Quando voltarmos para casa escrita por DarkAurora


Capítulo 4
Uma criança neutra


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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Zed

Fazia 8 dias desde que Zed havia entrado no apartamento de Syndra. Eles estavam morando juntos e o ninja estava quase 100%. Mesmo com o curativo, ele ainda saía a noite para “trabalhar”. Pelo menos, era o que ele dizia.

De dia, ele ajudava com a casa. Era engraçado para Syndra ver o ninja segurando um rodo ou até mesmo lavando as louças.

A rotina da mulher era corrida: trabalhava o dia todo no hospital e, à noite, estava no último ano de seu curso de enfermagem. As vezes surgiam alguns plantões inesperados, mas ela gostava do que fazia. Portanto, os dois quase não se falavam muito.

Naqueles últimos dias, ela andava mais irritada e sensível do que o normal. Especialmente porque Jake era um dos principais médicos do hospital e ela era a enfermeira que o ajudava. A tensão entre os dois não deixava o trabalho muito agradável.

 

Quando o término do relacionamento aconteceu, Syndra teve permissão para ir embora mais cedo do trabalho. Ocorreu de forma fria, Jake a expôs no meio do corredor do hospital.

— Nós só demos um tempo e você teve coragem de levar outro homem para o seu apartamento. O que pensa que eu sou? Acha que eu mereço isto?

Ela foi pensando nestas palavras durante todo o caminho até o apartamento, pisando com força na neve. Todos os médicos, enfermeiros e pacientes que estavam em volta a olharam surpresos. Ela com certeza seria a errada da história.

Quando chegou, sentou-se no chão e começou a chorar. Zed apareceu na divisa da sala com a cozinha, secando um prato. Ele não fez perguntas, sabia o que havia acontecido.

Largando o prato, sentou-se ao lado dela. Não sabia ao certo o que fazer. Parte dele ficou feliz, algo estranho. Outra, sentiu pena. De certa forma, vê-la assim mexia muito com ele.

Após hesitar por um tempo, ele a abraçou. Era a primeira vez que a tocava daquela maneira e sentia que não tinha intimidade para tal ato, mas mesmo assim o fez. E Syndra agradeceu mentalmente por todo o apoio, ele não fazia ideia de quanto a ajudava.

  Enquanto ela chorava, um flashback fez com que a cabeça de Zed começasse a doer. Ele estava apontando uma de suas lâminas para ela, que, machucada, chorava e dizia “Você não se lembra? ”. Quanto mais o flashback se repetia, mais ele sentia dor e foi difícil disfarçar. A mulher percebeu que algo estava o incomodando e levantou o rosto, vendo Zed fechar os olhos com força.

— Está tudo bem?

A voz dela levou embora a cena e a dor.

— Foi só.... Não foi nada. Eu é quem preciso te perguntar isso.

Ele a ouviu e a ajudou da forma como pôde. Naquela noite, foi dormir enquanto pensava como teve coragem de machucá-la, como viu no flashback, e como ela teve capacidade de perdoá-lo. O medo de que aquilo acontecesse novamente surgiu.

 

Tristana

Os três jovens estavam caminhando pelo Central Park, rumo à pista de patinação. Annie levava Gnar no colo, indo um pouco mais à frente de Tristana e Teemo, que carregavam os patins para neve.

Quando chegaram ao rio congelado, Tristana não quis participar da brincadeira. Sentou-se em um dos bancos e ficou de longe, observando os três em sua tentativa falha de patinar.

Era sempre assim: ela ficava num canto, em todas as atividades em grupo. Teemo e Annie pararam de insistir, não entendiam o motivo e preferiam deixa-la em paz.

A verdade era que, a cada atividade em grupo, uma chama de ciúmes crescia cada vez mais dentro de Tristana. Ela enxergava um sentimento inexistente entre Annie e Teemo. Nada a convenceria de que os dois eram apenas amigos.

Bastava Teemo ajudar Annie a se levantar do gelo para que Tristana fechasse os punhos no banco, pensando “por que ela? ”.

Naquele dia, ela chorou. Estava tomando banho quando não conseguiu mais segurar. Ela não admitia para si mesma o que estava sentindo, porém estava chegando a um ponto crítico.

O pior era que Teemo nem suspeitava. 

 

Zyra

— Há várias espécies aqui. Heras são as que mais aparecem. – Zyra começou a explicar.

— E? – LeBlanc estava impaciente.

— Elas não seguem um movimento natural que eu possa estudar. Mas minha suspeita é que elas se movem por conta da estátua.

— A estátua do Bardo, ali na frente?

— Sim. Essas plantas não são plantas daqui, são da Runeterra. Quando eu ainda não conseguia controlar plantas da forma que eu queria, eu utilizava um pó azul para que elas obedecessem. A estátua libera o mesmo pó e as plantas movem-se em direção a ele.

— Você descobriu um padrão?

— Ainda não. Aparentemente estão movendo-se aleatoriamente. Mas este ponto aqui no mapa, tem certeza que não significa nada?

— Em Nova York? Deve ser apenas coincidência. Há outros pontos no mapa, aleatórios, como este, que não possuem nada. A única coisa relevante é este triângulo – LeBlanc explicou, enquanto apontava para o triangulo desenhado por Heras. – Enfim, daqui a alguns dias estarei indo para Moçambique. Não irei demorar muito lá, mas quero que, quando eu voltar, você tenha descoberto a localização do próximo sino.

— O quê? – Zyra estranhou a ameaça.

— Talvez, sob pressão, você trabalhe melhor. Não tenho mais tempo para esperar. Swain irá cuidar de tudo. Você virá para cá cedo e só sairá a noite. Quanto à comida, pode trazer um lanchinho. Aproveite a hospedagem. – LeBlanc sorriu, de forma cínica, enquanto desaparecia. Aquele era apenas um clone e a verdadeira já estava subindo a escada de pedra, rumo à entrada da caverna.

Logo em seguida, Draven e Darius entraram, postando-se nos degraus úmidos em frente à entrada. Eles não a deixariam sair enquanto não anoitecesse.

 

Diana

— Boa tarde, como posso ajudar? – A secretária do orfanato era simpática e trazia um sorriso no rosto.

— Eu gostaria de pedir informações sobre um trio de crianças. Sou assistente social e estou ajudando uma família a realizar uma adoção.

— Assistente social? – A moça franziu o cenho, um pouco desconfiada. – Não é tão simples assim. Precisamos de documentos, não podemos expor nossas crianças para qualquer um que apareça.

— Na verdade, acredito que as crianças não estejam mais neste orfanato. Acho que foram transferidas. – Diana disse, enquanto mostrava uma foto rara onde Tristana, Teemo e Gnar estavam juntos.

— Ah, está falando deles. – A secretária recordou-se no mesmo segundo. Era difícil não esquecer o trio. – Não sei como uma família poderia ter interesse em adotá-los, eles são realmente muito difíceis. E não estão mais em nenhum orfanato.

— Como assim?

— Os dois mais velhos fizeram 16 anos quase na mesma época. Um dia, fugiram, carregando a criança.

— O que? Vocês deixaram? Não procuraram?

— Eu disse que fugiram. É obvio que não deixaríamos. O orfanato só libera jovens que atingem 18 anos. Nós procuramos por semanas e desistimos. Não foi a primeira vez que tentaram fugir.

— Entendo. Obrigada pelas informações. – Diana saiu rapidamente, sem dar tempo para que a mulher fizesse perguntas.

Começou a caminhar lentamente, observando o chão coberto de neve abaixo de seus pés e pensando. Seria impossível encontrar o trio de yordles.

A questão era que Diana sabia onde encontrar o terceiro sino. Não estava em um lugar, mas sim com uma pessoa. Uma criança.

Numa das escritas nas paredes de pedra da caverna, uma “criança neutra” era mencionada. A criança decidiria a abertura do portal, era o que dizia.

Se Diana não fosse uma guia turística, este detalhe passaria despercebido.

Como LeBlanc já possuía a localização de dois dos sinos, a última esperança da mulher era Gnar: a criança neutra, em seu ponto de vista. Portanto, precisava encontrá-lo.

O trio de yordles eram as únicas crianças que Diana vira passar pelo portal naquela noite. Teemo e Tristana tinham de onze para doze anos naquela época. Um dos dois poderia até ser a criança mencionada, não fosse pelo fato de que eram extremamente bons, incapazes de cometer uma maldade. Roubavam comida sim, mas era sempre por necessidade. Não eram neutros, eram bonzinhos até demais.

Diana não tinha certeza quanto à Gnar. Mas ele era um ponto de partida, e ela tinha esperança. Não deixaria LeBlanc voltar. A mulher com certeza iniciaria uma ditadura, de forma que Noxus governaria a Runeterra. Outro detalhe era que não era só LeBlanc e sua turminha que queriam voltar para casa. Era injusto selecionar só alguns para voltar, e Diana sentia-se na obrigação de impedir.

 

Katarina

— Espero que, quando eu abrir este forno, seu frango não esteja como da última vez. – Garen riu, enquanto pegava um pano de prato para retirar o frango assado.

— Eu aprendi a fazer, meu frango está impecável. – Katarina parou de servir o vinho nas taças para jogar a rolha no marido.

Quando Garen retirou a forma de metal, o frango estava perfeito e ele não pode disfarçar a cara de alívio.

— Amém. – Soltou, enquanto Kat revirava os olhos.

— Vamos logo, imbecil.

Os dois começaram a caminhar rumo à sala de jantar, carregando o frango assado e uma bandeja com as taças de vinho. De repente, a empolgação de Katarina transformou-se em tristeza e receio, então ela parou no meio do caminho.

Garen percebeu no mesmo instante, e voltou alguns passos para ficar perto dela.

— E se não der certo de novo? – Katarina começou a falar.

Garen colocou o frango na mesa pequena da cozinha e abraçou a esposa, depositando um beijo em sua testa.

— Vai dar certo sim. Eu sei que vai.

Quando chegaram à sala de jantar, Lux e Robb estavam sentados, esperando o casal. Katarina arrumou a mesa, com muito cuidado e capricho. Antes de sentar-se, respirou fundo e começou a falar:

— Há um motivo especial para que vocês fossem convidados para jantar aqui esta noite. Espera, na verdade são dois: o primeiro é que eu finalmente aprendi a fazer um frango assado maravilhoso! – Katarina riu, tentando deixar de lado o nervosismo. Lux, Robb e Garen fizeram o mesmo.

— O segundo é que – Garen aproximou-se da esposa e segurou sua mão – eu e a Kat precisávamos contar algo importante.

— Eu estou grávida! – Kat disse, depois de um tempo de hesitação.

Lux encarou os dois de forma surpresa. Algumas lágrimas escaparam dos olhos de Katarina enquanto Garen a abraçava.

A loira levantou correndo e foi abraçar a amiga, enquanto Robb foi conversar com Garen.

Todos da sala ficaram felizes com a notícia. Mas eles também ficaram com medo. A última gravidez de Katarina fora complicada: ela perdeu o bebê com seis meses e quase morreu com o aborto espontâneo. Um caso raro, mas Katarina tinha dificuldade para ter filhos.

Porém, no momento, o ideal era não se lembrar da dor e tensão do passado. Então os quatro se juntaram em um enorme abraço e, depois, continuaram o jantar, felizes.


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