Lost escrita por Li


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pelo atraso :) Eu sei que disse que ia tentar postar direito mas não consegui mesmo.
Boa leitura :)



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Os dias que se seguiram foram incríveis. O meu passado, aos poucos, voltava a estar enterrado. Astoria tinha ido a todas as consultas com Lyra. Eu e Nico saíamos quase todas as noites.

Estava a ser incrível. Cada coisa que descobria sobre o Nico, mais o Malfoy era enterrado. Finalmente o Malfoy estava a desaparecer.

Porém, naquele dia, a lua cheia chegou. E isso implicava o derradeiro dia para Lyra. E para mim.

Lyra seria submetida ao tratamento e eu esperava, do fundo do meu coração, que ele resultasse. Ela merecia. Como qualquer criança.

Já para mim, o real teste de fogo seria ver o Malfoy depois do que aconteceu no Três Vassouras. Depois de o ter visto com a Nott.

Mas antes disso, ainda teria um almoço curioso.

Octavia Bale, atual namorada de Albus, tinha-me mandado uma carta no dia anterior a perguntar-me se queria almoçar.

A verdade é que, apesar de agora não falar tantas vezes com ela, eu e Octavia somos amigas. E, no tempo de Hogwarts, chegamos a ser muito próximas.

Octavia pertencia aos Slytherin. Octavia era um ano mais nova que eu mas sempre se dera bem com Malfoy. E foi através dele que eu a conheci.

Algo que tínhamos em comum era o facto de não gostarmos da Nott. O que me levou a pensar, pela primeira vez, como é que elas as duas estavam sentadas na mesma mesa sem estarem a discutir. Octavia sempre a detestou.

Como não trabalhava de manhã, fui direta para o restaurante. O restaurante escolhido tinha sido o mesmo que eu tinha ido com Georgiana. Era um restaurante muggle, um dos meus preferidos.

—Estás atrasada. – disse Octavia cumprimentando-me – Fico feliz que tenhas aparecido.

—Eu respondi à tua carta a dizer-te que vinha. – disse não entendendo o que Octavia queria dizer.

—Eu sei, Rose. – respondeu Octavia em concordância – Mas isso não te impedia de mudar de ideias. Não depois do que viste no outro dia.

—Referes-te ao facto de estares sentada na mesma mesa que a Nott? – perguntei enquanto me sentava na mesa mais afastada da entrada – Aquela pessoa que não suportavas em Hogwarts?

—Aquela que eu continuo a não suportar. – respondeu Octavia sentando-se também. Encarei-a com curiosidade – Nós não tínhamos combinado nada naquela noite. Era apenas um encontro entre mim e o teu primo. Uma saída de casal. Eles apareceram e sentaram-se.

—Pois. O meu primo e o Malfoy continuam amiguinhos. – disse sarcasticamente.

—Eles continuam. – respondeu Octavia, em concordância.

—E tu não consegues dizer nada a esse respeito? – perguntei-lhe não me conseguindo conter. Octavia era uma pessoa direta. Se houvesse algum problema, ela seria a primeira a dizer – Por mais que eles fossem os melhores amigos, o Albus sempre foi meu amigo. E ele foi padrinho da Lyra.

—Sinceramente, no momento que eu soube, eu discuti com ele. Eu discuti muito. E sabes o que é que eu obtive em troca? – perguntou Octavia. Fiquei à espera que ela continuasse – Nada. Nenhum argumento para contrariar todos os ataques que eu lhe estava a fazer. E depois disso, continuou a falar com o Scorpius e a recebê-lo em casa como se nada se tivesse passado. Por isso, eu desisti. Cheguei à conclusão que ele não me ia atacar de volta. Portanto ignorei o facto do Scorpius ter voltado. Eles sentaram-se connosco naquela noite mas eu não troquei nenhuma palavra com nenhum dos dois. E, nos meus pensamentos, eu apenas desejava que o James lhe tive batido mais.

Toda esta situação ficava mais estranha a cada dia que passava. Apesar de querer esquecer tudo aquilo e seguir com a parte boa da minha vida, eu não conseguia ignorar a minha curiosidade. A curiosidade que me levava a perguntar porquê que o Albus não respondera aos ataques que Octavia admitira que lhe fizera. O mesmo Albus que sempre respondeu a Octavia. Quando tinha razão. Quando não tinha.

Mais uma vez, lembrei-me dos momentos em que estive com o Malfoy e os assuntos do passado foram mencionados. Lembrei-me do seu olhar. Do seu olhar de medo. Ele também evitava qualquer conversa sobre esse assunto. E isto apenas me fazia ficar mais curiosa sobre tudo.

—Quer dizer que não falas com ele? – perguntei. Eu sabia o quanto ela era amiga do Malfoy.

—Não. Apenas cordialidades. – respondeu Octavia – Ele magoou-te. Fez-te sofrer de uma maneira que eu nem consigo imaginar. E fugiu com alguém que eu detestava e que, pelas conversas dele, ele também não gostava muito. Pelos vistos era para manter a aparência. Ele mentiu-me. E isso eu não lhe perdoo.

Sorri para Octavia. Pela primeira vez, depois destes anos todos, pensei nas pessoas que ele abandonou.

A família. Eu tinha passado ao lado de Astoria nesses tempos negros. Foi nessa altura que a minha amizade com Astoria floresceu. Foi quando nos tornamos grandes amigas.

Os amigos. Albus. Octavia. Os colegas de Quidditch. Os colegas da casa. Ele abandonou todos sem dizer nada. Eu compreendia o modo como Octavia se sentia.

—Eu compreendo. – respondi baixinho – Desculpa eu nunca ter perguntado como estavas. Acho que, pela primeira vez, estou a sentir-me egoísta em relação a esta situação. Eu sei que o consideravas o teu melhor amigo.

—Isso agora é passado. – respondeu Octavia. Eu sabia o que ela estava a fazer. Ela queria terminar aquele assunto. E, mesmo sabendo que ela não estava totalmente bem com toda a situação, eu deixei ela fazer isso. Por ela e por mim. Podia parecer egoísta mas eu não queria falar sobre o Malfoy – Não foi por isso que te convidei para almoçar. Quer dizer, em parte foi porque eu queria saber se estavas chateada comigo por nos veres todos juntos naquela noite.

—Eu nunca me iria chatear contigo por estares com alguém com quem sempre te deste bem. A grande razão para eu estar chateada com o Albus foi porque me escondeu a localização do Malfoy quando eu lhe implorei por ela. A menos que tu a soubesses, eu nunca iria chatear-me contigo.

—Eu não sabia. – respondeu Octavia mesmo eu já sabendo isso.

—Pronto, vamos parar deste assunto que ele não merece tanta atenção. Qual é o outro motivo deste almoço? Não me digas que também estás grávida.

—Claro que não! – respondeu Octavia repentinamente – Não interpretes isto como se eu nunca quisesse ter filhos porque eu, um dia, quero ter. Mas não já. Não faz assim tanto tempo que eu e o teu primo estamos juntos. E também não sei se o Albus algum dia quererá ter filhos.

—Porque dizes isso? – perguntei confusa. Lembrei-me das vezes que Albus esteve com os sobrinhos. As crianças adoravam-no. Não conseguia perceber qual era o receio de Octavia.

—Tu sabes que ele e a Alice estiveram muito tempo juntos. – começou Octavia – E, pelo que sei, durante todos estes anos, eles nunca pensaram em ter filhos. Não sei porquê. Pode simplesmente ser por eles acharem que eram demasiado novos. Ou então podia ser porque o Albus não queria. Não sei. E tu sabes o quanto eles se amavam.

—Eu sei, Octavia. Mas o que eu sei também é que cada caso é um caso. Lá porque o Albus e a Alice não pensaram em ter filhos, isso não quer dizer que ele não quer ter filhos contigo. São situações completamente distintas.

—Eu, às vezes, penso se não terei sido a responsável pelo término do namoro entre eles. Eles eram tão felizes.

—Não foste. – respondi convicta do que dizia – A Alice estava convicta que o Albus a tinha traído. O que eu sei que não aconteceu. O Albus pode ter muitos defeitos, mas num relacionamento, ele é das pessoas mais fiéis que eu conheço. É verdade que o Albus sofreu muito com a separação. Ambas sabemos também que ele evita falar no assunto. Mas não porque ainda ama a Alice. Porque ambas sabemos que a pessoa que ele ama és tu. Ele evita por causa da forma como as coisas acabaram. Pela forma como a Alice desconfiou dele depois de tantos anos. Agora, não penses que tiveste alguma coisa com o fim da relação deles. Eu sei que os teus sentimentos por ele não são de agora. Apesar de teres estado em relacionamentos durante estes anos, eu acho que nunca o esqueceste. Mas agora era o momento que tinha de acontecer, Octavia. Por isso tira esses macaquinhos todos da cabeça. O Albus ama-te.

—Acho que tens razão. – concordou Octavia – Eu não posso estar obcecada com o passado do Albus. Todos nós temos um passado. Eu também tenho o meu. Ele está comigo porque quer. Filhos ainda é muito cedo. Para já não. Talvez daqui a uns anos.

—Acho que fazes bem. Aproveita a vida. – respondi – Mas então se não estás grávida, qual é o outro grande motivo deste almoço?

—Tu sabes que eu partilho casa com a Talia, aquela rapariga dos Slytherin que costumava andar comigo às vezes.

—Sim, eu lembro-me dela. Mas existe algum problema entre vocês as duas? – perguntei.

—Não, está tudo bem. – respondeu Octavia – Recentemente, o namorado convidou-a para morarem juntas. E ela aceitou. Mas isso implica eu ficar com as despesas todas da casa. Há uns dias, eu soube que a dona Astoria tinha voltado para a mansão. Ou seja, tu ficaste com um quarto livre em casa.

—É verdade. – respondi percebendo onde Octavia queria chegar – E se a tua ideia é vires morar comigo, eu acho uma excelente ideia.

—Mesmo? – perguntou Octavia para garantir que eu estava a oferecer porque queria e não porque, de alguma maneira, me sentia pressionada por ela ter abordado assim o assunto.

—Mesmo. – respondi sorrindo. Seria bom voltar a ter alguém a viver comigo – E escusas de te preocupar que ninguém me vai convidar para morar com ele.

—Mas existe um alguém, não é verdade? – perguntou Octavia com um sorriso de lado – Eu vi-te na outra noite com ele. Só sei que ele joga na mesma equipa que o James.

—O nome dele é Nico… - comecei.

—----//-----

Lyra chegava no fim do dia a St. Mungus. Como procedimento normal, tinha reservado um quarto só para ela. Nestas situações era o ideal a fazer dado o risco. Preparei as duas poções. A que impedia a transformação e a que a tornava inofensiva caso ela se transformasse.

Georgiana já trocava de roupa quando cheguei ao balneário.

—Qualquer dia tens de entrar de férias. – comentei ao ver o barrigão com que Georgiana já estava. Ela estava grávida de oito meses do meu primo Fred.

—Isso é um conselho de medibruxa? – perguntou Georgiana, sorrindo – Eu não estou inválida.

—Eu sei que não. Mas passar todo o dia de um lado para outro, a tratar de pacientes, também não te faz bem. Isto é o lado medibruxa a falar. O lado amiga está preocupado. Só quer que o menino nasça saudável.

—Com um pai daqueles? Claro que vai sair.

—Claro. – concordei sorrindo – Ele está lá fora à tua espera?

—Claro. De carro e tudo. Não me deixa desaparatar por nada deste mundo.

—E faz ele muito bem. – respondi.

—Eu vou andando. Boa sorte, com a Lyra.

Agradeci.

Não demorou muito para que a Lyra e o Malfoy aparecessem. Malfoy trazia um pequeno saco cor de rosa. Assumi que fosse alguma roupa para Lyra usar. Já Lyra vinha com um enorme peluche, um urso, nas mãos. O peluche era mesmo grande. Tinha quase a altura de Lyra.

—Boa tarde, dra. Rose. – cumprimentou Lyra dando-me dois beijos no rosto – Esta é a Cassie. Foi o meu padrinho que me deu.

—A Cassie é muito bonita. – elogiei – Podes entrar neste quarto e colocar a Cassie na cama. Nós já vamos.

Lyra entrou no quarto deixando-me sozinha com o Malfoy no corredor.

—Espero que não haja problema por causa de ela ter trazido o peluche. Desde que o Albus lho deu que ela não o larga.

—Não há problema. – respondi calmamente. A raiva dos primeiros dias começava a esvair-se. Tudo graças ao Nico – Vamos entrar. Preciso de administrar as poções.

Entramos no quarto sem trocar uma única palavra. A minha esperança era que isso continuasse pela noite inteira.

—Preciso que tomes esta poção, Lyra. – entreguei-lhe o primeiro frasco – De certeza que já a conheces.

—É aquela que me impede de aleijar as outras pessoas. – respondeu Lyra com um sorriso largo no rosto.

—Exatamente. – respondi docemente – E preciso que tomes agora esta.

—A nova poção. Aquela que a dra. Rose fez para mim.

—Exatamente, princesa. – concordei feliz por a Lyra não se ter esquecido das minhas palavras.

Só quando a lua cheia aparecesse é que saberíamos de mais alguma coisa.

Durante esse tempo de espera, Lyra obrigou-nos a jogar snap explosivo, um jogo tipicamente bruxo.

A noite chegava mas Lyra não parecia dar por isso. Continuava tão entretida com as cartas que não reparou no que se passava à sua volta. A poção tinha resultado. Ela não se tinha transformado. Pelo menos para já.

Há cerca de três anos, tive um caso em que o paciente apenas se transformou de madrugada. Pensamos que a poção tinha resultado e acabamos por mandá-lo para casa. O que valia era que ele tinha tomado a outra poção. A partir daí, obriguei os pacientes a passar a noite em St. Mungus.

—Lyra, acho que está na hora de descansares, não achas? – perguntou Malfoy acariciando os cabelos da filha.

Lyra concordou. Os olhos dela começavam a fechar a cada jogo. Eu tinha de concordar com o Malfoy. Ela precisava de dormir. Mesmo que implicasse eu e o Malfoy sozinhos.

Lyra não demorou a adormecer.

—É pena hoje não dar para ver as constelações. Por causa da lua cheia. – comentou Malfoy interrompendo o silêncio à muito instalado.

—Tens os outros dias todos para ver as constelações. – respondi acidamente. Eu queria que ele percebesse que eu não queria conversas.

—Mas não contigo. – confessou em voz baixa. Eu apenas ouvi porque o quarto estava mergulhado num profundo silêncio.

Mais uma vez as palavras dele confundiam-me. Ele tinha-me abandonado e agora estava ali com aquela conversa.

—Isso não foi escolha minha. – voltei a responder acidamente – Se há oito anos não tivesses ido embora, estaríamos a ver as constelações todas as noites. – terminei não me conseguindo conter. Ele não tinha o direito de dizer aquelas coisas.

—Rose…

—É Weasley para ti. – interrompi – Eu sinceramente não percebo o que queres com todo este jogo. Tu enganas-me, abandonas-me e agora queres o quê? Enganar-me outra vez? Desculpa lá, mas eu não sou burra.

—Eu nunca te enganei, Rose. – respondeu Malfoy frisando o meu nome – Tudo o que nós vivemos foi real.

—Claro que foi. Até ao momento repentino que decidiste fugir com a Nott. – respondi sarcasticamente. A cara de Malfoy parecia cada vez mais assustada. Outra vez – Escusas de continuar com estas conversas fiadas. Já ninguém tem paciência para as ouvir.

—Vejo que tens um namorado. – comentou Malfoy deixando de me encarar.

—Como se tu tivesses alguma coisa a ver com isso. – respondi – Eu faço o que quiser com a minha vida. Deixaste de ter voto na matéria a partir do momento em que me abandonaste.

—Achas que não foi difícil para mim? – perguntou Malfoy encarando-me. Existiam lágrimas visíveis nos seus olhos. Lágrimas de crocodilo, pensei.

—Difícil para ti? Difícil para ti? – perguntei com o tom mais incrédulo possível – Tu foste embora e deixaste apenas um bilhete. Um bilhete completamente envenenado. Achas que eu precisava das tuas desculpas naquele momento. Eu precisava de ti. O meu namorado. Que me tinha abandonado no dia do baile de formatura. Que me tinha abandonado no dia em que eu decidi apresenta-lo aos meus pais oficialmente como meu namorado. Que me tinha abandonado no dia em que perdi a virgindade com ele. Achas que foi difícil para ti? Tu és uma merda, Malfoy. Tu és o pior. E não tens o direito de dizer que foi difícil para ti.

Levantei-me. Eu precisava de sair dali por algum tempo. Eu não podia estar ali. Não depois do que ele tinha dito.

Mas antes que saísse, Malfoy agarrou-me na mão. Milhares de choques percorreram o meu corpo, naquele momento. Exatamente a reação que eu não esperava que voltasse a acontecer.

—Desculpa. – desculpou-se Malfoy encarando-me. Nunca tínhamos estado tão próximos desde que ele voltou. Nunca – A minha última intenção era magoar-te. A tua felicidade sempre esteve em primeiro lugar para mim. Tu nunca podes duvidar do meu amor por ti.

Dei-lhe um estalo. Como é que ele era capaz de dizer aquilo? Como é que ele era capaz de dizer aquelas coisas depois de tudo o que me fez passar? De todo o sofrimento? De todas as lágrimas derramadas? Como?

—Nunca mais me voltes a tocar. Nunca mais me dirijas a palavra sem ser para falar da Lyra. No meu profundo pensamento, ainda pensei que algum dia teria uma explicação para isto. Mas vejo que a única justificação é seres um cabrão que não tem respeito.

Não esperei pela sua resposta. Soltei a minha mão da dele. Saí. Eu precisava de ficar sozinha.

As lágrimas começaram a cair mal saí do quarto. Mais uma vez, o Malfoy tinha-me feito chorar por ele.


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Notas finais do capítulo

Que acharam da conversa da Octavia com a Rose? E da conversa entre o Scorpius e a Rose? Parece que a poção da Lyra resultou...ou será que não?
Contem-me tudo nos comentários :)
Beijos ♥



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