A Canção de Fogo - Faíscas escrita por Sapphire


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, eu não sei como começar isso, só que eu to muito nervoso e animado por finalmente postar isso. Para quem não leu as notas, essa fic é na verdade uma Adaptação de uma RPG Medieval (Ou seja, é provável que você leia algo aqui te lembre várias e várias histórias medievais. Isso se leva ao fato de que em uma RPG ninguém tem medo de se inspirar em algo para construir seu personagem). O Desejo de escrever uma adaptação dessa RPG maravilhosa que eu joguei, começou desde antes de março, mas eu só comecei a por em prática nesse mês.Então eu pensei "Como eu vou adaptar uma RPG Enorme cheio de acontecimentos para uma fic?" Então entrei na concepção de que eu não ia conseguir sozinho, foi aí que eu busquei alguns jogadores que eram (e são até hoje) meus amigos: Beatriz Sandrini, Eloisa Paz, Ana Beatriz, Flávio Pacheco e Ana Lívia.

Desde o começo de Março de 2017, estamos planejando os capítulos, descrevendo núcleos, colocando cada coisa em seu lugar, dando ideias para melhorar ainda mais a leitura e etc. E estamos aqui, acho que SEIS FUCKING MESES depois postando essa histórias, e nós estamos muito ansiosos para vocês lerem tudo o que temos preparado ♥

Se tu já jogou RPG, sabe que seria impossível colocar muitos personagens em um capítulo só, ainda mais se eles forem de lugares diferentes e pá. Por isso nós trabalhamos com capítulos de Pontos de Vista (POV). E Cada capítulo postado será o de ponto de vista de um personagem e bla bla bla.
Porém eles não serão necessariamente um depois do outro, alguns deles podem se passar no mesmo dia, semanas depois e etc. Vocês vão perceber tudo isso quando lerem.

(Desculpem pelo textãokkkkk)

Mas sem delongas, apresento a vocês o primeiro capítulo dessa fic!

Obs: ESSE CAPÍTULO SE PASSA QUASE 4 ANOS ANTES DO PERÍODO REAL DA FIC.
Obs²: Desculpem o tamanho do capítulo e o tamanho das notas.
Obs³: Trailer da fic: https://youtu.be/pJD9bNJIWxk



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    Os braços de Valquíria estavam doloridos por conta do movimento constante que faziam nos sapatos do rei. Ela pegou um objeto esponjoso e o colocou em um balde com uma substância meio nojenta.  

Seus cabelos cacheados ruivos estavam presos com uma fita marrom, o que impedia que fios rebeldes escapassem e ficassem em seu rosto,  atrapalhando o trabalho. Ela parou por um instante e passou o pulso esquerdo na testa, para tirar o suor. 

A  garota olhou a sua volta, a área estava meio vazia. Este cômodo do castelo era usado exclusivamente para a limpeza de vestimentas e acessórios da família real, mas naquele dia ninguém deveria estar ali. 

Passos começaram se aproximar da jovem, que estava sentada em um canto, recostada sob a parede.  Valquíria se levantou rapidamente, engolindo um seco. 

— Céus... O que faz aqui?  - indagou a sua superior, que lhe encarava de cima a baixo. 

— Olá, Katres. – fez uma pausa – Desculpe, eu só estava adiantando o trabalho de amanhã.  

— Você sabe que é altamente desrespeitoso a limpeza dos sapatos em dias como hoje! - respondeu firmemente. 

A Rainha Penny vai me mandar embora, pensou. Colocou a mão na cabeça, na intenção de reproduzir um gesto descontraído. 

— Não é para tanto... Eu já estava indo me arrumar mesmo! – respondeu. Valquíria deu meia volta e saiu, pensando em como a tart¹ daquela área era dramática.  

Da escadaria era possível ouvir os murmúrios e a música tocada no jardim. Isso só a deixava mais nervosa ainda, não gostava de encarar as pessoas naquelas ocasiões. Sem falar que a maioria da corte não era conhecida por ser  muito simpática, o que a desanimava completamente na hora de fazer qualquer contato. 

Assim que terminou de se arrumar, andou até o corredor que levava ao salão principal. Seu vestido era um branco padrão que descia até os pés, com alguns detalhes coloridos, o que combinava muito bem com sua pele negra. Após sua chegada, o Príncipe Quor passou correndo, seguido de sua irmã, a Princesa Selene.  

— O quê vocês estão fazendo? - proferiu com uma voz suave, que não combinava com os passos apressados dos dois. 

— Selene acha que eu peguei a boneca feia dela! – Quor apontou para a garota de braços cruzados e olhos semicerrados a metros dele. 

— Val, manda ele me devolver, por favor! – Suplicou, enquanto olhava para a ruiva, com uma expressão triste e raivosa ao mesmo tempo.  

A mais velha riu e levou seus olhos para Quor. 

— Está com você? 

— Não! Eu não ia demorar tanto para esconder algo, você me conhece! –  disse.  

— Se eu tivesse um dragão igual ao papai, você era um homem morto... – Selene murmurou, cerrando os olhos.  

Criança morta, Valquíria corrigiu mentalmente. 

— Você só tem dez anos, papai não vai lhe dar um dragão! – O príncipe cruzou os braços e encarou a irmã, com cara de deboche. 

— E você é super mais velho, não é?  - Valquíria levantou uma das sobrancelhas rindo. 

— Sou!  

— Você tem quantos anos? – Selene o encarou. 

— Onze! - respondeu, estufando o peito com orgulho. 

As garotas começaram a rir. 

— Pelo menos eu sou o próximo na linha de sucessão! – Bufou. 

— Não se eu te matar antes! – Naquele grito, Selene voltou a perseguir o irmão que corria na direção da sala do trono.  

Valquíria  deu mais um sorriso vendo os príncipes correndo, aquelas atitudes eram normais, e sempre era muito engraçado, no fim do dia era como se nada tivesse acontecido e os dois se falavam normalmente, atitudes normais na vida de uma criança. Demorou algum tempo para processar a direção em que os dois corriam e, quando notou, gritou no meio do corredor, na esperança de que eles ouvissem e depois de alguns segundos, o que era apenas uma caminhada rápida se tornou uma corrida.  

— Não corram! Não na Sala do Trono! 

Se você já tentou mandar duas crianças pararem de correr, já ouviu alguém fazendo isso, ou já foi a criança que corria, sabe que definitivamente não funciona. 

A Sala do Trono está entre os maiores cômodos da Fortaleza Flamejante. Assim como as enormes pilastras o chão é constituído de um mármore resplandecente que de encontro com a luz fazia o cômodo brilhar.  Mas sem sombra de dúvidas, o piso não chega aos pés do Trono Dourado, que era com certeza a melhor coisa naquela sala. 

Ele foi feito a partir de milhares e milhares de minérios preciosos, armaduras e espadas, que em sua maioria eram feitas de ouro, bronze ou prata. E como tudo isso se tornou um trono? Com o fogo de Hadúr, o mais poderoso dragão que já existiu, que pertenceu ao Rei Adônis Tass I.  

O Trono Dourado é enorme, totalmente retorcido, tem uma longa escada no meio dos metais preciosos até chegar em uma parte onde é possível sentar e ver todos da corte. Quando o sol entra pelas enormes janelas e a luz atravessa suas pequenas partículas douradas, ele brilha de uma maneira quase divina. 

— Parem de ser crianças vocês três – Ela gritou com tanta impulsividade que acabou esquecendo com quem estava falando. No momento que os pés da ruiva tocaram o chão da Sala, ela olhou para cima e viu o príncipe, com a mão direita no queixo e o cotovelo apoiado no trono, seu olhar se enojava com seus irmãos correndo em círculos.  

Quando viram Hélius no trono, gelaram. Quer dizer, nem todos. 

 - O que você está fazendo aí?  Vou contar ao papai! - Balbuciou Selene 

— E o que você acha que ele vai fazer? Eu sou o herdeiro dele! – Hélius desafiou a caçula. 

— Quor também,  e mesmo assim ele não é um idiota – Valquíria falou pensando estar com o tom de voz baixo, só percebeu que disse em um tom consideravelmente audível quando viu Selene e Quor rindo abafadamente olhando para ela. 

— O que foi que você falou sua insolente?!  

— Eu? Nada, meu príncipe – Valquíria sorriu ironicamente e fez uma reverência. 

— Quando eu ganhar meu dragão,  a primeira coisa que eu vou fazer vai ser queimar essa sua cara! – Se exaltou levantando-se do trono por alguns segundos, apenas para mostrar superioridade. 

O coração de Valquíria gelou, ela conhecia Hélius, por mais que ele fosse assim bem instável, sabia que ele não era capaz de fazer isso, mas sempre que o príncipe herdeiro à ameaçava, se corpo ficava tremulo. 

— Você vai ter que passar por nós! – Selene deu a língua para o seu irmão mais velho. 

— É!  - Quor repetiu o ato. 

Valquíria deu um sorriso sincero, era muito bom quando Quor e Selene falavam coisas assim, a ajudava a lembrar que ela importava.  

— Vocês estão dizendo que entrariam em guerra comigo para proteger essa criada? – Se movimentou no trono e deu um sorriso, a medida em que fitava suas unhas. – Eu sempre imaginei como deve ter sido realmente “ A canção de fogo”, seria ótimo participar de uma. 

— Não fale besteira, você sabe que Valquíria não é uma “criada” qualquer, você não passa de um idiota! – Quor disse enraivecido.  

— Aé? Vamos ver então – Assim que Hélius se levantaria novamente, a rainha Penny entrou no salão.  

A mulher era linda, tinha longos cabelos ondulados castanhos, uma pele parda que combinava perfeitamente com o seu vestido dourado, com detalhes pratas, feito com os tecidos importados de Shurin,  e feito pela melhor costureira do Reino Aksum. Sua coroa era de ouro, com detalhes arredondados uniformemente. 

 - Por que vocês estão gritando tanto? Um dos soldados foi correndo me avisar de vocês... – Antes de terminar, seus olhos viram Hélius sentado no trono. O garoto  arregalou os olhos para sua mãe. – Hélius! Desça já daí! O que pensa que está fazendo? 

— Nada! – Gaguejou enquanto descia o mais rápido que conseguia. Bastou somente sua mãe chegar para que o garoto deixasse a arrogância de lado. – Eu só queria ver como era a vista ali de cima. 

— É mentira! Ele também ameaçou queimar a cara da Valquíria! – Selene disse, apontando seu dedo indicador para a garota a poucos metros da família. 

A Rainha juntou as sobrancelhas e olhou com um rosto desafiador para seu filho mais velho, e em seguida ela se voltou para Valquíria e perguntou: 

— Isso é verdade? 

Ela respirou fundo e olhou para Quor e em seguida  para Selene, Passou seus olhos por Hélius  que a encarava temeroso. Sua mente pensava em várias coisas, entre elas que não valia a pena dedurar Hélius, só iria piorar a situação dos dois. Então depois de longos minutos mergulhados no silêncio, sua voz soou: 

— Bem, ele disse, mas não foi sério... - Passeou seus olhos pelos  pequenos Tass e seus rostos mudaram da água para o vinho. - Estávamos só brincando. 

— É! – O príncipe primogênito se aproveitou do momento. 

— O que?  - Quor olhou para ela junto com Selene. 

— Agora vamos sair daqui, os convidados já estão no Jardim esperando e vocês aqui fazendo besteira! – Penny disse expulsando eles da Sala do Trono. 

Quor olhou para trás e fez um movimento com a cabeça, um sinal de desapontamento. Mas Valquíria não ligava, ela havia feito a coisa certa. Sua respiração foi funda e precisa, só depois disso começou a andar lentamente na direção do Jardim. 

— Valquíria – A voz da Rainha soou.  

— Sim? – Ela fez uma reverência. 

— Esse vestido lhe serviu muito bem! Estás graciosa! – Deu uma pausa, observando ainda mais o corpo da ruiva.  - Assim como sua mãe. 

 - Muito obrigada – A garota sorriu. – Eu fico muito feliz por você me permitir morar no castelo, mesmo depois dela ter... A senhora sabe. 

— Sua mãe veio para Aksum por minha causa... Eu só fiz o que achava certo. 

Após alguns minutos, uma mulher andou até a rainha, fez uma reverência e disse suavemente. 

— Minha rainha, os Parsons chegaram. 

— Obrigada, Melanie – Penny respondeu, em seguida começou a andar. – Vamos, a comemoração só está começando.  

Valquíria se surpreendeu quando chegou. A Festa estava ocorrendo em uma área do Jardim onde havia uma série de construções poéticas, o piso era uma mistura de marrom claro com um vinho. O jardim estava todo arrumado com cortinas e panos, havia uma espécie de tenda construída em meia lua, com o símbolo dos Tass estampado no chão:  Um feroz dragão de perfil com sua asa esquerda aberta. 

Na tal tenda de meia lua, havia uma enorme mesa com todos os tipos variados de comida, e sentado nela a família real. No meio estava o Rei Átila Tass II, olhando atentamente para as coisas ao seu redor enquanto saboreava sua taça de vinho. Valquíria só queria saber o que se passava na cabeça dele. 

Todas as pessoas importantes conhecidas pelos Tass estavam lá naquele dia, desde as famílias do Norte até os Tass que moram no continente do outro lado do Mar de Hart, Lamoras. 

Valquíria se sentou na cadeira no lado esquerdo da mesa, ao lado de Quor. Ela sempre se sentia intrusa quando ficava no meio dos Tass, mas o principal fato disso acontecer era porque algumas pessoas sempre ficavam comentando, e o próprio Rei não gostava muita da ideia de uma criada andando como se fosse da família, mas a Rainha Penny já tinha dito que aquilo ia mudar. 

Você podia tentar perguntar para ela, mas nem mesmo a garota sabia o porquê de ser inserida nesse meio. Desde que ela se lembrava, ganhava presentes, boas palavras e até mesmo o quarto dela ficava em uma parte do castelo inacessível para criadas do seu tipo. Quando perguntou para a Rainha o motivo, ela respondeu: Quando sua mãe morreu, ela me pediu para cuidar de você

A Mãe de Valquíria se chamava Peônia. Ela era amiga da Princesa Penny desde quando elas eram crianças, e mesmo quando elas cresceram, a amizade não terminou. Para que elas ficassem mais próximas, Penny a convidou para ser sua dama de companhia. Passados alguns meses, Penny teve de se casar com o Príncipe Átila Tass II, amando do Rei Cefiso Tass I, para criar uma aliança mais forte com os reinos de Karlee e Aksum. 

Peônia até então tinha um caso com um dos guardas da princesa: Abrom Grigori. Então, Penny estava temerosa de que a amiga não fosse com ela para Aksum. Com isso, convidou Abrom para guardá-la durante a viagem, mas ele morreu misteriosamente pouco tempo antes disso se concretizar. 

Pouco menos de duas semanas depois do casamento de Penny e Átila, a nova rainha descobriu estar grávida do príncipe Hélius. No terceiro mês de gestação dela, Peônia se viu grávida de Valquíria. As duas ficaram muito felizes, elas sempre foram tão amigas! E dois filhos crescendo juntos era o sonho das duas! O único problema seria a falta de um lado paterno para a criança. E o sonho das amigas  acabou não se realizando. No dia do Parto, Peônia perdeu muito sangue e acabou morrendo, mas antes, ela pediu para que Penny não deixasse que Valquíria fosse mais uma criança perdida no mundo, e foi o que ela cumpriu. 

Essa foi a história que a Rainha Peônia reforça sempre à Valquíria.   

— Pensando no que M'Lady?  

A voz masculina assustou a garota, e ela olhou para trás rapidamente.  

— Por Klor, quer me matar de susto? - Ela colocou a mão no peito. - O que está fazendo aqui, Jun?  

— Eu sou um escudeiro, é o meu trabalho. - Ele disse sorrindo. 

— Seu trabalho é assustar garotas? - Deu uma pausa. - Você não deveria estar com o seu Cavaleiro? 

 - Henry me deu uma folga hoje – Jun olhou para frente, como se estivesse procurando o seu "trabalho" em meio as pessoas conversando. - Ele disse "Por que você não aproveita o dia do nome do príncipe Hélius", e eu respondi "Porque eu não gosto dele e quero que ele morra". 

 - Você disse o que ?! - Valquíria se assustou. 

 - Nada, estou só brincando... Cadê o seu senso de humor?  

Os olhos dela puderam ver os Konorra, reis de Karlee chegando no local, a Rainha Penny foi a primeira a se levantar, abraçou seu irmão Fernis Konorra e logo depois sua cunhada Laurier Konorra Parsons, que estava junto com seu filho pequeno: Stunie Konorra.  

Uma das coisas que Valquíria achou estranho eram as características físicas da Rainha de Karlee. Seus cabelos tão loiros que podiam ser chamados de brancos, sua pele era branca, e os olhos acinzentados... Será que essas eram as características de sua família? Os Parsons? 

Ela soltou o ar e disse:  

— Ah... Desculpe, eu estou meio nervosa ainda...  

— Por que? - Jun juntou as sobrancelhas. 

— Nada – Cortou. 

—  É isso mesmo?  Valquíria está me negando segredos? 

— Não é isso Jun, é que não é uma algo  prazeroso de se falar... 

— Eu duvido, você sempre é bem dramática. 

 - Não me confunda com você mesmo – Ela olhou para ele e sorriu falsamente. Depois de alguns minutos sua voz confessou para o amigo – É que, quase agora, Hélius estava sentado no trono dourado.  

— Ele o que?! 

— Você quer saber ou não? – Valquíria olhou para os lados, como se estivesse esperando um espião aparecer a qualquer momento. Seus olhos castanhos fixaram em Quor, que deliciava com uma coxa de frango. – Ele teve uma atitude “louca” novamente e disse que seria muito bom ter uma nova canção de fogo, só para poder destronar seus irmãos...  

Jun ficou em silêncio. Não ficou tão surpreso, afinal, palavras estúpidas assim eram de se esperar de Hélius. 

 - E ameaçou queimar minha cara quando ganhar um dragão.  

— Ele ameaçou fazer o que?! – O escudeiro falou alto o suficiente para que Quor ouvisse, mas não propositalmente, claro.  

— Do que vocês estão falando? – O príncipe perguntou desconfiado. 

— Nada – Valquíria queimou Jun com seus olhos raivosos, ela se voltou para Quor e desconversou. – Quem são os Parsons? Eu nunca os conheci direito, até agora só conheço a Rainha de Karlee que era do Norte. 

— É sério que você não os conhece? – Jun perguntou.  

— Não falei com você – Ela respondeu, seus sentimentos em relação a ele ainda eram os da raiva.  

 - Há! – Quor riu do garoto que era apenas um ano mais velho que Valquíria. – Eles são a família real do Norte, são amigos de meus pais... da época em que eles eram jovens. 

— Falando em Jovem, quando é seu aniversário Valquíria? 

 - Um dia – Ela respondeu jun sem olhar em seu rosto. Não queria dirigir palavras ao garoto ainda. 

— Você tem 13 anos, já devia ter gravado o seu aniversário – Ele respondeu irônico.  

Antes que qualquer um dos três dissesse qualquer coisa,  um trompete soou, e logo depois uma voz masculina gritando: 

— Apresento a vocês, O rei do Norte:  Kloire Parsons, e sua família. A Rainha do Norte Elli Parsons Pachini, Os Príncipes Aeris e Verisis Parsons, As Princesas Clair e Praire Parons. 

Murmúrios começaram, Valquíria tentou enxergar eles no meio de tudo aquilo, ela olhou para o Rei Átila se levantar junto com a Rainha. Hélius estava fazendo a cara mais emburrada possível, algo extremamento normal, enquanto Selene parecia ter encontrada o rosto dos Parsons. 

 - Dizem que eles são descendentes diretos dos humanos de gelo - Jun se abaixou até  ficar entre as cabeças de Valquíria e Quor. 

 - Então eles são descentes de uma raça de contos  de fadas? – A ruiva perguntou.  

— Shh, não estrague o meu momento misterioso – Ele sussurrou. 

Depois de alguns segundos, ela conseguiu ver os Parsons caminhando na direção da mesa. Ela ficou boquiaberta, não era nada daquilo que esperava. Todo eles pareciam ser irmãos, pois eram tão semelhantes que chegava assustar. 

Ela primeiro focou no rei, na sua pele branca e no seu cabelo branco, seus olhos pareciam ser... cinzas? 

— Por que eles são assim? – Ela perguntou.  

— Bruxaria – Quor disse rindo.  

— Homens de gelo... – Jun disse rindo olhando para Quor, e os dois riram juntos. 

— Não falem besteira – Valquíria riu, se entregando a bobeira dos dois. 

A Rainha era a única que era um pouco diferente, seu cabelo tinha um ondulado loiro e seu rosto era dono de lindos olhos azuis. Provavelmente se devia ao fato dela não ser uma Parsons de sangue, e sim uma Pachini, a família real do Reino de Livada. Logo depois vieram os filhos, o mais velho parecia ter a mesma idade de Hélius,  pele branca, olhos cinzas, cabelo branco... Ele era lindo, Valquíria o encarou por tanto tempo que sobrou um momento para que Quor percebesse e zombasse.  

— O filho de vocês nasceria da sua cor ou da dele? 

Valquíria se assustou pelo fato de Quor ter  11 anos e estar falando essas coisas hediondas.  

— Estou tentando descobrir se os cabelos seriam brancos ou ruivos – Jun riu mais uma vez com Quor. 

— Ei, me respeitem! – Ela juntou as sobrancelhas, olhando séria para os dois, após alguns segundos se voltou para os estrangeiros. – Só estou vendo as características dessa família.  

— Não tem o que ver, são todos iguais, veja – O escudeiro se aproximou dela, e juntos, os três se focaram nos Parsons. – Aquela ali, deve ter a mesma idade que você, Quor, e nossa?! – Começou a falar em tom de ironia. – Branca,  cabelos brancos e olhos cinzas! Que novidade!  

A garota andava ao lado de um com as mesmas características que ela, ele parecia ser mais novo.  

— Ela é diferente – Quor se referia a uma mulher de cabelos castanhos entrado com uma criança bem jovem no colo.  

— Ela deve ser uma criada, a criança que deve ser uma Parsons, branca, olhos cinzas e pele branca... Uma característica nunca vista antes! 

Valquíria ignorou Jun e se focou nos Reis conversando, Quor e o escudeiro faziam o mesmo. Foi quando ele apontou para o lado direito da mesa, e em seguida apontou para o esquerdo, os reis olharam para a ponta da mesa, e acabaram vendo os três fuxicando. Isso os fez voltar a seu lugar rapidamente. 

— Vamos só fingir que isso não aconteceu – Quor disse nervoso.  

Depois de alguns minutos, eles viram três dos filhos do Rei passando na sua frente e se sentado ao lado deles.  O mais velho se sentou do lado de Valquíria, a menina ao lado do mais velho e o menino da mesma idade da irmã ao seu lado. 

Jun se afastou e ficou em pé logo atrás de Valquíria, ao mesmo tempo em que a mesma comia como se nada estivesse acontecendo, ela virou para o lado e viu Quor bebendo um suco de amora para disfarçar. Depois de alguns minutos naquele jogo, a moça ouviu a voz de um garoto. 

— Oi, meu nome é Aeris, vocês podem me informar o sabor desse suco na nossa mesa?  

Valquíria tossiu de susto, depois de se recompor ela olhou para ele e durante um tempo ficou notando os detalhes em seus olhos acinzentados, ela ficou tanto tempo assim que foi necessário Quor interferir, dizendo:  

— É de amora, já que meus pais não permitem nós bebermos vinho. 

— Eu já bebi uma vez, me senti engraçado.  

Valquíria olhou para Jun, que se arrependeu de ter falado qualquer coisa. A criança continuava chateada por ele ter dito alto o assunto sobre Hélius. 

— Ah – Ele sorriu. – Tudo bem. - Se desculpou pela palavra anterior. 

— Meu nome é Quor, essa é a Valquíria e é esse é o Jun. 

— Esses são meus irmãos Clair e Verirsis – O príncpe do Norte. 

— Eu nunca vi uma ruiva da sua cor – Verirsis disse inocentemente. 

Valquíria não se importou, e antes mesmo de pensar em falar alguma coisa, deu uma pequena risada, pois assim que o garoto disse isso seus dois irmãos o encararam. 

— Verirsis! Você não pode dizer isso! – Clair o repreendeu e virou para Valquíria. – Me desculpe por esse ser, ele caiu da cama quando era mais novo. 

  - Tudo bem  - Riu mais uma vez. – Eu também nunca vi ninguém igual a vocês... Entendo a curiosidade. 

 Eles conversaram tanto que nem ouviram o anúncio  da próxima família real. Para os outros não era um problema, eles conheciam os outros reis, apenas Valquíria que era uma intrusa no meio da nobreza e não conhecia ninguém. Um homem de barba e cabelos ondulados pretos andou até o rei, com uma linda garota de olhos verdes e cabelo preto ao seu lado, e do outro um menino com as mesmas características da garota. 

 - Quem é ela?  - Valquíria perguntou. 

— Não lembro o nome,  mas minha mãe disse ontem sobre uma princesa para se casar com Hélius, deve ser ela. 

— Coitada – Jun riu, e logo depois os príncipes e Valquíria também acompanharam a risada.  

Depois de um curto período de tempo, Clair disse: 

— E o garoto deve ser para casar com sua irmã, certo? - Ela se virou para Quor, e perguntava em relação a Selene. 

— Não,  eu que vou casar com ela – O príncipe disse, sua irmã estava do seu lado, mas era como se ela nem estivesse ali, já que estava preocupada demais com outras coisas. 

Valquíria viu Verirsis e Clair se assustarem um pouco. 

 - Falei algo de errado? – Quor perguntou.  

— Não, tudo bem – Aeris disse, ele se voltou para os irmãos e disse. – É um costume dos Tass se casarem com parentes, para manter a linhagem. 

— Isso é estranho – Verirsis disse, antes de Clair pisar com força em seu pé. – Ai! 

Valquíria olhava atentamente para os Pachini, família real de Livada. Eles eram tão diferentes, não igual aos Parsons, mas eram diferentes. A Pele branca, olhos azuis, cabelos loiros... Ali só estava presente a Rainha Fiona Pachini e seus filhos: Flora Pachini ,que devia ter a mesma idade de Quor, e Lontres Pachini que aparentava ter 8 ou 7 anos.  

Então, um grunhido feroz se ouviu no céu. Naquele momento, todos os sons se cessaram, os músicas largaram seus instrumentos, e juntos, todos olharam para o céu. Quem era daquele reino conhecia aquilo, já outros começavam a se movimentar assustados.  

— O que é isso? - Aeris perguntou, enquanto olhava o céu. 

 - É Akk... - Jun disse. 

 - É o... - Antes que Clair conseguisse terminar, Quor disse:  

— O Dragão de meu pai. 

A sombra de uma enorme asa cobriu o local da comemoração, e o silêncio ficou mais tenso. Valquíria olhou ao redor para ver as reações. O rei Átila estava sorrindo, era esse show que ele queria, a criança filha de Vriuno Parsons começava a chorar, e a serva tentava acalmar. As variações variavam, mas uma coisa pode se dizer desse momento: Fascinante.Akk era um dragão bem velho, tanto que ele originalmente pertecera ao Rei Cefiso Tass I, pai do Rei Átila Tass II, e quando Cefiso conseguiu doma-lo, Akk já podia ser considerado adulto. "Até quanto tempo um dragão vive" Valquíria pensou. 

Assim que o Dragão "desapareceu", o silêncio continuou por alguns minutos, até que a música começou novamente, e todos voltaram a conversar. Valquíria olhava para algumas frutas na sua frente. A cadeira do rei se moveu para trás, e ele levantou.  

— Olá! Um bem-vindo a todos que vieram! - Começou um discurso.  

— Onde está a família real de Caphiro? Eu sempre quis ve-los, ouvi muitas histórias sobre eles – Aeris perguntou. 

 - Bem, por mais que os Wrynn tenham sido convidados, eles sabem que não são muito queridos pelo restante do Continente... Então... - Jun respondeu ao príncipe. 

Valquíria parou de prestar atenção na conversa ao lado e se voltou para o Rei, que já estava terminando. 

 - Sem mais delongas, eu dou a você, meu filho Hélius Tass III, seu presente! - O príncipe primogênito se animou.  

— Não só para você, mas também para seus irmãos.  

— O que?! - Quando ele começou a falar, Valquíria já revirou os olhos. -Mas hoje é o meu dia! 

 - Não se exalte, meu filho – A Rainha Penny disse calmamente. 

Quor e Selene aparentemente se animaram bastante com a ideia de ganharem presentes, diferente de Hélius que resmungava sem parar. 

Cinco mulheres lindas, com roupas de cores foscas entraram ordenadamente. Todas elas usavam uma cor. Verde, Azul, Amarelo, Vermelho e Preto. Elas dançavam uma música melancólica, mas que depois começou a se tornar rápida. 

 - O que é isso? Que dança elas estão encenando? E que música é essa? - Verirsis fez várias perguntas rapidamente.  

Se os outros dois irmãos não estivessem curiosos, eles com certeza teriam silenciado o mesmo, como fizeram várias vezes naquele dia. 

Valquíria olhou para Quor, e esperou ele responder, mas o menino estava entretido demais naquilo tudo.  

— É a dança dos dragões... Ou como todo mundo chama: A Canção de Fogo – Disse.  

— É uma dança bonita – Verirsis disse.  

— Não é uma música ou dança qualquer... Não é? - Aeris perguntou. 

 - Acertou – Jun disse. - A Canção de Fogo foi uma guerra civil entre os Tass no antigo Reino Rom... Além de ter diminuído drasticamente o número de dragões, acabou destruindo o reino quase por completo. 

Antigo Reino Rom, as pessoas não chamam ele assim por ter desaparecido, mas sim porque foi de lá que os primeiros Tass vieram. De Rom, o Rei Adônis Tass I e suas esposas Alice Lehon Tass, Afrodite Tass chegaram no continente de Hangarus com seus dragões e conquistaram Aksum das mãos dos Kisandra, formando os 5 reinos conhecidos: Aksum, Caphiro,Karlee e Livada. O Norte faz parte, mas ele já era um reino muito antes dos Tass chegarem. 

Quando ele acabou de contar a história resumidamente, a menina que dançava vestido de vermelho fez um movimento artístico, representando a morte da Azul e da Amarelo, que deitaram no chão.  

— Isso... é Horrível... - Clair disse. - Me desculpem.  

— Tudo bem... Todos nós achamos... - Quor falou, depois de muito tempo. Valquíria desviou seu olhar para a Rainha Ártemis Tass e o Rei Orfeu Tass III, eles eram os atuais reis de Rom, pelo menos o que sobrou. Quor dizia que a Guerra civil danificou tanto o reino que ele nunca conseguiu se recuperar por completo.  

— Menos  Hélius - Jun disse, e mais uma vez Valquíria o fulminou com os olhos.  

— Como assim? - Aeris perguntou. 

— Aquela Rainha de Rom, Ártemis... Ela é sua tia, não é? – Clair perguntou para Selene, e a garota fez que sim com a cabeça. – O que aconteceu com os seus outros tios? Os irmãos do Rei Átila? 

— Mamãe diz que o meu tio, Príncipe Áquila estava indo em uma missão de exploração no Mar de Bré, mas algo aconteceu e ele não voltou, então meu outro tio Atlas foi atrás dele. 

— Faz quanto tempo? – A Princesa do Norte perguntou mais uma vez, mas quem respondeu dessa vez não foi Selene, e sim Quor. 

— Cerca de 13 anos. 

Salvos pelos aplausos.  

A Dança acabou, a menina de preto estava de pé com um punho erguido. Foi quando três mulheres com vestes pretas andaram lentamente até os príncipes: Hélius, Quor e Selene. Cada uma delas portava uma pequena caixa de madeira, elas colocaram cada uma na frente deles.  

— Vocês ouviram isso? - Clair perguntou.  

Valquíria se esforçou para ouvir, e depois de alguns segundos ela só conseguiu ver a caixa se mexer. 

 - Podem abrir! - O rei soou.  

A caixa tinha uma "porta" lateral, e por lá ela foi aberta.  

Será que esse era o som que Clair havia ouvido? Bem, isso não importa, o que importava era que um pequeno dragão saiu de cada caixa.  

Mais uma vez todos ficaram impressionados naquela comemoração. 

 - Um dragão! - Héliu sgritou. Não dava para ver os detalhes do dragão dele, por estar tão distante. 

— Finalmente! – Selene gritou de felicidade. O Dragão dela era lindo, tinhas escama amarronzadas com detalhes dourados, suas asas eram uma espécie de degrade que rasgavam num ouro depois que passava o marrom. 

Quor não falou nada, ele apenas contemplou o lindo espécime na sua frente. O dele era preto e tinha detalhes vermelhos, assim como sua asa que abria em uma cor ensanguentada pincelando aquele preto forte. 

Em meio a tanta alegria e confraternização, Valquíria só conseguia pensar “Agora Hélius tem um dragão, e eu espero profundamente que ele não me queime”.


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Notas finais do capítulo

Oi, iai, o que vocês acharam deste capítulo? Deixem um comentário me falando sobre!! É muito importante para nós que vocês deem sua opinião, além de nos deixar muuuito felizes ♥ ♥
Qualquer crítica ou duvida que vocês não se sintam a vontade de falar por aqui, me mandem uma mensagem privada que eu mando meu perfil do facebook para conversarmos!!

Vale lembrar que esse capítulo se passa quase 4 anos antes do tempo atual da fic. Acho que é só isso, até o próximo bjsss ♥