Lost escrita por Li


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



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9 anos atrás

Aquela manhã estava a correr na perfeição. Tínhamos acabado de fazer uma poção em Poções na qual eu fui perfeita. Melhor até que o Malfoy.

Apesar de eu e o Scorpius já sermos amigos, tudo graças ao Albus, a nossa rivalidade continuava. Continuava de uma forma mais saudável mas continuava. E, se fosse por mim, nunca mais acabaria.

Mal a aula acabou, Scorpius saiu da sala sem dizer nada. Estranhei. Normalmente esperávamos uns pelos outros. A menos que algum de nós tivesse alguma coisa para fazer. Mas normalmente avisava-se os outros.

—Não sabes para onde foi o Scorpius? – perguntei a Albus quando estávamos a sair da sala.

—Ele não disse nada… – respondeu Albus.

—Mas. – disse sabendo que Albus tinha mais alguma coisa a dizer.

—Ele ontem estava a falar da Roberts, aquela dos Slytherin que é mais nova que nós um ano. – comentou Albus.

Eu sabia quem era essa Roberts. Kara Roberts, mais precisamente. Um ano mais nova que nós, da mesma casa que o Scorpius e a pessoa de quem ele não parava de falar. Ou falava da sua grande simpatia ou do quão bonita era. Os seus cabelos negros. A sua pele morena. Os seus olhos verdes-claros. Scorpius não parava de falar nela. E, no fundo, isso incomodava-me. Incomodava-me de uma maneira que eu não queria.

—Provavelmente foi ter com ela. – respondi escondendo o meu desconforto com a situação – Bem, tenho de ir à biblioteca. Queres vir? – perguntei já sabendo a resposta. Albus só ia à biblioteca em casos estritamente necessários.

—Deixa estar. Vou à procura da Alice. – disse Albus despedindo-se de mim.

Na realidade, eu não ia à biblioteca. Era o que eu devia fazer mas não o fiz. Na realidade, eu ia à procura de Scorpius. Podia ser masoquismo meu, mas eu queria ver com os meus próprios olhos se Scorpius tinha realmente ido ter com a Roberts.

Apesar de eu nunca ter demonstrado nada, por várias vezes, Scorpius mandou as suas piadas para cima de mim. As provocações dele passaram de provocações para irritar para provocações doutro tipo. Daquele que às vezes me deixavam sem saber o que dizer. E, saber que ele, possivelmente, tinha ido ter com outra rapariga, magoava-me. E eu precisava de ter a certeza antes que alguns sentimentos mais profundos florescessem.

Eu sabia que um dos locais possível de eles estarem juntos era a sala das Necessidades. E, se eles realmente estivessem lá, eu não conseguiria entrar. Portanto decidi outra alternativa. Segui até aos jardins. Porque era o outro local mais possível.

Os primeiros raios de Primavera começavam a aparecer e vários alunos saíam aos jardins.

Scorpius e a Roberts não eram exceção. Não foi difícil encontra-los. O cabelo de Scorpius sobressaía-se dos demais. Eles estavam perto do lago. Decidi aproximar-me para tentar ouvir. Foi mais forte do que eu. Tentei não ser vista.

—Fiquei muito feliz por me teres convidado para este passeio. – disse Roberts aproximando-se mais de Scorpius.

—Eu fico feliz por ter convidado. – respondeu Scorpius com o seu sorriso sedutor. Aquele sorriso que eu adorava. Por Merlin, eu estava a nutrir sentimentos pelo Malfoy! – Sabes que este local sempre deu sorte para futuros casais. Dizem que é um local mágico.

—Scorpius, toda a Hogwarts é mágica. – respondeu Roberts, derretida. Apesar do que ela tinha dito ser verdade, ela gostou do que o Scorpius disse. Eu apenas me sentia cada vez mais enojada.

Sabia que não tinha mais nada para ver ali. Afinal o Scorpius continuava o mesmo de antes. Sempre atrás dos rabos de saia.

Segui até à torre de Astronomia. Era de manhã, logo não havia aulas.

Sem qualquer intenção de o fazer, segui até à varanda que era possível ver o lago. Eu devia ter algum problema. Eu devia gostar de sofrer.

—Estás à procura de alguma coisa? – perguntou uma voz atrás de mim, assustando-me. Era Scorpius.

—Apenas a ver a paisagem. – respondi. O meu coração palpitava aceleradamente.

—Como estavas a ver ainda agora nos jardins? – perguntou Scorpius. Eu continuava de costas mas sabia que ele estava cada vez mais próximo de mim.

—Exato. – respondi, voltando-me. Ele estava a poucos centímetros de mim. Suspirei. Foi inevitável – Há alguma proibição nisso?

—Pensei que fosses uma pessoa que gostava de ser direta. – comentou Scorpius sem se mexer um centímetro.

—E gosto. – respondi.

—Então porque não admites que estavas lá a espiar-me com a Kara. – disse Scorpius com um sorriso de lado.

—E porque haveria eu de estar a espiar-vos? – perguntei desentendida, mas o meu tom traiu-me – Eu não tenho nada a ver com o que vocês fazem ou deixam de fazer.

—É verdade que não tens. – concordou Scorpius – Mas eu fico feliz que tenhas demonstrado interesse em nós.

—E ficas feliz porquê? – perguntei, não me afastando. Ele estava demasiado próximo a mim. Ele estava novamente a provocar-me.

—Porque quer dizer que te importas. – respondeu Scorpius deixando-me sem resposta – Assim como eu me importo, Rose.

A batida do meu coração acelerou. O meu pensamento de mais cedo voltou. Eu não queria nutrir quaisquer sentimentos por ele. O problema era que eu já nutria.

Scorpius levantou-se a sua mão e levou até a um cabelo rebelde meu, colocando-o atrás a orelha, sem nunca desviar o olhar. Agora eu entendia o que as raparigas viam nele. Aquele olhar sedutor seduzia qualquer uma.

—Eu importo-me, Rose. Contigo. – confessou Scorpius terminando a distância entre nós.

Borboletas. Borboletas por todo o meu estomago. Era assim que me sentia com o beijo de Scorpius Malfoy. Com o nosso primeiro beijo. Foi mágico. Foi lindo.

—Nunca mais voltas a fazer isso. – disse afastando-me dele – Eu não sou uma das tuas amiguinhas com quem andas por aí nos cantos.

—Tu és mais que isso, Rose Weasley. – ouvi ele dizer enquanto descia as escadas.

—----//-----

Eu estava completamente paralisada. Paralisada por causa dos últimos segundos. Eu tinha deixado que o Malfoy me beijasse. Pior! Eu tinha correspondido.

Para além disto tudo, tínhamos acabado de ser apanhados.

—Nico. – sussurrei, sem conseguir dizer mais nada. Eu simplesmente não sabia o que dizer.

—Alguém me quer explicar o que se passa? – voltou a perguntar Nico.

Eu continuava a encará-lo. Sinceramente, eu nem sei como conseguia. Eu sentia vergonha. Vergonha pelo que tinha acabado de fazer. O Nico não merecia. Ele não merecia que eu lhe tivesse feito isto. Porque, apesar de a nossa relação ainda não estar definida, nós tínhamos algo. E ver a desilusão no seu rosto fez com que me sentisse a pior pessoa do mundo.

—Isto não significou nada. – comecei por dizer. Nico continuava com o mesmo olhar. Ele não acreditava em mim – Por favor, Nico. Eu preciso que acredites em mim. Isto que acabou de acontecer não significou nada.

—Fui eu que a beijei. – disse Malfoy. Encarei-o. Eu nunca esperei que ele disse isto – Fui eu. Ela não queria. Ela não correspondeu – mentiu. Porquê que ele estava a mentir?

—Acho que está na hora de tu e a tua família irem embora do casamento. – disse Nico no tom mais sério possível. Eu nunca tinha visto Nico assim. Ele estava demasiado controlado para a situação que era.

Malfoy não disse nada. Nem sequer contestou. Ele simplesmente saiu. Possivelmente ia à procura da Nott e da Lyra para abandonar o casamento.

Nico manteve-se impassível. Ele não se pronunciou. Apenas continuava a encarar-me. A analisar-me. A tentar perceber o que realmente se tinha passado ali.

—Eu sempre fui o mais honesto possível contigo. Em tudo, Rose. – começou Nico. O seu tom mantinha-se indecifrável. Eu não sabia o que esperar dali – E eu esperava o mesmo de ti. Eu não te pressionei no outro dia. Eu não te queria pressionar devido ao estado em que estavas. Eu respeitei. Mantive-me na ignorância. Mas, sinceramente, eu acho que está na altura de eu saber realmente o que se passou ou passa entre ti e o Malfoy. Se queres que esta relação continue. Porque eu quero que ela continue.

—Eu também quero. – respondi com lágrimas nos olhos. Eu sentia-me completamente estúpida. Eu tinha o homem perfeito à minha frente e ainda me deixava seduzir pelo idiota do Malfoy.

—No outro dia, quando fomos ao Lady’s and Gentlemans, eu ia pedir-te em namoro. – confessou Nico, surpreendendo-me – Como sabemos, tal não foi possível por causa do que aconteceu com a Lily. Eu queria trazer-te, neste dia, como minha namorada. Queria apresentar-te aos meus pais como minha namorada. Mas, neste momento, eu sinceramente já não sei se quero que sejas minha namorada.

Não consegui segurar mais as lágrimas. Aquela frase tinha magoado. Ela tinha realmente magoado. Mas eu sabia que aquilo era o que Nico realmente sentia. Ele nunca me tinha mentido em nada. Ele sempre tinha sido honesto comigo.

—Eu e o Malfoy namoramos em Hogwarts. – confessei tentando manter o meu tom firme.

—Era o que eu já suspeitava. – respondeu Nico com um tom um pouco mais brando.

Sentei-me num dos sofás que ali se encontrava. Se eu ia contar aquela história, eu teria que estar sentada para o conseguir fazer. Aquilo era algo que eu nunca tinha feito. Contar o que se tinha passado. As pessoas que sabiam eram aquelas que estavam presentes há oito anos.

—Eu e o Malfoy passamos praticamente todos os anos em Hogwarts a competir. – comecei – Os nossos pais nunca se deram bem. E, apesar de a minha mãe ter deixado tudo isso para trás das costas, o meu pai não deixou. O pai do Malfoy, o Draco, fez muito mal à minha mãe. Portanto, antes de embarcar no comboio para Hogwarts pela primeira vez, o meu pai disse que eu tinha de ser melhor que o Malfoy em tudo. Nós passávamos a vida a discutir. Até que o Albus se tornou amigo dele. Começamos a passar demasiado tempo juntos. No fim do sexto ano começamos a namorar. – parei durante uns segundos. Eu tinha de me preparar para o que ia dizer a seguir – Tudo era perfeito, sabes Nico? Demasiado perfeito para ser verdade. Ele foi o meu primeiro amor. Na formatura…na formatura, eu ia apresenta-lo oficialmente como meu namorado aos meus pais. A minha mãe já suspeitava mas o meu pai não fazia a mínima ideia que eu namorava com o Malfoy. Aquele dia estava a correr na perfeição. Até chegar o baile. Ele não apareceu…eu estranhei. Pensei que até tivesse entrado em pânico por ter de enfrentar o meu pai. Pedi à Domi para me levar até ao salão comunal dos Slytherin. Mal entrei, ouvi a irmã da Nott a dizer que a irmã tinha fugido com o Malfoy. Com o meu namorado. Eu não conseguia acreditar no que tinha ouvido. Eu não podia ter ouvido bem. A ausência de roupas no armário só veio comprovar o que eu tinha ouvido. Ele deixou um bilhete. – disse, entre soluções – Ele deixou um bilhete a dizer desculpa. Aquele cabrão tinha acabado de me abandonar, tinha acabado de fugir com a Nott e tinha o desplante de deixar um bilhete a dizer desculpa. Ele tinha-me abandonado num dia muito importante para nós dois. Por isso é que o Sirius reagiu daquela maneira. Ele esteve comigo o tempo todo.

—Eu não esperava que ele tivesse feito uma coisa dessas contigo, Rose. – disse Nico sentando-se ao meu lado e mudando completamente o tom.

—Eu fiquei muito mal, sabes? – perguntei retoricamente – Eu nunca mais estive num relacionamento sério. Nunca. Todos os homens com quem me envolvi foi apenas por sexo. Até te conhecer. De alguma forma conseguiste cativar-me e fazer-me perder o medo de voltar a ter uma relação.

—Mas o Malfoy apareceu.

—Ele voltou. – confirmei – Depois de oito anos completamente desaparecido, ele voltou. Voltou como se nada se passasse. E ainda convenceu a mãe a tornar-me a medibruxa da filha que ele teve com a mulher com quem fugiu.

—Podias ter recusado ser a medibruxa dela, Rose. – disse Nico – O assunto continua a afetar-te e seres a medibruxa da filha dele não te faz bem.

—A Lyra não tem culpa dos pais que tem. – disse tentando defender a minha posição – E, para o problema que ela tem, eu sou a melhor na área. Foi apenas por isso que decidi continuar. Mas impus condições. Teria de ser a Astoria a levá-la às consultas. Assim eu evitaria o Malfoy. Pelo menos lá.

—Mas ele apareceu no Três Vassouras. E no casamento. – concluiu Nico – O que me leva à questão, Rose. O que é que vocês estavam a fazer aqui?

—Aconteceu algo estranho. O Malfoy omitiu à Nott o facto de eu ser a medibruxa da filha deles. Ela ficou furiosa. Eles vieram para aqui e eu segui-os para ouvir a discussão. O meu nome foi metido ao barulho várias vezes. Por isso é que, depois de a Nott ter saído daqui, eu vim enfrentar o Malfoy. E tu viste como terminou.

—Ele a forçar-te a fazer uma coisa depois de todo o mal que ele fez. – disse Nico completamente enojado.

—A realidade é que eu não o afastei quando devia. Eu deixei-o investir.- confessei. Eu sabia que esta afirmação poderia levar o Nico para longe de mim, definitivamente.

—Ou seja, tu ainda tens sentimentos por ele. Apesar de tudo o que ele fez. – disse Nico tentando disfarçar o tom magoado. Ele sentia-se traído.

Agarrei na sua mão e encarei-o.

—Por favor, não digas isso. Eu não tenho sentimentos pelo Malfoy sem ser raiva e ódio. – disse tentando convencer Nico mas, principalmente, tentando convencer-me a mim própria – Nico, eu estou contigo. Eu gosto de ti.

—Eu também gosto de ti, Rose. – confessou Nico. O meu coração palpitou. Ainda havia esperança – Mas eu não sei se consigo, Rose. Eu não quero ser o escape de ninguém. Eu quero que estejam comigo porque gostam de mim e não para esquecer alguém. E Rose, apesar de não quereres admitir, eu acho que os sentimentos que tens pelo Malfoy são mais complexos do que possas imaginar.

—Por favor, Nico. Não faças isso. – pedi já não controlando, outra vez, as minhas lágrimas – Aquilo que aconteceu à bocado foi um erro. Tu ouviste o que ele disse. E, além do mais, tu não és nenhum escape. Eu disse-te. Eu nunca mais tive um relacionamento depois do que aconteceu. Mas isso mudou quando te conheci. Eu quero tentar.

—Eu preciso de tempo, Rose. – disse Nico levantando-se – Eu preciso de pensar e assimilar sobre tudo isto.

—Eu dou-te o tempo que precisares. Eu espero, Nico. – disse convicta, limpando a última lágrima que corria pelo meu rosto.


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Notas finais do capítulo

Que acharam do flashback? Afinal foi o Nico que os encontrou...que acharam da reação dele? Acham que a Rose fez bem em contar toda a sua história com o Malfoy? Acham que o Nico tem razão nas palavras que disse a Rose? Que acham que ele deve fazer?
Contem-me tudo nos comentários :)
Beijos ♥



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