando raciocinar, a consciência estava pesando.

— Está tudo bem, o importante é que você está bem, que está viva, e estamos podendo tê-la novamente conosco, Deus está te dando tantas oportunidades minha filha, eu te peço segura ela com todas as suas forças, faça todo mal que você viveu transformar-se em bem...

Eu concordei com a cabeça, enquanto mais lágrimas caiam dos meus olhos.

— Você tem toda razão, eu fui muito fraca, eu...

— Vamos esquecer tudo isso, vamos fingir que tudo só foi um terrível pesadelo, e já acabou! – ela me interrompeu e eu suspirei.

— A Nessie, como ela está? – perguntei e meu coração disparou só de me lembrar da minha pequena.

— Foi difícil para ela, mas ao mesmo tempo foi bom ela estar esse tempo sem você porque ela está aprendendo a se tornar mais independente e isso é importante, pois não vai ser sempre que você vai poder estar do lado dela vinte e quatro horas por dia... – ela disse, e eu sorri levemente para ela.

— Eu sei, é difícil para eu deixar que isso aconteça, mas sei que é necessário, faz parte de ser mãe, não é? – perguntei e minha mãe sorriu e concordou com a cabeça. – É que por muito tempo foi só Nessie e eu, e ainda é estranho para mim ver que não é mais assim, o mundo não está mais resumido só em nós duas, eu sei que toda criança tem seu momento de crescer... – levantei então da cama e olhei em volta do quarto, meus olhos então pararam naquelas flores que tanto eu olhei durante a manhã. – É... Mãe, você, é, viu o Edward? – perguntei logo de uma vez, virando para ela, percebi que minha mãe olhou-me com os lábios entreabertos.

— Como? Por que a pergunta? – ela perguntou, notei que ela ficou levemente nervosa e logo me dei conta de que eu estava certa, ela havia falado com ele.

— Ele me deu essas flores... – parei ao lado das flores, minha mãe desviou o olhar de mim para olhá-las. – Ele já sabe sobre mim... – desviei o olhar para o chão, as vezes eu ficava levemente tonta só de me lembrar de que Edward está querendo se encontrar comigo.

Minha mãe aproximou-se das flores, com um sorriso no rosto.

— Que amável que ele foi, o que ele escreveu no cartão? – ela perguntou.

— Ele disse que quer me rever logo, pois temos muito que conversar, mas para mim Edward e eu não temos o que conversar, ele seguiu a vida dele, o que ele vai querer comigo? – perguntei, mesmo que eu não devesse, eu ficava irritada ao me lembrar de que ele está noivo.

— Se esqueceu da Nessie? Ele é o pai dela Bella, ele vai querer fazer parte da vida dela, e você precisa ser forte e conversar com ele sobre ela, pois a Nessie vai ser uma ligação entre vocês para sempre... – minha mãe disse, olhando para mim.

— Você contou para ele que ela é filha dele, não é? – perguntei, com os olhos marejando.

— Não fui eu, ela mesma contou... – minha mãe disse, e eu encarei-a com as sobrancelhas franzidas.

— Como? – perguntei.

— Nessie estava triste e eu decidi leva-la num parquinho perto de casa, enquanto eu estava comprando um sorvete para ela, ela esbarrou nele e assim que o viu o reconheceu e o chamou de papai, eu não consegui vê-lo, pois logo que ela me puxou para eu vê-lo, ele não estava mais lá, mas pouco tempo depois, Edward apareceu lá em casa, e perguntou se é verdade que ele é o pai de Nessie, eu não tinha como mentir Bella, eu não conseguiria, além do mais, ela é tão parecida com ele, talvez nem ele mesmo iria acreditar se eu falasse que Nessie não era dele... – minha mãe explicou, e no mesmo momento senti um nó em minha garganta só em pensar no que Nessie poderia ter falado para Edward.

— Meu Deus! – exclamei, colocando a mão em meu rosto. – Eu estou morrendo de vergonha dele!

— Vergonha? – minha mãe perguntou e eu voltei olhar para ela.

— Ele deve estar morrendo de pena de mim, deve tá achando que ainda morro de amores por ele e que até tentei um suicídio porque descobri que ele está noivo! – respondi, irritada só de pensar nessa possibilidade.

— Bella... Não, ele não pensa isso... – minha mãe disse.

— Ele não iria falar isso para você mãe, tudo bem que isso também me afetou, mas eu não tentei me matar exatamente por causa dele, na verdade foi tudo, as coisas foram se acumulado e... – eu me calei e dei de ombros, voltei a sentar na cama. – Eu não quero vê-lo, eu não quero mãe, eu, acho que não estou preparada para isso, e nem sei quando eu vou estar...

— Você precisa encará-lo! – minha mãe se aproximou de mim. – Ele vai continuar fazendo parte da sua vida, ele é o pai da Nessie, ela precisa dele e é direito dele de estar próximo dela, pensa Bella, ela ficou cinco anos sem conhecê-lo, não faça por medo ela perder mais tempo, o deixe fazer parte da vida dela, ele quer, e ela gosta dele, pensa, você teve um pai, teve uma mãe, teve uma família unida, e isso não foi tão bom para você? – ela perguntou, e eu concordei com a cabeça, enquanto uma lágrima caia dos meus olhos. – Então, permita que Nessie também tenha isso!

Ouvir aquelas palavras de minha mãe, foi como levar um choque de realidade, eu sabia que precisava encarar os fatos, por mais difíceis que seja. Por cinco anos eu pensei em Nessie, sempre nela, antes mesmo de mim. Mas agora que eu estava livre, parecia que as coisas estavam meio bagunçadas, eu tinha que mantê-la na prioridade, mas ás vezes algo em mim não permitia. Eu sei que querer evitar Edward não iria fazer bem para Nessie, ela tinha o direito de ter o pai dela por perto, mas eu sabia o quanto isso seria difícil para mim, quase uma tortura. Eu não conseguia pensar em rever Edward, eu tinha medo de encará-lo, de vê-lo e principalmente de ter a certeza de que ainda eu sentia algo por ele.

Eu estava sendo egoísta, isso já estava claro para mim, talvez eu estivesse agindo assim devido um mecanismo de defesa, uma tentativa de não me magoar tanto, foi tanto tempo sofrendo, que não queria mais sofrer, mas entre meu sofrimento e de Nessie, eu preferia eu continuar sofrendo.

Depois que minha mãe foi embora eu fiquei um bom tempo olhando o lado de fora pela janela do hospital, já fazia semanas que eu estava livre, mas eu ainda não tinha visto quase nada, afinal, passei a maior parte desses dias dentro do hospital.

 Assim que meu pai veio me visitar, tentei falar com Nessie pelo telefone, ele me deu seu celular e eu disquei os números de casa, e chamou algumas vezes, primeiro minha mãe atendeu, falamos por alguns minutos, depois pedi para falar com Nessie. Demorou um bom tempo, para que finalmente ela atendesse:

— Alô? – ouvi a voz de Nessie falando.

— Alô? Nessie? Como que você está? – ela ficou quieta. – Nessie? Nessie?

— Mãe... – ela falou num tom baixinho.

— Oi Nessie...

— Volta logo! – ela pediu, eu soltei um longo suspiro.

— Mamãe vai voltar logo, só precisa esperar mais um pouquinho... – eu disse.

— Não! Volta agora! – ela disse.

— Nessie, mamãe não pode, você precisa esperar só mais um pouco e...

— Não, eu quero agora, eu decido por nós duas! – ela disse, e depois a linha caiu, provavelmente ela desligou, aquilo fez com que meu coração se apertasse.

— Ela está com muita raiva de mim... – eu disse a meu pai, devolvendo ao celular a ele. – E com razão, ela deve pensar que, eu não a amo, que eu não a queria mais e...

 - Ela é uma criança Bella, e as crianças só querem ficar com as mães delas... Você é uma referencia para Nessie, a raiva dela logo passa... – ele disse, e isso por incrível que pareça conseguiu fazer com que eu me sentisse melhor.

Sorri para meu pai confirmando com a cabeça, ele sorriu de volta para mim e deu um leve beijo em minha testa.

— Eu te amo filha! – ele falou para mim, e meu sorriso se alargou.

— Eu também te amo, meu pai!

+++

Pela segunda vez eu estava saindo do hospital e voltando para minha casa, era uma sensação estranha, mais estranha do que da primeira vez, principalmente por saber que dessa vez eu mesma provoquei a minha ida para lá. Meu pai que foi me buscar de carro e ele permaneceu em silencio durante a metade do caminho, eu também não estava querendo falar, eu estava mais concentrada a olhar pela janela, observando tudo passar pelos meus olhos. Carros, casas, árvores, prédios, postes, lembrei quando eu estava no cativeiro e desejei milhares de vezes ver tudo isso novamente, e eu consegui, eu estava de volta, e o engraçado é que por um momento eu quis desistir de tudo isso.

Respirei fundo e lembrei-me de uma coisa, eu precisava fazer, tinha que ser agora.

— Pai! – falei olhando para ele, ele me olhou rapidamente.

— Sim? – ele falou.

— Podemos fazer uma coisa antes de voltar para casa? – eu pedi, e então ele voltou a olhar para a estrada com as sobrancelhas franzidas.

+++

Entrei na delegacia com o coração disparando, e enquanto seguia para sala do Sr. Cloovey, que é o delegado que está investigando o meu caso, duas vezes pensei em desistir, o meu pai estava com o braço em volta do meu ombro e no meio do caminho perguntou-me se eu tinha certeza de que queria fazer realmente isso, eu concordei com a cabeça, pois eu não conseguiria falar.

Eu fingi que tinha certeza absoluta de que queria saber mais informações, de que queria ver se eles tinham atualizações sobre o caso, mas no fundo eu tinha um pouco de medo do que ele poderia me contar, na verdade o meu maior medo é dele falar: “Não conseguimos ainda descobrir nada”, o que seria muito injusto, eu não queria que aquele desgraçado ficasse impune, ainda mais porque eu sabia que se ele ficasse ai a soltas poderia fazer isso de novo com outra pessoa, ou ainda, poderia esperar a poeira abaixar para depois me procurar. Eu sabia que caso isso aconteça eu viveria com esse medo para o resto da vida, eu não queria que Nick continuasse me torturando psicologicamente, e se ele continuasse a solta era isso mesmo que iria acontecer.

— Senhorita Swan, mas que surpresa! – O Sr. Cloovey falou, levantando-se para apertar minha mão, e em seguida apertou a mão de meu pai.

— Oi Sr. Cloovey... – eu cumprimentei, me sentando, meu pai sentou ao meu lado e o delegado sentou-se novamente também.

— Eu soube do que aconteceu com a senhorita, está melhor? – ele perguntou.

— Sim, sim, na realidade eu vim saber quais as atualizações que o senhor tem sobre o caso... – eu disse, e então o Sr. Cloovey olhou-me por mais alguns segundos e depois olhou para o meu pai.

— Eu passei as atualizações da investigação para o seu pai, depois disso, ainda não tive nenhuma...  – ele falou, olhei rapidamente para meu pai.

— Meu pai não me contou o que o senhor contou para ele... – eu disse.

— É na realidade eu não tive a oportunidade, já que pouco tempo depois ela voltou para o hospital! – disse Charlie.

— Ah sim, entendo, bom eu posso te falar o que falei para o seu pai, o que descobrimos até o momento é que o verdadeiro nome de Nick é Jeffrey Nicholas Stanley, descobrimos que ele é tio de uma colega sua do ensino médio, a Jéssica Stanley, ele as vezes a levava para escola  e acredita-se que foi então que ele te viu, chegamos a conclusão que depois que ele viu a senhorita, ele já começou a planejar o seu sequestro... – ele disse e então meus lábios se entreabriram, eu não imaginava que Nick poderia ser um familiar de uma amiga minha.

— Meu Deus! Como ele pode fazer isso! – eu disse colocando a mão em minha boca, eu sabia que depois de tudo que aconteceu eu não deveria me surpreender com mais nada que fosse relacionado a Nick, mas por incrível que pareça ele ainda conseguia continuar me impressionando. Ele consegue me mostrar que é ainda mais canalha do que eu imaginava.

— É, e bom, apareceu uma testemunha, ele disse ter visto ele num posto de gasolina e logo em seguida o carro seguiu para fora da cidade, agora ele não está mais com a picape, mas sim com um carro preto, a testemunha não soube dizer qual é a marca do carro, a única coisa então que se sabe é que ele fugiu para outra cidade, mas continuaremos procurando e os policias estão seguindo as pistas para tentar encontra-lo... – ele disse, e os meus olhos no mesmo momento começaram a marejar enquanto eu confirmava com a cabeça, a minha cabeça girava e eu tentava ainda digerir a parte que foi me dito que Nick é tio de Jéssica Stanley.

— Por favor, faça o possível para encontra-lo! – eu pedi, enxugando as lagrimas rapidamente.

— Pode ter certeza senhorita Swan que faremos isso, nós faremos o possível para encontrá-lo!

Continua...


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Notas finais do capítulo

N/A: RECOMENDEM, FAVORITEM, COMENTEM!!! quem sabe volto antes ;)