Inerzia escrita por Captain Marvel


Capítulo 4
L'Air


Notas iniciais do capítulo

Quem está gostando da história levanta a mão o/

Avisos:
— Capítulo sangrento e cheio de palavrões.
— Parte em itálico é flashback.
— Palavras em negrito são para ênfase.
— Palavras em itálico são para destacar algo que não é do nosso idioma ou demonstrar pensamentos.
— O * é sinal que vai ter aviso nas notas finais.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/740029/chapter/4

 

Havia sido um longo dia no trabalho. Thiago chegara em casa, cansado. Não do que fazia em si, mas da monotonia de trabalhar na parte burocrática da polícia.

Joga-se no sofá despretensiosamente e é inevitável que uma lembrança de Bruna venha à sua mente.

"Estipularam passarem o final de semana juntos, na casa dele. Deitou no sofá, puxando-a e fazendo-a cair sobre ele, enchendo de cócegas. 

— Para Thiago! - Pedia em meio ao riso desesperado. - Precisamos comer alguma coisa...

— Eu me contento com você. - Respondeu com um sorriso malicioso.

Virou-se para encará-lo, enchendo-o de beijos. Empolgando-o o suficiente para tentar tirar sua camiseta, entretanto, se esquivou.

— Vou cozinhar algo para nós. - Deu-lhe um pequeno tapa na mão, arrancando-lhe um grunhido."

É tirado de seus devaneios quando escuta o celular tocar. Atende sem ver quem ligava; antes que falasse qualquer coisa, ouviu Rodrigo dizer:

 - Thiago, coloca o uniforme... Tem dois foragidos da Fundação Casa, daquela rebelião que rolou semana passada, rondando a porta de uma faculdade no Tatuapé*.

— Que ótima notícia! Isso acaba de melhorar meu dia... - Ri sádico, desligando o telefone em seguida.

Apronta-se rapidamente. Ostenta o colete com a caveira desenhada, o coldre na cintura, arma-se e por fim coloca a máscara que causava frio na espinha de qualquer indivíduo que não andasse na lei.

Sobe em sua motocicleta, que fica escondida nos fundos da casa, para que ninguém suspeite de sua "identidade secreta".

O barulho do motor acelerando parece fazer o sangue fluir com mais vigor em suas veias; como música para seus ouvidos. Só aquele ronco já espantava muitos criminosos, embora acelerasse para persegui-los onde fossem.

Por fim sai pela garagem celeremente, em direção à sua caça.

O horário de pico em São Paulo já havia diminuído, contudo, um trânsito sempre se fazia indubitável na grande metrópole. Não que isso fosse um problema para o justiceiro, tendo em vista que aquilo aumentava sua adrenalina, pois o obrigava a correr sobre escadas, no meio de praças e até mesmo calçadas.

Esse seu segundo trabalho lhe trazia prazer e alegria. Ver sangue de delinquentes jorrando era gratificante. Considerava como a vingança da morte de sua mulher. Cada vez que puxava o gatilho, enforcava, socava, chutava, esfaqueava algum cretino; se lembrava dos belos olhos castanhos escuros de Bruna. Lembrava-se daquela noite, em que queria ficar, contudo ela estava com fome.

Sentia a culpa pesar nos ombros. Por que não negou o pedido? Por que não ficou para salvá-la ou até morrer junto a ela? Por que havia ficado no mercado com uma fila tão grande? Maldita foi a hora em que marcaram aquela viagem! Se soubesse que seria algo sem volta para ela, nunca teria saído da capital.

Mesmo com um pouco de congestionamento, chega em menos de vinte minutos ao local que Rodrigo lhe passara as coordenadas. Para sua surpresa e gratidão, os dois garotos cercam uma jovem. Um tenta puxar sua bolsa, enquanto outro coloca uma mão pelo meio de suas pernas e outra abafa seus protestos.

Aproxima-se silenciosamente, bradando:

— E aí, vítimas da sociedade. O que estão fazendo?

— Caralho, é o justiceiro! - O garoto da bolsa apressura-se.

Thiago com sua excelente mira, dispara em direção ao fugitivo, acertando em cheio sua perna esquerda. Prontamente atira mais sete vezes, aproximando-se a cada estampido, até ver o corpo sem vida.

Vira-se para fazer o mesmo com o outro, porém, este segurava uma arma apontada para a cabeça da garota e ao reconhecer o rosto da vítima, seu corpo estremece.

"Droga, essa pirralha de novo!?"— Bronqueia mentalmente consigo próprio.

Por alguma brincadeira do destino, os dois sempre se cruzavam; uma hora ou outra. Ainda desacreditava que havia perdoado Daniel.

Avizinha-se de ambos com a arma apontada na direção do bandido.

— Se continuar se aproximando ou fizer um movimento suspeito, eu mato essa vadia! - ameaça.

O justiceiro mirou na cabeça do criminoso, mas o mesmo se mexia muito. Um movimento errado poderia acertá-la.

Joga a arma no chão, levantando as mãos em capitulação.

— Sem problemas, eu me rendo, só não a machuque! - Pediu.

O transgressor ri, vitorioso. Solta-a e achega-se do "herói". Como se fosse imprevisível, atira quatro vezes contra seu peito. Todavia as balas não surtem nenhum efeito.

— Mas que porra...?

Antes que completasse a frase, Thiago o agarra pelo colarinho da camisa, o erguendo do chão.

— Sabia que ia fazer isso... Seu cuzão! - Comenta antes de tomar a arma da mão do marginal, alvejando sua cabeça.

Pâmela berra em desespero, com gotículas de sangue em seu rosto.

— P-Por que você fez isso? - Questiona com os lábios trêmulos.

— De nada, a propósito! - Retorque cínico. - Esses vermes não merecem viver. São a escória da nossa sociedade. - Empunha-a pelo braço, levando-a em direção à moto. - Onde você mora? Vou te levar para casa!

Fala o endereço num murmúrio. Por sorte, já conhecia o local. A fez agarrar sua cintura com força e correu para a porta da moça.

Despacha-a e estuga com o veículo, a fim de despistá-la.

Pâmela entra aos prantos. Seu pai já veste pijama, mas pelo milagre ainda está acordado na sala. Ao ver a filha daquela forma, pergunta sobre o ocorrido. A mesma não consegue dizer. Entrara em estado de choque. A lembrança do ocorrido há pouco perturbara sua mente a ponto de impedi-la pronunciar qualquer coisa além de gemidos.

Fábio chama a esposa, atônito. A mesma aparece de camisola, com o rosto coberto de creme para a pele. Xingaria o marido por acordá-la daquela forma, entretanto, vê a filha no estado que estava.

Oferecem-lhe água com açúcar, calmantes, abraços.

Porém não consegue responder a nada.

Thiago já está em casa, da forma mais silenciosa e disfarçada possível. Rodrigo liga novamente só para parabenizá-lo pelo excelente trabalho. Desligar o telefone ao ouvir batidas em sua porta. Ao abrir, se surpreende:

— Senhor Thiago, peço desculpas por incomodá-lo a essa hora da noite, mas o senhor disse que quando eu precisasse de um favor poderia chamá-lo. Preciso que pegue seu carro e nos leve para um hospital, nossa filha está em estado de choque e não sabemos o que aconteceu.

— Claro. Só me deixe colocar uma roupa. - trajava apenas uma camisa velha e uma cueca. Fecha a porta e corre ao seu quarto.

Troca-se o mais rápido que pode. Tira o carro da garagem e estaciona em frente à vizinha.

Pâmela sai enrolada num cobertor, sendo amparada pela mãe. Ao encará-lo, se apavora. Todavia, se lembra do que havia dito no dia anterior, durante o almoço.

"Vítimas da sociedade...”— recorda. O justiceiro usou as mesmas palavras. O que eles teriam em comum?

Ajeitam-se no carro e chegam ao hospital rapidamente. Fábio estuga com a filha até a recepção e a responsável parece não dar muita importância para o problema da jovem. Algo corriqueiro no Sistema Único de Saúde do Brasil.

Thiago se irrita. Bate com força na mesa da recepcionista, fazendo-a esbugalhar os olhos:

— Ela acabou de sofrer um assalto e você vai ter de atendê-la. AGORA! - Avisa.

— Vou ver o que posso fazer. - Assustada, a enfermeira pega os dados da garota e digita no computador sem encarar os presentes, assustada.

[X]

Não muitas horas depois, a notícia já circulava pela mídia. "Justiceiro de São Paulo impede morte de garota". A descrição da vítima batia com as características de Pâmela. Logo, Fábio se dá conta o que ela passara. O repórter havia dado detalhes do fato, baseado em depoimentos de testemunhas. O povo idolatrava o justiceiro e chamavam-no de herói.

— Não acredito que esse filho da puta fez isso... -murmurinha à Maria e Thiago, enquanto sua filha está dentro da sala em consulta.

— Ele a salvou. - Thiago rebate.

— Mas poderia ter matado sem a presença dela! Por culpa dele ela está desse jeito. - Fábio resmunga entre dentes. 

— Pelo menos, esses não farão mais mal a ninguém! - Volta a argumentar.

— Senhor Fábio, - o médico o chama. - Pâmela já pode ir para casa. Foi só um susto. Darei uma semana de descanso para ela do trabalho e dos estudos. Distraiam-na com outras atividades. Se dentro de sete dias não voltar ao normal, levem-na novamente ao médico.

Os pais agradecem e voltam ao carro do policial. Maria se senta com a filha atrás, apoiando sua cabeça em seu peito enquanto a acaricia.

Thiago não deixa de notar através do retrovisor que mesmo com o rosto vermelho e inchado, a garota ainda era bonitinha. Repreende a si mesmo por presumir isso de uma moça tão nova para ele e que acabara de conhecer.

Dirige calmamente e os deixa em casa.

— Boa noite senhor Thiago. - Maria o cumprimenta. - E obrigada! Prometo te dar o dinheiro da gasolina quando receber.

— Não precisa... - ri sem graça.

— Eu insisto! - Acena e se vira à porta carregando a filha.

"E a semana está só começando..."— Thiago analisa consigo mesmo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tatuapé: Bairro localizado na Zona Leste de São Paulo (para quem é de fora é um nome um tanto engraçado, não é?!)

Estão gostando? Sei que o capítulo foi meio fraco, mas foi para focar mais no lado justiceiro do Thiago e fechar esse ciclo. Prometo que no próximo capítulos as coisas vão esquentar huehuehuehuehue

Agora também estamos no Wattpad: https://www.wattpad.com/461165542-inerzia

Entrem no grupo para ficarem alertas nas novidades sobre minhas histórias: https://facebook.com/ficsdapaah


Até semana que vem ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Inerzia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.