A Canção de Fogo - Faíscas escrita por Sapphire


Capítulo 2
Victoria I


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, muito obrigado as 12 pessoas que estão acompanhando a fic vocês são demais sério ♥ Também quero agradecer a Thais Medeiros, NGomes e a queenszgambit, que foram as primeiras pessoas a comentarem essa fic. Vocês não tem noção de como esse tipo de como me deixa feliz!! Só de saber que tem gente gostando do que estou escrevendo eu fico MUITO mais aliviado e animado!! Espero que vocês continuem sendo esses leitores maravilhosos ♥

Desculpem a demora para postar, eu tive que sair e só consegui entrar para postar agora!!

O capítulo que se segue já se passa no tempo atual da fic (quase 4 anos depois do prólogo). Como eu falei antes, essa fic trabalha com POV (Capítulos de Ponto de Vista), e dessa vez o POV é de uma nova personagem que espero que vocês gostem tanto quanto eu!

Sem mais delongas, apresento a vocês esse novo capítulo!!

Trailer da fic: https://youtu.be/pJD9bNJIWxk



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Você já se sentiu preso, mesmo podendo andar por onde “quiser”? Sufocado, mesmo estado ao ar livre? 

 Era assim que Victoria estava se sentindo. 

 Seu corpo se colocava sentado em uma cadeira, a frente de uma mesa, mas seu rosto estava virado para a vista. O local onde a princesa de Laguna se mantinha era uma espécie de varanda para os Jardins do Palácio. Os jardineiros passavam por ali desde os primeiros raios do amanhecer, e com o auxílio dos vários instrumentos de ferro, eles deixavam o local mais esplêndido. 

Os Jardins tinham um longo perímetro. Flores especiais de cores exóticas, e era fácil você ver pequenos animais saltitantes. Árvores e pequenos lagos distribuídos entre a área, a maioria deles com espécies de peixes que só existem em Laguna. Caminhos de mármore que te levam as estátuas dos reis e rainhas antigos. Porém mesmo com tudo isso, ela ainda se sentia presa, sufocada, perdida. 

— Victoria! – Yolanda, a artesã gritou seu nome, em um último recurso para chamar sua atenção. 

A garota voltou seus lindos olhos azuis na direção da mulher. Passou tanto tempo admirando o que estava a sua volta que acabou esquecendo do bordado em suas mãos. 

— Você pediu para virmos aqui porque lá dentro você não tinha inspiração para bordar,  agora estamos aqui e a cada mosca que passa seus olhos a dão mais atenção do que para a velha aqui. 

Victoria deu uma risada baixa. Ouviu cada palavra de Yolanda e no final concluiu que ela estava certa. 

— Peço perdão, eu realmente estou muito distraída hoje – A Princesa fez uma pausa, começou a notar os detalhes da pequena agulha em sua mão direita. Seus pulmões liberaram o ar preso. – Acho melhor deixarmos isso para amanhã. 

— Você está nessa mesma linha já vai fazer duas semanas - A mulher largou o aro de madeira que mantinha o pano firme na mesa redonda, em seguida aconselhou. - Não vai dar para continuar nessa por muito tempo, tu sabes. 

— Eu não entendo! - Revirou seus olhos e pôs um punho apoiando seu queixo. -  Por que eu tenho que aprender a bordar? Isso é tão chato. 

— Porque toda mulher que se prese deve saber trabalhos como esse – A artesã pegou o pano novamente e voltou a bordar. – Ainda mais uma princesa. 

— Se isso é ser uma mulher, então acho que sou homem – Victoria bufou. 

  - Não diga isso! Tens algum problema?! – A idosa repreendeu a garota. Depois de alguns minutos voltou a dizer. – Pode ir. 

A princesa sorriu e se levantou. 

— Agradecida! 

 - Amanhã não faça isso de novo! – Disse enquanto a menina corria saltitante. 

Os corredores extensos do Palácio eram um caminho para vários servos andarem por todos os lados possíveis. O lindo cabelo negro de Victoria saltava junto com seu corpo. Ela olhou para um homem que estava tendo dificuldade em carregar uma bandeja repleta de sobras do café da manhã. 

— Você quer ajuda? 

— Quero sim! Finalmente alguém... – Assim que ele viu quem era a dona da voz , seu corpo recuou velozmente para trás, o que quase o levou a queda. – Desculpe incomodá-la princesa, eu já estou de saída.  

— O que? - Juntou as sobrancelhas. - Não! Eu vou te ajudar! 

— Tu certamente não vais  querer isso – Ele deu uma pausa para se recompor.- Sem falar que nem é necessário, eu já estou bem como podes ver! Tenha um ótimo dia.  

Ela ficou parada ali durante alguns minutos vendo o homem se afastar cada vez mais dela, até outro servo ir ajudá-lo. 

 

Seu corpo começou a se mover mais lentamente à medida em que admirava o corredor como se fosse a primeira vez. 

 

 "Por que as pessoas sempre me tratam como se eu fosse especial?" Pensou. Sim claro, ela era uma Princesa, mas isso não diminuía o fato de que ela era uma pessoa normal e não uma garota digna de adoração, ao menos era isso na visão dela. "Parece que quanto mais o tempo passa, isso piora."  

O Reino de Laguna fica na costa Leste do Continente de Lamoras. Uma vez foi a pérola do Continente, sendo conhecido e admirado por todos.  Mas isso já faz muito tempo, uma época onde a guerra não tinha consumido o  reino inteiro, o reduzindo drasticamente. 

A moça passou a olhar para os quadros dos reis passados. Cronis Lorak e Gaia Lorak se colocavam atrás dos seus filhos, Megara e Perseus. Os cabelos da Rainha eram pretos, a pele branca e os olhos azuis,  nada de diferente dos Lorak de sangue. O Rei por ser um Lurinof, era pardo, com olhos verdes escuro. Ela se aproximou, apenas para notar a semelhança da mãe para os filhos. Algumas pessoas dizem que os traços Lorak jamais serão esquecidos, e isso é verdade, era quase impossível alguém se casar com um Lorak e os filhos não terem ao menos uma das características principais.. Isso é uma verdade tão forte que os filhos do Rei Cronis, Megara e Perseus não apresentavam nenhum traço Lurinof. 

Megara estava com seus lindos cabelos pretos trançados, e os penetrantes olhos azuis eram acompanhados por um mínimo sorriso. Perseus mostrava as mesmas características, olhos azuis, pele branca e cabelo preto. 

Aquele quadro deve ter sido pintado quando os príncipes tinham entre 15 e 17 anos.  E mesmo depois de tanto tempo, a beleza deles havia sido preservada. Mas quando se pensou "deles", a jovem pensava em Megara, já que os outros membros da pintura não andavam mais entre os vivos. 

O Quadro a seguir era o "mais recente". Esse mostrava o príncipe Perseus agora crescido, o Rei de Laguna. Um homem de aparência robusta com uma barba bem feita e um cabelo ondulado preto, que parecia dançar entre sua coroa de prata com algumas pedras azuladas. Ao seu lado, uma mulher de longos cabelos loiros, olhos verdes e uma pele parda, aquela era a Rainha Arsce Lorak, esposa de Perseus e pai de Victoria. A antiga rainha de Laguna não era nobre, e nem chegava perto disso. Por pouco o pai de Perseus não permitiu o casamento dos dois.  

 No quadro, junto com os pais, estavam as princesas Larissa Lorak, uma linda jovem de cabelos ondulados loiros e olhos verdes, assim como sua mãe, e ao seu lado Victoria Lorak no auge dos seus 5 anos, e mesmo com essa idade ela era de longe uma das garotas mais lindas do reino. 

Victoria soltou um ar triste, a medida em que as lágrimas  ameaçavam brotar. 

— Por que você se tortura? - A voz masculina suave soou na cabeça dela. 

 - Que? - Ela limpou as lágrimas rapidamente, e olhou para trás quase na mesma velocidade. - Ah... Oi Andras. 

Ele era um homem nem gordo e nem magro, com um cabelo preto bem ralo, e olhos castanhos. Seu rosto era muito difícil de prever, talvez seja por isso que a princesa não confiava muito no que sua face parecia mostrar. 

— Não é raro ver você encarando esse quadro... Por que faz isso? Por que se tortura tanto? 

— É se torturar sentir saudades da sua família? – Rebateu. 

— Sabes, que não foi isso que eu disse. 

Ela respirou fundo para não ser grossa com ele, voltou seus olhos para a pintura de sua família, então tentou desconversar. 

— O que o traz aqui? 

— A rainha Megara está lhe convidando para a Sala do trono. - Depois de uma reverência, ele se afastou. Victoria agradeceu mentalmente por ele estar indo embora e começou a xingá-lo à medida que ele seguia o fluxo do corredor. 

Após as últimas olhadas no quadro, seu corpo começou a andar na direção da sala do trono. "Me torturar..”Bufou “O que Andras sabe sobre perder sua família" Pensou ao mesmo tempo em que se aproximava da enorme porta. 

A Família Lorak quase foi dizimada por inteira no que foi chamada depois de "A Guerra da Torre". Uma das piores guerras que o reino já sofreu... Victoria tinha apenas cinco anos quando tudo isso desmoronou sob Laguna. Pela idade mínima, ela não lembrava de muita coisa deste acontecimento, apenas alguns flashes que apareciam para atrapalhar seu sono. Torre. Destruição. Fogo Azul. 

A porta da sala do trono era enorme, e bastou ela ficar a metros de distância que dois guardas abriram a passagem. A jovem olhou para frente e viu sua tia sentada no trono.  Havia um largo chão de mármore vermelho com detalhes em cinza. Dos lados direito e esquerdo havia uma piscina natural seguindo um destino reto, caindo sob um pequeno buraco para depois voltar para o mesmo lugar. Grandes e pequenas vitórias régias e peixes tão graciosos quanto os do Jardim. As janelas tinham “emoldurado” o símbolo dos Lurinof,  um Tridente. Nas paredes, enormes vasos redondos de flores que tinham uma linda coloração azul e davam um ótimo cheiro no local. 

Se você entrasse na Sala do trono da capital de Laguna, além da estrutura aquática, você também notaria duas escadas que davam no mesmo lugar, o trono. Ao lado, mas ao mesmo tempo atrás do trono tinham duas enormes bandeiras com o símbolo dos Lurinof, um tridente prata e atrás um fundo azul marinho.  Quase na mesma altura das “piscinas” tinha duas estátuas de sereias, que pareciam ser o real motivo para que a água  caísse nas piscinas, uma de cada lado. 

O trono era tão lindo e majestoso quanto o resto do cômodo. Ele era largo, feito de uma pedra especial encontrado apenas no Rio Rom, o extenso rio  que separa a floresta Suna da Lena. O Trono de Laguna tinha desenhos marítimos entalhados, dando ainda mais um ar aquático ao lugar. 

Os guardas olharam a menina andando lentamente até o trono. Após subir a escada direita, andou até a frente dela e fez uma reverência. 

— Por que me chamou, Vossa Majestade ? 

— Para que tal formalidade? – Megara riu. – Sou sua tia!  Essa coroa não significa nada. 

Certo, aquilo era estranho... Bem estranho. As únicas pessoas presentes ali além de Victoria e os guardas, era a própria rainha e uma das servas da mesma, uma mulher de cabelos ondulados castanhos, que se colocava do lado dela, Vox era seu nome. 

— Onde está o Phillip? – Victoria perguntou. 

— Deve estar no treinamento – Deu uma pausa. Enquanto o silêncio reinava pelo salão, ela lembrou de um desejo oculto em seu coração. Sempre se imaginou com uma espada matando pessoas idiotas. Talvez sua tia fosse a primeira dela. Claro, isso era apenas um pensamento esquecido, já que com o tempo, a princesa viu que seria impossível. – Agora vamos ao que interessa. 

A moça fez que sim com a cabeça, e aguardou. 

— Como você sabe, nosso reino está cada vez mais próspero, estamos nos recuperando depois desta guerra. 

“Guerra” Victoria pensou. "A Guerra da Torre já acabou tem quase 10 anos, e mesmo assim ela sempre toca no assunto todos os dias" A garota começou a se perguntar se aquilo era algum tipo de distúrbio. 

— Então para comemorar isso, eu irei fazer um torneio. 

— Torneio? - Perguntou. 

 - Sim! Na nossa grande arena, com cavaleiros de todo o continente de Lamoras!  E quem sabe até de outros! – A rainha deu uma pausa. Ela exibia um sorriso claro, e quando Victoria passeou seus olhos por Vox, a serva emitia um olhar aflito. – Você acha que de Hangarus viriam muitos? 

— Eu não atravessaria o Mar de Hart para participar de um torneio sem nenhum motivo importante. 

Megara deu um sorriso. Um calafrio percorreu o coração da princesa e ela temeu pelas palavras que viriam a seguir. 

— Exato, por isso quem vencer o torneio vai ganhar um prêmio muito especial – A rainha disse. – Vai poder se casar com uma linda nobre. 

— A senhora vai se casar novamente? - Victoria parou para pensar por alguns instantes, ela havia entendido, mas sua mente se recusava a acreditar. Então preferiu fingir demência até ouvir da boca de sua tia. -  Isso não é ilegal? 

A rainha de Laguna pareceu não gostar muito do que sua sobrinha havia dito,  mas logo depois sorriu novamente e disse: 

— Não estou falando de mim e sim de você! 

A jovem olhou bem nos olhos daquela mulher e disse em alto e bom som. 

— Eu não serei colocada como um pedaço de carne para você e seus cavaleiros. 

Por longos minutos, o salão ficou em um silêncio perturbador. Até mesmo o som corrente das águas pareciam ter se calado. As mãos de Megara se juntaram, formando palmas na medida em que ela cruzava as pernas. Seu corpo se endireitou no trono e depois pôs seus braços no próprio colo. 

— Adorei o seu espetáculo, vem treinando essa frase a muito tempo? 

— Pare de fazer isso! – Victoria começava a mostrar traços da sua falta de paciência. Ela bateu os seus pés no chão e juntou as sobrancelhas. – Eu não vou participar disso. 

Vox olhou para a Rainha, em seguida olhou para a princesa, e assim que o olhar das duas se encontraram, se envergonhou e dirigiu os olhos para o chão. Ao notar tais movimentos, Megara lembrou da existência de sua serva ali e decidiu envergonhá-la mais. 

— Vox, poderia me ajudar a lembrar? 

— Sim, minha rainha – Respondeu com sua voz suave e fraca. 

— Eu disse “Victoria, você vai ser o prêmio do torneio” ou “Victoria, você quer  ser o prêmio do torneio?”. 

A Princesa olhou para a serva, mas era querer demais que ela tomasse alguma atitude. A garota sabia que qualquer decisão tomada pela menina poderia trazer a expulsão de seu trabalho. 

— Victoria, você vai ser o prêmio do torneio – O rosto dela ainda estava abaixado, mas dava para sentir a vergonha em sua voz. 

— E você acha que eu ligo para o que você quer? - Desafiou sua tia. - A Vida é minha, Megara. 

— Deveria ligar, pois me deve tudo o que tem hoje. 

— Te  devo? - Depois de ouvir o que a rainha disse, Victoria deu uma risada. -  O que por exemplo? 

— Podemos citar você ainda morar aqui, no meu castelo. 

— Seu o que?  - Victoria riu. – Você só está aqui porque eu ainda não reivindiquei o meu trono! Ou você se esqueceu pelo motivo que foi coroada como rainha de Laguna? O Reino de minha família! 

O clima ali estava tão tenso, que nem mesmo os soldados conseguiam ficar em silêncio. Pela primeira vez naquela “conversa “ A rainha ficou ofendida. A adulta ergueu-se de seu trono e disse:   

— Meu reino! Ou você se esqueceu que sou sua tia de sangue? De que sou Megara Lorak! 

 -  Seu nome é Megara Lurinof Lorak - Começou andar, até parar em um dos  primeiros degraus para o trono. - Ou você se esquece que se casou com Vriuno Lurinof, o antigo lorde das ilhas de sal?  Você não pertence a minha família... Se pertencesse, o símbolo de Laguna ainda seria uma sereia e não um tridente. 

Assim que Megara se casou com um Lurinof, ela perdeu  quase todos os direitos que um Lorak tem de controlar o reino de Laguna, tendo que se concentrar apenas nas Ilhas de Sal. Mas a Guerra da Torre trouxe o espírito da morte a muitas pessoas, e assim como o Rei de Laguna Perseus Lorak.O Lorde das Ilhas de Sal, Vriuno Lurinof também morreu. Victoria era a última solução para a sucessão Lorak, mas como ela era apenas uma criança indefesa, Megara aceitou a coroa com muito bom grado, pelo menos até a criança se tornar apta a governar. 

— É por isso você quer me casar com um cavaleiro qualquer? – As peças começaram a se juntar na cabeça da garota.- Para que eu fique bem longe do meu trono?! Para eu perder os meus direitos ?! 

— Estou ofendida com a sua denúncia! - Após um longo silêncio, a mais velha deu uma risada baixa e curta. – Eu só quero o melhor para minha sobrinha. 

Victoria respirou fundo, e a cada passo que ela dava na direção do trono era um xingamento diferente. Quando ficou frente a frente, disse de modo que só ela ouvisse. 

— Eu não vou participar disso. 

Deu a volta e começou andar na direção da saída. Com os olhos inundados de raiva, ela viu dois guardas abrirem as enormes portas de carmim, e antes que passasse por elas, a princesa de Laguna virou-se para trás dizendo: 

— Você foi avisada.


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Notas finais do capítulo

Iai gente, o que vocês acharam desse capítulo? Desses novos personagens e tal. O Próximo capítulo é POV do Quor! E vocês vão ver como as crianças do prólogo estão rsrsrs

Espero que tenham gostado, comentem o que acharam!! Deixem sua crítica para essa história ficar cada vez melhor! Comentários também são importantes para sabermos como a fic está sendo recebida e etc, sem falar que ficamos MUUUITO animados com cada comentário que vocês deixam, nem que seja aquele "continua".

Até o próximo capítulo bjss ♥



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