Quando voltarmos para casa escrita por DarkAurora


Capítulo 5
A decisão de Annie


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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Syndra

Quando Syndra chegou, Zed estava sentado, trocando seu curativo sozinho. A ferida estava bem menor e o processo de cicatrização estava quase completo. Ela jogou um envelope azul em cima da mesa da cozinha e ele olhou o papel com curiosidade.

— É um convite. Todos os anos, no começo de dezembro, o hospital faz um baile. – Ele não perguntou, mas Syndra sabia que ele estava curioso.

— É uma festa de Natal?

— Mais ou menos. É de fim de ano, então acho que Natal está incluso.

— E você vai?

— Por que eu deveria?

— Porque você gosta dessas coisas. – Zed olhou para ela, como se fosse óbvio.

— Jake vai. E ele convidou uma médica para ir com ele. – Syndra disse, após hesitar alguns segundos.

— Você liga para esse babaca?

— Não, mas eu gostaria de evitá-lo.

— Você sabe que fazer isso não vai te fazer superá-lo, certo? Talvez, se você fosse e o visse com outra mulher, ia conseguir superar a situação mais rápido. Além disso, você ama essas coisas de fim de ano. Não pode deixar de ir por causa dele.

Syndra pensou por um tempo. Ela realmente gostava das festas de fim de ano que o hospital fazia. Não deveria se importar caso Jake estivesse lá.

— Você vai comigo.

— O quê?! – Zed engasgou. – Não. Não gosto de festas.

— Por favor! Eu tenho dois convites! – Ela ajoelhou-se ao lado da cadeira onde Zed estava e segurou uma das mãos do ninja.

— Nem pensar.

Syndra fez a típica cara de “cachorrinho triste” para complementar seu drama, enquanto Zed tentava não olhar para ela.

— Tudo bem. Mas eu vou embora cedo! – ele revirou os olhos, enquanto cedia ao drama da mulher.

— Obrigada! – Ela gritou, enquanto levantava-se e abraçava o ninja.

Ele estranhou a reação dela, mas a abraçou de volta. Syndra era realmente imprevisível.

 

 

LeBlanc

A Catedral de Maputo era realmente impressionante. LeBlanc adentrou o local confiante: ela sabia onde precisava ir. Encontrou Elise lá dentro, sentada em um dos bancos de madeira.

— Seja bem-vinda! – Elise sorriu, quando percebeu a presença da mulher.

— Então? – Com frieza, LeBlanc perguntava sobre o sino.

— Minhas aranhas fizeram um bom trabalho. Siga-me.

Elise guiou LeBlanc por um corredor até chegarem na última porta. Olhou para os lados, certificando-se que ninguém estava por perto, e abriu a porta.

A sala era toda branca: desde o piso de porcelanato até as paredes. Ali haviam estátuas religiosas, pequenos templos, estantes com livros, quadros e até um piano. No canto da sala, havia uma mesa de escritório. Na cadeira atrás da mesa, estava um homem, com algumas aranhas percorrendo seu corpo. Quem o visse, pensaria que ele estava morto.

— Você o matou? – LeBlanc questionou.

— Não. Meus bebês aplicaram um veneno diferente. Ele acordará em poucas horas. Como você queria, não chamei atenção.  

LeBlanc sorriu de satisfação, enquanto Elise arrastava uma estante de lugar. Atrás da estante, na parede, havia uma porta de aço. Era necessário digitar uma senha num pequeno painel ao lado para poder abri-la

Quando Elise abriu-a sem nenhuma dificuldade, as duas desceram pelas escadas de pedra. O lugar era escuro e úmido, algumas aranhas guiavam o caminho enquanto Elise iluminava os degraus com uma lanterna.

No final das escadas, havia uma sala. Também de pedra, porém ali ficavam guardados os tesouros mais preciosos da catedral. Desde relíquias até objetos de ouro.

Elise dirigiu-se a uma das estantes e foi direta ao pegar uma caixa de madeira. Abriu o objeto sem dificuldades e entregou-o para LeBlanc.

A mulher sorriu enquanto segurava o segundo sino nas mãos.

— Por que humanos guardariam algo assim? – Questionou.

— É de ouro e brilha. Devem pensar que é algo sagrado. – Elise riu.

— Certo. Agora vamos, já terminamos por aqui.

Então as duas deixaram a catedral, como se nada tivesse acontecido. LeBlanc estava radiante. Só faltava um sino.

          

 

  Diana

Ela achou que seria mais difícil encontrar o trio de yordles. Se Teemo não estivesse trabalhando no cinema, com certeza levaria bastante tempo para encontrá-los. Também descobriu que eles estavam morando com Annie. Isto era ótimo, quanto mais pessoas para ajudá-la, melhor.

Parou, do outro lado da rua, em frente ao mezanino. Pequenos flocos de neve caiam; a noite estava fria. Pela janela da casinha, pôde ver os quatro montando uma pequena árvore de natal. Eles pareciam estar se divertindo e Diana perguntou-se se eles iriam querer voltar para a Runeterra. De qualquer forma, ela acreditava que Gnar estava com o sino. Portanto, precisava conversar com eles.

Pensou em esperar, talvez até mesmo voltar no dia seguinte. Porém cada segundo que se passava era tempo a mais para que LeBlanc descobrisse sobre “a criança neutra”. Não, Diana não podia esperar.

Atravessou a rua, subiu os três degraus de escada e deu três batidas leves na porta. Ouviu as risadas cessarem, seguido por um “eu atendo” dito por Annie.

Quando a garota abriu a porta, surpreendeu-se ao ver Diana. Não a reconheceu, claro, mas algo a dizia que a mulher de olhos cor cinza parada na porta também era da Runeterra.

— Boa noite, posso ajudar? – A garota perguntou.

— Annie? – Diana perguntou, tendo quase certeza de que se tratava da garota. – Desculpe, você provavelmente não se lembra de mim. Sou Diana, faz tempo desde a última vez que ouvi sobre você. Para ser mais específica, eu vim da Runeterra também. E nós precisamos conversar. Na verdade, preciso conversar com todos vocês.

Annie ficou assustada. Pensou que a mulher poderia muito bem ser uma investigadora ou algo tipo, pois todos os que saíram do portal ainda eram procurados. Porém lembrou-se do que sabia sobre Diana, a adoradora da Lua. Ela não tinha mais a tatuagem prata na testa, porém seus olhos continuavam cinza, exatamente da cor da lua cheia que pairava no céu.

A garota olhou para os lados, procurando qualquer sinal de que aquilo fosse uma armadilha. Antes que pudesse questionar a mulher, foi interrompida:

— Por favor, eu sei que é difícil confiar em uma pessoa que você não conhece. Mas eu preciso de uma chance. Não posso perder mais tempo, é importante.

— Claro, entre. – Pensando na possibilidade de se arrepender, Annie deixou a mulher entrar.

Chegando na sala, o sorriso sumiu dos rostos do trio de yordles. Até Tristana estava se divertindo antes da chegada de Diana. Acontece que eles não eram tão sociáveis.

— Esta é a Diana – Annie explicou, quebrando o tenso silencio que tomava conta da sala. – Ela disse que precisa falar conosco. Por favor, sente-se e fique à vontade. Não repare a bagunça.

Todos ocuparam os lugares dos dois sofás da pequena sala. Os yordles saíram do chão e sentaram-se no sofá maior, deixando Annie e Diana no sofá duplo.

— Bem... – Diana não sabia por onde começar. – É uma longa história. Vocês sabem o que são os Nexus, certo?

Os três fizeram que sim, menos Gnar, que estava brincando com um enfeite de Natal, e Diana continuou:

— O motivo para termos deixado a Runeterra é que os Nexus principais, situados em Demacia e Noxus, não estavam suportando toda a aura negativa vinda da guerra e estavam se autodestruindo. Com a destruição deles, nossa dimensão iria ser destruída também. Então Bardo criou o portal. Mas não foi só isso. Por muito tempo eu pensei que aqueles que ficaram para trás foram dizimados junto com os Nexus, porém não foi só o Bardo que nos ajudou: Zilean lançou um feitiço, congelando o tempo lá, deixando de fora os Nexus. Com o tempo em volta parado, não havia mais áurea negativa, portanto a autodestruição foi contida. Os cinco anos que passamos aqui foram tempo suficiente para que os dois Nexus se estabilizassem. A força vital da Runeterra voltou ao equilíbrio.

    Os três jovens a encaravam tentando entender a que ponto a mulher queria chegar.

— Então nossa casa não foi destruída! – Tristana empolgou-se.

— Como você descobriu isso? – Annie e Teemo perguntaram ao mesmo tempo, tinham certa desconfiança.

— Eu estava trabalhando como guia turística na época. Não faz tanto tempo assim. Levei um grupo de turistas até o monumento Stonehenge e não demorei para reconhecer LeBlanc, Draven e Darius no meio deles. Eles não me notaram no começo. Nunca tive contato com eles na Runeterra, mas eram populares e não há um habitante de lá que não reconheça LeBlanc. Então eles se afastaram do grupo e, se fossem outras pessoas, eu não perceberia. Mas quando se trata de LeBlanc, é bom sempre tomar cuidado. No fim do passeio, saí para procurá-los. Encontrei uma caverna gigante, sua entrada é afastada do monumento Stonehenge, porém o centro da caverna fica exatamente embaixo dele. Vejam.

Diana estendeu o celular com algumas fotos da caverna para os três, que não demoraram a reconhecer características da Runeterra presentes no local.

— Esta estátua, é o Bardo? – Annie foi a primeira a perguntar.

— Sim. – Diana respondeu. – Quando eu entrei, encontrei LeBlanc e sua turminha revirando o local. Eu não sei como eles encontraram a caverna, porém fiz algumas pesquisas e algumas teorias dizem que ele é utilizado como portal. E, se há uma caverna embaixo dele, este deve ser o propósito dela.

— E o que isso significa? – Os três jovens se empolgaram tanto que fizeram a mesma pergunta de uma vez.

— Que há uma forma de voltar para casa.

Annie, Teemo e Tristana não conseguiram disfarçar a surpresa.

— Então vamos voltar! – Tristana empolgou-se, não iria perder a oportunidade de voltar.

Teemo olhou para ela e depois para Annie, que não parecia tão feliz assim.

A verdade é que Annie não sabia se queria voltar. Ela nem pensava na possibilidade.

Quando a guerra começou, a garota tinha apenas 8 anos. Três anos traumáticos foram o suficiente para que Annie mudasse completamente.

A guerra principal era de Noxus contra Demácia. Os reinos menores escolheram seus lados. Annie acabou ficando no meio. Morava sozinha e não escolheu um lado para lutar, portanto qualquer tropa de soldados que passava por sua casa, tentava eliminá-la. Ela tinha grande poder, representava uma ameaça. Todos esqueciam-se de que ela era apenas uma criança.

Quando Bardo abriu o portal, ele mesmo ajudou a garota a sair, por pena. Ela tinha quase doze anos, e também sofreu para se virar nesta dimensão. Agora, quando sua vida estava estabilizada, aparecia uma possibilidade para voltar.

Teemo entendeu o que ela estava pensando e sentindo. E quis fazer algo por ela. Sabia que, de todos ali, com certeza ela era a pessoa que mais havia sofrido.

— Eu voltei lá algumas vezes – Diana interrompeu os pensamentos dos três. – E pude estudar o local, entender as escritas talhadas nas paredes. Realmente há uma forma de voltar. Bardo espalhou três sinos aqui nesta dimensão; se colocarmos os sinos no círculo, no centro da caverna, o portal se abrirá novamente e o tempo na Runeterra será descongelado. O problema é que o portal ficará aberto por pouco tempo.

— Mas por que ele espalhou os sinos assim? – Teemo perguntou.

— Eu sinceramente não sei. Acho que assim daria chance para que todos soubessem sobre a caverna. Eu só estou tendo este tempo para falar com vocês porque LeBlanc ainda está atrás deles, caso contrário ela já teria voltado. Enfim, quase fui capturada antes que eu pudesse observar mais detalhes da caverna. Eu segui LeBlanc até Machu Picchu, no Peru, e tentei pegar o primeiro sino, porém não consegui. A única coisa “boa” foi que descobri o plano dela: pretende voltar com um grupo apenas, e deixar o resto para trás. O portal só pode ser aberto uma vez, e eu acho que LeBlanc não tem o direito de escolher quem irá voltar. Todos queremos.

— Quantos sinos ela já pegou? – Annie finalmente manifestou-se.

— Acredito que ela já deve ter conseguido dois.

Os três jovens arregalaram os olhos de espanto, pois entenderam a gravidade da situação.

— Onde está o terceiro? O que você pretende fazer? – Tristana sentiu uma pontada de desespero, ela queria muito voltar para a Runeterra.

Diana pensou antes de responder. Preferiu não comentar sobre Gnar, pelo menos não ainda. Ela não sabia ao certo se ele era a criança, mas observou Annie e não pôde ter certeza se poderia confiar na garota para tal responsabilidade. Ela parecia ser a mais madura dali e com certeza decidiria se eles entregariam o sino de Gnar ou não. Portanto, Diana teve medo. Mesmo parecendo madura, talvez Annie não tomasse a decisão certa.

— Eu ainda não sei onde o terceiro sino está. Pretendo reunir o máximo de pessoas possíveis por dois motivos: primeiro, todos merecem ter a chance de voltar e, segundo, nós com certeza não vamos conseguir mudar o pensamento de LeBlanc sem uma luta. A questão é que não temos muito tempo. Encontrei a localização de algumas pessoas que poderão nos ajudar também, mas vocês são os primeiros com quem vim conversar. Eu preciso muito da ajuda de vocês.

Ao ver o olhar pensativo de Annie, Diana arrependeu-se na hora de não ter contado sobre o terceiro sino. Se a garota não quisesse voltar, Diana nunca conseguiria arrancar um sino de Gnar, seja lá onde ele estivesse guardando.

Tristana olhava aflita para Annie e Teemo. Nada faria a yordle mudar de ideia e ela tentou imaginar como poderiam os outros dois rejeitarem essa possibilidade de voltar para casa.

— Amanhã cedo começarei a procurar pelo resto das pessoas que poderão ajudar. Por favor, pensem bem. Voltarei para busca-los por volta das 7, caso aceitem.

Eles não responderam. Annie tinha o olhar fixo em Gnar, que brincava com uma bolinha de Natal.

Quando Diana foi embora, Tristana discutiu com os dois mais velhos. Ela queria voltar e não conseguia entender a hesitação dos dois. Foi dormir mais cedo, afirmando que voltaria com Diana, mesmo sozinha.

— Nós vamos para casa? – Gnar perguntou para Annie, que estava sentada na cozinha.

Ao ver os olhinhos esperançosos da criança, ela sentiu pena.

— Você quer voltar, Gnar?

— Eu quero, tia. – Ele respondeu, chamando-a por “tia”, como sempre fazia.

Annie apenas sorriu. Ele poderia voltar com Tristana, claro. Talvez Teemo fosse também. Mas ela ficaria sem eles, com certeza sentiria falta. Provavelmente se arrependeria se não voltasse. Não sabia o que fazer.

— Está tudo bem? – Já passava da meia noite quando Teemo encontrou Annie sentada no chão da sala, olhando para um ponto fixo na parede.

— Estou só pensando. – Ela respondeu, tentando fazer parecer que estava tudo ótimo.

Após alguns segundos de silêncio, ele sentou-se, um pouco afastado dela.

— Você não é obrigada a voltar, sabe disso.

— Eu sei, só que... vocês vão, já arrumaram até as malas. E eu tenho certeza que vou me arrepender depois. – Ela suspirou.

— Posso ficar, se você não quiser ficar sozinha aqui.

Annie olhou para ele, não podia acreditar naquilo.

— Não, não pode. Você quer voltar. Não preciso que faça isso por mim.

— Dane-se a Runeterra. Aposto que a guerra irá começar de novo. Você é mais importante.

— Eu sou mais importante do que a sua casa e o seu povo?

— Eu gostava da Runeterra quando era pacífica. Deixei de me importar com os habitantes de lá a partir do momento que eles começaram a destruí-la. Nunca entendi o motivo da guerra.           

— Para falar a verdade, eu também não.

Então os dois continuaram ali, pensando no que fariam. No fundo, Annie sentia que se arrependeria escolhendo qualquer uma das duas opções.


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Notas finais do capítulo

Caso vocês não entendam, podem deixar as dúvidas nos comentários. Obrigada por estarem acompanhando a história ♥



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