O Outro Lado da História escrita por MusaAnônima12345


Capítulo 6
Capítulo 5




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Narradora

Atravessando a universidade na qual dava aula de culinária e economia doméstica, aquela que havia se tornado a mais nova tutora e guia de Bridgette corria atrás de sua nova aprendiz. Ainda na noite passada tivera um mal pressentimento e alguma coisa lhe dizia que tinha algo a ver com a jovem Dupain-Cheng. Um aperto no coração não conseguira deixa-la dormir e Annabeth prometeu a si mesma que assim que o sol raiasse iria conversar com a mestiça. Não hesitou e o fez o mais rápida que conseguiu: assim que os primeiros raios de sol atravessaram a janela de seu quarto no centro de Londres a mulher já estava dirigindo rumo a faculdade Papillion College London. Com poucos carros nas avenidas que passava, a professora logo se viu estacionando o carro dentro do prédio que trabalhava. O tempo havia estava nublado e apenas em pouquíssimos lugares a fraca luz do sol aparecia, deixando o estacionamento um pouco sombrio aquela hora da manhã. Tudo estava em silêncio e o único som que a morena de cabelos grisalhos ainda ouvia era o barulho do motor de seu carro, até o momento que o desligara. Colocou as mãos sob o volante e tentou se acalmar um pouco. Olhando ao redor percebeu que era a única que se despusera a seguir tão cedo para a universidade e deu um pequeno suspiro.  

Jamais iria se perdoar se alguma coisa acontecesse com Bridgette por sua culpa.

Levantando a cabeça, acabou reparando uma coisa que não vira antes. Não estava sozinha como pensara.

Do outro lado do estacionamento, onde a neblina remanescente havia se dissipava, havia outro carro. Um carro que a mesma conhecia muito bem. Agradeceu aos céus que houvesse mais alguém com quem poderia conversar. Abriu a porta de seu carro e saiu, com a umidade que impregnava o ar do lado de fora.  

— Porque será que ele está aqui? – Trixx indagou flutuando a frente do rosto de Annabeth e obrigando-a lhe esconder dentro de seu casaco. Estava frio naquele inicio de manhã e a mesma se preocupava com sua kwami. – Você o chamou Anna?

— Não Trixx, eu não chamei ninguém. – a professora respondeu olhando ao redor de onde estava e pegando sua bolsa dentro do carro rapidamente. – Isso é muito estranho, August quase nunca chega cedo na universidade.

— Algo me diz que a cobra vai fumar. – a kwami laranja brincou, mas um olhar reprovador de sua portadora lhe provocou uma careta. – Ah, qual é? De duas uma: ou ele veio até aqui porque sentiu alguma coisa igual a você, ou...

— Ou o que Trixx? – Annabeth perguntou arqueando as sobrancelhas, a espera de uma resposta que lhe ajudasse. A pequenina raposa lhe lançou um olhar sugestivo e no mesmo momento a mulher revirou os olhos, trancando seu carro e indo em direção a entrada da faculdade. – Por favor, eu tenho mais o que fazer do que ficar imaginando o que se passa dentro dessa sua cabeça maliciosa. Quantas vezes eu preciso te dizer que August e eu não temos nada? E outra coisa, como ele saberia que eu estava aqui a essa hora? Nem o porteiro da PCL estava esperando por mim. – argumentou irritada com a infantilidade do pequeno ser alaranjado.

O som do salto de sua bota contra o chão disfarçava as reclamações da raposa dentro de seu agasalho, então a mulher nem mesmo se preocupou em lhe responder. Porém, quando ouviu um barulho próximo de onde estava a mesma parou no mesmo lugar em que estava: alguns metros de distância da entrada da frente da faculdade. Estreitou os olhos e tentou apurar ao máximo que conseguiu seus ouvidos para detectar alguma coisa que lhe parecesse suspeita.

— Você sabe da verdade Beth, então não vou ficar gritando que você...

— Espera. – a mulher pediu parando onde estava e interrompendo a fala da kwami laranja. A mesma lhe encarou furiosa e lhe mostrou a língua.

— Que espera o que sua folgada, eu estava apenas brincando e você vem com essa onde de ficar quieta ai, toda grosseirona comigo. – Trixx reclamou elevando o tom de voz e tentando chamar a atenção de sua portadora. – E tem mais, só porque você é minha portadora há quinze anos não quer dizer que eu...

— Trixx, na boa, fica quieta. – Annabeth pediu novamente, alerta. A kwami se calou no mesmo momento e começou a olhar para os lados também, tentando entender o que estava acontecendo. O silêncio predominou no ambiente e a mulher girou pelos calcanhares lentamente. Pronta para atacar se caso fosse necessário.

— O que foi? – a raposa sussurrou, se escondendo mais dentro do bolso do casaco de Annabeth.

— Acho que estamos sendo observadas. – sussurrou de volta enquanto demorava seu olhar sob os lugares encobertos de neblina. Sua mão dentro de sua bolsa pousava sob uma pistola para casos de emergências como aquele.

Subitamente um raio dourado viera em sua direção e quase lhe atingira fatalmente, por sorte apenas raspando os pelos de sua bochecha direita. Graças a sua agilidade e sua mais recente experiência com armas – resultado de sua chamada na realeza inglesa – Annabeth, ou Sophie como ainda era chamada pelos universitários, atirou na única coisa que conseguira enxergar do inimigo que lhe atacara: um ponto luminoso amarelado. Porém, para o seu azar, aquele movimento fizera a figura misteriosa desaparecer em meio a neblina. Assim que notou que a perderia de vista tratou de correr o mais rápido que conseguia atrás da mesma.

Mas a neblina se revelara mais cruel do que a Groutt imaginara.

A figura havia fugido e já não havia como saber porque havia lhe atacado.

— Droga. – Annabeth resmungou segundo a pistola em sua mão com força. Odiava quando aquilo acontecia. Bufando guardou sua arma novamente em sua bolsa e virou-se para ir embora dali logo. – Alguma coisa está muito errada.

— O que é aquilo? – ouviu Trixx perguntar saindo de seu esconderijo e indo na direção de alguma coisa jogada no chão.

— Trixx o que você... – a mulher sentiu sua pergunta morrer em sua garganta.

Ali, nas mãos de sua kwami, estava algo que poderia ser muito útil para descobrir quem é que lhe atacara tão desprevenida.

Uma prova.

Um acessório.

Um brinco de argola perdido.

— Alguma coisa realmente está muito errada. – Annabeth repetiu com os olhos arregalados e rapidamente adentrou para a PCL.

***

Melody

Já era hora de levantar quando meu relógio vibrava sobre o travesseiro, me acordando de uma noite mal dormida que tivera. Esfreguei meus olhos e bocejei, já pensando na maquiagem que teria que fazer para disfarçar as olheiras debaixo dos meus olhos. Estava cansada e pior, ainda estava preocupada. Pelo menos era uma preocupação importante: era a saúde da minha melhor amiga que estava em jogo. Olhei para sua direção e me levantei da cama para acordar Bridg para se arrumar, mas ela estava dura que nem uma pedra e acho que nem mesmo me ouviu chamando seu nome. Estranhei. Bridgette sempre acordava facilmente pelas manhãs.

Coloquei uma das mãos em seu rosto e arregalei os olhos, assustada.

Ela estava ardendo em febre!

— Bridg, amiga, acorda. – chamei mais uma vez exaltada. Seu rosto estava todo molhado e eu já estava quase me desesperando com o estado da minha melhor amiga. – Anda traste, acorda! Você tá queimando de febre Bridgette!

— Que... Que que você tá gritando logo cedo Mel? – suspirei de alivio quando aquela criatura abriu os olhos, sonolenta e totalmente abatida ali na minha frente. – E porque você tá tirando o meu cobertor? Eu tô morrendo de frio aqui amiga.

— Bridg, você sentindo alguma coisa? – indaguei ignorando suas reclamações, visivelmente preocupada. Ela me olhou confusa enquanto me levantava e pegava um termômetro guardado dentro do meu armário. Não me julgue, é necessário estar preparada para tudo nesse mundo.

— Eu estou com frio. – repetiu com uma careta enquanto colocava o pequenino aparelho embaixo de sua axila. – Ai, esse negócio tá gelado! Tira!

— Não, eu preciso ver uma coisa. – neguei esperando o resultado que suspeitava. Após alguns segundos o termômetro apitou e quando olhei os números ali inscritos arregalei os olhos. – Sua idiota você tá com quase quarenta graus de febre! Vai já tomar um banho frio enquanto eu chamo a enfermeira da escola! – gritei enquanto a arrastava de sua cama em direção ao banheiro dentro do nosso dormitório. Ela aceitou sem reclamar, o que só piorou toda aquela situação.

Peguei uma toalha limpa e uma muda de roupas para minha melhor amiga, deixando com ela em seguida. Assim que a porta se trancou e ouvi o chuveiro ser ligado tratei de trocar aquela roupa de cama e colocar um lençol e um edredom novo. Me vesti rapidamente com o uniforme da escola e sai correndo do quarto, trombando com alguém que nem ao menos vi quem era. Quando levantei minha cabeça e suspirei de alivio. Era a professora Sophie Groutt. Digamos que ela era a adulta que minha melhor amiga mais confiava em toda aquela escola – depois de mim, é claro. Ela me ajudou a levantar e me perguntou porque estava correndo desesperada daquele jeito.

— A Bridgette está muito mal professora. – contei sentindo minha voz ficar aflita novamente. Ela me ouvia com uma expressão preocupada e decidi continuar. – Ela tá com quarenta graus de febre senhora Groutt.

— Vá até o refeitório e traga alguma coisa leve para a sua amiga comer. Talvez uma sopa, uma canja vai ajuda-la agora. – ela pediu indo em direção a porta do quarto. – Deixe que eu cuide da Bridgette.

— Mas e quanto as provas professora? – perguntei. Ela ficaria encrencada se não as fizesse naquele último bimestre. – Se ela perder vai...

— Deixe que disso eu cuido depois minha querida. – a senhora Groutt me interrompeu e no mesmo instante me calei. Assenti enquanto ela entrava no quarto e eu me distanciava de onde estávamos paradas no corredor. – Agora vá e me obedeça. Vou ver como Bridgette está.

Corri dali a passos apressados, não me importando com os alunos que começavam a ir em direção a suas salas de aula. Porém mesmo que alguma coisa me dissesse para obedecer aquela mulher que conhecia Bridgette tão bem quanto eu, alguma coisa lá no fundo me dizia que tinha alguma coisa que eu não entendia muito bem. Algo me cheirava suspeito e eu iria descobrir mais cedo ou mais tarde.

***

Bridgette

Eu acabara de desligar o chuveiro e me enrolar na toalha quando ouvi uma voz conhecida me chamar do outro lado da porta. Tinha quase certeza que era Annabeth, mas o que ela estava fazendo ali tão cedo? O frio não havia ido embora totalmente, entretanto já me sentia muito melhor enquanto me enxugava e trocava de roupa. Aquela altura Tikki deveria estar com a pequena kwami laranja de minha professora – ou deveria dizer farsa de professora? – dentro do dormitório. Estava certa. Assim que sai do banheiro ela me envolveu num abraço sufocante, onde eu nem conseguia respirar direito. Dei um pequeno gemido e então ela me soltou de novo. Olhando em seus olhos pude então notar a sua preocupação.

— Como está se sentindo querida? – perguntou me puxando para me sentar na minha cama com ela.

Respirei fundo. Precisava de respostas sobre o que havia acontecido comigo na noite passada. Onde tudo aquilo iria acabar? Aonde toda aquela situação iria me levar? A morte ou a loucura?  Senti a pequena kwami negra com bolinhas vermelhas pousar em minha mão e olhar para mim. Ela queria que eu falasse.

— Aconteceu alguma coisa Bridgette? – Annabeth indagou com o olhar preocupado sobre mim. Dei um pequeno suspiro e tomei coragem.

— Sim, aconteceu professora. – respondi sentindo uma grande angústia começar a sair de mim. – Ontem a noite eu não estava me sentindo muito bem. Minha cabeça estava doendo, girando enquanto eu dava uma volta pela universidade depois de ter tido um pesadelo com Miss Fortune. Há algum tempo ela me assombra enquanto durmo... Não me deixa dormir mais em paz. – contei sem encarar o rosto da mulher ao meu lado. Depois de uma pequena pausa continuei: - Eu não me lembro como e nem porque, mas depois de uma forte dor de cabeça eu estava no topo do Big Bang com Chat Blanc. Pelo que eu entendi eu tinha atacado ele e falado algumas coisas estranhas antes de “voltar” a mim novamente. Isso tudo aconteceu essa madrugada.

Se não conhecesse tão bem aquela mulher que ainda chamava de professora poderia jurar que ela não havia entendido uma palavra sequer do que eu havia falado e naquele exato momento deveria achar que sou algum tipo de lunática. Mas não. Podia ver em seu rosto pálido e assustado que havia alguma coisa em meu relato que realmente importava. Pelo menos pude ficar um pouco aliviada: talvez eu ainda não havia enlouquecido totalmente.

— E o seu parceiro disse o que você falou depois de tê-lo “atacado”? – indagou e tentei raciocinar como chegara naquela noite na faculdade. Notei a perplexidade em sua voz e forcei um pouco mais minha memória. – Você se lembra de alguma coisa?

“- A escuridão está se aproximando. – a mesma disse com a voz distante. Ela não havia se virado e algo me dizia que aquilo era muito suspeito. – Logo não haverá solução para a maldição lançada.”

“- A maldição possui três etapas. Quando vocês atingirem a última e não tiverem a solução para ela, os miraculous serão selados para sempre. – ela disse com a voz mudando de timbre. Estava mais grave e obscura, como se... Como se não fosse a própria Miss Fortune falando. – Então todo o mundo sofrerá com os filhos da escuridão.”

— Chat me disse que a escuridão estava se aproximando e que a maldição possui três partes. E – engoli em seco as memórias se embrenhavam na minha cabeça. – que se não tivermos uma solução os miraculous serão selados para sempre.

Mal tinha terminado quando senti meus braços sendo segurados pelas mãos desesperadas de Annabeth e encontrei seus olhos verdes escuros poucos centímetros de distância dos meus. Me encolhi então ela lançava a sua última e decisiva pergunta sobre mim:

— Chat Blanc disse alguma coisa sobre alguma outra pessoa? Alguém que estava por trás de você?

A resposta saiu da minha boca quase que instantaneamente. Eu jamais esqueceria aquele nome.

— Ele disse que eu havia falado de um tal de Gunfth.

Depois disso a senhora Groutt saiu correndo do meu quarto sem dar mais nenhuma explicação para a minha cara cheia de dúvidas.


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Notas finais do capítulo

Olá pessoal, me desculpem pela demora. Fechamento do bimestre ;)



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