O Outro Lado da História escrita por MusaAnônima12345


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Mais um capítulo de OOLH pra vocês!

Espero que gostem. ;)



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Narradora

Olho de Londres, 05:31 da manhã.

A madrugada começava a se despedir do solo inglês e consequentemente a cidade começava a despertar. Carros começavam a passar nas avenidas próximas as margens do rio Tâmisa, um dos lugares mais movimentados da Inglaterra mesmo de manhã e mesmo rodeada de neblina. A grande estrutura da roda gigante se mexia constantemente, sem interrupções, gloriosa para os poucos cidadãos que ainda vislumbravam sua beleza e que não haviam se acostumado com sua presença ali. Diversas lendas rondavam sua projeção desde a ideia de sua construção, mas a que mais chamava a atenção era uma lenda pagã de forças sobrenaturais que rodeavam o local. Segundo ela, essas forças eram capazes de controlar o equilíbrio físico e material de tudo o que seu dominante quisesse dominar, podendo assim ter o poder elementar em suas mãos quando desejasse. Porém, como disse, são apenas lendas que ninguém realmente sabe se são ou não são verdadeiras. Bem... Na verdade uma pessoa não quis acreditar nesse “verdadeiro ou falso” e arriscou tudo o que possuía.  Até mesmo sua própria alma.

Essa pessoa se chamava Gustav Flith. Apenas um cidadão ambicioso como qualquer outro para alguns, mas um conhecedor de conhecimentos tão obscuros quanto seu próprio coração para outros.

Há exatos vinte anos, Gustav encontrou três pessoas que mudariam sua história para sempre. Annabeth. August. Niakamo-Fu. Ambos ainda jovens e cheios de aventuras juvenis que todo adolescente universitário passa nesse período da vida. Antes de conhecerem Gustav - um jovem estrangeiro que acabara de ingressar na mesma faculdade em que acabaram de entrar - e desse quarteto começar a existir, vou lhes contar a história clichê do trio dos amigos. Annabeth começava a cursar pedagogia para se tornar uma futura professora formada no futuro e tanto seu carisma quanto sua beleza eram favoráveis ao seu respeito, e, futuramente, ao seu destino. Em seu coração a garota procurava os sentimentos por um dos melhores amigos: August. Este estava sempre ao seu lado, com seus olhos azuis claríssimos e um cabelo loiro brilhante quando jovem, fazendo a garota se sentir única em todo o mundo e toda a universidade que cursavam. Juntos, ambos tentavam esconder a todo custo que aquilo que sentiam, aquele sentimento estranho que compartilhavam, era mútuo. De quem? Por quê?  Para não perderem a amizade do terceiro integrante daquela equipe inseparável: Niakamo-Fu. Este que sustentava certa admiração pela garota de longos cabelos escuros e olhos verdes tão intensos quanto a floresta mais selvagem que poderia encontrar.

Quando Gustav se juntou a eles, encontrou algo que jamais pensou que existisse de verdade: uma possível amizade. Porém, logo ele percebeu que não era exatamente como ele imaginava e mais rápido do que ele poderia imaginar estava se opondo a injustiça que o chinês da “equipe” sofria. Então, quando August e Annabeth resolveram finalmente expor o que sentiam ao público, jogando de uma vez por todas o jovem Niakamo-Fu de lado, o jovem estrangeiro decidiu que não aceitaria aquela traição de cabeça baixa.

— Mas Fu eles merecem! – Gustav exclamara indignado com a seriedade do chinês a sua integridade. – Você mesmo disse que eles quebraram sua confiança! Principalmente aquela Annabeth!

— Não fale dela assim! – o jovem chinês revidara tentando manter a calma enquanto apertava a pulseira de seu miraculous da tartaruga. – Não é certo retribuir uma... Falta de confiança com raiva. Medo, raiva, ódio... Tudo isso só levará ao sofrimento.

— Você é muito pacífico Fu. Esse é o seu problema. – o jovem Flith murmurou sombriamente. Ambos se encararam por longos segundos. – Se usássemos os miraculous da Ladybug e do Chat Noir próximos do Olho de Londres poderíamos usar as forças elementares para dar uma boa lição neles e...

— Gustav, esqueça isso. – Niakamo-Fu advertiu rapidamente fechando seu semblante e se tornando sério. – Isso é apenas uma lenda urbana. E mesmo que fosse verdadeira, as consequências podem ser catastróficas tanto para você quanto para eles. Isso poderia até mesmo te consumir ou coisa pior do que sua própria morte.

— Você tem medo de ser ambicioso Fu. – Flith acusou gesticulando com as mãos nervosamente. – Você tem medo de conquistar um poder maior, é isso? Imagine quantas coisas nós poderíamos fazer! Poderíamos até mesmo mudar toda a Inglaterra, fazê-la do nosso jeito! Já imaginou o quão alto nós poderíamos chegar? Quanto poder poderíamos alcançar?

— O poder não é tudo na vida Gustav, meu amigo. – o chinês respondeu calmamente, porém um triste e solitário brilho passou por seus olhos. – Espero que quando você finalmente entenda isso já não seja tarde demais.

Infelizmente não fora o que aconteceu depois.

Escondido de tudo e de todos, almejando vingar a confiança traída de Niakamo-Fu para ajudar o amigo que sempre considerara fiel em todos os sentidos e que merecia algo melhor que aquilo, Gustav roubou os miraculous da criação e da destruição, levando-os para o local carregado de forças sobrenaturais que ele julgava serem reais. Para a surpresa de todos os efeitos ele estava certo. Havia mesmo uma força maior e mística naquele lugar. Entretanto era algo carregado, algo que trazia consigo medo e desespero não só da Inglaterra, mas de todo o mundo há décadas, colhendo cada erro e cada pequena traição até aquele momento.

 Algo que consumiu e amaldiçoou Gustav. Que assassinou o jovem que tinha boas intenções. Que amaldiçoou os quatro miraculous que trazia consigo, seduzido pelo poder sombrio. Que destruiu uma amizade pela raíz. Que separou o grupo de amigos que estavam mergulhados até o pescoço pela culpa e pela vergonha. Que afastou o trio que antes era tão unido e inseparável.

Algo que criou Gunfth, a alma atormentada que jamais seria totalmente vencida. Que mesmo tendo seu corpo físico morto pelo melhor amigo e um feitiço do Yin-Yang, sobreviveu. E que agora, vinte anos depois, ainda vagueia por ai em busca de cumprir o juramento corrupto que havia jurado no passado.

No nonagésimo aniversário ele renascerá

Das cinzas sua promessa se reerguerá e então o mundo verá o terror se levantar

Quando a última fagulha da esperança desaparecer

E enfim, quando a aurora se erguer

O mundo um novo começo terá.

Do alto da majestosa roda-gigante um vulto humano, alto o suficiente para se assemelhar a um humano comum, estava o vilão da nossa história. Gunfth olhava a escuridão dar lugar ao novo dia que em breve nasceria. No céu, uma tímida fatia da lua prateada era iluminada pela luminosidade que se levantava. Era pequena, mas para ele significava muita coisa: o princípio de sua vingança a ingratidão do passado. Olhos tão amarelos quanto o mais brilhante cobre se destacavam em contraste com a manta negra que cobria tudo o que antes fora seu corpo. O medo, o ódio, a raiva e tudo o que a humanidade tem de mais podre escondido nas profundezas do mundo todo estava preso em sua alma, há muito já corrompida. Porém, no mais íntimo de sua alma, a mesma que ainda por um risco de esperança e vergonha ainda pertencia a Gustav ainda estavam suas memórias. Suas lembranças, ainda que a maioria sejam ruins, lhe lembravam o que acontecera há vinte anos e todos os dias desde que seu juramento lhe atormentava a culpa e o arrependimento lhe corroíam por dentro.

Ele se lembrava de cada ação. Cada fala. Todos os dias. A todo segundo.

Uma risada ecoara no ar gélido e nebuloso da velha Inglaterra como de costume. Os heróis da cidade acabaram de chegar ao topo do relógio Big Ben, onde o poder corrompido das trevas possuíra Gustav e agora se tornara o vilão da história. Em sua mão uma bengala se formara: possuía quase a mesma altura de Gunfth com uma grande pedra de cristal amarela redonda presa em seu topo. De seus olhos uma fumaça negra incansável fumaça negra encobria sua visão, tornando sua presença ainda mais perturbadora e causando calafrios na geração de miraculers presente que não lhe reconhecera de princípio.

Porém, a antiga Volpina de olhos verdes logo se deu conta da situação que enfrentavam.

— Gustav? – indagou com olhos arregalados. Estava atônita. Estaria sua mente brincando com seus olhos? – O que... foi que você...

— Gustav não existe mais! – ele gritara em resposta batendo com força sua mais nova arma no chão. O chão estremeceu e alguns dos heróis caíram no chão. – A culpa de toda essa situação é sua descendente da raposa! É sua culpa e de sua traição que estamos aqui agora! Será o fim para o casal apaixonado ou o fim de toda esta nação corrupta e sem caráter?

— Pare de loucuras Gustav, nós somos os seus amigos! – o garoto loiro de olhos azuis claros rebateu, segurando a adaga que seu miraculous lhe proporcionava em sua cintura. O inimigo gritou furioso.

— Não! A amizade é um erro! Um erro que todos irão pagar mais cedo ou mais tarde por acreditarem em mentiras e falsidades, em fofocas e intrigas! – Gunfth disse com a voz já tomada pelo poder que lhe corroía as entranhas. Dando uma gargalhada sombria esticou o bastão onde pequenos raios começavam a faiscar, ameaçadores. – Quais são as últimas palavras de vocês dois traidores?

Ele não esperou uma resposta. Lançara um raio mortal antes que qualquer um pudesse dizer alguma coisa. O raio de borboletas negras do portador remanescente do Hawk Moth não fora o suficiente para impedir o seu avanço, pelo contrário: parecia aumentar o raio amarelo devastador até onde os dois heróis estavam.

A luta começou. De um lado, antigos amigos que cortaram o laço harmonioso da amizade encontrada. Do outro, o lembrete do que a infidelidade pode fazer a qualquer um. Se continuassem naquilo o combate poderia ser fatal. Alguém iria morrer. Não, Gunfth se vingaria e levaria para o submundo os que mais mereciam. Pela justiça. Pela dor da troca. Por Fu.

— PARE! – uma voz conhecida berrou, atingindo o inimigo com força e o surpreendendo subitamente.

O mesmo se virou e avistou o melhor amigo trajado com seu uniforme característico da tartaruga. Seu semblante estava sério e várias marcas começavam a se aprofundar em seu rosto.

 O vento batia fortemente contra todos e se August não fosse rápido o bastante para agarrar Annabeth, a mesma cairia uma altura média de sessenta metros. Juntos e bastante machucados os dois se arrastaram até o piso aberto embaixo do telhado. A garota tremia, tanto de frio quanto de medo com o que estavam enfrentando. Ela podia sentir o coração acelerado e batendo freneticamente dentro de si para levar o oxigênio suficiente para fazer seu cérebro funcionar com clareza. Mesmo assim sentiu seus olhos lacrimejarem e um pavor tomar conta de seu interior.

— August... – chamou com a voz trêmula e procurando ao extremo manter a calma. – Gustav... Gustav disse que nós somos os culpados por isso... August, sabe o que isso significa?...

— Anna, acalme-se. – o loiro pediu cauteloso com o estado eufórico da morena. Mas ela não lhe dera ouvidos.

— Eu disse que isso não daria certo August. – ela continuou não sentindo lágrimas grossas de seus olhos verdes começarem a escorrer por toda sua face. Apertou as mãos uma contra a outra freneticamente, estralando as articulações dos seus dedos finos e magros como sempre fazia em casos assim. Casos de insegurança, medo... Tudo o que poderia aumentar ainda mais o poder do que um dia fora Gustav. Ela encarou o namorado em prantos. – Nós criamos esse monstro August... E-Eu... Eu sabia que alguma coisa ruim iria acontecer, eu disse que tinha sentido um mau pressentimento... E agora...

O garoto a envolveu num abraço apertado. Odiava ver sua parceira assim, tão frágil e sem chão. Por mais que não quisesse admitir ele sabia. Sabia que colaboraram com a existência de Gunfth e a ameaça que ele poderia ter se tornado – e que não sabiam que arrastariam em suas costas tanto tempo mais tarde. Fechou os olhos com força, mal sabendo que aquele momento poderia ser o último que realmente compartilhariam juntos como um casal. Antes que perdessem mais tempo, o jovem portador do miraculous da borboleta secou as lágrimas da garota a sua frente e lhe beijou. Sabia que aquele poderia ser o último momento que poderiam estar juntos e não lhe desperdiçou. Não podiam negar o amor que sentiam um pelo outro.

Entretanto não podiam ser egoístas para assistir o mundo sofrer as consequências de tal amor.

— Eu sinto muito Anna. – o herói disse quase num sussurro. Não conseguira evitar as lágrimas despencarem de seu rosto. – Eu queria que as coisas fossem diferentes.

A mesma suspirou profundamente em meio ao choro, procurando manter sua expressão tranquila.

— Eu também August, eu também. – respondeu, lhe abraçando mais uma vez.

Novamente no topo da torre um grande duelo se prolongava. Melhores amigos um contra o outro. Separados por diferentes princípios e morais. Divididos em lados diferentes. Sangue contra sangue. Amizade contra amizade. A cena final ocorre diante de todos os ignorantes, num lugar onde ninguém se dá o trabalho de olhar: o telhado do grande Big Ben. O vento uivava e os raios vindos da pedra de cristal amarela no bastão de Gustav se misturavam com a tempestade que se aproximava de Londres. A temperatura caía cada vez mais, porém nenhuma das duas figuras parecia se importar com isso. Ambas estavam presas em seus próprios pensamentos e seus próprios batimentos cardíacos.

— Eu lhe pedi para os miraculous da criação você não pegar. – o chinês disse e sua voz ecoou por todo o telhado do ponto turístico, desde as velhas telhas escuras até as bases de aço que brotavam da torre. – Eu lhe adverti sobre o perigo deste lugar Gustav! Porque ouvidos você não me deu?

— Não existe mais nenhum Gustav! – o adversário gritou fazendo seus olhos cintilarem pelo ódio. Em seguida uma gargalhada atravessou seu rosto agora deformado. – Mas você estava certo. – o jovem envolto da manta negra abriu a outra mão revelando os quatro miraculous da criação e da destruição. – Eu não entendia a magia antes, mas entendo ela agora! E não será você que vai me impedir de conquistar o que eu sempre quis!

Um raio fora bloqueado por Wise Turtle e o grande bastão com desenho de Yin Yang com muita facilidade. O vilão não escondeu a sua dúvida. O jovem chinês apenas balançou a cabeça tristemente.

— Não deveria ser assim Gus. – ele se lamentou dando passos ágeis na direção do mesmo. – Éramos amigos. Melhores amigos. O que mais você poderia querer? Você achou mesmo que desse jeito alguma coisa mudaria? Achava que isso faria com eu me sentisse melhor de algum jeito?

— Eu apoiei você quando todos te desampararam! – Gunfth gritou lançando ataques cada vez mais rápidos e perigosos na direção do herói. – EU estive do seu lado quando todos te largaram! Fui EU Fu, não aquela imprestável da Annabeth e nem aquele falso do August! Será que você será burro o bastante para fingir que eu não ligo pra minha amizade com você?

— Devolva os miraculous ou eu serei obrigado a destruir você. – o chinês pediu encarando o melhor amigo cabisbaixo.

Foi ali que Gustav viu que os que estão mais próximos de você são os que mais te machucam. E foi ali que o último laço que mantinha sua alma a realidade se quebrou e um feitiço do Yin Yang lançado por Niakamo-Fu destruiu o corpo físico de Gustav e sua maldição fora lançada sobre os miraculous, lhes ligando ao seu espírito e comprometendo a próxima geração da humanidade.

— Está chegando a hora escória de heróis. – Gunfth disse para si mesmo enquanto os primeiros raios de sol surgiam no horizonte. – E quando ela chegar ninguém poderá ajudar vocês a me impedir de conquistar o que eu quero.

A escuridão se aproxima e ela não demorará a aparecer.


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Notas finais do capítulo

Comentários? Huehuhue :v

Até o próximo capítulo!



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