Nemuru - Desperta-me escrita por Candle Light


Capítulo 5
Flower 花


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora para postar este capítulo, eu estava revisando e ajeitando os anteriores para que contivesse mais conteúdo que desenvolvesse a história e seus personagens e relações.
Espero que gostem ^^

Não esqueça de deixar um comentário, e se você lê a história não esqueça de adicionar os seus acompanhamentos :)



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E foi assim que ao que parece, fiz um amigo. Daniel era uma pessoa legal, e eu surpreendentemente gostava de conversar com ele. Era estranho que ele fosse de uma faculdade completamente diferente e não tivesse nada a ver com meu amigos da escola, mas acabamos por combinar de sair. Ah, Nicole trocou de crush de novo. O Miguel, amigo do Daniel era fofo demais, segundo ela. Eu, Nicolas e Pedro sabíamos que isso não era defeito, mas o que ela queria mesmo era um “pente-rala”.

    –Ah, não acredito! - exclamou Pedro ao receber mais um +4 no Uno de Daniel - De onde você está tirando todos esses +4?

    –Eu tenho sorte com essas coisas. - ele deu de ombros, sorrindo divertido para o outro.

    –Nem só isso porque o Pedro também é muito azarento em jogo. - completou Nicole - Quando foi a última vez que você ganhou no Uno mesmo?

    Ele olhou para ela emburrado por detrás de seus óculos, mas acabamos todos rindo.

    –Vocês ficam aí falando, mas enquanto isso… - Nicolas depositou calmamente uma carta no bolo - Uno!

    –Seu embuste! Manda +4 pra ele, Nemu! - exclamou Nicole, desacreditada.

    Uno é sempre um jogo que potencialmente acaba amizades, mas no nosso caso era normal nos xingarmos justamente porque nos amávamos. O resultado é que isso rendia muitas risadas e nos divertíamos muito. Mas como não éramos nem um pouco ortodoxos, fazíamos aquilo numa mesa de lanchonete.

    –Galera, infelizmente vou precisar ir porque preciso estudar. - disse Daniel, logo depois do fim da partida.

    –Tudo bem, a gente vai ficar porque somos inúteis. - eu disse, brincalhona. Ele riu e despediu-se de todos e de mim dando-me um beijo no topo da cabeça. Quando ele sumiu de vista, Nicole lançou logo:

—E aí, quando você vai pegar o Daniel? 

—Quê? - eu disse, rejeitando a ideia internamente

—Ah, faça-me o favor. Todo mundo sabe que vocês vão se pegar.

—Todo mundo menos eu .- repliquei.

—Nemu, ele é um cara maneiro.

—Ele é só meu amigo.

Aff, alguem fala pra ela que eles deveriam se pegar logo? - ela disse em busca de apoio de Nicolas ou Pedro.

—Vocês tem que se pegar logo. - Nicolas disse, voltando sua atenção  ao hambúrguer que chegava.

—Eu me abstenho. - Pedro disse, pegando o seu próprio e já abocanhando uma grande mordida.

Ok, nós sempre nos falávamos, saímos umas poucas vezes, todo mundo, e era divertido. Mas eu não sabia se eu queria pegar ele. Seria estranho? Por outro lado, eu tinha decidido me abrir e florir não é? Talvez ele fosse a minha borboleta. Entretanto, procurei mudar de assunto pra Nicole largar do meu pé. Esse tipo de coisa quem tem que decidir sou eu, certo?

Eu nunca tinha saído com ele sozinha ainda. Isso me dava nervoso agora que eu pensava pelo lado da Nicole. Argh, o que ela tinha feito comigo?

****

A aula da tarde terminara um pouco mais cedo, às três horas e pouco, de modo que fui aproveitar o sol do outono sentando no Jardim. Além do mais, ainda não tinha vontade de ir para casa. Me sentia com preguiça naquela hora monótona e de tempo morno.

Meu celular vibrou. Mais uma mensagem do Daniel.

“Eu me arrependo da engenharia depois de toda prova de cálculo. Sou péssimo nisso hahahaha”

“Por isso que escolhi Artes e passei bem longe desse demônio” - respondo, descendo do meu lugar cativo no Jardim para procurar algum doce bem doce mesmo e me afogar nele. E então, para me punir por andar sem olhar para frente, “pof”, eu esbarrei em alguém e meu celular caiu no chão. Great.

—Desculpa - eu disse já catando o meu celular do chão. Com alívio constatei que não tinha quebrado a tela.

—Ei, eu conheço você - a pessoa disse. Eu reconheci aquela voz... Aquela voz mezzo. Olhei para cima e flashes da festa voltaram na minha cabeça. A garota à minha frente era um pouco mais alta que eu, uns 5 centímetros, talvez um pouco mais. Os cabelos escuros e ondulados caiam um pouco abaixo dos ombros, e tinha três tranças apertadas na lateral da cabeça, dando a impressão de que aquele lado era raspado. Na orelha daquele lado, o esquerdo, tinha muitos piercings, argolas de cima abaixo. Seus olhos eram amarelos. Amarelos mesmo, amarelos como folhas secas, amarelos como a cor ocre da minha aquarela, e eram ainda mais destacados por uma linha elegante de delineador. As roupas tinham o estilo de que eu lembrava da festa: short de barras rasgadas, blusa preta com cortes dos lados com… que estampa era essa? Parecia algum deus hindu. Uma blusa de flanela cinza estava amarrada na cintura e nos pés um all star vermelho.

—É você sim! - tirou as palavras da minha boca, pensei - A japonesinha bêbada que eu salvei do macho ‘topster! Como você tá, garota?

—Ahn…- não achava que um dia eu ia encontrá-la de novo. E que ela seria… assim. Tão… bonita! Organizei meus pensamentos pra falar direito - Eu ‘tô bem, obrigada. Nunca tive a oportunidade de te agradecer por aquilo.

—De boas. Nós mulheres temos que cuidar uma da outra ‘né? - ela me deu um tapinha amigável no ombro. - Incrível como nunca nos encontramos por aqui. Que curso você faz? Ah, espera, deixa eu adivinhar.

Fiquei parada sem saber muito o que fazer enquanto ela me olhou de cima a baixo, inquisitiva.

—Belas artes ‘né?

Não é que acertou?

—Como adivinhou?

Ela riu, como se fosse óbvio

—Suas mãos sujas de grafite e tinta, mas acho que o que entrega mesmo é esse seu bloco que claramente é de desenho.

Eu ri também, olhando minha mãos manchadas de grafite. Sempre ficavam assim, por mais que eu tentasse evitar. Acho que essa é a marca de uma desenhista.

—Meu nome é Marina - ela estendeu a mão, com vários anéis nos dedos. Eu a peguei.

—Nemuru

—Japonesa mesmo! Olha, quem diria.

Dei uma risada meio nervosa

—Não, meu pai que é japonês de raíz. Ele que escolheu meu nome.

—Entendi. Eu gosto. Bem, vou nessa Nemuru, tenho aula agora. A gente se vê por aí!

Ela acenou e virou para seguir o caminho para o prédio de artes, ajeitando sua mochila de couro que pendia de um de seus ombros. Não cheguei a perguntar o curso dela, nem mais nada. Me perguntei se nos veríamos de novo por aí. Ela parecia uma pessoa legal.

***

Quando fui ver minhas redes sociais de noite, ela havia me adicionado. Dei um pequeno sorriso.

—Nemu! - minha mãe chamou da sala. - Seu pai ta no telefone.

— Já vou!

Peguei o aparelho das mãos dela

—Oi filha, tudo bom? Como vão as coisas?

—É…está tudo bem.

— E na faculdade? Já tem amigos?

Demorei uns segundos para responder.

—Ainda não, mas eu não estou focada nisso.

—Hmm…- ele pareceu pensar na minha resposta. Era sempre melhor quando eu colocava argumentos lógicos para explicar qualquer coisa -Está certo, seu foco é aprender. Logo eu falarei com os representantes da empresa aí no Rio e você poderá estagiar lá. Bem, vou te deixar fazer seus trabalhos. Até amanhã filha.

— Até, pai.

Desliguei. O mais engraçado é que eu tinha trabalhos para fazer, mas nada relacionados ao que ele achava que eu estava fazendo. Às vezes culpava-me por mentir. Mas já não tinha nada que eu pudesse fazer.

—Tudo bem, Nemu? - minha mãe olhou para mim por cima de seus prontuários ou artigo ou o que quer que fosse aquilo que estava estudando.

—Tudo sim.

Ela sorriu, parecendo aceitar

— Vai dar plantão hoje? - perguntei.

— Não, hoje não. Tenho que descansar um pouco.

Assenti e voltei pro quarto. Tinha uma pesquisa de história da arte que eu tinha que fazer e, quem sabe, pintar um pouco.

Meu celular tocou um som de mensagem. Era o Daniel.

Ele me chamava pra sair.

 


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