O Outro Lado da História escrita por MusaAnônima12345


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Oi gentee! Eu não disse que voltava? Ó eu aqui de novo! :D

Boa leitura e aguardo suas teorias para OOLH!



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Bridgette

 

— Você não pode se esconder de mim Bridgette. – uma voz ecoou em meio aquele cenário que eu corria sem rumo.

Olhei para trás diversas vezes a morena não consegui identificar de quem estava correndo. Ou melhor, fugindo. O motivo era desconhecido até para mim mesma, me fazendo raciocinar que deveria estar sonhando. Bom... Pelo menos era o que a minha mente tentava me dizer. Meu coração estava na garganta e podia sentir a adrenalina em todo o seu sangue, tornando toda aquela situação mais desesperadora. Estava ofegante e minhas pernas começavam a doer por tamanho esforço que estava fazendo.

Olhei mais uma vez para os lugares que estava passando e não reconheci onde é que eu estava. Os prédios estavam escuros e as ruas sombrias, onde o único ponto que consegui ver com clareza era a ponte Millennium Bridge, a única ponte feita somente para os pedestres britânicos trafegarem. Tentei adiantar o passo, mas não consegui: meus pés haviam batido em alguma coisa do chão me fazendo tropeçar no meio da calçada assombrosa que estava ali.  

— O que você quer de mim? – perguntei com a voz trêmula quando ouvi passos se aproximando de onde estava. Passos apressados para chegar até ali e acabar com a minha raça. – Eu não tenho dinheiro.

— Ora essa Bridgette eu não quero o seu dinheiro. – a figura me respondeu e quando chegou bem perto de onde estava senti meu corpo inteiro se arrepiar com o que eu vi: era uma garota praticamente da mesma idade que eu vestida com um uniforme preto com bolinhas vermelhas, porém o que mais me assombrou foi o seu rosto. Ele estava dividido em duas partes. Uma metade era o meu rosto e o outro lado... Estava Miss Fortune. – Você não pode se esconder de mim... Porque eu sou você.

— Não! – berrei o mais alto que consegui tentando me afastar daquela criatura bizarra que estava na minha frente e chutando o ar que nos separava. Não eu não podia ter aquela coisa dentro de mim, eu não podia ser ela... Eu não podia. Sabia que aquilo tava mais para um pesadelo, mas algo me dizia que não era nem a ponta do iceberg. Por mais que tentasse me convencer que não era real alguma coisa dizia totalmente o contrário, deixando tudo aquilo pior e fazendo com que mais uma vez naquela semana eu acordasse com um rio de lágrimas escorrendo pelo meu rosto. – Não, não, não...

— Bridg, amiga acorda! – alguém gritou estapeando o meu rosto sem delicadeza nenhuma.

Abri meus olhos e a primeira coisa que vi foram as luzes do meu quarto sendo acesas depressa. Eu estava suando frio e senti minhas mãos tremerem tanto que precisei segurá-las para tentar controlar aquele pânico que me encontrava novamente. Mais lágrimas escorriam desesperadas pelo meu rosto quando senti os braços de Melody me envolverem num abraço preocupado e ao mesmo tempo reconfortante. Eu literalmente desabei. Eu não estava nenhum pouco bem desde o começo daquela semana, onde eu havia me encontrado pela primeira vez com Chat Blanc, o possível parceiro que teria de aguentar até encontrar uma maneira de salvar os miraculous e só até ali eu já havia tido dois pesadelos como aquele, acordando cada vez pior de cada experiência que acontecia enquanto dormia a noite. Não descobri como Mel ainda conseguia me suportar daquele estado, mas a última coisa que queria naquele momento era que ela me largasse sozinha.

— Mais um pesadelo? – eu a ouvi perguntar com a voz cansada, porém firme. Afinal ela nunca me deixava na mão, mesmo que isso custasse uma noite de sono em período de provas.

— O mesmo pesadelo Mel. – contei tentando conter os soluços de saírem pela minha boca. Respirei fundo e continuei: - É sempre o mesmo pesadelo Melody, eu não aguento mais... Eu...

— Calma Bridg, fica calma, tá? – a loira pediu passando a mão na minha cabeça e fazendo um carinho para que eu lhe obedecesse. Respirei fundo mais umas quatro ou cinco vezes e dei um suspiro pesado. – Agora me conta... O que anda perturbando você?

Me separei da loira enxugando meu rosto molhado e encarei sua expressão preocupada. Não podia dizer a verdade para ela. Por mais que me doesse e me machucasse ainda mais por dentro mentir para a minha melhor amiga, a única que podia dizer que me conhece melhor do que eu mesma, eu jamais poderia contar o que estava acontecendo comigo. Eu sabia o motivo e havia concordado sem pensar duas vezes que aquilo poderia acontecer. Eu havia entrado num mar que poderia me afogar e que nenhuma bóia e nenhum salva-vidas poderia me salvar. Eu tinha que ficar em silêncio.

Passei a mão pelo rosto e respirei fundo mais uma vez.

— Uma... Mulher, ela vive me perseguindo e dizendo coisas horríveis sobre mim. – contei tentando parecer convincente. Ela franziu a testa.

— É só isso mesmo? – perguntou desconfiada. – Amiga pelo jeito que você acorda não parece que é algo assim tão simples. Você acorda desesperada, gritando. Por favor, se você não contar a verdade não posso te ajudar.

— Mel eu estou dizendo a verdade. – menti com a cabeça abaixada. – Pode parecer normal para você, mas pra mim não é. Acredita em mim, o que acontece no meu pesadelo só eu sei. – resmunguei, parecendo realmente magoada pela dúvida dela. Ouvi seu suspiro cansado e senti um aperto leve em meu ombro.

— Eu acredito em você amiga. – afirmou me fazendo me sentir a pior pessoa de todo o universo ali, mentindo na cara dela daquela maneira. Meu estômago se revirou e senti uma vontade incrível de vomitar todas aquelas mentiras que estava escondendo de Melody. Porém, a ideia de colocar a minha melhor amiga e os amigos dela em perigo por minha causa logo me fizeram voltar a realidade rapidamente. Dei um sorriso amarelo e deixei que ela me abraçasse. – O que você acha de fazermos uma maratona de Supernatural esse resto de madrugada?

— Amiga, temos provas hoje. – lembrei deixando uma expressão de alivio me invadir. Poderia eu finalmente me livrar daquele assunto? – Pelo menos uma de nós duas tem que tirar uma boa nota na prova, não acha?

— Eu recupero depois. – ô menina teimosa, hein dona Melody? – Eu só quero que você fique bem Bridg.

— Eu estou bem Mel, não precisa se preocupar tanto assim. – ok, eu sou uma mentirosa muito boa. Isso não é nada bom. – Eu sei como suas notas são importantes para você e para sua família.

Tá legal ali eu havia pegado pesado e notei que ela logo se rendeu. Falar da família de Melody era a última solução para muitas questões: eles não tinham uma condição financeira estável graças ao problema de saúde do pai da Mel, onde tinham colocado ela com muito esforço dentro da Papillion Colege London e onde ela disse que se esforçaria ao máximo para entregar uma condição melhor para seus pais e o resto de sua família um dia, onde, é claro, que uma das melhores notas da faculdade eram dela. Eu jamais me perdoaria se lhe atrapalhasse naquilo e por isso mesmo quis dizer: “você já pode se retirar minha best”. Ela balançou a cabeça e suspirou derrotada.

— Tem certeza que já está melhor? – perguntou novamente. Balancei a cabeça e lhe agarrei num abraço apertado.

— Eu vou sobreviver. – respondi tentando convencer a mim mesma que iria mesmo. Ela bagunçou o meu cabelo e se dirigiu até onde o interruptor estava grudado na parede. – Mas se você quiser deixar as luzes acesas... Assim, só por precaução, eu aceito. – acrescentei rapidamente com um sorriso nem um pouco tranquilo.

Melody apenas assentiu e se deitou na sua cama de novo. Eu simplesmente adorava aquela loirice teimosa cara! Quando via que eu não estava muito bem Mel nunca me questionava sobre o que eu iria ou não fazer, e sempre fazia o possível e o impossível para que eu me sentisse mais confortável onde quer que eu estivesse. Mas o que eu mais adorava naquela garota era o sono pesado que ela tinha. Só um escândalo igual ao meu e uma semana igual aquela para acordar uma pedra que aquela loira aguada se tornava quando dormia. Sério gente ela apagava LITERALMENTE. Podia chover granizo, gelo, pedregulho, meteoro, asteroides, o mundo inteiro poderia acabar e ela estaria lá do mesmo jeitinho: morta. O mesmo jeito que ela estava naquele exato momento.

Sério haviam passado quantos minutos mesmo? Um e meio?

Olhei o relógio do meu celular. Três e quinze da madrugada e lá estava eu do mesmo jeito.

Peguei um sobretudo de inverno que estava sobre a escrivaninha do dormitório e amarrei o cabelo num rabo de cavalo bagunçado, saindo do quarto em seguida o mais silenciosa que consegui.

—--  

O ar frio do final daquela noite maravilhosa de sono que Melody estava tendo naquele mesmo instante me fez voltar a realidade. O cheiro fresco de grama molhada e a pequena neblina que rondava a faculdade eram o cenário mais solitário que encontrei para colocar minhas ideias no lugar novamente. Acomodei Tikki no bolso de meu casaco e a senti estremecer com as minhas mãos geladas. Ou talvez fosse eu, naquela hora já não fazia mais ideia como deveria estar. Sentia que meus pés estavam dentro de blocos de gelo, mas ao mesmo tempo eu estava adorando aquilo. Poderia estar ficando louca?

— Bridgette, está muito frio, porque não entramos de novo? – ouvia a kwami reclamar, mas apenas balançava a cabeça e continuava a caminhar pela universidade. – Você está se sentindo bem?

Dei uma risada sarcástica enquanto lhe encarava de esguelha.

— Ah, claro, porque eu não estaria? – indaguei me sentindo esquisita. Eu, a que odiava ser tratada com ironia, estava sendo sarcástica logo com aquele ser pequenino fofo e amaldiçoado? Não conseguia nem ao menos pensar muito, as palavras saiam sozinhas da minha boca. – Eu tive uma noite terrível de sono, acordei minha melhor amiga e menti descaradamente pra ela e para completar tudo estou aqui parecendo uma andarilha no meio dos corredores vazios da faculdade. Estou me sentindo maravilhosamente bem Tikki. Eu poderia gritar para o mundo que estou muito, mas muito bem! – disse elevando minha voz um pouco para o... Nada?

Senti minha cabeça rodar e meus olhos ficaram embaçados. Precisei me escorar na coluna do corredor aberto em que passava para que não caísse ali mesmo. Meu cérebro parecia que iria explodir a qualquer minuto e podia jurar que vi a imagem perfeita de Miss Fortune na minha cabeça. Alguma coisa estava mais que errada ali quando olhei para Tikki preocupada no meu bolso e ela simplesmente me encarou de olhos arregalados. Apavorada. Essa era a palavra que definia exatamente o que a kwami vermelha parecia ao meu olhar nos olhos.

— B-Bridgette? – a mesma chamou, receosa.

Uma risada saiu de minha boca sem que eu lhe autorizasse e um arrepio atravessou as minhas costas junto com a total confusão do que estava acontecendo. Eu não sabia mais o que estava fazendo e as últimas coisas que eu me lembro de ter dito consciente do que estava fazendo eram apenas duas:

“Tikki, transformar!”    

***

Felix

Eu já estava prestes a acabar com a raça daquele bicho esquisitinho e branco que havia “me escolhido”. Se eu não fosse um cara que disfarçasse as coisas muito bem Mercúrio já o teria descoberto, e olha que não faltaram oportunidades para que aquilo acontecesse. A primeira vez foi quando eu tinha encontrado a caixinha que August deixara cair e para o meu azar, culpa da minha estúpida curiosidade, encontrara Plagg também. Aquela... Coisa, era esquisitamente diferente para mim. Além de quase colocar o nível de organização que instalara no meu quarto para abaixo de zero ao ponto de não conseguir encontrar nenhum pé de meia que guardava em meu armário, ele sempre fazia questão de pregar peças em mim o tempo todo! Aquela noite foi o cúmulo: o infeliz havia me feito tropeçar no meu próprio tênis TRÊS VEZES SEGUIDAS! Tem noção uma criatura dessas?

Em todo o tempo eu precisava inventar uma mentira convincente o bastante para convencer o meu melhor amigo que estava tudo bem comigo e que ele não precisaria me internar num sanatório mais tarde. Às vezes eu sabia que ele não acreditava, mas mesmo assim ele fingia acreditar no que eu dizia. Não aguentava mais aquela situação.

— Não tem como eu me livrar de você? – me lembro de uma vez ter lhe perguntado isso e o ser negro negado com a cabeça ironicamente. – Sei lá, você não poderia ter outro portador para esse miraculous?

— Não Félix, você é o escolhido. – Plagg branco me respondera, me deixando sem alternativas mais uma vez. – O miraculous do Chat Noir precisa ser reformado, transformado de volta ao normal senão todos os outros descendentes dele jamais poderão herdá-lo para uma emergência realmente necessária. É importante passar por essa fase ruim para aprender a enfrentar uma positiva.

Revirei os olhos e entreguei o que aquela coisa havia me pedido para comer: queijo. Queijo Camembert.

— Como é que você consegue só comer isso? – perguntei para ouvir a resposta mais absurda que já havia visto até ali. – Tipo, gatos não gostam de leite e essas coisas?

— Eu sou kwami, não um gato de verdade.

Agora ali, acordado no meio da noite num período de provas e pensando em tudo menos no conteúdo que teria que responder dali a algumas horas a frente. Entre diversos outros pensamentos estava ela.

Miss Fortune.

Aquela garota por trás da máscara de “não-super-heroína” deveria estar passando o mesmo perengue que eu. Mesmo que tentasse me controlar não conseguia parar de pensar em como - mesmo sabendo que ela estava ali para me ajudar a quebrar o feitiço do miraculous – ela era belíssima. Seu cabelo enorme preso em faixas negras, seus lindos e estonteantes olhos azuis turquesas, aquela boca me provocando como se eu fosse um zé ninguém, aquelas curvas perfeitas... Respirei fundo novamente tentando dissipar aqueles devaneios que começavam a dominar a minha mente desde o meu primeiro e último encontro com a mesma. Eu não podia me apaixonar por uma completa estranha daquela forma... Ou será que podia?

Um ronco irritante vindo do garoto negro que dividia o quarto da faculdade comigo me fez voltar para aquela realidade que eu vivia. Sério o Mercúrio realmente parecia um porco roncando enquanto dormia e se não fosse realmente seu melhor amigo eu iria gravar e publicar na internet para muitas pessoas verem aquilo. Ele poderia ser o corredor e o atleta mais rápido de toda aquela universidade, poderia possuir uma quedinha pela Melody e negar que não na frente de todos, porém ele continuava parecendo um porco dormindo profundamente como estava.

— Eu tô com fome Félix. – Plagg reclamou no meu ouvido, quase me derrubando da cama com um susto. Pronto, começou.

— Agora não é uma boa hora para comer Plagg. – rebati revirando os olhos e deitando para o lado oposto onde o kwami esbranquiçado estava. – Para de reclamar e dorme um pouco.

— Sempre é uma boa hora para comer seu loiro aguado. – ele revidou aparecendo na frente do meu rosto e cutucando ele. Eu não merecia aquilo... – Vamos, senão eu vou até aquele seu amiguinho e passo pasta de dente na cara dele.

— Você não se atreveria. – respondi sem dar a mínima e escondendo meu rosto sobre o edredom da minha cama.

Eu juro que pensei que ele tinha desistido por ali, eu juro por tudo que é mais sagrado. Dois minutos depois eu virei para o lado e vi, abaixando as cobertas dos meus olhos, aquele bendito kwami branco REALMENTE cumprindo sua ameaça. Mercúrio estava cheio de pasta de dente no rosto e em uma das mãos quando eu me levantei sobressaltado com o que Plagg iria fazer em seguida. Ele ia fazer a pegadinha mais antiga que eu conhecia bem diante dos meus olhos.

— Volta aqui agora senão eu arranco o seu miraculous de mim e jogo ele longe. – sussurrei irritado com aquela situação toda.  

— Primeiro, a maldição inclui os miraculous estarem presos em seus portadores até que eles voltem ao normal. Mesmo que você tente jamais vai conseguir. – respondeu me fazendo suspirar pesado. – E outra, você não vai se livrar de mim assim tão fácil.

— Tá o que você quer pra sair dai? Queijo? Vem até aqui que eu te dou o seu queijo, mas não faça isso com ele, por favor. – pediu já quase me desesperando com aquela chantagem inteira. Mercúrio não ficaria nada feliz quando acordasse. – Sai logo dai.

— Primeiro o queijo. Depois o garoto. – Plagg propôs sorrindo quando cruzei os braços. Eu iria dizer não, mas quando aquela coisa flutuou para perto do nariz do meu melhor amigo, prontinho para fazer o que ele iria fazer, eu levantei as mãos indo na direção do meu armário e pegando um pequeno pote onde guardava aquele fedorento queijo que o meu kwami gostava de comer. – Abre.

— Que? – repeti bufando. – Tá ai é só você pegar e comer seu chantagista.

Se balançando para causar coceira do nariz do garoto eu me rendi. Tapei meu nariz e abri o pequeno pote, fazendo com que o ar rapidamente se tornasse fedido como uma meia suja guardada no lixão por longas semanas. Plagg rapidamente voou para cima daquela gororoba e agradeci mentalmente por Mercúrio não ter caído naquela pegadinha enquanto dormia. Entretanto minha felicidade durou pouco: no instante seguinte o mesmo já havia esfregado o rosto inteiro com a mão de pasta de dente e precisei engolir as risadas que teimavam em querer sair. Eu não aguentei, peguei o kwami e sai do quarto o mais rápido que consegui.

Ele já havia devorado sua comida e subitamente parou no ar. Encarava alguma coisa ao longe enquanto eu me acabava de gargalhar.  

— Isso foi maldade Plagg. – disse entre tantas risadas que havia me encontrado. Recuperei o fôlego e o encarei mais sério: - Ele vai pensar que fui eu!

— Sinceramente, acho que você tem mais coisas com o que se preocupar. – sua voz saiu sombria e arqueei uma sobrancelha, olhando na mesma direção que ele.

Um barulho alto de algo sendo quebrado surgiu no horizonte das casas apagadas. Todos estavam dormindo, então de onde viera aquele som?

Talvez fosse melhor dar uma olhada.  

— Acho que Chat Blanc deveria dar uma volta por ai para saber se está tudo bem. – ouvi Plagg sugerir em tom baixo.

— É, acho que ele deveria mesmo. – respondi olhando para o anel em minha mão direita, ainda um pouco duvidoso.

—--

Passei por vários lugares e nada. Tudo parecia na mais perfeita ordem, ainda que minha cabeça insistisse em dizer que havia alguma coisa errada ali. Resolvi parar próximo ao Big Ben para dar uma vistoria geral por Londres antes de voltar para a PCL e algo me chamou atenção quando um vulto atravessou o rio Tâmisa. Estreitei os olhos por conta da neblina que teimava em permanecer na cidade e logo tratei de perseguir aquela figura desconhecida antes que desaparecesse totalmente. Corri e já um pouco mais experiente com o bastão em minhas mãos consegui encurralar tal vulto sobre um telhado espaçoso de uma das casas do centro britânico.

Me assustei quando finalmente lhe reconheci naquela escuridão.

— Miss Fortune? – indaguei confuso, abaixando minha arma e segurando em minha mão fechada. – O que você está fazendo aqui a essa hora da madrugada? Aconteceu alguma coisa?

— A escuridão está se aproximando. – a mesma disse com a voz distante. Ela não havia se virado e algo me dizia que aquilo era muito suspeito. – Logo não haverá solução para a maldição lançada.

— Do que exatamente você está falando? – perguntei arqueando uma sobrancelha. – Você está bem?

O silêncio seguinte foi preenchido por risadas tão sinistras quanto o arrepio que me atingiu em seguida. A morena se virou e a sensação assustadora que havia sentido piorou quando lhe encarei. Seus olhos estavam negros. Tão negros que podia dizer que nem mesmo o universo era daquela cor. Sua expressão estava escura, como se não fosse a garota que havia conhecido alguns dias atrás.

Engoli seco. Aquilo estava muito estranho mesmo.

— A maldição possui três etapas. Quando vocês atingirem a última e não tiverem a solução para ela, os miraculous serão selados para sempre. – ela disse com a voz mudando de timbre. Estava mais grave e obscura, como se... Como se não fosse a própria Miss Fortune falando. – Então todo o mundo sofrerá com os filhos da escuridão.

De súbito ela me atacou usando seu ioiô e me pegando desprevenido. Várias vezes eu fui lançado contra as telhas daquela casa e cheguei até mesmo a machucar um dos braços tentando contra-atacar, mas era inútil. Ela era muito boa. Ela lutava de uma maneira tão simples que nem ao menos chegava a suar se desviando de meus golpes falhos. Minha parceira estava fora de si: ela ria, gargalhava enquanto eu tentava inutilmente me  de fender com o meu bastão. Ainda não havia me familiarizado totalmente em questões de luta em combate e até imaginei que ela também não... Espere, ela NÃO estava.

Quando me encontrei jogado no chão de ter apanhado daquela mulher que havia mexido e batido tanto em mim, foi o exato momento que vi que havia alguma coisa por trás daquilo tudo.

Ela não era Miss Fortune.

— Quem é você? – questionei segurando meu bastão em posição de defesa.

Minha parceira se aproximou de mim com um sorriso delirante em seu rosto. Quando estava menos de um metro de distância de mim, a causa de seus olhos negros me respondeu:

— Pode me chamar de Guntfh.

Antes que pudesse fazer alguma coisa aquela garota que não saía da minha cabeça fechou os olhos e caiu nos meus braços, desacordada. Segurei seu corpo e tentei acordá-la novamente para saber mais sobre toda aquela situação. Quem era Gunfth? Porque Miss Fortune estava falando daquele jeito? Porque? Porque? Porque? Milhares de perguntas me tiravam a paciência e quando a morena acordou notei algo diferente em sua expressão. Parecia perdida, confusa.

E seus olhos estavam azuis novamente.

— Chat... Blanc? – disse com os olhos estreitos. Olhou ao redor e para si mesma, tentando entender o que acontecia ali. Eu não desviara os olhos de si nem um segundo sequer. – O... O que aconteceu? Porque está me olhando desse jeito?

— Você... Você não se lembra de nada que aconteceu? – perguntei com cautela. Ela me olhou como se eu fosse louco.

— Lembrar do que? – replicou perdida. – Porque estamos aqui fora nesse frio? O que estamos fazendo aqui a essa hora da noite Chat?

Me ajeitei e comecei a explicar tudo o que tinha acontecido até ali, dizendo porque estava machucado daquele jeito que ela estava vendo naquele momento. Estava mais claro do que água que precisávamos de uma nova estratégia. O inimigo havia se declarado e talvez fosse nele que as respostas estariam enterradas.


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