O Outro Lado da História escrita por MusaAnônima12345


Capítulo 9
Capitulo 8


Notas iniciais do capítulo

Oláááááá, tudo bem com vocês?

Seguinte, tô de volta na escola e provavelmente o próximo capítulo possa demorar um pouco. Já avisei em SYH. É isso.

Boa leitura! ;)



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Bridgette

Eu estava no grande e imbatível Big Ben - o relógio mais famoso do mundo - já transformada em Miss Fortune, e esperando a “professora” Annabeth aparecer com o meu parceiro. Havíamos nos encontrado apenas duas vezes até ali e aquela era a primeira que Anna aparecia transformada na descendente de Volpina. Não sabia se ficava ansiosa ou preocupada com aquilo. Não sabia o que aquilo poderia causar. E se tudo aquilo não tivesse sido uma boa ideia? E se minha professora estava errada?

Respirei fundo e tentei mudar meus pensamentos.

Logo senti meu rosto esquentar com a primeira coisa que se passou no meu cérebro. Um loiro maravilhoso de olhos tão claros quanto o céu limpo de domingo de manhã que não conseguia parar de olhar para mim. Vocês acreditariam se eu dissesse que essa foi a primeira vez em três anos que estudo no PCL com ele, que, nós dois ficamos num mesmo lugar por mais de dois minutos? Foi maravilhoso! Eu poderia finalmente ter beijado o cara que eu amo, mordido aquele pescocinho tão lindo e sexy que ele carrega embaixo da cabeça ou até mesmo poderia ter feito uma besteira... Sim, eu poderia, porque eu não sou muito pensativa nas atitudes que eu realmente quero tomar... Mas apesar de tudo isso poderia ter tido uma noite maravilhosa com aquele garoto. Não. Garoto não. O amor da minha vida.

O vento e a baixa temperatura do inverno de Londres me fez ficar arrepiada, e eu preferi imaginar que aquilo não tinha nada a ver com os pensamentos maliciosos que passaram pela minha cabeça.

— Calma garota, controla esse coração. – murmurei esfregando os braços numa tentativa um pouco falha de me aquecer. Olhei ao redor tentando identificar algum sinal de Annabeth ou até mesmo do meu parceiro. – Será que eles vão demorar muito? Daqui a pouco eu vou congelar aqui. – resmunguei andando em pequenos círculos para ver se meu corpo esquentava um pouco na altura que estava.

De repente ouvi um barulho que afiou meus ouvidos. Olhei na direção e instintivamente minha mão pousou sobre o ioiô negro de bolinhas vermelhas em minha cintura. Arqueei a sobrancelha e caminhei silenciosamente ao redor do topo do Big Ben.

Me surpreendi quando encontrei uma pessoa, mas não uma pessoa qualquer. Uma pessoa conhecida até demais.

— Ah, Chat... É você. – disse, suspirando aliviada. Tirei a mão da minha arma e esfreguei meus braços mais uma vez. – Você me assustou! Achei que poderia ser algum maníaco ou algo do tipo. – brinquei dando uma pequena gargalhada.

Estranhei o fato dele não ter dito nada. Geralmente ele faria um comentário engraçadinho ou de mau gosto, ou até mesmo um trocadilho muito ruim. Arqueei uma sobrancelha e andei cautelosamente até o loiro de uniforme branco encostado na grade metálica. Ele estava muito estranho.

— Chat? Você está bem? – perguntei um pouco hesitante. Estiquei a mão para tocar seu ombro, mas tive uma surpresa antes disso. Ele simplesmente agarrou meu pulso com força e rapidamente me imobilizou, prendendo o meu braço para as minhas costas. – Chat! Você está me machucando! – gritei, mas antes que pudesse berrar mais alguma coisa para ele senti minha garganta fechar.

Ele estava com uma aparência horrível. O rosto estava escuro, como se tivesse algum tipo de sombra encima dele. E os olhos... Estavam amarelos. Eles estavam cintilando na escuridão e foi o suficiente para a minha consciência gritar dentro da minha cabeça que tinha sim alguma coisa muito errada ali. Eu estava com medo e aquilo não era nada bom.

— Então você é a escolhida para quebrar a minha maldição. – meu parceiro desdenhou, mas até mesmo sua voz estava diferente. Estava mais grave, grosseira. Tentei inutilmente me soltar dele, mas parecia até mais forte do que eu me lembrava. Uma risada maligna foi o suficiente para me forçar a pensar em outra estratégia. – Pelo visto os seus “professores” não fizeram uma boa escolha. O que viram em você? Não creio que tenha sido nem beleza nem inteligência.

— Você é o tal Guntfh então. – adivinhei me lembrando do dia que meu parceiro havia dito que havia sido “possuída” por um nome esquisito que nem aquele. Me remexi e me apertou ainda mais meu braço, me fazendo gemer de dor. – O que fez com Chat? O que fez com os nossos miraculous? Porque nos amaldiçoou? – gritei, me desesperando. – Porque você é maluco, talvez?

Eu precisava saber. Eu precisava entender. Precisava.

— Cale-se! – ele gritou de volta me encolhendo levemente. Ele parecia furioso comigo, mas não seriam aqueles olhos amarelados fuzilantes que iriam me fazer parar. – Você sabe muito bem o motivo de eu ter jogado essa maldição nos miraculous da criação e da destruição! Quando todos os quatro miraculous finalmente se extinguirem não haverá mais os brincos da criação e nem o anel da destruição, e finalmente eu conseguirei conquistar o que me foi roubado.

— Não são quatro miraculous, são apenas dois seu diabo maluco. – questionei fazendo força para me soltar, já quase conseguindo. Ele riu novamente e me virou bruscamente de frente para ele. – Me larga, seu...

— A escuridão está próxima Miss Fortune e você não pode se esconder do monstro que existe dentro de você. – Chat “do mal” contou, trazendo a tona os diversos pesadelos que havia tendo nos últimos tempos à mente. Refleti por um instante e, ele percebendo isso, deu um sorriso torto que não combinou nem um pouco com a expressão tenebrosa no rosto do Chat Blanc normal. – Isso mesmo garotinha esperta. Fui eu que provoquei aqueles sonhos em você. Em breve você verá que não existe solução para você e este corpo ridículo em que estou. Vocês serão a destruição de muitos e, principalmente... De vocês mesmos. – disse pausadamente me irritando profundamente cada palavra que saia da boca do gatuno.

— Você não sabe de quem está falando seu miserável. – retruquei cuspindo as palavras para aquele infeliz. Ele estava debochando claramente de mim e uma fúria inexplicável tomou conta de mim. – Você não sabe o que eu posso ou não fazer, como é que você ousa...

— Como é que você ainda tem coragem de me enfrentar? – aquele perturbado me interrompeu de novo enquanto me segurava para não enfiar minhas unhas nele. – Você é fraca e inútil. Nem mesmo consegue lutar contra mim, imagine me derrotar. – zombou de mim na cara dura.

Não, ali foi a minha gota d’água. Eu não sei de onde veio aquela força, mas a fúria e o ódio daquele cara causando tantos problemas na minha vida me fizeram jogar aquele maldito do Guntfh para longe. Peguei meu ioiô e nós dois começamos a lutar um contra o outro. Era uma questão de honra e eu não deixaria mole. Parti pra cima daquele demônio que tava possuindo o meu parceiro e investi tudo o que eu tinha contra ele. Em defesa boa e defesa mais fraca, eu consegui encurralá-lo na beirada da grade de proteção da torre do relógio. Mais um passo e ele poderia ir pro saco.

O problema é que eu não podia simplesmente jogar Chat Blanc de um edifício de noventa e seis metros para uma possível queda mortal. Ele era meu braço direito, meu parceiro. Eu não podia machucá-lo.

Eu só não podia imaginar que ele iria pensar o mesmo que eu.

Ele riu que nem um doido e subiu encima da grade, se preparando para pular. Eu estava a mais de três metros de distância dele e mesmo que eu corresse que nem uma doida não conseguiria fazer nada.

— A escuridão está se aproximando. – Gutfh disse sorrindo e se jogando de costas da torre do relógio. Aquele desgraçado!

— NÃO! – berrei imitando o que meu parceiro “possuído” havia feito. Estendendo os braços para ganhar velocidade, o vento que batia em meu rosto me deixava com a face dolorida e me senti como se tivesse mergulhado de mau jeito na água.

Pelo que consegui enxergar em meio aos metros que eram cortados pelo meu corpo Chat deveria estar desacordado. Me desesperei mais ainda depois que notei o quão perigosa aquela situação poderia ficar. E se ele acordasse de repente? A sua velocidade poderia aumentar e ele chegaria ao chão mais rápido, causando ferimentos gravíssimos para não dizer a própria morte. Me esforcei mais um pouco e consegui agarrar seu braço, enquanto o relógio batia exatas dez horas da noite. O barulho insuportável daquele sino batendo tão perto dos meus ouvidos me deixou tonta por alguns minutos e precisei balançar minha cabeça diversas vezes para não me desconcentrar do que estava fazendo. Agarrei meu ioiô e o lancei em qualquer lugar da torre do Big Ben que pudesse ficar preso e ter força o suficiente para nos puxar para algum lugar que não fosse a calçada movimentada de Londres abaixo de nós.

Felizmente funcionou e demos uma meia volta assustadora até uma parte mais “segura” da torre, muitas escadarias longe do lugar que estávamos antes, acima do grande relógio. Suspirei aliviada enquanto colocava Chat Blanc encostado na parede ao meu lado. Ele ainda tava apagado e provavelmente nem iria se lembrar do que aconteceu quando acordasse, e isso realmente me preocupou. Afinal, eu já sabia como era.

— Chat? – chamei, dando alguns tapinhas em seu rosto. Sem resposta. – Ei Chat, responda. Você pode me ouvir? – perguntei um pouco trêmula. Ele estava bem não estava?

Engoli em seco. E se ele não estivesse?

Aproximei meu rosto do meu parceiro e o observei. Ele parecia não estar respirando, porém um truque que aprendera com a aula de saúde era colocar meus dedos em frente ao seu nariz para confirmar a expiração e a inspiração do paciente. Fiz conforme aquelas pequenas instruções e dei um suspiro longo, me assustando um pouco quando ele se mexeu. Por algum motivo não me afastei. Talvez foi essa aproximação repentina entre nós dois que o fez dar um gritinho agudo de menina quando abriu os olhos.

Eles estavam azuis novamente e me chamaram a atenção por um instante. Era como se... Como se eu já tivesse os visto em algum lugar. Me pareceram estranhamente familiares por um instante, mas essa impressão rapidamente desapareceu.

— O que aconteceu? – ele indagou enquanto dava alguns passos para trás e o deixava fazer seus questionamentos. Ele esfregou um dos braços enquanto olhava ao redor. Acho que só talvez eu poderia ter machucado ele quando o salvei... Deveria me desculpar? – Foi ele não foi?

— Sim. – afirmei me sentando no chão, perto de onde ele estava. – Dessa vez Guntfh atacou você. – contei, pensando nos olhos amarelos perturbadores que me olhavam dentro da minha alma apenas alguns minutos atrás. O analisei enquanto ele colocava os braços sob os joelhos e apoiava sua cabeça entre ambos. – Você... Se lembra de alguma coisa?

O ouvi suspirar e levantar a cabeça levemente, para me encarar.

— Não muito. – ele respondeu e eu balancei a cabeça. Ele deu outro suspiro, contragosto. – Eu só me lembro de já estar aqui esperando pelo cara que me entregou o meu miraculous, como havia combinado com ele e com você. Depois disso... Eu senti uma tremenda dor de cabeça e tudo ficou escuro... Ai ouvi uma voz sinistra dentro da minha cabeça. – explicou e assenti vagamente.

— Você estava com olhos amarelos quando te encontrei lá encima. – revelei hesitante. – E... Você me atacou. – dei um sorriso com sua expressão assustada e olhos arregalados, prosseguindo dando os ombros: - Um pouco antes de se jogar do alto do Big Ben.

— O que foi que eu fiz?! – ele indagou em voz alta e dei uma pequena gargalhada com sua reação.

— Ei, não se preocupa. Eu a salvei querida princesa daquele monstro cruel, maligno e maluco que nos rodeia prestes a nos matar. Ah, e me desculpe pelo seu braço. – brinquei, tentando tornar a situação um pouco mais leve com um sorriso largo. Me levantei e lhe estendi a mão para ajudá-lo. O olhar preocupado que ele me lançou me fez arquear uma sobrancelha. – O que foi?

— Eu machuquei você? – perguntou já de pé e... Uau, ele era bem alto! Eu balancei a cabeça e dei ombros. – Tem certeza? Eu nunca me perdoaria se você tivesse sido atacada por... Bem, você entendeu... – ele disse abaixando a cabeça. Levantei as sobrancelhas, admirada.

Ele estava se sentindo culpado.

Toquei seu ombro e nossos olhares se cruzaram novamente, e mais uma vez aquela sensação de que o achava familiar voltou a minha mente. Não sei se ele pensava o mesmo de mim ou se... Senti meu rosto corar levemente com aquela teoria. Estaria Chat Blanc se apaixonando pela pessoa errada? Por mim? Hesitei e preferi me afastar, andando até a estrutura da torre do relógio.

— Estou bem, não precisa se culpar. Não era você. – disse sacando meu ioiô e o girando para lhe lançar para o andar de cima.

***

Annabeth

Já no local e no horário marcado, eu e August estávamos preocupados com a demora de Bridgette e Chat Blanc. Só de pensar que alguma coisa que não havíamos prevido poderia ter acontecido me fazia ficar agoniada. Comecei a andar para um lado e para o outro para tentar me acalmar, mas não estava adiantando nada. E se Guntfh tivesse causado alguma situação entre eles? Ou pior? E se aquele maldito tivesse feito algo com eles? Eu estava trajada de Volpina e meus sapatos do uniforme faziam um barulho insuportável para August, tanto que ele já havia tentado me parar umas quatro vezes.

— Anna, será que você pode, por obséquio, parar de andar antes de abrir sulcos no chão? – ele indagara já impaciente de ver andando tanto. Suspirei e voltei a olhar o movimento dos carros e dos automóveis lá embaixo. Senti sua mão sob meu ombro e preferi não me virar. – Eles devem estar atrasados. Sabe como os jovens são. Você também não era muito pontual algumas décadas atrás.

— Mas naquela época não havia um espirito com sede de vingança que poderia me possuir quando eu menos esperasse. – retruquei me desvencilhando de August. – Eu estou preocupada. Sempre que tenho um pressentimento ruim sinto que algo realmente pode acontecer. Da última vez eu estava certa. – apontei cruzando os braços, irritada. – Aliás, você sabe muito bem que a maior parte do meu sexto sentido aponta que se tem algo de errado realmente tem algo de errado.

— O que quer dizer com isso Annabeth? – o ouvi perguntar e apertei minhas mãos em meus braços. Me virei para ele e pensei por alguns minutos.

— Essa sua nova namorada não me cheira muito bem. – disparei o analisando fazer uma careta e revirar os olhos. – August você ainda não me explicou como foi que encontrou aquela mulher, como é que você quer que eu engula aquela loira que brotou das profundezas na vida do meu parceiro? – indaguei elevando um pouco a voz. – Não dá! Algo me diz que ela é muito suspeita e ninguém vai tirar isso da minha cabeça.

— Por favor, Anna você está exagerando! – ele respondeu se exaltando também. – Será que ter alguém do meu lado te incomoda tanto assim? Será que você não vê que eu finalmente encontrei alguém para ter algo sério? Para quem sabe, formar uma família de verdade? – agora foi a minha vez de revirar os olhos. Que papinho de homem carente Jesus. Ele estava desacreditado com a minha reação e eu com a dele. – Achei que ficaria feliz por mim Anna. Mas pelo visto eu estava errado. – ele se lamentou e eu joguei os braços para cima, bufando.

— August, eu achei que você fosse mais inteligente. – disse sarcástica. – Você não enxerga o que ela é? No mínimo deve ser alguma mulher que teve caso com algum idiota e foi jogada de lado. – ok, eu estava dizendo o que eu pensava, mas e ai? Ele precisava ouvir o que eu pensava, não?

— Agora já chega Anna! – ele gritou furioso, e devo admitir que me assustei um pouquinho. Mas a minha raiva era maior naquele momento e apenas respirei fundo para não fazer nenhuma besteira. – Pelo amor de Deus, o que é que deu em você? Stella é uma mulher com um coração de ouro, doce, amorosa. Ela foi traída pelo marido dela e se divorciou do infeliz. Está procurando uma nova vida, uma segunda chance. – contou enquanto eu me segurava para não voar encima dele e bater nele até umas horas. – Será que você não enxerga que ela pode ser sim uma boa pessoa e que você é que pode estar dando piti por um ciuminho ridículo?

Ciuminho ridículo.

Engoli o xingamento que iria fugir da minha boca junto com a minha raiva e mesmo contra a minha vontade senti meus olhos marejarem. Então era aquilo. Eu era apenas um ciuminho bobo no meio dos dois. Depois de tanto tempo que conhecia August, das lutas, dos anos, eu não significava mais nada para ele agora além de uma mulher de trinta e cinco anos com ciúmes da namorada do homem que há tanto tempo estivera no meu coração. Eu agora não era nada além de um ciuminho ridículo. Certo. Tudo bem.

Assenti a cabeça levemente e de longe se podia ver o desapontamento no meu rosto. Ele deve ter notado e percebeu a idiotice que havia dito, tentando consertar.

— Anna, eu... Eu... Não foi isso que eu quis dizer... – tentou argumentar, mas não lhe dei ouvidos.

Nesse mesmo momento um barulho vindo do outro lado do andar que estávamos da torre do relógio avisou a chegada de mais alguém. Bridgette e seu parceiro. Era a desculpa perfeita para evitar que aquela discussão se tornasse ainda mais dolorida, e, quando os avistei se aproximando tratei de ignorar os olhares arrependidos daquele traste do portador do miraculous do Hawk Moth me lançava.

— O único que não enxerga as coisas aqui é você August. – disse baixo antes de ir ao encontro de Miss Fortune e abraça-la com força. Ela me encarou confusa e me recompus o máximo que consegui depois de todas aquelas emoções misturadas há alguns minutos. – Você está bem? Aconteceu alguma coisa? Nós estávamos muito preocupados com a demora de vocês.

Ela olhou para o loiro vestido com o uniforme branco e eu arqueei as sobrancelhas. Eu estava certa mais uma vez.

— Na verdade aconteceu. – ela respondeu com um pequeno suspiro. - E... Bom... Nós precisamos conversar.

Assenti com a cabeça e nos juntamos em quatro para esclarecer tudo o que havia acontecido e que – principalmente eu – não sabíamos.

***

Bridgette

— Então essa é a segunda vez que Guntfh aparece controlando a mente de vocês, é isso mesmo que eu entendi? – a mulher trajada de raposa indagou para nós dois e assentimos com a cabeça. Ela nos encarava com a expressão indecifrável. – Tirando os sonhos de Miss Fortune, ele parece ter influência sob os miraculous de vocês dois. Deve ser por isso que ele meio que pode “possuir” ambos: a ligação com os miraculous, a maldição... Tudo se encaixa perfeitamente. – concluiu para si mesma.

— Existe mais alguma coisa que aconteceu de estranho com vocês ultimamente que vocês ainda não contaram ou é só isso? – o cara que tava do lado dela que eu não reconheci perguntou e eu refleti por um instante.

— Que eu me lembre é apenas isso mesmo. – disse olhando para o loiro parado ao meu lado, pensativo como eu.

— É só. – ele confirmou e nossos olhares se cruzaram por um instante. Reprimi uma risadinha quando ele desviou primeiro, envergonhado. – Pelo menos até agora.

— Isso não é um bom sinal. – ouvi Annabeth murmurar baixinho. Ela olhou para mim profundamente e em seguida para Chat Blanc. Suspirou pesadamente como se estivesse carregando um peso muito grande e corrido uma maratona. – Certo, prestem atenção no que eu vou contar. Não irei repetir.

“Na época que os miraculous da criação e da destruição foram criados, ainda na China ancestral, a primeira Ladybug e o primeiro Chat Noir possuíam uma responsabilidade a mais - algo mais do que apenas proteger e lutar pelo grande imperador da China: Não podiam permitir que estes pequenos objetos caíssem em mãos erradas. Porém, um dia ambos os miraculous foram roubados por um dos enviados do deus Papillion, o mesmo que havia criado o miraculous da borboleta para servir ao mal, e tanto os brincos da Ladybug quanto o anel do Chat Noir caíram em suas mãos maldosas. Quem saberia o que aconteceria se Pappilion tivesse os usado para alcançar o Poder Absoluto? Bom, ninguém. Seus planos para aqueles miraculous não era esse.

O deus antigo queria destruir aquelas joias. Assim seus planos para o imperador da China finalmente poderiam se concretizar. Mas não foi bem assim que aconteceu...

Quando Papillion estendeu as mãos para destruí-los algo inesperado aconteceu. A mágica existente nos dois miraculous eram tão poderosos juntos que se misturando com o raio lançado pelo inimigo não permitiu que os acessórios fossem destruídos, mas que se duplicassem. O choque fora tão grande, que afastara o deus para sempre da presença dos objetos que, a partir dali, seriam mudados para sempre.”

— Então você quer dizer que existem mesmo quatro miraculous? Dois da Ladybug e dois do Chat Noir? – meu parceiro indagara antes de mim, visivelmente incrédulo. Pisquei diversas vezes na direção dos dois adultos diante de mim em busca de uma resposta. Ambos assentiram e senti minha cabeça girar.

— Depois desse dia, o miraculous “oposto” de ambos foi escondido no templo que o imperador havia criado para os miraculous para que ninguém os encontrasse e os utilizassem para maiores desgraças. – o homem que aparentava ter uns quarenta anos, com cabelos grisalhos e olhos azuis claríssimos respondeu, encarando um ponto qualquer do lugar ao nosso redor. – Mesmo assim, quando o templo foi destruído de nada adiantou, pois os miraculous opostos foram perdidos por muitos anos. E com eles, os poderes e habilidades especiais que poderiam conter.

— Poderes e habilidades especiais? – perguntei curiosa. – Você quer dizer outros além dos que possuímos?

— Isso é apenas uma lenda. – Annabeth corrigiu secamente a fala do homem e eu arqueei uma sobrancelha. Que climão. – Uma lenda que estava escrita no Livro dos Miraculous, que infelizmente também foi perdido no ataque ao templo. Ele dizia que após o choque e a duplicação dos miraculous, tanto a versão “normal” quanto a “oposta” dos brincos e do anel haviam sido... Melhorados, por assim dizer. Cada um possuía pelo menos mais dois poderes a mais que antes.

— Impressionante. – ouvi Chat Blanc murmurar e balancei a cabeça pensativa. – Mas se me permite perguntar, é claro, o que isso tem a ver com Guntfh?

— É ai que a nossa geração de miraculers entra. – o homem respondeu para ele e eu comecei a prestar atenção. – Guntfh encontrou esses miraculous e baseado em lendas antigas decidiu usar os poderes de cada miraculous para dominar o mundo do seu jeito.

— Como não conseguiu – a Volpina continuou me olhando seriamente. – ele rogou uma maldição chinesa tão primitiva quanto o surgimento da harmonia no mundo. Com ela, os quatro miraculous estariam fundidos em dois novamente, mas os defeitos e os riscos dos próximos portadores que os utilizassem também poderiam ser irreparáveis... Até mesmo permanentes se não anulassem a maldição a tempo. – ela explicou escolhendo bem as palavras.

Arquejei e fechei os olhos para respirar fundo. Era muita informação para a minha cabeça. Precisava respirar ou tudo iria para o espaço.

— Então quer dizer que corremos o risco de nunca mais voltarmos a sermos nós mesmos se Guntfh dominar nossas mentes? – perguntei com a voz trêmula.  

Para o meu desespero e profundo arrependimento ela assentiu sem um pingo de graça na face.

— É por isso que chamei uma pessoa em especial para ajudar vocês. – Annabeth disse tocando nossos ombros para, quem sabe, nos acalmar um pouco. Tentativa falha. Ela apontou para uma parte da torre que estava escura e fiquei ainda mais confusa.

— Quem? – Chat indagou antes de mim e uma risada fez nossa voz morrer na garganta.

Uma figura baixa usando um chapéu que eu supus que deveria ser chinês e vestido com roupas em várias tonalidades de verdes no que parecia ser um kimono com alguns símbolos gravados em vermelho em sua roupa, com o desenho exato de um Yin-Yang e com o rosto coberto por uma máscara verde apareceu dentre as sombras que cobriam o relógio Big Ben. Notei que tinha o cabelo grisalho quase totalmente branco em algumas partes e o que mais me chamou a atenção em tudo: uma grande vara de luta em sua mão com o mesmo símbolo da harmonia chinesa gravada na madeira.

— Miss Fortune e Chat Blanc. – o homem vestido de roxo com o miraculous da borboleta preso em seu uniforme apontou para o senhor a nossa frente com um mínimo sorriso. – Quero lhes apresentar nosso antigo parceiro de luta, Wise Turtle. O portador do lendário e longânime portador do miraculous da tartaruga.

Ok, agora que nós devíamos estar boiando mesmo.


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Notas finais do capítulo

Perdoem os errinhos... Tô com sono. E com fome heuehuhdueheuhuehue :v



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