Lost escrita por Li


Capítulo 16
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Desculpem mais uma vez
Tenho andado cheia de trabalho o que não me permite escrever, até ao fim do ano vai ser complicado, eu vou tentar postar pelo menos um capítulo :)
Boa leitura :)



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O meu raptor continuava a encarar-me. Sem dizer qualquer resposta. Sem dizer uma única palavra.

Sinceramente, eu começava a ficar irritava. Mas eu sabia que não havia nada que eu pudesse fazer. Eu estava sem alternativas.

Voltei a olhar em volta. Pelo menos até onde conseguia. Eu não tinha alternativa. Eu não tinha por onde escapar.

—Esta sala é impenetrável. Não tens nenhuma saída. Quer dizer, tens apenas uma saída mas nunca a conseguirás utilizar. Ela está protegida.

—Decidiste falar agora? – perguntei não me conseguindo conter.

—Vejo que te lembraste de coisas antigas. – começou ignorando a minha pergunta – Vejo que te lembraste de tudo o que passaste em Hogwarts. Não estou a falar da humilhação que o Scorpius te fez passar.

Engoli em seco. Uma coisa era eu estar sempre a lembrar-me do que o Malfoy me tinha feito passar, outra coisa completamente diferente era ter alguém a atirar-me isso à cara.

Eu não conseguia reagir. Aquele continuava a ser o meu ponto fraco.

—Aposto que isso ainda foi pior do que ter alguém a tentar matar-te. Aliás, a dor que o Scorpius causou em ti valeu mais do que mil mortes. – provocou o meu raptor. Eu não sabia aonde ele queria chegar, mas ele estava a tirar-me do sério – Eu tive pena, sabes? Tive pena de não ter visto a tua reação quando descobriste que tinhas sido abandonado. No baile de finalistas. Deve marcar uma pessoa para a vida inteira. Mais até do que alguém tentar matar-te.

—Não marca. Só marca às pessoas que vivem do passado. – respondi no tom mais controlado que consegui. Ele não ia conseguir humilhar-me mais do que o Malfoy me humilhou naquele dia – Pelos vistos, vives mais tu do meu passado que eu própria.

O meu raptor riu-se. Eu não conseguia saber o que ele estava a pensar. Eu não sabia se ele sabia que eu lhe estava a mentir e estava a chegar ao seu objetivo ou se estava a acreditar totalmente.

—Mas não vamos mais falar do nosso querido amigo. Fizeste-me uma questão. Eu, sinceramente, adorava ouvir a tua opinião.

—Sobre o facto de teres sido tu a tentar matar-me há oito anos? – perguntei. O meu raptor apenas acenou afirmativamente – Isso é fácil. A minha resposta é sim. Estranhei o facto de teres desaparecido durante tanto tempo. Afinal querias matar-me. Ou então a tua pouca inteligência fez com que não arranjasses mais formas de me matar. Não era algo que me deixaria admirada.

—Acredita que eu tenho mil e uma maneiras de provocar a tua morte. – disse o meu raptor, em tom sério. O tom debochado de antes tinha desaparecido completamente – Nunca duvides disso. O facto de ainda não teres aparecido morta em algum canto foi por mero acaso.

—Então foi por isso que me raptaste? Vais concluir os planos que começaste há oito anos?

—Digamos que, para já, tenho outros planos para ti. Mas deixemos isso para depois. – disse, afastando-se de mim, e aproximando-se da porta. A grande porta de ferro que estava a poucos metros de mim – Não será preciso dizer que escusas de gritar.

Saiu sem dizer mais nada. O silêncio inundou completamente a sala. Ali encontrava-me apenas eu e a cadeira na qual eu estava presa.

Eu não sabia o que fazer. Mas eu sabia que não podia continuar aqui. Eu corria perigo.

E foi então que me lembrei. Eu ainda tinha a minha varinha.

Ao contrário de alguns bruxos, eu mantinha sempre a minha varinha ao meu lado. Independentemente de onde fosse. Mas, ao contrário de outros tantos, eu não a levava no bolso. Para que pudesse andar sempre com ela, eu fazia um feitiço de encolhimento de modo a que a varinha ficasse minúscula. Depois utilizava-a como acessório. Neste dia, em particular, ela fazia parte da pulseira que eu estava a usar. A mesma pulseira que eu sentia no meu pulso esquerdo logo o raptor não a tinha tirado. O grande problema era como chegar a ela.

Eu lembrava-me de alguns filmes muggles que a minha mãe tinha mostrado a mim e ao meu irmão. Lembrava-me, em específico, de um em que um homem tinha sido raptado e tinha conseguido fugir porque tinha conseguido desatar as mãos. E essa era a solução eu conseguir sair daqui.

Os minutos que se seguiram foram extremamente dolorosos. Eu tentava tirar uma das mãos da corda. Mas quanta mais força eu fazia, mais me magoava. Eu sentia o sangue escorrer pelas minhas mãos.

Não sei quanto tempo demorei, mas consegui ter sucesso. Consegui tirar uma das mãos permitindo que a outra saísse livremente.

Desatei as minhas pernas e transformei a minha varinha no seu tamanho normal.

Tentei abrir a porta mas não consegui. Por mais boa que eu fosse em feitiços, eu tinha de admitir que o raptor também o era.

A minha segunda opção era espera que ele aparecesse. Ataca-lo de surpresa era a minha melhor hipótese. Iria fazer o mesmo que me tinha feito. Iria atordoá-lo.

Não sei quanto tempo passou. Não sei se passaram minutos ou horas. Eu estava sem qualquer noção de tempo.

Até que de repente, a porta começou a abrir-se. Tudo se passou num segundo. Eu nem dei tempo para ele respirar. Ataquei-o mal avistei o seu rosto. O meu rosto.

Stupefy. – gritei não dando hipótese de contra-atacar.

Corri. Corri como nunca tinha corrido antes. Eu estava numa floresta completamente desconhecida. Eu podia estar em qualquer lado. Eu podia estar mesmo ao lado de Hogsmeade. Mas, eu também podia estar do outro lado do mundo.

Segui o meu pensamento mais racional. Tentei procurar um caminho que me levasse para fora da floresta.

A noite era serrada. A única luz que tinha era aquela que vinha da minha varinha. Todas as árvores pareciam iguais. Parecia que eu já tinha passado pelo mesmo sítio vezes sem conta.

Eu estava a ficar completamente exausta. Os saltos altos e o vestido longo também não ajudavam em nada.

Ouvi um pequeno ruído. Parecia alguém a correr. Era ele. Ele tinha acordado e tinha vindo à minha procura.

—Rose. – ouvi a chamar. Eu estava tão cansada que aquilo parecia um som ao fundo do túnel – Rose!

Eu conhecia aquela voz. Eu sabia que conhecia, mas estava demasiado fraca para conseguir decifrar quem era.

—Rose, estás aqui? – gritaram. Voltei a ouvir, distorcido. Eu conhecia aquela voz. Aquele era o…

Corri com as últimas forças que tinha. Aquela era a hipótese de eu sair desta floresta sem fim.

—Rose. – gritou mais uma vez. Avistei-o. Ainda vestia a roupa que estava a usar no casamento.

—Sc… - mas não consegui chegar até ele.

—----//-----

Vozes por todo o lado. Barulho por todo o lado. Eu sentia-o no mais profundo dos meus pensamentos. Eu não conseguia pensar. Eu não me conseguia mexer. Tentei abrir os olhos. Não consegui. Mais uma vez adormeci.

—----//-----

Eu estava deitada. Isso foi a primeira que me apercebi. Não abri de imediato os olhos. Consegui mover-me. Eu não estava presa. O raptor não me tinha apanhado.

Os meus outros sentidos começaram a apurar-se. Vozes. Vozes conhecidas. Vozes conhecidas por todo o lado.

Aos poucos, comecei a abrir os olhos. Os meus pais, o meu irmão, Lily e Sirius encontravam-se naquela pequena sala branca. Uma sala onde eu estivera tantas vezes. Mas não naquela posição. Eu estava internada em St. Mungus.

—Rose. – gritou a minha mãe ao aperceber-se que eu tinha acordado. Abraçou-me como se já não me visse há anos – Eu estava tão preocupada, querida.

—Madrinha, acho que é melhor dares espaço à Rose para respirar. – disse Sirius aproximando-se de nós para afastar um pouco a minha mãe – Nós estávamos preocupados. – comentou, falando para mim.

—O que aconteceu? – perguntei. Eu sabia o que tinha acontecido. Eu lembrava-me. Mas eu queria saber o que tinha acontecido na floresta. Como é que eu tinha parado a St. Mungus.

Todos no quarto ficaram em silêncio após a minha pergunta. Todos me encaravam com medo de se pronunciarem.

—O que eu quero saber é como cheguei aqui. – pedi. Todos olharam para mim um pouco mais aliviados. Eles deviam pensar que eu não me lembrava de absolutamente nada.

—Alguém te trouxe. Ninguém sabe quem. – respondeu Nico. Foi aí que o notei. Até aquele momento, eu ainda não tinha dado conta que ele estava ali. Ele estava encostado num canto do quarto que eu não conseguia ver porque estava voltada para o outro lado – Nós estávamos mesmo preocupados.

Encarei atentamente Nico. O seu cabelo loiro estava completamente desalinhado. A sua feição estava pesada. Ele não conseguia encarar-me. Olha para um ponto morto aleatório mas nunca para mim. Ele sentia-se culpado. Culpado por não me ter levado a casa e, consequentemente, ter acontecido tudo o que aconteceu.

Eu queria dizer-lhe que ele não tinha culpa nenhuma. Eu queria dizer-lhe que aquilo podia ter acontecido em qualquer altura e que, se ele me tivesse levado, haveria outra oportunidade para me terem raptado.

Mantive-me calada. Estava demasiada gente na sala e isto era algo que eu queria dizer quando estivéssemos sozinhos.

—Eu acho que devíamos de chamar a enfermeira. – comentou Lily. Esta estava sentada no sofá vermelho, a poucos metros da cama. A sua expressão estava igual a de Nico. Pesada. Eu conhecia Lily. Ela tinha estado comigo em todos os momentos que eu passei em Hogwarts. Tal como me lembrei, também Lily se lembrou. Aliás, todos os presentes naquele quarto, exceto Nico, se devem ter lembrado do que aconteceu há oito anos em Hogwarts.

Hugo foi o primeiro a agir. Saiu do quarto e saiu em procura da enfermeira. O resto continuou aqui comigo.

—Pai achas que a pessoa que… - comecei mas fui interrompida pelo meu pai.

—Não acho. – respondeu o meu pai à minha pergunta incompleta – Das outras duas vezes tentaram matar-te. – continuou o meu pai. Olhei para Nico. Ele nunca soube que me tentaram matar antes. A sua expressão era de puro choque – Desta vez raptaram-te. E pediram resgate.

—Pediram resgate? – perguntei, espantada.

Aos poucos começava a lembrar-me dos poucos momentos de conversa que tive com o raptor. Ele tinha estado no baile em Hogwarts. Ele sabia que o Malfoy me tinha abandonado nesse dia. Ele também sabia dos ataques que eu tinha sofrido. Eu tinha a certeza que era ele a pessoa que me tinha tentado matar há oito anos. Mas mantive-me calada.

Para além dessas memórias, outra veio. Alguém andava à minha procura na floresta. E eu conhecia. Eu estive muito próxima dele. Eu tinha a certeza que era o Malfoy. Mas, mais uma vez, mantive-me calada.

—Pediram, querida. – respondeu a minha mãe – Mas nós não chegamos a pagar. Tu apareceste antes que acabasse o prazo.

—Eu prometo-te que nós vamos apanhar quem te fez isto. O teu padrinho já pôs alguns homens atrás de pistas. Eu prometo-te, Rose. – prometeu o meu pai, encarando-me – Eu sei que fiz esta promessa há alguns anos e não a consegui cumprir mas eu…

—Eu acredito em ti, pai. – afirmei agarrando na sua mão – Se tu dizes, eu acredito.

O meu pai abraçou-me. Ele não era um homem de muitos afetos. Mas não era porque não gostava. Era porque simplesmente ele não sabia como reagir e quando reagir. Fiquei feliz que ele tivesse percebido que aquele era um momento de abraços.

—Eu acho que vocês deviam de ir todos descansar. Devem estar exaustos. – aconselhei. Estavam todos prestes a protestar, mas eu impedi-os – Por favor. Aposto que estão dois aurors lá fora a vigiar o quarto. Ninguém me vai fazer mal.

Aos poucos, todos começaram a abandonar o quarto.

Antes de Sirius sair, disse-lhe que precisava de falar com ele mais tarde.

Já a Nico, pedi-lhe para ele ficar. Eu precisava de tirar aquela culpa de cima dele.

—Já te tinha dito que esse fato te ficava bem. – comentei agarrando na sua mão para que ele se aproximasse mais de mim – E já te disse o quanto eu adoro o teu cabelo completamente desalinhado.

—Rose. – chamou Nico. Os seus olhos continuavam sem cruzar os meus.

—Nico, por favor, olha para mim. – pedi. Nico não atendeu ao meu pedido. A culpa consumia-o.

—Nico, tu não tiveste culpa de nada. – disse, arrastando o seu rosto para que encarasse o meu – Tu não tiveste culpa.

—Se eu te tivesse levado a casa, nada disto tinha acontecido. É verdade que tinha acontecido um monte de merdas mas nós somos amigos. Eu devia ter-te levado.

—Se não fosse hoje, teriam me raptado noutro dia, Nico. Eu estaria outras vezes sozinha. Vulnerável para que me raptassem. – disse tentando aliviar toda a culpa que ele não deveria sentir – Por favor, Nico, tu tens de acreditar em mim. nada disto foi culpa tua.

Ele não disse nada. O seu rosto continuava com a mesma expressão de culpa. Eu nunca o tinha visto assim. Nunca!

Ao contrário do meu pai, eu sabia quando dar um abraço. E foi isso que eu fiz. Abracei Nico. Ele precisava do meu abraço.

A porta do quarto ficava do lado esquerdo da minha cama. A porta estava entreaberta. Do outro lado encontrava-se Malfoy. E ele encarava-nos completamente sério. Se eu não soubesse que ele me tinha abandonado há oito anos, eu diria que uma lágrima escorria pelo seu rosto.


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Notas finais do capítulo

Quem acham que é o raptor/a? Alguém tem alguma ideia? A Rose conseguiu fugir...acham que o plano dela foi inteligente? Acham que o Nico deve sentir culpa por a Rose ter sido raptada? Que acham do Scorpius? Acham que ele estava realmente a chorar por ver Rose com Nico ou Rose imaginou?
Contem-me tudo nos comentários :)
Beijos ♥



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