Inerzia escrita por Captain Marvel
Notas iniciais do capítulo
Eu voltei e agora pra ficar...
Desculpem não ter postado segunda, mas foi por uma boa causa: Consegui emprego UHUUUUUUU o/
Daí cheguei muito cansada e nem consegui escrever, maaaaaaas, escrevi em um dia, revisei no outro e cá estou eu! Então atentem-se: A partir de agora os capítulos serão postados às sextas, sábados ou domingos.
Boa leitura!
Na manhã seguinte, Pâmela se levanta ainda usando seu baby doll cor-de-rosa, vai à cozinha preparar um café.
Passa pela sala e vê Daniel ainda dormindo, de barriga para cima, no sofá. A discussão que tiveram durante a noite anterior vem à sua mente como um flashback.
Sua carência por atenção era explicável: nunca tivera os pais próximos. Beberam muito e acabaram indo morar na rua. Foi criado pela tia, começou a trabalhar aos dezesseis anos numa feira, carregando caixas. Aos dezoito foi morar sozinho, teve de batalhar muito para conseguir entrar na faculdade de arquitetura e ser promovido à gerente de vendas em uma multinacional.
Saber isto a fazia entender o motivo do seu ciúme. Pensar também que era uma prova de amor, a confortava. Embora, seu coração estivesse cansado da mesmice, olhá-lo dormindo ali, daquela forma tão delicada, recordava-a por que havia se apaixonado.
Porém, lembrar-se do escândalo que ele fizera na noite anterior, só alimentava suas dúvidas sobre a integridade de seu relacionamento.
Ouve a campainha tocar. Pensa ser sua mãe voltando do mercado. Provavelmente havia esquecido a chave, algo que se tornara corriqueiro nos últimos tempos.
— Qualquer dia vai esquecer o caminho de voltar para casa. É assim que o Alzheimer começa, dona Maria... – ralha sozinha enquanto abre a porta. Bufa, mas em seguida se surpreende ao ver a pessoa do outro lado.
— Bom dia... Pâmela! – O homem fala pausadamente, como se repuxasse na memória o nome da garota.
É impossível não a notar ficar vermelha; enquanto cruza os braços diante de seu corpo, vestido naquela roupa sexy. Riria daquela situação se não tivesse ficado constrangedora. Um silêncio se forma, até que ela o quebre.
— Diga logo o que quer, Thiago! – Insiste.
— Preciso da ajuda de alguém para montar meu armário de cozinha. Mas parece que todos os vizinhos daqui saem aos domingos de manhã. – ri pelo nariz. – Vi uma movimentação e pensei que talvez seu pai pudesse me ajudar...
— Bom dia, estão falando de mim? – Naquele momento Fábio surge atrás da filha, que apenas abre passagem e vai ao seu quarto trocar de roupa.
[x]
Mais tarde, o namorado já está acordado. Combinaram de assistir filmes o dia todo na tentativa de apagar o mal-entendido do dia anterior. Optaram por uma comédia romântica a princípio.
Ela se deita na cama, ele se acomoda ao seu lado. Olha-a nos olhos, percebendo que está vidrada na TV.
Sobe por cima dela, beijando-lhe com intensidade. Prende seus cabelos em uma mão, enquanto com a outra, passeia por debaixo de sua camiseta, na parte das costas. Desce um pouco, tentando apalpar no meio de suas pernas, porém, a garota se desvencilha e o mira séria:
— Já disse: Não estou pronta!
— Você diz isso há dois anos. Qual o seu medo? – Questiona.
— Só não quero fazer isso... Não agora... – suplica.
Respira fundo. Tenta esconder que se animara colocando um travesseiro por cima de suas pernas. Volta à posição inicial, afundando sua cabeça na cama para assistir ao filme.
[x]
Maria chama a filha e o futuro genro para almoçarem. Animados e famintos, chegam rapidamente à cozinha, todavia, se chocam ao avistarem uma figura masculina sentada à mesa.
— Gente, esse é o Thiago. O chamei para almoçar conosco porque ainda não pediu gás para ele e não estão atendendo para entregas. Essa é minha filha, Pâmela e esse é meu genro Daniel.
— É um prazer conhecê-los! – Sorri debochado, fixando os olhos no namorado da jovem.
— E eu digo o mesmo. – Daniel retribui no mesmo tom.
Cada um toma seu lugar e Maria os serve. Fábio lê as notícias no celular. Vê mais uma vez as imagens do “Justiceiro de São Paulo”.
— Vocês viram essa história do justiceiro? Ainda estou impressionado com as mortes que ele vem causando. Matando a sangue frio... – comenta.
— Misericórdia, que Deus tenha piedade desta alma. – Maria faz o sinal da cruz.
— Não vejo nada de mal. Ele está apenas matando vermes da sociedade. – Thiago argumenta.
— Se pensarmos assim, então todos deveríamos morrer, afinal, somos errantes. – Pâmela rebate.
— O problema é cometer assassinato e sair impune! Não vejo um castigo mais cabível a não ser pagar com a própria vida. – A encara comedido.
— Para isso existem leis, justiça, polícia. São eles quem devem tomar conta disso!
— Justiça? Isso não existe. A polícia não pode agir, porque para a galera dos “direitos humanos”, eles são “vítimas da sociedade”.
— Se todos vingarem com as próprias mãos, o mundo será uma anarquia. Vai virar uma bagunça! Para isso a legislação foi inventada...
— A LEGISLAÇÃO É FALHA! – Altera o tom de voz, assustando a todos. – Desculpem. Eu trabalho na polícia. Acredite, eu entendo que a lei não funciona.
O almoço segue soturno por um longo tempo. Thiago permanece cravando Daniel, como se quisesse extingui-lo com o olhar.
— Nós vamos à missa hoje à noite, filha. – A mãe quebra a mudez. - Quer ir?
Ela olha para o namorado.
— Não, vou aproveitar o restante do domingo com o Dani. – Sorri.
[x]
Thiago foi embora após o almoço. A lua já substituía o sol à medida que os pais de Pâmela se aprontavam para sair.
Maria deixou algumas instruções à filha, saindo seguida pelo esposo, deixando o casal a sós no sofá.
— Você reparou como aquele tal Thiago te comeu com os olhos? – Daniel adverte.
— Não. Mas fiquei com medo dele falar algo sobre ontem na frente dos meus pais.
— Se ele fizesse isso, apanharia. – Cerra os punhos e estrala os dedos. – Que bom que não percebeu, porque por alguns instantes pensei que estivesse a fim dele...
— Ah não.... Vai começar tudo de novo, Daniel?
A discussão do dia anterior ocorreu justamente pelo fato do novo vizinho ter se intrometido na briga do casal no shopping.
O namorado volveu a falar várias necedades, enquanto elevava o tom de voz gradualmente. A garota tentava responder à altura e se explicar. Porém, quando menos percebeu, já havia levado um tapa.
Fora forte, dolorido, raivoso. Havia marcado sua pele clara com uma mancha vermelha que provavelmente viraria um roxo.
— Desculpe... E-Eu sinto...
— SAI DAQUI, DANIEL!!! – Gritou a todos pulmões, enquanto o empurrou porta afora, trancando-a.
Ouviu-o choramingar do lado de fora que nunca mais faria aquilo, pediu perdão. Entretanto, nada apagaria a marca que deixara em seu rosto.
Sentou-se no chão da sala e se pôs a chorar. Abaixou a cabeça no meio dos braços, apoiados nas pernas. Levantava de vez em quando para respirar melhor.
Ficou ali, por horas. Plangendo e se lamentando.
Ergueu a cabeça e limpou as lágrimas. Olhou-se no espelho, analisando o roxo em seu olho esquerdo. Teria de inventar uma desculpa. Pensou em várias. Nenhuma digna de crédito, mas deveria tentar.
Decidiu: quando lhe perguntassem, relataria o quão boçal fora ao tropeçar e bater o olho na quina da mesa. Soava melhor que “meu namorado me bateu!”. Caso contrário sempre seria a submissa; indefesa; a vagabunda que deu motivos para ele fazer aquilo. Talvez até diriam que gostava de apanhar.
[x]
Foi ao trabalho e à faculdade normalmente no dia seguinte, dando a mesma desculpa para todos sobre o olho roxo. Aparentemente todos acreditaram.
Não teve coragem de contar nem à Elaine, nem à Carolina. Contudo, perceberam que havia algo errado com a amiga.
— Você está aérea hoje! – Comentou Elaine sentada em frente à ruiva.
— Estava pensando no meu vizinho novo! – Brinca.
— Uau, já está querendo trair o Daniel? – Carolina lhe dá uma cotovelada de leve.
Ao ouvir aquele nome, um tremor percorre seu corpo, causando-lhe um arrepio. Não haviam terminado. Precisaria resolver isso.
— Não é porque namoro que não posso achar outros homens atraentes. – Responde tentando manter a pose.
Elas riem.
— Seu loiro é tão gato que você só o trocaria se estivesse louca. – Elaine discorre sobre o homem, deixando-a pressionada sobre a situação em que se encontravam.
— Vou dar uma festa na minha casa sábado. Você e seu boy estão mais que convidados! Chamarei esse tal “novo vizinho” também... – Camila comenta e dá uma piscadela.
— Não sei se Daniel poderá ir. – É tudo o que ela responde. – Mas qual o motivo da festa? – Tenta desconversar.
— Ah, sabe como é... Meus pais vão viajar.... Quero aproveitar que vou ficar sozinha... – dá um sorriso malicioso.
— Posso passar na sua casa para me arrumar, Pam? – A outra pergunta.
— Acho uma ótima ideia.
Teria uma longa semana. Pensar que ainda estava só começando a perturbava mais.
Ao final da aula, pega o celular e vê dezessete ligações perdidas de Daniel. Precisava se decidir. Teria de terminar com ele.
Liga de volta. Demora, porém, é atendida:
— O que você quer comigo? – Pergunta, direta.
— Vou viajar pela empresa. Ficarei quinze dias fora. Aproveitarei para pensar nos acontecidos. Desfrute esse tempo longe de mim e pense com carinho em nós. Perdoe-me...
— Tchau Daniel. Vá com Deus! – Desliga o telefone. Sem despedidas. Sem cerimônia. Sem carinho.
Iria sozinha para casa. A amiga dormiria na casa da tia, que morava em outro bairro, teria de cuidar do primo mais novo no dia seguinte.
O caminho para o ponto de ônibus parece mais longo quando não se tem companhia. Anda depressa, conquanto carrega um mal pressentimento.
E não era em vão.
Dois homens a cercam. Um por trás, outro pela frente.
— E aí gatinha, passa a bolsa e a gente tenta não te machucar! – Um deles avisa.
— Ela é bem bonitinha. Não merece ser machucada. Mas a gente podia brincar um pouco com ela, o que acha? – O homem que está por trás aperta sua nádega com força, fazendo-a gemer de dor.
— Ótima ideia. – O outro sorri maliciosamente se encostando próximo a ela.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Pâmela says: Ó e agora quem poderá me defender?
Teorias? Elogios? Reclamações? Sugestões? Não deixem de comentar, pro favor ♥
Falando em Justiceiro, quem é fã da Marvel e viu o teaser da série dele? Eu amei! Já quero rsrs