Sempre ao teu lado escrita por J S Dumont


Capítulo 17
Capitulo 17 - Um momento dificil


Notas iniciais do capítulo

olá pessoal, primeiro quero pedir desculpas por não ter att domingo, sei que tem gente que fica esperando ansiosamente o domingo todo pelo capitulo e ele só venho hoje, bom, eu nunca deixei de att essa fic nos domingos, principalmente por causa que vocês sempre estão comentando, embora nesses ultimos dois capitulos senti falta de algumas pessoas - acredito que seja por causa do enem e que quem sumiu volte aparecer nesse novo capitulo - mas, não foi por essa falta de comentários - pois foi uma pequena diferença então eu não faria isso com vocês - na verdade eu deixei de postar mais devido a minha sinusite que atacou e eu senti fortes dores de cabeça, então não conseguia mexer no meu notebook e é nele que eu faço as att, e também como disse para postar novos caps preciso escrever e essa fic eu escrevo no minimo semanalmente para conseguir postar semanalmente também, para não acabar os caps adiantados então se não escrevo, não posto. mas agora tudo se normalizou, tenho caps novos já escrito, e voltarei as postagens no domingo normalmente tá bom. espero que gostem desse capitulo, e vai ser bom att quarta-feira porque sei que depois desse alguns vão ficar bem ansiosos pelo próximo ;) bom resto de feriado a todos, bgs bgs e não esqueçam de comentar, favoritar e se possivel recomendar.



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17. Um momento difícil 

Em todo o caminho de volta para casa eu senti vontade de chorar, ainda estava difícil de digerir a ideia de que tudo que Nick fez foi planejado, depois comecei a pensar e pensar, chegando á conclusão de que não importava o que eu fizesse de diferente naquele dia, mesmo se eu não tivesse me encontrado com Edward, mesmo se nós dois não tivesse terminado e em vez de sozinha ele me acompanhasse até em casa, mesmo se eu não tivesse passado por aquele beco, de qualquer forma Nick iria me pegar, em outro momento, em outra ocasião, em outro dia, mas ele iria me sequestrar de qualquer forma. Pois, ele já deveria estar planejando isso há muito tempo.

Fiquei em silencio por um bom tempo, apenas pensando nisso que eu descobri, minha cabeça encostou-se no vidro da janela do carro e fechei os olhos por alguns segundos, foi então que eu conclui que por um lado foi bom saber a verdade, pois assim eu não ficaria mais me questionando se as coisas poderiam ter sido diferentes, eu não poderei me questionar sobre as decisões que tomei naquela noite, pois, nada importaria se eu tivesse feito algo de outra forma, pois de qualquer jeito eu iria acabar indo parar naquela picape, meu destino ia ser aquele quarto, eu não teria escapatórias.

Meu pai sabia quando era a hora manter-se em silencio e essa era mais uma de suas qualidades, ele ficou quieto durante o caminho para casa e isso foi bom, porque eu não queria conversar no momento, meus pensamentos estavam muito agitados para que eu conseguisse prestar atenção em qualquer conversa no momento.

Quando percebi que estava perto de chegar em casa meu coração disparou acelerado, Nessie logo venho em minha mente e comecei a me preocupar em como ela irá reagir quando me visse, pensei nas palavras positiva de minha mãe, dizendo que Nessie vai me perdoar e vai esquecer, pois  tudo que as crianças querem é ficar próximo de sua mãe, mas, lembrei logo em seguida do telefonema que fiz a ela, ela parecia magoada, pois eu não pude voltar para casa no momento em que ela pediu.

Assim que meu pai parou o carro, eu fiquei ainda alguns minutos parada, como se estivesse em transe, meus pés pareciam pesados e eu não conseguia nem me mexer, respirei fundo e virei a cabeça para olhar para o meu pai.

— Está tudo bem filha... Olha só não tem mais jornalistas pelo menos! – ele disse, e então olhei para frente da casa, meus olhos marejaram, enquanto parava primeiro na rede, e depois naquele banco, automaticamente lembrei-me de minha infância, e de como eu gostava de balançar naquela rede, imagino que Nessie deva ter se balançado nela nesses dias que eu me mantive fora, e me senti mal por não ter estado com ela nesse momento.

— Ela se balançou na rede? – perguntei para meu pai.

— Nessie? – ele perguntou e eu concordei com a cabeça, então ele sorriu.

— Sim, sua vó disse que ela adorou a rede... – ele disse e eu sorri, enquanto abria a porta do carro. - Vai lá primeiro, faz uma surpresa para ela! – ele falou, e então eu concordei com a cabeça.

Eu estava morrendo de saudades de Nessie, tanto que meu coração estava apertado, mas agora ele parecia que iria explodir só de pensar que eu poderia dar um abraço nela de novo, algumas lágrimas caiam dos meus olhos enquanto eu me aproximava da minha casa, primeiro fui até a janela, na expectativa de vê-la por ali, e eu sorri, sorri muito quando pela janela eu consegui ver Nessie sentada na mesa na cozinha, ela estava linda, com os cabelos presos num rabo de cavalo, parecia que seus cabelos estavam um pouquinho menor, ou era impressão minha, ela estava usando um avental velho de minha mãe que diz: “Comi jacaré no pantanal” e estava distraída desenhando algo em um papel, mas não com lápis de cor, mas estava usando os pinceis, eu logo lembrei-me de mim e de como eu adorava fazer o mesmo, amava fazer desenhos todos coloridos em minha infância e pintar com tinta guache, lembrei de como eu enchia meu rosto de tinha, igualzinho como está o rosto dela agora, colorido, com uma mancha de tinta azul, com uma mancha de tinta amarela e ela ficava uma graça toda suja.

Mais lágrimas caíram dos meus olhos, quando finalmente vi Nessie subir o olhar e parar os olhos em mim, ela piscou algumas vezes e depois sorriu, ela em seguida olhou para trás e gritou: “vovó”. Nesse momento eu sai da janela, fui até a porta e vi o meu pai abrindo ela, entrei logo atrás dele e fui correndo para cozinha, vi que Nessie agora não estava mais sentada na mesa, mas sim parada na porta, assim que ela me viu, ela abriu a boca, parecia surpresa.

— Você está aqui mesmo... – ela disse.

— Sim! – eu falei, sorrindo.

— Verdade verdadeira!  - ela falou.

— Verdade verdadeira! – repeti, e então eu já ia abraça-la quando ela falou:

— Não, eu estou toda pintada!

— Então vamos resolver isso... – eu falei, dando risada, desamarrei o avental dela, joguei na mesa e depois sim, a abracei, a apertei fortemente, ela era tão pequenininha e macia, como eu adorava abraça-la, como senti falta de cheirá-la, aproveitei então para cheirar seus cabelos, para lhe dar vários beijos no rosto, embora esteja todo sujo de tinta.

— Senti saudades! – ela disse, logo que a soltei.

Eu sorri para ela, continuei ajoelhada para permanecer com sua altura, meus olhos estavam marejando e vi que os olhos dela estavam brilhosos também.

— Eu também senti saudades, muita, muita mesmo! – eu falei para ela.

— Por que você quis ir para o céu sem mim? Por que você ia me deixar? – ela perguntou e naquele momento meu coração apertou muito, principalmente porque eu não sabia direito o que dizer.

— Mamãe estava muito triste, ai cometeu um erro... – eu disse, embaralhando-me um pouco nas palavras. – Mas isso não quer dizer que a mamãe não ama você, mamãe ama, muito, muito mesmo, só que tem vezes que nós adultos cometemos erros, mas mamãe está arrependida e não vai mais fazer isso...

— Você nunca mais vai tomar um montão de remédio ruim, não é? – ela perguntou para mim.

Eu sorri para ela.

— Não, nunca mais vou sair do seu lado! – e então dei outro beijo no rosto.

— Vamos ser que nem éramos no quarto? – ela perguntou, sorrindo para mim.

— Como assim?

— Uma vai ficar sempre do lado da outra, apesar de que a vovó me deu um quarto, e ela falou que quando você voltasse era para eu continuar dormindo no meu quarto... – ela falou, e meus olhos voltaram marejar, acabou uma lágrima caindo e eu tive que enxuga-la rapidamente.

— Você já tem um quarto? – perguntei num tom de choro, ela sorriu e confirmou com a cabeça.

— Ontem eu dormi lá pela primeira vez...

— Não ficou com medo? – perguntei.

— Não, não tem monstros, e é quentinho que nem era no guarda-roupa! Vem ver ele, vem! – ela falou, e então me puxou pelo braço, ela me levou até onde antes era o quarto de visitas, assim que ela abriu a porta e eu vi o quarto, eu sorri, as paredes daquele quarto já eram pintadas de vermelho e ela permaneceu com a cor, mas agora tinha decorações infantis em volta do quarto todo, o guarda-roupa era novo e nem sei quando minha mãe chegou a pedi-lo, a cama eu lembrei-me de que era minha quando eu era pequena e minha mãe havia guardado, pois estava novinha, tanto o guarda-roupa como a cama eram brancas, havia permanecido a mesma cômoda branca no canto do quarto que já era do quarto de visitas e em volta do quarto tinha brinquedos espalhados por todo lugar.

Mais lágrimas caíram dos meus olhos, ainda mais quando eu lembrei-me de como desejei que Nessie tivesse um quarto só para ela.

— Como eu esperei por esse momento! – eu falei, e então senti uma mão tocar em meu ombro, olhei para o lado e vi então minha mãe, ela sorria para mim e seus olhos também marejavam.

— Você gostou? – ela perguntou.

— Eu amei, eu sempre sonhei que Nessie pudesse ter o quarto dela, um cantinho só para ela brincar como todas as outras crianças... – eu falei, enquanto enxugava as lágrimas e voltava a olhar para Nessie, ela estava pegando uma boneca em cima da cama e venho correndo em minha direção.

— Olha mamãe, foi papai que me deu essa boneca! – ela disse, mostrando a boneca para mim, meu coração no mesmo momento disparou, enquanto eu pegava a boneca na mão, olhei para Nessie e vi o quanto ela sorria, olhei para minha mãe, que simplesmente concordou com a cabeça, querendo dizer que Nessie estava dizendo a verdade.

Devolvi a boneca rapidamente para Nessie e forcei um sorriso.

— Que linda, tua vovó me contou que teu pai veio te visitar! – eu disse, tentando manter a maior naturalidade o possível.

— Ele disse que ia voltar quando você saísse do hospital e voltasse para casa! – ela falou, parecia feliz. – Viu mamãe, papai me disse que tem tempo sim para nós, ele saiu da TV e veio até aqui, e ele vai vir de novo, porque ele nos ama!

Eu olhei para baixo e mais algumas lágrimas caíram dos meus olhos, enxuguei-as rapidamente, enquanto sentia meu coração apertar.

— É a mamãe se enganou filha, às vezes a mamãe erra, como eu já falei! – eu disse, respirando fundo e voltando a olhar para ela, ela então voltou até a cama para colocar a boneca novamente lá. – Eu vou ao banheiro, eu já volto! – eu disse, e então sai rapidamente do quarto, e fui até o corredor, encostei-me na parede e passei a mão no rosto, retirando todas as lágrimas que caiam dos meus olhos, minha mãe se aproximou e parou bem na minha frente.

— Eu não sabia que ele tinha dado um presente para ela! – eu falei.

— Nessie e ele se deram muito bem, ele ficou encantado com a filha! – minha mãe respondeu, eu soltei um longo suspiro.

— Eu estou me sentindo perdida, vai ser um momento muito difícil para mim quando eu precisar encará-lo! – eu disse, olhando fixamente para minha mãe.

 - Você acha que o ama ainda, é isso? – ela perguntou para mim.

— Seria ridículo eu dizer que sim, não é? Afinal, não o vejo há seis anos... – eu disse.

— Ele continua sendo um bom homem, e pareceu muito emocionado em saber que você está viva, aqui de novo e ainda que vocês têm uma filha... – ela falou, eu soltei um longo suspiro. - Filha, eu sei que esse será um momento difícil, mas tenho certeza de que Edward não vai fazer nada para te magoar, dê uma chance de vê-lo de novo, vocês precisam conversar, ficaram muitas coisas mal resolvida entre vocês...

Eu fiquei quieta, apenas olhando-a, com coração disparando tanto que parecia até mesmo que iria sair pela boca.

— Eu estou com medo... – eu falei.

— Eu sei filha, eu sei... – ela disse, e então passou a mão no cabelo. Eu sabia que precisaria de forças, principalmente pela Nessie. Não é porque eu estou com medo, que eu teria que obriga-la a ficar longe do pai.

+++

Quando voltei para o quarto de Nessie, ela estava brincando com suas bonecas, ela penteava o cabelo da boneca que Edward deu para ela, e só de olhar para aquela boneca novamente, meu coração disparava acelerado.

Sentei no chão em frente a cama em que ela estava sentada, e olhei-a por alguns segundos. Nessie sorriu para mim.

— Quer brincar comigo mamãe? – ela perguntou e então deu outra boneca para mim e uma escova de cabelo que estava em cima da cama, reconheci aquela boneca, foi a boneca que a policial Sara deu para ela, comecei a pentear o cabelo da boneca enquanto ainda observava Nessie.

— Me conta filha, como foi o seu primeiro encontro com o seu pai? – perguntei para ela, confesso que eu estava com um pouco de receio de saber.

Ela sorriu para mim enquanto continuava penteando o cabelo da boneca.

— Eu estava no parquinho junto com a vovó, ai ela foi comprar um sorvete de chocolate para mim, ai então estava olhando as crianças do parquinho jogar a bola com um pé uma para outra, até que um menino errou e a bola veio voando para perto de mim, ele pediu para eu jogar com pé a bola de volta...

— Se fala chutar Nessie! – eu expliquei.

— Ah sim mamãe, então eu chutei a bola para ele, e ele disse obrigada, que nem você me ensinou e ai eu esbarrei no papai, mas primeiro eu pensei que ele fosse o Nick e eu já ia gritar, quando olhei para trás e vi ele, mamãe ele tem um óculos escuros que nem eu, ele é muito grande e bem branco, ah e tem cheiro forte, mas é cheiroso!

— É o seu pai sempre gostou de passar muito perfume... – eu falei, soltando um suspiro. - E o que você falou para ele?

— Eu falei para ele que ele é o Edward que joga bola na cesta e é meu papai, ele perguntou de você...

— Ele falou meu nome?

— Não, ele perguntou onde está sua mamãe? Ai eu falei que você estava no hospital porque quis voltar para o céu e tomou remédios ruins, mas que você não morreu, pois tiraram os remédios da sua barriga, mas você ainda não tinha voltado para casa...

— Você falou meu nome para ele?

— Não, não deu tempo, vovó me chamou, eu só falei para ele que você quebrou as fotos dele, porque ele não teria tempo para gente! – ela falou naquele mesmo momento meu rosto esquentou. Agora Edward sabia que ainda tinha fotos dele em meu quarto.

— Ele disse o que? – perguntei.

— Ele perguntou o seu nome, mas não deu tempo para eu falar, porque a vovó me chamou e quando eu voltei com a vovó até onde eu havia visto ele, ele tinha sumido como mágica! – Nessie me explicou. – Ele vai vir de novo nos visitar não vai? – ela perguntou.

— Vai sim! – eu disse, o sorriso dela se alargou.

— Ele voltou, venho aqui em casa e falou que vai me dar a Dora, então ele vai voltar mais uma vez mamãe, ele vai! – ela disse, e estava tão feliz, eu então a abracei, disfarçando todo nervosismo que eu estava sentindo.

+++

Era estranho saber que Nessie não iria dormir comigo, mas eu tinha que aceitar a ideia, afinal, Nessie precisava aprender a dormir sozinha, ela não poderia dormir comigo para sempre, era difícil, mas eu sabia que seria bom para ela. Ela precisava aprender a ser dependente e ir pouco a pouco aprendendo a fazer as coisas sem mim, pois logo ela terá que ir para a escola, e eu sei que será um passo muito difícil, até lá quanto mais rápido ela ir aprendendo a fazer algumas coisas sozinhas será mais fácil para ela se adaptar a escola.

Tenho que confessar que era difícil ver que ela está crescendo, e não era mais aquele bebezinho pequeninho que dependia de mim para tudo, mas, as coisas são assim mesmo, ensinamos os filhos para que eles possam aprender a bater as azas e voar, pouco a pouco ela vai aprendendo coisas novas, e a função de mãe vai ser ficar ali apenas de camarote, batendo palmas e se emocionando a cada conquista nova dela. Eu tinha que aceitar, eu tinha que respirar fundo e aceitar.

Fiquei ainda na primeira noite deitada na cama ao lado dela, cantamos algumas musicas junto, fiquei passando a mão no cabelo dela, até então ela pegar num sono, dei um beijo de leve em seu rosto, levantei-me e a cobri com o cobertor, ela ficou ali dormindo como um anjinho e então voltei para o meu quarto. Seria uma nova noite em meu antigo quarto, não sei que hora eu iria conseguir pegar num sono, enquanto eu me deitava, minha mãe veio até meu quarto me ver.

— Está tudo bem? – ela perguntou para mim. – Precisa de alguma coisa?

Eu sorri para ela.

— Não mãe, está tudo bem! – eu falei, sorrindo, ela sorriu de volta para mim, ao sair do quarto, percebi que ela deixou a porta entreaberta e acho que foi de proposito.

Fiquei um bom tempo deitada na cama, rolei para um lado e para o outro, enquanto eu pensava em Edward, enquanto eu imaginava a cena que Nessie me contou. Ela esbarrando nele, chamando-o de papai, imaginei a expressão de confusão no rosto dele e o que ele deve estar pensando de mim por saber que quebrei os retratos que tinha a foto dele.

Será que ele acha que eu ainda o amo? Será que ele está morrendo de pena de mim nesse momento?

Fechei os olhos, quando dormi, tive um sonho estranho, ou melhor, dizendo um pesadelo. Lá estava eu na porta da igreja, assistindo Edward e Tanya se casando, ela estava com um vestido de noiva lindo, seus cabelos loiros estavam presos em um penteado bem feito, ela carregava um buque de rosas vermelhas, as minhas rosas preferidas, os dois sorriam, pareciam felizes, e enquanto eu via aquilo, lágrimas caiam sem parar dos meus olhos, eu chorava feito uma idiota enquanto via eles de mãos dadas em frente ao pastor, eles estavam se casando. Sim se casando e estavam extremamente felizes, somente eu que estava ali, triste, extremamente triste com o que estava vendo.

Acordei assustada, passei a mão em minha testa percebendo o quanto estava soada, meu coração estava disparando tanto que parecia que ia explodir, eu ofegava, minha testa pingava de tanto suor. Eu poderia definir esse sonho como um pesadelo? Eu não sabia, eu só sei que esse sonho me deixou bastante confusa.

+++

No outro dia eu sabia que precisava ainda ir a um lugar, um lugar que eu ainda não tinha ido desde que sai do cativeiro, na verdade, pensando bem, eu precisava ir a dois lugares, um era o dentista e o outro era a igreja. Primeiro eu decidi ri a igreja, eu precisava apresenta-la a Nessie, e logo de manhã vesti ela com um vestido vermelho – minha mãe já havia comprado varias roupas lindas para ela – e arrumei o cabelo dela, prendendo a metade dele e deixando e a outra metade soltos. Minha mae tinha me contado que havia cortado um pouco o cabelo dela, e eu percebi mesmo, havia ficado muito bom, agora chegavam até a cintura, e estava lindos e macios como sempre.

— Vamos passear pelo mundo mamãe? – ela perguntou para mim, enquanto ainda eu arrumava seu cabelo.

— Sim preciso te levar em um lugar! – eu respondi.

— Aonde? – ela perguntou, agora virou-se para mim para me olhar.

— Para a casa de Deus! – eu disse e ela sorriu.

— A gente vai ver Deus? – ela perguntou, ficando boquiaberta.

Eu sorri para ela.

— Não, Deus a gente não vê, a gente sente, lembra? – eu disse, ela confirmou com a cabeça. – Vamos lá agradecer, pois conseguimos voltar para o mundo, porque ele protegeu você e protegeu a mamãe!

Dei um beijo no rosto dela, e fui então até o meu quarto, também puis um vestido azul, que era uma das roupas novas que encontrei no guarda-roupa depois que voltei do hospital, parecia que minha mãe também tinha pensado em mim, e me comprado novas peças de roupa também.

Eu ainda não tinha comprado maquiagens novas, mas minha mãe me emprestou a dela e eu pude passar um pouco de base embaixo dos meus olhos, deu para pelo menos assim tampar um pouco as olheiras que estavam bem visíveis devido as noites mal dormidas, passei um batom da cor da pele e coloquei um sapato da minha época de adolescência mesmo, uma sandália preta que quase nem usei, pois não fazia nem duas semanas que havia a comprado eu fui levada pelo Nick, então ela estava ainda novinha em folha.

Meus pais acompanharam-me até a igreja, acho que todos nós tínhamos o que agradecer, além do mais eu sabia que eles não me deixariam sair sozinha até Nick ser capturado, eu até os entendia , eu nunca estaria cem por cento segura enquanto esse monstro ainda estiver a solta por ai.

Fomos ao culto do domingo de manhã, era o meu preferido, assim que coloquei os pés na igreja me desabei no choro, tenho que confessar que eu estava envergonhada com Deus, eu tinha tentado me suicidar e sei o quanto isso é errado, eu nunca teria o perdão dele caso eu tivesse morrido.

Durante todo o culto eu pedi perdão a ele por esse momento de fraqueza, também agradeci por ele ter me dado uma terceira chance, afinal, a segunda foi quando sai do cativeiro e a terceira foi quando sai do hospital pela segunda vez, Deus me ama muito, pois me guardou todo esse tempo, não permitiu que eu morresse e ainda me deu a liberdade, além disso me deu da Nessie de presente, eu só tinha mesmo que agradecer, só isso mesmo.

Sai de lá com o coração bem mais leve, realmente eu sentia como se tivesse sentido a presença dele, acredito que a igreja é bem melhor do que qualquer terapia que eu fosse fazer, nenhuma delas faria sentido nenhum se eu não fizesse meu tratamento espiritual. Nessie parecia também ter gostado de ir a igreja até perguntou quando iriamos de novo, e eu respondi: “No próximo domingo!”.

Na segunda-feira logo de manhã, meu pai voltou a trabalhar, tanto ele como minha mãe tinha pegado licença do trabalho para ficar alguns dias em casa assim que me reencontraram, porém esses dias aumentaram depois da minha tentativa de suicídio, mas eles pegaram tempo demais, agora ele precisava voltar, minha mãe tinha conseguido uma semana a mais, então ela ainda teria mais uma semana em casa comigo.

Então aproveitei essa semana para que logo na segunda-feira cedo ela fosse comigo até o dentista, eu até sabia dirigir, mas fazia seis anos que eu não pegava um carro, com certeza eu estava enferrujada e eu precisaria ter novas aulas de volante, também tanto eu como meus pais não estavam seguros de me deixarem sair sozinha com Nessie por ai, Nick ainda continuava nos assombrando, mesmo estando longe.

Todo canto que eu levasse Nessie era uma novidade, a igreja, o dentista, só de sair no “lá fora” como ela fala já era uma grande diversão para ela, agora ela conseguia sair na rua sem precisar usar óculos escuros, já conhecia muito mais coisas, e muitas coisas ela já havia se acostumado, eu estava feliz em ver que ela pouco a pouco ela estava se adaptando ao mundo.

Eu tive que fazer uma limpeza nos dentes, e o dente que estava dolorido fora necessário fazer um canal, eu sai de lá aliviada porque o dente pelo menos não doía mais. Depois que voltamos para casa, eu pude ficar durante a noite com Nessie do lado de fora da casa, era um aliviado ver que os jornalistas não estavam mais atrás de mim como antes, a ultima vez que os vi foi na saída do hospital com o meu pai. Eles quiseram que eu falasse alguma coisa, mas eu simplesmente os ignorei e meu pai os xingou como sempre.

Então lá estava Nessie e eu tendo a oportunidade de ficarmos deitadas na rede, abraçadas olhando as estrelas, elas eram tão brilhante, confesso que eu tinha me esquecido do quanto elas são bonitas, do quanto era bom admirá-las, era gostoso ficar ali abraçada com Nessie, sentindo o ar fresco bater em nossos rostos, poder curtir apenas o silencio da noite, e poder se balançar e se balançar na rede, apenas esperando o tempo passar, eu percebi que minha mãe chegou a nos observar umas três vezes pela janela, ela sorriu toda vez que nos olhou, eu acho que ela percebia que eu estava em paz, sim, desde que sai daquele cativeiro era a primeira vez que eu conseguia me sentir em paz comigo mesma.

+++

Terça-feira foi o dia que logo de manhã recebi uma grande noticia, minha mãe entrou em meu quarto com o telefone na mão e entregou para mim, disse que era o Dr. Morris, o nosso advogado, assim que atendi, ele me contou que Nick foi preso. Sim, conseguiram captura-lo, logo que eu ouvi isso meu coração disparou e soltei um suspiro de alivio. Agora pelo menos, eu poderia sentir-me mais segura.

Assim que desliguei o telefone contei a noticia a minha mãe, ela me abraçou e choramos juntas por alguns minutos, em seguida fui até o quarto de Nessie e vi que ela estava acordando, não pude deixar de sorrir e aproximar-me dela, lhe dando um abraço.

— Bom dia meu amor! – eu disse, beijando seu rostinho.

— Oi mamãe! – ela falou para mim.

— Tenho uma noticia para te dar... – eu falei sorrindo. – O Nick foi preso!

— Sério mamãe? – ela falou.

— Sim, não é ótimo, agora estaremos mais seguras, porque não tem mais como ele nos pegar! – eu falei, sorrindo e nos abraçamos novamente.

Depois de tomarmos café, assistimos jornal juntas e essa era a única noticia que ficaram falando durante o dia todo, o meu estomago revirou-se quando vi na televisão a imagem dele algemado, entrando na delegacia, vários jornalistas a sua volta tentando tirar uma palavra dele, mas ele não falou nenhuma palavra, ficou apenas de cabeça baixa, com uma expressão vazia no rosto.

Monstro! Agora ele que ia ser preso, agora é ele que vai ver como é perder ano após anos, sem poder desfrutar os privilégios que a liberdade nos proporciona, ele vai sentir pelo menos um pouco do sofrimento que eu senti.

+++

Depois que Nick foi preso tive que voltar a delegacia para prestar novo depoimento, o delegado pediu para que eu levasse Nessie comigo, ela precisava também responder perguntas confesso que isso me incomodou um pouco, mas sabia que era necessário, quanto mais contribuirmos para aumentar a pena dele melhor.

Assim que sai da delegacia, senti-me bem mais aliviada, agora eu queria aproveitar, poder sair sem me preocupar se Nick iria nos encontrar, eu queria levar minha filha a um parque, queria poder empurrá-la num balanço, ou vê-la escorregar no escorregador, então avisei a minha mãe que levaria Nessie ao parque, minha mãe perguntou se eu queria que ela me acompanhasse, mas eu disse que não precisava, ela logo voltaria a trabalhar e ela estava com muitos afazeres dentro de casa, então, eu iria caminhar um pouco com Nessie, sentir um pouco o calor do sol e ir até um parquinho e juntas chuparmos sorvete, alias, até agora eu não tinha tido a oportunidade de voltar a experimentar um.

— Sorvete é gostoso! – Nessie falava para mim toda feliz, enquanto caminhávamos pela rua, já íamos dobrar ela, o parquinho que eu iria leva-la não era muito distante de casa. Eu tinha colocado apenas um short e uma blusa branca, eu estava de tênis, outro tênis novo da minha época de adolescência, eu estava precisando urgentemente sair pra comprar sapatos novos, eu havia prendido meus cabelos num coque, tinha também feito um rabo de cavalo em Nessie e colocado um short e uma blusa nela, folgadas para que ela pudesse ficar a vontade.

— Sim, você experimentou qual com a vovó? – perguntei para ela.

— O de chocolate!

— Ah eu gosto do de morango, hoje você vai experimentar ele! – eu disse a ela.

A rua estava vazia, e eu me sentia aliviada por isso, desde que voltei para casa era normal eu receber olhares de vizinhos, alguns já haviam me cumprimentado e falado rapidamente comigo quando eu ia sair com meus pais e com Nessie, outros apenas ficavam me olhando admirados como se eu fosse uma espécie de celebridade, não vê-los me deixava aliviada, não queria ficar chamando atenção, eu só queria que me olhassem como se eu fosse uma pessoa normal, é eu não queria que todos ficassem se lembrando de mim para sempre apenas como: “A mulher que ficou seis anos presa em cativeiro”.

Eu sabia que levava tempo para que todos esquecessem um pouco essa história, eu torcia que o tempo passasse logo e tudo isso ficasse para trás, mas enquanto isso não acontecia, lá estava eu saindo com Nessie para aproveitar um pouco, recuperar o tempo perdido, vê-la sorrir já me fazia ganhar o dia.

Dobramos a rua, estávamos chegando perto do parquinho, quando um carro preto em baixa velocidade veio em nossa direção, ele passou do nosso lado, porém de primeiro momento eu não dei tanta importância assim, até que o carro parou, eu não percebi, continuei caminhando com Nessie, eu só fui me dar conta de quem era quando escutei uma voz masculina chamar o meu nome. Minhas pernas no mesmo minuto travaram e meu coração disparou acelerado, virei lentamente para trás, quando finalmente eu o vi, ele havia saído do carro e estava fechando a porta, e olhava diretamente para mim e sorria.

— PAPAI! – Nessie gritou, e soltou-se de mim saindo correndo na direção dele, ela o abraçou, ele sorrindo correspondeu-a, pegou-a no colo e ela agarrou com aqueles bracinhos pequenos o pescoço dele.

Já eu continuei ali, parada no mesmo lugar, como se estivesse em transe, meus lábios estavam entreabertos, e eu olhava fixamente para ele, meu coração disparava e quase não sentia mais minhas pernas, por um momento eu achei que eu ia cair no chão, por um momento eu achei que iria desmaiar.

— Iai filha, como você está? – ele perguntou e depois voltou a olhar para mim, notei que os olhos dele marejavam.

— Eu estou bem papai, nós vamos ao parque, quer ir com a gente? – ela perguntou.

Ele abriu a boca para responder, mas logo eu interrompi, num gesto impulsivo.

— Nessie não, ele não pode! – eu disse rapidamente, ele olhou para mim com os lábios entreabertos, e colocou Nessie no chão.

— Bella... – Edward disse, aproximando-se de mim, segurando a mão de Nessie, os olhos dele brilhavam muito devido as lágrimas, me fazendo lembrar-me do meu Edward da adolescência com os olhos brilhantes, eu não aguentei e uma lágrima caiu dos meus olhos, enquanto eu ainda olhava para ele fixamente e ao mesmo tempo senti-me uma estupida por derramar lágrimas na frente dele, assim que ele chegou próximo, dei alguns passos para trás, para manter certa distancia. – Eu nem acredito que eu estou te vendo, eu esperei tanto por esse momento, eu não acreditava mais que isso fosse acontecer... – ele dizia e estava difícil de digerir as palavras dele. – Desde que eu soube que você estava viva eu já queria te ver, mas, a sua mãe me pediu para que eu te desse uns dias a você, pois você ainda estava muito abalada... – ele me olhou dos pés a cabeça. – Mas vejo que você está melhor e eu estou feliz em te ver, assim, bem! – ele sorriu, e algumas lágrimas caíram dos olhos dele, fazendo eu ver que ele estava tão emocionado ao me ver como eu.

Eu olhei para os lados, passei a mão na cabeça e logo depois puxei Nessie pelo braço, para ela soltar-se de Edward.

— Eu preciso ir... – eu falei, ainda puxando Nessie.

— Não mamãe! – ela disse. – Ele vai ao parque com a gente!

— Ele não pode filha... – eu disse, olhando para ela.

— Se quiser eu posso... – ele disse e rapidamente desviei o olhar em direção a ele.

— Edward, não, eu não quero que tirem fotos de nós dois, você esqueceu quem você é? Agora que estão se esquecendo de mim, eu não quero voltar a ficar exposta de novo! – eu falei, apesar de que esse não era o único motivo de eu querer fugir dele.

— Tá, então, vamos até a sua casa, ou qualquer outro lugar, se você quiser a gente vai de carro! – ele pediu. – A gente precisa conversar!

— Não, agora não! – eu pedi, dando alguns passos para trás.

— Mamãe, vamos, mamãe! – Nessie começou a me puxar, querendo me levar em direção ao carro de Edward, meu coração apertou, fechei os olhos por alguns segundos, enquanto mais lágrimas caiam dele, eu abri novamente os olhos e encarei Edward, vi que o rosto dele estava levemente vermelho.

— Bella, por favor... – ele começou querendo se aproximar de mim e rapidamente recuei, puxando Nessie comigo. – Eu tenho muitas coisas para falar com você...

— Eu não posso, eu não consigo, agora não dá Edward! – eu disse, virando-me e tive que puxar Nessie fortemente para que ela me acompanhasse, praticamente a arrastei, enquanto ela falava:

— Não mãe, não mãe, o papai, o papai!

— Vamos Nessie, depois a gente fala com ele! – eu disse, e vi que ela chegou a olhar para trás, eu também olhei rapidamente e vi Edward parado no mesmo lugar, olhando nós nos afastarmos, uma nova lágrima caiu dos meus olhos, enquanto eu o olhava, e eu tive a impressão de que uma lágrima caiu dos olhos dele também.

Continua...


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Notas finais do capítulo

N/A: Chegou o momento que muitos estavam esperando, eu acho que no minimo depois desse mereço um comentário né? espero que comentem bastante que nem no cap. "ela está viva", porque é um momento bem especial esse reencontro dos dois e teremos mais no próximo, não perca, bom não me decepcionem pessoal, beijos beijos:)