Nemuru - Desperta-me escrita por Candle Light


Capítulo 6
Friends 友達


Notas iniciais do capítulo

Mai um capítulo pessoal. Não temos muitas pessoas lendo até aqui...vou continuar postando mesmo assim porque sou teimosa heheh



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Não podia parar de pensar que Nicole tinha algo a ver com isso. Por quê ele me chamaria totalmente do nada?

       Suspirei.

       “Por que não?”, respondi, embora algo ainda me incomodasse nessa história. Mas ele era meu amigo, ia ficar tudo bem e eu ia me divertir. Combinamos de andar de bicicleta na praia no fim de semana. Parecia um programa inocente.

         Deixei de lado esse assunto e voltei-me ao trabalho. Ainda seria uma longa noite para terminar isso pro dia seguinte.

***

      Eu consegui entregar o bendito trabalho. Fui dormir às horríveis duas da manhã para acordar as 7. Eu me odeio por ter esquecido dessa tarefa. Agora o sono me deixaria desatenta e mal humorada o dia todo.

Pensei em pegar o intervalo do almoço até a próxima aula pra dormir, mas quando sentei no meu costumeiro lugar no Jardim, não consegui. Era demasiadamente desconfortável e eu não conhecia lugares melhores pra ficar. De forma como mais uma vez abri meu bloco de desenho e comecei a rabiscar qualquer coisa de cabeça mesmo.

Aquele violino soava de novo, desta vez uma música que parecia descrever um belo dia de sol, com árvores sacudindo na brisa. Armei-me de meu lápis e comecei a desenhar o que aquela música descrevia. Um céu claro com poucas nuvens, luminosidade média, um parque com árvores e um laguinho. A música entrou num crescendo e desenhei um bando de pássaros no céu. Depois a música desceu e terminou num suspiro de calmaria. Suspirei também. Queria saber quem tocava esse violino que sempre me acompanhava e sempre escondido da minha visão.

Aproveitei pra descer do meu lugar, ir comprar uma bala e tentar vislumbrar quem era o elusivo violinista que embalava tantos dos meus desenhos ali. Olhei tudo em volta, rodando como uma barata tonta, mas a pessoa parecia desaparecer sempre. Ou eu era muito cega mesmo.

E ali no trailer, comprando café, estava aquela pessoa com roupa descolada e estilo roqueira: Marina. Ela virou-se e me viu, dando um sorriso. Ela tinha um sorriso bonito, notei.

—Nemuru, oi! Semanas sem saber quem era você e agora parece que nos esbarramos sempre.

—Pois é - sorri-lhe de volta. Notei uma caixa de instrumento em seu ombro. Eu sempre imaginava-a tocando guitarra, mas aquela caixa parecia pequena para isso.

—Você toca? -perguntei

—Ah sim. Eu faço música aqui. Acho que nem falei naquele dia.

—O que é? Guitarra?

Ela riu, sentando numa das mesas de plastico que ficam ali na frente do trailer.

—Todo mundo acha isso, mas não. Na verdade eu toco guitarra sim, mas meu instrumento principal - ela disse dando tapinhas na caixa - é o violino.

Que? No way, pensei. Será que era ela?

—’Peraí - eu disse - Era você tocando agora a pouco?

—Era, por que?

Fiquei uns momentos sem palavras. Eu passei semanas querendo saber quem era o violinista e quem era a garota que me salvou, e agora, por uma coincidência, os dois são a mesma pessoa.

—Eu sempre quis saber quem era! - eu disse animada - Eu desenho com inspiração na música, e esse tempo todo eu vim desenhando ouvindo você tocar! Que louco.

—Jura?! - Ela abriu um grande sorriso - Eu posso ver o que você desenha?

“Ai”, pensei. Não gostava muito de mostrar meus desenhos para as pessoas. Eles tinham muitos sentimentos pessoais e eu ficava nervosa porque não me achava boa o suficiente.O que eu fazia não tinha nada demais mesmo. Mas acho que não teria problema, afinal, as músicas que ela tocava tinham sido minhas inspirações, de forma que sentei na cadeira ao seu lado e coloquei o bloco sobre a mesa.

Por alguma razão me senti inquieta com aquela proximidade. Olhei-a um pouco nervosa enquanto ela abria a capa do bloco para revelar o que tinha dentro.

—Uau! - ela fez com a primeira imagem. Era uma visão geral do jardim do meu lugar costumeiro. Seguiam-se um pássaro, uma visão baixa dos pés de duas pessoas caminhando no caminhozinho de pedra ali na frente do murinho, pessoas passando e comprando a comida do murinho, uma menina solitária sentada de costas e as três meninas conversando, uma delas com o cabelo azul.

—Ei, essa é a Karina! Uau, você desenhou ela perfeitamente!

—Ela é do seu curso?

Marina fez que sim.

—Ela toca clarineta. Eu gosto dela, é uma pessoa legal. Está quase tão bonita quanto a original. - ela riu, olhando pra mim. Eu sorri levemente. Ela parecia realmente estar gostando daqueles rabiscos aleatórios. Em alguns apontava parecendo fascinada e demorava-se alguns minutos observando. Chegando no ultimo desenho, aquele que eu tinha acabado de produzir, Marina olhou parecendo encantada.

— Este eu fiz agora inspirada na música que você tocava. - expliquei ela se demorou uns segundos antes de responder.

— Nossa! Tem tudo a ver! - ela disse com um grande sorriso. - É perfeito! Pra mim a música se ambienta num lugar como esse também!

Após mais alguns momentos olhando o desenho ela devolveu o bloco para minhas mãos e disse:

—Parabéns, Nemuru. Você é uma desenhista de talento! Parece que você está no curso certo.

Endureci. Lembrar de que sim, estou no curso que eu queria e pensava ser o certo, mas não sabia se estava certo mesmo, e mentir para meus pais dizendo que fazia engenharia me deixava ansiosa.

—Que foi? - Marina perguntou. Ela percebeu que enrijeci.

—Nada. - disse, para tranquilizá-la, mas ela não pareceu acreditar. Entretanto não insistiu no assunto. Olhei a hora, estava atrasada para a aula!

—Eita, eu ‘tô atrasada! Vou lá Marina. - me despedi

—Te vejo depois. - ela disse num sorriso, ao qual respondi igualmente.

Andei de volta ao prédio sorrindo ligeiramente. Ela tinha elogiado meus desenhos! Isso dava um sentimento bom. Marina era uma pessoa legal, e algo dentro de mim esperava que nos tornássemos amigas.


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