Lost escrita por Li


Capítulo 21
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



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Nico não falou. Nico não se mexeu. Ele estava completamente sem reação. A sua boca abriu-se e fechou-se diversas vezes, mas de lá só saía ar. Palavras não existiam.

Também eu não me atrevi a dizer uma única palavra. Eu não tinha mais que dizer. Não depois de ter jogado aquela bomba.   

Eu estava arrependida. Só Merlin sabe o quão arrependida eu estava. Se eu pudesse voltar atrás…se eu pudesse voltar atrás, eu faria tamanha estupidez. Eu colocaria a minha racionalidade por cima da minha impulsividade.

Nico aproximou-se do sofá. Por um breve segundo, voltei a ter esperanças. Ele estava a voltar para perto de mim. Mas, o verdadeiro motivo para ele se ter aproximado de mim era o casaco que ele pousara em cima do sofá quando chegara.

E foi isso que ele fez. Pegou no casaco e voltou a afastar-se. Em direção à porta.

Levantei-me e corri até ela, impedindo-o de sair.

—Nico, por favor. – pedi, tentando tocar-lhe. Mas ele impediu-me – Tu não podes ir embora assim!

—Eu não posso ir embora assim? – perguntou Nico no tom mais frio possível. Eu nunca o tinha visto assim – Rose, tu tens noção do que fizeste?

—Tenho Nico. – respondi, sinceramente. Não podia ser de outra forma com ele – Foi uma estupidez. Eu estou tão arrependida. Esta culpa está a corroer-me por dentro.

—A desilusão também me está a corroer por dentro, Rose. – respondeu Nico no seu tom gelado. Aquelas palavras tinham sido pior que levar um estalo. Aquelas palavras magoaram os meus mais profundos sentimentos – Nós sempre combinamos ser honestos um com o outro. E tu não o foste. Quando o Malfoy te beijou no casamento da minha irmã, eu perguntei-te se ainda sentias algo por ele. E tu disseste que não. E agora vens dizer-me que vocês se voltaram a beijar e ainda queres que eu aceite.

—Desculpa, Nico. – pedi sabendo que, naquele momento, não valeria de nada. Eu tinha traído a sua confiança – Por favor, não me odeies.

—Seria tão mais fácil se eu te odiasse. – respondeu Nico – Seria tudo mais fácil se eu não tivesse caído nos teus encantos, Rose Weasley. Cair nos encantos de alguém que já entregou o seu coração há muitos anos.

—Não digas isso. Por favor, não digas. – implorei. As lágrimas começavam a cair pelo meu rosto.

—Eu vou voltar a fazer-te a mesma pergunta que te fiz há algum tempo. Tu ainda tens sentimentos pelo Malfoy?

—Eu não sei. – admiti, em voz alta. Admiti aquilo que nem a mim própria tinha admitido. Eu não sabia se ainda tinha sentimentos pelo Scorpius. A verdade é que, naquela tarde, eu queria beijá-lo. Eu queria beijá-lo intensamente. Como antigamente – Eu não sei…

—Por agora não estou a fazer aqui mais nada, Rose. Deixa-me sair, por favor. – pediu Nico num tom um pouco mais ameno. Num tom magoado.

Eu não o impediria de sair. Eu sabia que ele precisava de um momento sozinho. Assim como eu precisava.

Desviei-me. Nico saiu sem nunca olhar para trás. Mal fechou a porta, escorreguei sobre ela. As lágrimas que antes caíam, agora caíam com mais intensidade. Eu não as conseguia controlar. Eu não as queria controlar.

—----//-----

Não me lembro do momento em que fui até ao quarto e me deitei na cama. Não me lembro do momento em que adormeci.

Um raio de sol atingiu o meu rosto. Eu estava ainda com a roupa do dia anterior e estava por cima dos lençóis.

Não fazia a mínima ideia de que horas eram. Mas também não me importava. Isso era uma das vantagens de não ter que ir trabalhar.

De repente, ouço um barulho na porta. Relutante, levanto-me da cama. Passo pelo espelho e o meu aspeto é horrível. O meu cabelo ruivo está completamente despenteado e os meus olhos azuis estavam completamente inchados. A minha roupa estava toda engrunhada.

O barulho na porta continuava. Octavia não era. Ela tinha a chave. Poderia ser Sirius, mas eu tinha quase a certeza que não era. A esta hora, ele provavelmente estava no treino de Quidditch.

Quando abri a porta, vi alguém que não esperava ver durante algum tempo. Alguém que deveria estar com Sirius no treino de Quidditch.

—Nico. – chamei, aproximando-me dele e tentando levantá-lo. Não precisei de muito para chegar à conclusão que ele estava completamente bêbado – Nico, anda lá.

—Deixa-me estar. – disse Nico tentando afastar-se de mim sem sucesso.

—Não faças birra. – pedi – E não faças muita força. Ainda estou com dores.

Como se a minha dor fosse um esteroide para a sua atenção, Nico, de forma completamente desajeitada, levantou-se.

—Vamos para dentro. – encaminhei-o até ao sofá – Tu não devias de estar no treino?

—E tu não devias de estar na cama? – perguntou Nico, tropeçando nas palavras – Ou, não me digas que estavas à espera do Malfoy. Para estares a pé a estas horas.

Eu sabia que ele estava bêbado mas as palavras dele tinha-me magoado. Eu não seria capaz de levar Scorpius para ali. Não enquanto estivesse com Nico.

Decidi ignorar o comentário. Não valeria de nada discutir com ele naquele estado.

—Eu vou preparar a poção para conseguirmos falar direito.

Antes que conseguisse afastar-me do sofá, Nico empurrou-me para cima de si.

—Porquê que és tão bonita? – perguntou Nico colocando um fio de cabelo atrás da minha orelha – Porquê que eu tinha de me apaixonar por ti?

Encarei-o. Os seus olhos verde-água não desviavam do meu rosto. Eu sentia-me tão mal. Eu tinha-o trazido para a grande bagunça que era a minha vida.

Quando eu pensava que as minhas lágrimas tinham acabado, a primeira apareceu. Logo a seguir apareceram as outras.

—Ei. – disse Nico limpando uma lágrima do meu rosto – Apesar de tudo, eu não gosto de te ver assim. Eu não gosto de te ver triste.

—Devia ser eu a dizer-te essas coisas. Eu é que fiz asneira. Eu é que estraguei tudo. Tudo o que tínhamos. Eu é que te trouxe para a porcaria que é a minha vida.

—A tua vida não é uma porcaria. Tu não tens culpa de nada do que passaste. – disse Nico, sentando-se e colocando-me sobre o seu colo – Tu não tens culpa disso.

—Mas tenho culpa de ter beijado o Scorpius. – sussurrei.

—Não vamos falar desse idiota agora. Eu estou bêbado e quero esquecer que esse gajo existe. Nem que seja por cinco minutos. – concluiu Nico a meros centímetros da minha boca. Ele estava a provocar-me – Existem tantas coisas que podemos fazer. Tantas…

Nico terminou com o espaço e uniu as nossas bocas. O seu sabor era álcool puro. Mas naquele momento, eu não queria saber. Eu apenas o queria.

Coloquei uma perna de cada lado do corpo de Nico enquanto lhe tirava a camisola. Ele fazia o mesmo com a minha.

Eu sabia que aquela não era a coisa certa a fazer. Eu sabia que nós devíamos de falar. Mas, naquele momento, eu não queria pensar nisso. Eu não queria pensar na merda que tinha feito.

Nico pegou em mim e depositou-me sobre o sofá. Retirou as suas calças e repousou sobre mim.

—Nós provavelmente devíamos falar. – disse Nico enquanto beijava o meu pescoço – Nós devíamos mesmo de falar sobre tudo o que aconteceu. Mas, neste momento…

—Eu sei, Nico. – respondi, percebendo o que ele queria dizer – Mas, agora cala-te e beija-me!

—----//-----

Acordei com o cafuné que Nico estava a fazer no meu cabelo.

—O treinador vai matar-me por não ter aparecido no treino. – comentou Nico percebendo que eu tinha acordado. Apenas um cobertor nos tapava – Aposto que não me vai colocar a titular só para me castigar.

 -Eu acredito que ele seja capaz de te fazer isso, mas tu és demasiado essencial à equipa para ele te fazer isso. És dos melhores jogadores. – comentei. O que eu tinha dito era completamente verdade. Eu já o tinha visto jogar muitas vezes. Eu ia praticamente a todos os jogos do Sirius. Eles os dois era sem dúvida os melhores jogadores da equipa.

—Gosto de ter alguém que tenha tanta confiança em mim. – respondeu Nico, com um sorriso de lado.

—Eu só estou a dizer a verdade. – respondi sorrindo de volta. Quem nos visse ali, não diria que na noite anterior tínhamos estado a discutir por causa da grande asneira que eu tinha feito.

—Nós vamos ter que falar, sabes disso.

—Não podemos continuar nesta bolha? – pedi, fazendo beiço.

—Eu não te odeio, Rose. – disse Nico, ignorando o meu pedido – Tu pediste-me, antes de contar a verdade, para não te odiar no fim. Eu não te odeio. Eu nunca te conseguiria odiar por mais que quisesse. E acho que este sentimento é semelhante ao que tu sentes pelo Malfoy.

—Nico…

—Deixa-me terminar. – pediu Nico – Ele abandonou-te num dos dias mais importantes da vossa vida. Tu querias odiá-lo, eu percebo. Tu sentias-te horrível e por vezes, acredito que pensaste que a culpa era tua, mesmo não sendo. Mas então ele apareceu e as barreiras que andaste a criar ao longo do tempo contra ele, simplesmente desapareceram. Aquele ódio que julgavas sentir não passava de uma mera ilusão. Os teus sentimentos por ele destruíram qualquer barreira contruída durante os últimos oito anos. Não é fácil odiar alguém que se ama tanto.

—Nico…

—Saber que afinal ele apenas te tinha abandonado para te proteger, confundiu e abanou ainda mais as barreiras que tinhas contra ele. Aquele falso ódio já podia ser esquecido. E, depois, ainda foste ter com ele, sozinha. Tu e os teus sentimentos recém-florescidos. – concluiu Nico, sem qualquer tom de acusação.

Eu não conseguia dizer nada. Eu apenas conseguia chorar. Chorar porque sabia o quanto eu estava a fazer sofrer o Nico. Chorar porque era uma completa idiota que tinha um homem perfeito daqueles à minha frente e andava a beijar outro. Realmente, eu não merecia o Nico.

—Eu não posso estar com uma pessoa que está apaixonada por outra. Eu não posso ser um objeto para fazer esquecer.

—Tu não és…

—Tu não o estás a fazer intencionalmente, Rose.

—Eu gosto de ti, Nico. – confessei.

—Mas ainda amas o Malfoy. Mesmo que ainda não estejas preparada para o admitir. – disse Nico. Eu conseguia ver a sua mágoa por trás daquelas palavras. E, saber que eu era a causa daquela mágoa, fazia com que eu me odiasse ainda mais – Eu acho que devia de ir andando.

Nico tentou levantar-se, mas eu não o deixei.

—Nico não te vás embora. – pedi, encostando os meus lábios junto aos deles. Eu sabia que não o devia forçar. Eu sabia que provavelmente tudo o que ele tinha dito era verdade, mas eu queria ignorar aquilo tudo – Eu quero-te aqui ao meu lado. Eu quero-te comigo.

—Eu também quero ficar aqui contigo. – confessou Nico não resistindo a tocar-me nos lábios com os seus – Mas ambos sabemos que isto vai correr mal.

Nico voltou a tentar levantar-se e, desta vez, eu não o impedi.

O seu tronco, completamente definido, estava completamente visível. Todo ele estava visível.

Eu estava a ser completamente egoísta ao querer mantê-lo aqui. Eu sabia o quanto ele se podia magoar. Eu sabia o quanto eu me podia magoar. Mas eu não estava a pensar nisso.          

Levantei-me, completamente nua, e aproximei-me dele. Por mais que Nico quisesse, ele não conseguia tirar os olhos de mim.

Sentei-me sobre as suas pernas e beijei os seus lábios.

—Podemos adiar a despedida durante mais um bocado. – concluiu Nico, pegando em mim e levando-me até ao meu quarto.


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Notas finais do capítulo

Que acharam de todo este capítulo dedicado à Rose e ao Nico?
Contem-me tudo nos comentários :)
Beijos ♥



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