Lost escrita por Li


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Sorry pelo atraso :)
Boa leitura :)



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Os minutos passavam mas eu não me conseguia controlar. As lágrimas continuavam a escorrer pelo meu rosto. Aquele maldito tinha conseguido. Tinha conseguido que eu voltasse a chorar por ele.

Eu sabia que tinha de voltar ao quarto. A Lyra precisava de mim. Se acontecesse alguma coisa com ela, eu nunca me iria perdoar.

St. Mungus mantinha o seu corrupio habitual. Só que durante a noite fazia-o mais silenciosamente.

A porta do quarto, onde Lyra se encontrava, estava encostada. Exatamente como eu a tinha deixado. Reprimi o meu pensamento mais profundo. Ele desejava que o Malfoy tivesse vindo atrás de mim. A única plausível era o masoquismo. O prazer de sofrer. Por um homem que me tinha tirado tudo.

Malfoy estava sentado na poltrona ao lado da cama onde Lyra dormia. Apenas um candeeiro iluminava o quarto todo.

Lyra dormia abraçada a Cassie. Os seus cabelos loiros tapavam completamente a almofada onde a sua cabeça repousava. O cabelo dela era enorme.

Malfoy estava tão distraído a observar a filha que não dera por mim a entrar. Apenas quando cheguei perto de Lyra, foi que ele deu pela minha presença.

Encarou-me. Os seus olhos estavam um pouco inchados. Eu não conseguia dizer se era pelo cansaço ou se, por algum motivo, a nossa discussão o tinha afetado de tal maneira que o levara a chorar. O meu pensamento mais profundo queria acreditar com todas as forças na segunda opção.

—Ela manteve-se calma. – informou-me sobre o estado de Lyra.

—Isso é bom. – respondi. A minha voz saiu baixa mas forte. Fiquei feliz.

—Desculpa. – pediu Malfoy encarando-me. Os meus olhos estavam postos nos dele. Azul com cinza. O que ele queria dizer com aquilo – Eu não queria magoar-te, mais uma vez.

Ele sabia. Ele sabia que eu tinha estado a chorar. Como é que era possível? Depois de tantos anos, ele ainda me conhecia tão bem.

Não respondi. Eu tinha-lhe dito, explicitamente, que só falaríamos sobre a Lyra. Mais nada. Mas ele não desistiu.

—Eu sei que me odeias. – continuou – E Merlin sabe quanta razão tens para isso. E sei que nunca me vais perdoar pelo que fiz. Mas acredita em mim quando te digo que tudo o que passamos foi real. Eu não disse aquilo da boca para fora. Eu senti tudo o que disse. Naquela noite, eu fiquei radiante por teres dado aquele passo. Sentir a confiança que depositaste em mim, naquele momento, fez-me sentir o homem mais feliz do mundo.

Eu queria travá-lo. Queria que ele se calasse. Que parasse de dizer aquelas coisas todas. Aquilo magoava. Magoava muito. A menina inocente dentro de mim tentava tomar o controlo. Gritar que não o odiava. Que, mesmo depois de todo o sofrimento que me tinha feito passar, eu não o odiava. Eu sentia raiva mas não ódio. Era estúpido. Eu sentia-me patética.

Malfoy levantou-se e aproximou-se de mim. Tentei mexer-me mas os meus pés não reagiam ao que lhes mandava fazer. Estava completamente paralisada.

Malfoy levantou a sua mão esquerda e tocou no meu rosto. Instintivamente, fechei os olhos. Senti o toque dele e todas as sensações provenientes dele. Eu estava completamente enfeitiçada. Completamente enfeitiçada pelo homem que me abandonou à oito anos.

—Eu amei-te. – confessou aproximou o seu rosto do meu – Eu ainda…

—Já é de dia? – perguntou Lyra sentindo a claridade no seu rosto. O sol era tão forte que os olhos custaram a abrir-se.

Foi a nossa sorte. Mal ouviu Lyra, Malfoy afastou-se de mim. O clima mágico, que não devia ter acontecido, tinha-se evaporado.

—Bom dia, princesa. – consegui dizer. Eu não conseguia olhar para ele. Eu não conseguia. Eu sentia-me completamente burra. Burra por cair outra vez na conversa dele. Ele tinha mulher. Ele tinha uma filha. Ele tinha-me abandonado – Está na hora de ires para casa.

—A poção resultou? – perguntou Lyra com um sorriso radiante no rosto.

—Sim. – respondi – A partir de agora, preciso que venhas cá uma vez por mês. Faremos a consulta de rotina e poderás buscar a poção.

—Obrigada. – agradeceu Lyra, abraçando-me – Você é a melhor medibruxa do mundo. Gosto muito de si.

—Eu também gosto muito de ti, princesa. – respondi deixando cair uma lágrima. Para meu descanso, ninguém reparou.

Lyra levantou-se e foi-se arranjar. Eu e Malfoy voltamos a ficar sozinhos mas nada mais aconteceu. Eu peguei numa folha para terminar o relatório e Malfoy começou a arrumar as coisas de Lyra.

Não demorou muito para que Lyra estivesse pronta.

Acompanhei-os até à receção. Já era habitual eu fazer isto. Não era por Lyra ser filha do Malfoy que eu iria fazer diferente.

Mas, quando cheguei à receção, algo me surpreendeu. Algo não, alguém. Liam encontrava perto da porta.

Eu não via o Liam desde a noite que ele me tinha tratado mal. Também não fazia muita questão de o voltar a ver depois do que ele tinha dito.

—Rose. – chamou ao avistar-me. Aproximou-se de nós três. O meu palpite era que ele não tinha reconhecido o Malfoy – Malfoy? O que é que ele está aqui a fazer?

—Eu voltei. – respondeu Malfoy em tom sério. O seu rosto estava fechado.

—Já vi que sim. – respondeu Liam fechando também o rosto – E o que é que estás a fazer com ele, Rose?

—Ela esteve a consultar a minha filha. – respondeu Malfoy por mim – Ela é a medibruxa da Lyra.

Liam encarou-me sem perceber. Ele também sabia o que se tinha passado há oito anos. Aliás, praticamente todos os alunos de Hogwarts daquela altura sabiam.

—Eu preciso de falar contigo, Rose. – pediu Liam – A sós.

—Nós não temos nada para falar, Liam. – respondi. Malfoy sorriu.

E foi aí que eu percebi. Aquela luta de galos estava a acontecer mesmo à minha frente e até agora eu não a tinha percebido. Malfoy, que me abandonou, gaba-se a Liam, pessoa que eu deixei porque queria algo mais sério, o facto de continuar a ter contacto comigo. Sorri porque eu recusei falar com Liam.

Mas não se ficaria a rir por muito mais tempo. Porque, por mais raiva que eu tivesse do Liam, a minha raiva pelo Malfoy era maior.

—Vamos até ao meu gabinete. – disse voltando atrás na minha palavra.

O sorriso no rosto de Malfoy desapareceu. E no meu rosto formou-se um sorriso de triunfo. Pela primeira vez, nas últimas horas, eu sentia-me vitoriosa.

Liam fechou a porta atrás de si e encarou-me.

—Tens dez minutos. – disse em tom sério. Eu ainda não me tinha esquecido do que ele tinha dito – Aviso já que trabalhei a noite toda e não estou com paciência.

—Passaste a noite toda com o Malfoy, não foi? – acusou Liam. Tentei falar mas Liam não deixou – Foi por isso que me deixaste? Soubeste que ele ia voltar.

—Se pediste para falar comigo para me voltares a insultar, sabes onde é a porta. Eu começo a ficar um pouco farta das tuas infantilidades. Tens de perceber quando uma mulher diz não. E eu disse-te não. Aceita e avança. – descarreguei – E para a tua informação, sim, o Malfoy passou aqui a noite toda por causa da filha que ficou internada.

Liam olhou para mim. Ele estava a analisar-me. Ele estava a ver se eu estava a mentir. Neste momento só conseguia pensar onde é que estava com a cabeça para me ter envolvido com ele.

—Desculpa. – pediu Liam mudando completamente o tom – Desculpa ter-me exaltado mais uma vez. Eu sei que não tenho o direito de te tratar assim. Mas custa-me ver-te com outros homens. Era isso que eu vinha aqui fazer hoje. Eu vinha pedir-te desculpas por te ter tratado mal na outra noite. Mas, como já disse, é difícil ver-te com outros homens. Tu tiveste um ano comigo. Isso não significou nada para ti?

—Liam, eu já te disse que era só sexo. Só sexo. – frisei – Quantas vezes preciso de te dizer isso?

—Lá porque só foi sexo para ti não quer dizer que o tenha sido para mim. é verdade que não te devia ter tratado como te tratei. Isso é verdade. Mas também é verdade que tenho o direito de lutar por ti. De te conquistar.

—Liam não o faças. – pedi – Apesar de tudo, eu não quero que te magoes. E é o que vai acontecer se continuares a insistir nessa história.

—Rose, eu amo-te. – declarou-se Liam surpreendendo-me. A última vez que eu tinha ouvido aquelas palavras, naquele contexto, tinha sido o Malfoy a dizer-mas. E eu nem sabia se eram verdade – E é por isso que vou lutar. Pelo meu amor por ti. E nada me fará mudar de ideias. Agora, eu tenho que ir.

Liam deixou o meu gabinete sem dizer mais uma palavra. Eu continuava especada a olhar para a porta. Eu sabia que ele queria um relacionamento sério comigo. Nos últimos tempos, as nossas poucas conversas levavam a isso. Mas nunca pensei que ele realmente se tivesse apaixonado.

Decidi deixar este assunto de lado. O que eu precisava, neste momento, era da minha cama.

—----//-----

Eu não sabia que horas eram. A única coisa que eu sabia era que alguém não parava de bater intensamente na porta.

Olhei para o relógio. Eram três da tarde, o que excluía Sirius e Nico de estarem do outro lado da porta.

O meu segundo pensamento, mesmo que logo reprimido, foi Malfoy. A conversa não tinha ficado terminada. E, por mais que eu não a quisesse terminar, Malfoy estava completamente imprevisível. Ele tanto podia aparecer como não.

O meu terceiro pensamento era Liam. Ele tinha metido na cabeça que iria lutar por mim e não conseguia imaginar o que ele seria capaz de fazer.

Quando abri a porta, uma quarta opção surgiu. Era Lily.

—Estava complicado. – resmungou Lily entrando em minha casa. Logo a seguir a ela, Dayara, Sebastian e Joanne também entraram.

—Vejo que trouxeste a comitiva toda. – comentei abraçando cada um dos meus sobrinhos. Eles estavam tão crescidos.

—Quando a minha melhor amiga passa dias sem dizer uma única palavra, uma pessoa começa a ficar preocupada. E depois fica furiosa sobre diversos rumores que tem ouvido. Por isso espero bem que tenhas tempo porque eu não saio daqui enquanto não souber de tudo.

Eu sabia que não tinha alternativa. Lily era implacável nestas coisas. Apenas acenei em concordância.

—Crianças, eu e a vossa tia vamos para o quarto conversar. Não quero confusões. Dayara estás no comando.

Segui com Lily até ao meu quarto. Fechei a porta.

—Como está o meu sobrinho? – perguntei referindo-me à gravidez de Lily.

—Está impecável. – respondeu Lily brevemente – Agora vamos ao que interessa. Como assim tu andas a sair com o Nico, o colega de Quidditch do meu irmão, e não me dizias nada. Como assim o Malfoy voltou e eu não soube nem uma novidade tua. E como assim ele tem uma filha e tu és a medibruxa dela? Mas tu perdeste o juízo?

A minha vontade era responder sim. Eu tinha perdido o juízo na noite que tinha passado. Eu quase que me deixei levar pela conversa do Malfoy. Aliás, se não fosse por Lyra, eu talvez me tivesse levado.

—Respondendo a todas as tuas questões. Eu e Nico estamos a sair mas não está nada definido. Definido mesmo é só o convite que me fez para o acompanhar no casamento da irmã. Em relação ao Malfoy, tu sabes. Não é o meu assunto preferido.

—Eu sei que evitas falar dele mas alguma coisa aconteceu.

—Foi a Astoria que me pediu para ser a medibruxa da filha dele. Eu não podia deixar a criança desamparada. Quanto ao Malfoy, eu exigi à Astoria que fosse ela a acompanhar a Lyra às consultas. Ela veio exceto esta noite de internamento.

—Tu passaste a noite inteira com o Malfoy? – perguntou Lily sem acreditar.

—E o mais grave não foi isso, Lily. – confessei – Eu quase que me deixei levar pela conversa dele. Ele fartou-se de pedir desculpas. Insistiu que tudo o que passamos foi real. Mas continua sem explicar como de um dia para o outro esses alegados sentimentos desapareceram. E o pior não foi isso, Lily. Ele aproximou-se de mim. Muito. E nós quase que nos beijamos. Eu sinto-me completamente estúpida. Sinto-me uma adolescente que se deixa levar na cantiga. Ele abandonou-me, porra!

—Mas o sentimento continua aí, Rose. – disse Lily. Encarei-a. Como é que ela se atrevia a dizer aquilo. Ela sabia perfeitamente que ele me tinha abandonado. Ela sabia a raiva que eu sentia dele.

—Eu não tenho qualquer sentimento pelo Malfoy. – respondi - Aquilo foi o momento.

—Isso era uma coisa que tanto tu como eu queríamos que fosse verdade. Tu ficaste traumatizada com tudo o que se passou. O que é perfeitamente normal. Tu nunca mais tiveste um relacionamento sério. Só casos. E ambas sabemos qual foi a razão disso.

—Sabes perfeitamente que a razão disso era que eu não queria voltar a sofrer. Que já me bastava o que tinha acontecido. – respondi.

—Eu sei, Rose. – concordou Lily – Mas isso não impede que o sentimento continue aí. Eu não quero que sofras. Isso é a última coisa que quero. Mas tu precisas de seguir em frente. Precisas de deixar ir esse sentimento que te consome há anos. E só assim serás feliz. Tu sabes que eu só te quero ver feliz. Mas os amigos também falam o que pensam sem terem medo. E isto é o que eu acho. E espero sinceramente que não fiques chateada comigo por o dizer.

—É claro que eu não vou ficar chateada contigo. São divergências de opinião. Eu não te vou recriminar por achares que eu ainda estou apaixonada pelo Malfoy. Porque eu sei que não estou. – respondi tentando convencer Lily. Mas, mais importante, tentando convencer-me a mim própria.


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Notas finais do capítulo

Que acharam do resto da noite do Scorpius e da Rose? Que acharam da manhã? Contentes por a poção ter funcionado? Que acharam da conversa entre o Liam e a Rose? Esperavam que ele se declarasse a ela? E por fim, que acharam da conversa da Rose com a Lily?
Contem-me tudo nos comentários :)
Beijos ♥



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