A Liga Extraordinária Brasileira escrita por Eye Steampunk


Capítulo 6
Mistério do Brasil (Parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mais postei, como prometi, capitulo quizenais.

Avisos: Capitulos anteriores foram editados e corrigidos, mas ainda aceitosim comentarios que comentem os meus erros gramaticais.

Boa Leitura!



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Flamengo 0 x Vasco 2.

— Madame Valéria! — gritou uma jovem que atendeu os rapazes à porta.

Pele negra, longos cabelos negros cacheados, brincos com pedras de âmbar, short jeans curto, blusa de alça cruzando o decote e amarrando na nuca, mascava chiclete; esta era a aparência da jovem que atendeu Bruno e Lúcio na entrada da residência da Madame Valéria; Uma casa de dois andares, tijolos, portão de ferro, placa de madeira escrita com o nome da residente e seu endereço.

— Luciana, permita que eles entrem! Eu vou atendê-los em meu antro da sabedoria! — gritou uma voz feminina, provavelmente madame Valéria.

— Por aqui, rapazes! — disse Luciana entre o estourar de uma bola de chiclete e outra.

O ocultista e o demônio adentraram a residência, as janelas eram de vidro fosco colorido, o que permitia a pouca passagem da luz, havia velas de várias cores acesas em diversos cantos da sala de entrada, um sofá encoberto por uma capa de flores; bibelôs, estatueta de deuses, santos, anjos, animais, etc. preenchiam aqui e ali a residência. Ao fim da sala de entrada havia duas portas e um corredor; Luciana os acompanhou pelo corredor, onde ao fim separava uma cortina de conchas e pedras do cômodo seguinte.

— Madame, clientes! — disse Luciana, apresentando os dois rapazes.

O espaço seguinte não era tão diferente do anterior, é claro, este possuía catadores de sonho, sinos de ventos e outros artefatos pendurados ao teto, ao centro uma mesa circular de madeira, com desenho de sóis e luas sobre o tampo, uma bola de cristal ao meio, três cadeiras, duas não ocupadas como se nos esperassem, e uma estava sentada uma mulher. Madame Valéria, uma senhora de aparentes quarenta anos, pele acobreada, cabelos negros cobertos por um véu de tecido vermelho que completava um longo vestido de cigana, anéis, pulseiras, cintilavam em seus dedos e pescoços.

— Bem vindos, meninos! — disse Madame Valéria, pegou e começou a distribuir cartas pela mesa, com a outra mão, dispensou Luciana. — Eu vejo que um de vocês deseja tirar a sorte!

— Sim! — disse Lúcio.

— Não! — disse Bruno

Ambos se entreolharam, Bruno puxou Lúcio para trás e ambos iniciaram uma conversa entre sussurros.

— Isso não é hora para misticismo barato e...

— O Tarô é uma forma de comunicar com os anjos, eles tudo sabem sobre o futuro, uma vidente é o receptáculo na Terra perfeito para consultar uma previsão e encontrar uma resposta! — respondeu Lúcio.

— De onde tiraste esta ideia?

— Talvez por que meu pai é um anjo caído...

— Então você acredita nisto?

— Você é um cara mágico que anda com um livro mágico, faz mil feitiços mágicos que nenhuma outra pessoa acreditaria e deseja questionar sobre a veracidade de um simples jogo de baralho? — comentou Lúcio, se sentou a uma das cadeiras e direcionou sua atenção a vidente. — Nós queremos...

— Ajuda para encontrar alguém! — completou Madame Valéria. — Sim, eu sinto as energias de vocês, principalmente o garoto aqui, ele carrega muita energia...

— O mundo é feito de energia e matéria!

— Não... — ele apontou ao ocultista. — Você tem os Orbes. Como encontrou? Sabe que sua vida está em perigo? Um feiticeiro está atrás de você!

— Zuí? — perguntou Bruno se sentando.

— Não sei. — admitiu Madame Valéria. — Talvez minhas cartas possam responder, mas preciso que você as acredite.

— Muito bem, eu acredito... — comentou o ocultista com desdém.

— Isto é o suficiente! — interrompeu Madame Valéria, então virou a primeira carta. Um casal desprovido de roupas, dividindo uma maçã, enquanto dois querubins velavam do alto os dois — Os Enamorados, eu vejo que somente a união poderá fortalecer o que deseja vencer, do contrário, se nenhum vínculo for feito, tudo estará condenado...

— O que ela quis dizer? — sussurrou Bruno a Lúcio.

— Cale a boca!

Madame virou mais duas cartas, a primeira continha um homem pendurado pelo pé com uma corda, enquanto seu rosto era encoberto por saco de pano; o segundo era uma torre onde pequenos homenzinhos a escalavam, enquanto trovões e ondas do mar a destruíam.

— O Enforcado e a Torre! — comentou Madame Valéria. — Há uma busca de reconciliação e busca pelo lar, dentre os que compartilham com a mesma missão que vocês, alguns buscam por liberdade, estão por tudo tentando alcançar a sua vida, outros apenas querem pagar o preço dos pecados que carrega. No entanto, existe alguém entre o grupo que esconde os verdadeiros motivos, seus ideais estão entre punir os inocentes e desestabilizar a torre que sustenta o grupo, ou seja, um traidor.

— Ela é boa! — disse Lúcio.

Bruno começou a pensar nas palavras da Madame, ele não queria acreditar, mas se fosse verdade, quem ela se referia?  Maria e Ulisses têm motivos altos para ingressar na missão como forma de pagar as mortes que carregam como fardo; Maria havia dito que Guto também estava presente para pagar por algo que fez no passado, mas ninguém sabia o que o grandão fez. Quanto à busca por liberdade? Isso poderia ser uma referencia a busca de Ulisses em volta para casa? Ou o desafio de libertar Maria de seu espelho? Até mesmo poderia remeter a liberdade de Lúcio da tornozeleira do Sargento. Ou mesmo sua própria liberdade.

— O Diabo e a Morte! — disse Madame Valéria. — Ah sim, um sacrifício é necessário, os anjos irão cobrar, a alma de um é o preço pela glória de todos. É isto que a carta Morte remete: um novo ciclo, um novo começo, Jesus morreu para que purificasse as almas dos humanos, precisa se por em valor uma vida para salvar a vida dos outros.

— E a carta de diabo? O que significa? — questionou Bruno.

— Muitas visões meu caro ocultista! — abriu um sorriso, Madame Valéria, o que fez Bruno saltar da cadeira. Como ela sabia o que ele era? — O diabo pode representar uma entidade “deus ex machina”, ou mesmo um negociante, ou alguém que será o caos, ou até mesmo alguém que o represente na Terra.

Madame Valéria olhou para Lúcio. A claridade do recinto diminuiu.

 — Muito obrigado! — Lúcio apreensivo retirou algumas notas de dinheiro do bolso e entregou à madame Valéria. — Obrigado pela atenção, acredito que seja hora de partimos, vamos Bruno!

— Mas ainda não perguntamos sobre o...

— Corpo Seco! — disse Madame Valéria. — Sim, ele e aquele feiticeiro excitante contaram que vocês viriam...

— Entendi o recado! — disse Bruno a Lúcio — Vamos!

Ambos levantaram de suas cadeiras e viraram para o corredor, mas ele não mais existia, os incensos do ambiente se apagaram, os sinos de vento balançavam sem parar, algumas estatuetas racharam. O ocultista e o homem demônio se viraram para Madame Valéria, sua bola de cristal brilhava em tom vermelho, enquanto fumaça espiralava do piso.

— Tão cedo menino, mas vocês ainda nem conheceram os truques que aprendi com Mestre Zuí! — disse Valéria em voz grave.

E então três espectros de fumaça negra e olhos vermelhos se formaram com dentes afiados, levantando-se das sombras.

— Conheça os meus garotos, Ocultista e Homem Diabo. — disse Madame Valéria — Agora se entreguem, ou melhor, me entreguem os orbes!

Os espectros atacaram.

Flamengo 1 x Vasco 2

“Goooool!” gritava o locutor da partida.

— Ali! — apontou Jorge para uma escadaria onde garotos subiam com os itens furtados.

— Seria muito mais fácil se eu pudesse voar! — exclamou Maria arfando. — Ser uma fantasma e ter que andar não combina.

— Eu tive uma ideia, mas significa cometer o mesmo delito que os garotos! — disse Jorge observando uma motocicleta encostada ao meio fio.

— O que você está pensando?

E foram os dois montados em uma moto subindo as encostas do morro enquanto perseguia os meninos, Jorge pilotava a frente e possuía maestria com o veículo, ainda que rédeas fossem totalmente diferentes de volante de moto, enquanto Maria sentava atrás, cabelos fantasmas ao vento, enquanto sorria da velocidade.

— Isso é divertido!

— Vamos devolver quando recuperarmos outros itens roubados! — disse Jorge.

— Nós não deveríamos está atrás de pista sobre o Corpo Seco?

 — E estamos! — comentou o cavaleiro. — O Sargento não contou que ele é o chefe do tráfico do morro?

— Sim!

— Então isto deve funcionar igualmente como um formigueiro, as operárias atendem a formiga-rainha, elas são as bases dos frutos para o formigueiro. O problema é que uma operária nunca deve furtar os próprios frutos, como será que o Corpo Seco reagiria se soubesse que os seus próprios operários assaltam seu morro?

— E por que eles roubam?

— Sobrevivência! — respondeu Jorge. — Má influencia, ou mesmo a falta de uma base de ensino que não se pode encontrar em casa, então encontra nas ruas. São “n” os fatores!

— Isso é meio confuso!

— É meio complicado de explicar, mas são assim que acontece em uma comunidade em guerra, ou facção, furtamos dos outros formigueiros, mas não permitimos os furtos em nosso próprio formigueiro!

— Formigas saqueiam outros formigueiros?

— Não sei! — disse Jorge empinando a moto para subir a escadaria. — Somente quis usar o exemplo das formigas como comparação.

A moto alcançou os garotos, eles descobriram que estavam sendo seguidos a tempo, por isso Maria e Jorge não reparam que caíram em uma armadilha, somente quando dobraram a direita a um beco sem saída, os quatros garotos foram fechados contra a parede.

— Vocês não têm para onde fugir! — disse Jorge.

— Aí, tio! — disse o maior dos delinquentes, deveria ter catorze anos. — Quem não tem para onde fugir é o senhor!

Maria e Jorge foram cercados, por trás deles seis garotos fechavam as ruas com pedaços de pau e barra de ferro, do alto das casas, mais meia dúzias de garotos estavam armados com tijolos e pedras em mãos.

— Droga!

— Ataquem esses filhos da mãe! — disse o mais velho.

Uma chuva de tijolos voou sobre Maria e Jorge, a fantasma se tornou intangível, Jorge não teve a mesma sorte, e permitiu fazer a moto de escudo para si, reclamou mentalmente sobre a promessa de devolver a moto e sobre uma entidade imortal está agora sendo rendida por um bando de crianças e jovens.

— Maria! — suplicou Jorge. — Pedras não são armas de fogo!

— Já estou indo!

A fantasma desapareceu e então as crianças que atiravam pedras começaram a cair do alto, mas antes que elas atingissem o chão, uma força os segurava a alguns centímetros, impedindo que esborrachassem com o terreno, e então a força cessava e eles terminavam de cair, alguns quebraram o nariz com a queda, outros perderam dentes, mas Maria fez o possível para fazer com que não se machucasse mais do que alguns ossos quebrados.

Os que cercavam o beco deixaram suas armas caírem assustados, Jorge os encarou, seus olhos brilharam e o grupo foi atacado por um enxame de formigas que brotavam do chão e mordiam suas pernas, fugiram gritando e se coçando, agonizando-se pelos pequenos insetos. Sobraram apenas os quatro furtadores de lojas, incluindo o mais velho, Maria surgiu ao lado de Jorge, com sua aparência assustadora, rugiu para os garotos, apavorados começaram a não desejar sua morte.

— Onde está o líder de vocês? — perguntou Jorge largando a motocicleta completamente detonada por pedras ao chão.

Três dos quatros deram passos para o lado, um deles começou a urinar nas calças e não tiravam os olhos das presas de Maria. O maior, mais velho e que comandou o ataque, se ajoelhou ao chão e começou a implorar clemência.

— Por favor! Não nos mate!

— Eu não irei matar vocês! — Jorge se virou para Maria. — Não posso dizer o mesmo de minha companheira.

Maria emitiu um som gutural pela garganta, como um rosnado.

— Vieram a mando do Ceifador? —perguntou o delinquente começando a chorar e urinar pelas calças também. — Por favor, eu nunca mais furto a comunidade, eu juro! Mas nos deixe vivo!

— Ceifador? — perguntou Jorge. — Não, viemos atrás de Corpo Seco.

O delinquente subiu o olhar aos dois e enxugou as lagrimas.

— Ele não permite ser chamado assim! Qualquer um que o pronuncie por este nome é condenado a morrer, ele prefere ser chamado de o Ceifador. Quem são vocês?

Maria avançou ao garoto, suas unhas cravaram em seus ombros e o suspendeu aos céus, bem ao alto, ele se contorcia de dor e agonia, os olhos de Maria focaram ao seu e uma onda de pesadelos atormentou a mente do jovem.

— Nós fazemos as perguntas! — disse Maria. — Quem e Onde encontramos o Ceifador?

— Maria! — gritou Jorge ao alto.

A fantasma olhou para baixo, e o beco novamente foi cercado, mas por homens armados com revolveres e metralhadores, eles apontaram para o cavaleiro e para as crianças.

Flamengo 2 x Vasco 2

“É mais um gol à nação rubro-negra!” comenta o locutor do alto de uma televisão em uma barbearia ao lado da casa da Madame Valéria. A parede explode assustando o barbeiro e seu cliente que acabavam de comemorar o gol. Dos destroços da parede um homem de aparência demoníaca levantou massageando sua cabeça.

— Titia! — gritou Luciana.

— Agora não, garota! — Madame Valéria estendeu a mão e sua sobrinha fora empurrada porta fora. — Mestre Zuí pagou a todos os outros bruxos, feiticeiros, pai de santos para quem capturassem qualquer um que pertencesse à legião, vivos ou mortos!

— Eu percebi! — gritou Bruno que disparava filetes de energia do feitiço Invocus: Lumius Raius.

Um pentagrama roxo com o desenho de vareta e raio em seu interior brilhavam em suas duas mãos enquanto ele lutava com dois espectros de sombra menores. Lúcio cuidou de ficar com o maior dos espectros de sombras, o que não foi uma boa escolha, ele era constantemente arremessado de um canto a outro do cômodo.

— Como derrotamos esses bichos? — perguntou Lúcio saltando sobre seu oponente, mas ele se dissolvia como fumaça, solidificava, pegava o homem diabo pelas pernas e o arremessava em outra parede.

— Luz! — comentou Bruno desviando das garras de um dos espectros.

— Estamos de dia! — gritou Lúcio sendo arremessado.

— Que venha de seus corpos, não que seja projetado a eles, o que é impossível, pois eles são sombra pura! — disse o ocultista. — Você não tem nenhum demônio na manga?

— Aquilo foram presentes do meu outro pai! — comentou Lúcio levantando do novo buraco na parede. — Você e sua amiga destruíram todos.

— Me desculpe!

— Tanto faz, agora que estamos prestes a morrer por homens fumaças! — disse Lúcio. — Eu nunca vi essas criaturas nos contos nacionais.

— E provavelmente não encontrará... Invocus: Lumius Arcus! — um pentagrama roxo brilhou a frente do ocultista, uma vareta e um arco desenhado em seu interior, então um arco de luz se projetou e empurrou os espectros para trás. — Mas eles são os terrores das crianças, quando mais jovem você já sentiu uma presença sombria entre o canto do quarto e tinha vontade de se enrolar em suas cobertas para se proteger? Pois então, eles são aquilo!

— Quando criança eu nem tinha quarto! — riu Lúcio, lembrando-se de sua vida miserável. — Tive um plano, mas preciso que solte este grilhão!

— Você vai tentar fugir e me deixar aqui? Não mesmo!

— Confie em mim! — disse Lúcio — Isso aperta muito meu tornozelo, e será meu pagamento por me livrar da maldição das rimas!

— É! — riu Bruno — Estou com saudades do velho diabo poeta!

O ocultista se distraiu e os dois espectros o cercaram e cravaram suas presas nos braços de Bruno. Ele gritou de dor, seu corpo caiu, os espectros o cercaram e começaram a sugar sua força vital, enquanto Madame Valéria ainda flutuava em seu canto apenas gargalhando aos céus.

— Me entregar os orbes será bem mais fácil, meu pequeno feiticeiro!

— Bruno! — gritou Lúcio. — Agora!

O Homem Diabo foi pego pelo espectro por trás, que se prendia aos seus chifres e o montava nas costas, Lúcio se balançavam para um lado e para outro tentando se livrar do oponente. Bruno perdia os sentidos, sua respiração diminuía com o ritmo de suas forças, sua visão desfocava, ele apontou ao tornozelo de Lúcio e torcia para não errar, então pronunciou.

Invocus: Abrati César Mor! — sussurrou Bruno, e como sua voz, um pequeno pentagrama azul brilhou na tornozeleira de Lúcio, com o desenho de raiz e uma chave, o metal estalou e Lúcio estava solto dos grilhões.

— Oh não! — gritou a vidente, prevendo tudo que aconteceria.

— ABRATICÉSAMUS! — gritou Lúcio, seu corpo crescendo, suas narinas expelindo fumaça, seus olhos queimando em duas esferas de fogo. — O FEITIÇO É ABRATICÉSAMUS?!

Com irritação, o Homem Diabo pegou o espectro de suas costas que se tornava menor, desta vez não escapou de suas mãos se dissolvendo em fumaça.

— Eu vou lhe mostrar o que é luz! — o rosto de Lúcio se reconfigurou e brilhou com fogo intenso. — Meu pai é o Senhor da Luz.

Todo o ambiente elevou vinte graus acima, deixando o local aquecido além do que um ser humano poderia suportar. Madame Valéria desmaiou de insolação e Bruno arfava com o calor intenso; Lúcio brilhou intensamente e entrou em combustão e se tornou o vórtice central, como um sol, os três espectros foram sugados e absorvidos no interior de Lúcio, chiaram e queimaram. A luz desapareceu, o fogo apagou, e no centro de um círculo de cinzas estava o Homem Diabo sem o seu disfarce, um homem de dois metros, córneos afiados de trinta centímetros projetando da face, pele avermelhada, caninos e a parte inferior do corpo, era um par de pernas peludas de cabra com casco, como um sátiro.

 — O Diabo! O Diabo! — temeu madame Valéria escondida por baixo da mesa de vidência.

Lúcio caminhou em sua direção, arremessou a mesa com o cristal e cartas para o outro lado do cômodo, uma carta voou e Homem Diabo pegou no ar, “O Diabo” e a queimou com a própria mão.

— Onde está Corpo Seco?

— E-Eu não s-sei! — gaguejou Madame Valéria. — Ele trocou de nome, agora se intitula o Ceifador, o meu único contato era o Mestre Zuí, eu não sei de nada!

— Uma vidente que não sabe nada! — vociferou Lúcio. — Pois bem, é da fala dos anjos que você prever o futuro, meu pai é um anjo, então deixe que eu lhe mostre o seu futuro!

Lúcio agarrou Madame Valéria pelo seu pescoço e ambos trocaram olhares, as orbitas oculares do demônio queimaram em chamas e mostrou a mulher sua penitencia no inferno, sua tortura eterna. Madame Valéria gritou de horror, seus olhos queimaram e suas orbitas foram cozinhadas, a vidente ficou cega, o Homem Diabo a soltou e deixou sofrer pela perda da visão.

Lúcio caminhou até Bruno e o carregou pelos ombros o retirando do local do incêndio.

— Foi mal, bruxinho Harry Potter! Onde eu estava com a minha cabeça em consultar essa charlatona! — disse o Homem Diabo.

— Harry Potter, não! — tossiu entra as falas o ocultista. — Ou vou começar a chama-lo de motoqueiro fantasma!

— Parados! — gritou uma voz no megafone — Aqui é a polícia, vocês estão sendo detidos!

Uma dúzia de viaturas cercou o perímetro da residência, mais de vinte policiais fortemente armados apontavam suas armas e ascendiam suas miras ao peitoral do homem demônio.

— Somos os mocinhos! — gritou Lúcio se rendendo, colocando as mãos para o alto, sem deixar o alquimista cair de suas costas.

— Nós sabemos disto! — disse o policial levantando o rosto da mira da arma, revelando sua horrenda face putrificada e sem vida, os policiais eram mortos vivos.

Fogos de artifícios explodiram anunciando o terceiro gol.

  Flamengo 3 x Vasco 2

A motocicleta parcialmente intacta desceu roncando por ladeira abaixo, seu barulho abafado pelos fogos de artificio, montado em sua garupa vinha Jorge disparando balas de metralhadora sobre os policiais mortos vivos, dispersando a primeira linha de frente. Ele fez um cavalo de pau com o veículo e estacionou ao lado de Homem Diabo.

— Mas o que aconteceu com você? O que você fez com Bruno? — perguntou Jorge, então observou as pernas de Lúcio. — Onde está a sua tornozeleira, monstro dos infernos?

— Longa história! — Lúcio colocou o ocultista na traseira da motocicleta, ajeitando para que não caísse, o que era quase difícil pelo seu tamanho. — Você roubou uma moto?

— Não roubei, peguei emprestado!

— Está tudo bem, ladrão de moto, você não vai para o inferno por isso, gosto disso! — riu Lúcio. — Onde está Maria?

Jorge apontou aos mortos vivos, alguns desapareciam no ar e voltavam a reaparecer novamente, caindo do céu, desta vez a fantasma não suavizava sua queda e permitia que se espatifassem ao chão.

— Ótimo! — comentou Lúcio. — Alguém já disse que você fica sexy em uma moto?

— O que?

— Nada! — disse Lúcio. — Tire o alquimista daqui!

— E você?

— Eu preciso liberar toda minha energia para voltar o que era antes e Maria já está acabando com toda a diversão!

Lúcio saltou entre as viaturas restantes e começou a explodi-las com policiais dentro, mortos vivos carbonizados deixavam suas barreiras e atiravam contra o demônio, ele os pegavam com uma mão inteira e queimava os seus corpos. Jorge, enojado, ainda que admirado com o poder de Lúcio, deixou o local com o alquimista.

FINAL DE JOGO!

— Então? — perguntou o alquimista sentado a mesa de reunião da espaçonave Nemo, com uma bolsa de gelo á cabeça e os braços sendo enfaixados por Maria — O que descobrimos?

Sentados a mesa oval estavam os seis seres sobrenaturais, Maria cuidando de Bruno com os itens de primeiro socorros, Guto e Ulisses trocando poucas palavras entre si e algumas fotografias, Jorge admirando com raiva Lúcio, enquanto o mesmo acendia e apagava uma pequena labareda de fogo em sua mão.

— Feiticeiros e bruxas estão trabalhando para o Mestre Zuí, espectros de sombra são letais! — comentou Lúcio, agora voltando a sua aparência jovial.

— E você se libertou da tornozeleira e salvou Bruno. — completou Maria. — Obrigada!

— Eu deveria responder isto... — comentou Bruno.

— De nada, flor! — interrompeu Lúcio. — No entanto, foi seu namoradinho que me libertou.

Jorge fechou o rosto para o alquimista.

— Você...

— Maria não é minha namorada se gostaria de perguntar! — disse Bruno.

— Eu não iria dizer isso! — disse Jorge, agora sorrindo. — Eu iria pergunta por que você fez isso? Soltou este monstro?

— Ele estava quase morrendo! — gritou Maria, sua raiva fez pressionar com força o braço de Bruno que soltou um grito de dor. — Será que você já pode parar de desconfiar que Lúcio possa ser um traidor, ele salvou uma vida...

— Na verdade, eu tenho algo a concordar com Jorge!

— O que? — perguntou Maria.

— Existe alguém entre nós que realmente não trabalha ao nosso lado, um traidor. Madame Valéria contou isto para Bruno e eu, as cartas, O Enforcado, foi isso que ela interpretou — comentou Lúcio jogando umas cartas que tomou do local antes de deixa-lo, Os Enamorados, A Torre, O Enforcado, A Morte.

— Poderia ser uma mentira, assim como foi uma armadilha! — comentou Jorge.

— Pode ser que sim! — então Lúcio olhou para Jorge com outros olhos, agora desconfiado. — O traidor seria o primeiro questionar a existência de um.

— O que você está querendo dizer com isso?

— Nada! — disse o demônio.

— Vamos nos manter calmos, meninos! — disse Maria, então se virou ao extraterrestre e ao gigante. — E vocês dois? Não passaram por nenhum perrengue?

— Não! — chiou Ulisses e Guto concordou com a cabeça.

— Ulisses me contou que eles foram confundidos com turistas, então acabaram com um grupo de turismo e fizeram uma excursão pelas belezas do Rio e em vez de estarem investigando, decidiram tirar foto DA CIDADE MARAVILHOSA! — disse Bruno gritando com o ET.

O ET deixou algumas fotografias cair de nervosismo.

— Desculpa... — chiou.

— Está tudo bem Ulisses, seu amigo aqui está com a cabeça quente! — disse Maria dando um peteleco na testa de Bruno, que soltou mais um gritinho de dor.

— E não é para está? — perguntou Bruno. — Iniciamos a investigação com zero e terminamos com zero, nenhuma informação útil, somente suposições e um possível traidor. Nada do esconderijo do Corpo Seco, ou melhor, o Ceifador.

— E quem disse que não? — perguntou Maria. — Eu e Jorge descobrimos o possível esconderijo do Ceifador.

— Onde? — perguntou Lúcio.

— Antes de encontrarmos vocês, já havíamos seguindo uma pista com um grupo de jovens furtadores. — disse Jorge. — Nós fomos apedrejados, sua namorada deu um show com os delinquentes, depois fomos cercados novamente pelos mesmos mortos vivos que lhe atacaram, consegui desarmar um deles e cai fora, mas sem antes Maria arrancar a informação de um dos pirralhos delinquentes.

— E?

— E descobrimos que sua base de operação não é o Complexo do Alemão, mas outro morro. — disse Maria. — A qual o jovem não sabia o nome, apenas que dividia o perímetro da Baía de Guanabara.

Bruno bateu com a cabeça a mesa de frustração.

— Essa é a boa notícia? — perguntou Bruno. — Isso aumenta nossa busca de um para mais de vinte morros e montes que fazem perímetro a Baía de Guanabara.

— Eu não havia pensado nisto! — entristeceu Maria.

— Alguém tem algo relevante a nos dizer e que possa ajudar em nossa missão de busca? — sussurrou Bruno infeliz.

Então o ET Ulisses estendeu o seu dedo gorducho ao céu.

— Ulisses? — perguntou Bruno.

O extraterrestre caminhou em direção ao seu amigo e lhe mostrou uma fotografia.

O alquimista abriu um sorriso e beijou a cabeça calva de seu amigo.

— Ulisses, você é o melhor fotógrafo que a Terra já conheceu.


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Notas finais do capítulo

Chegou ao fim do capítulo: deixe um comentário, uma dica, o que gostou, o que não gostou!

E nos vemos nos próximos capítulos!



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