A Herdeira Stark - Livro I escrita por Jojs


Capítulo 4
O Diário de Sam




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Samantha sentia seu coração apertado toda vez que tinha que deixar Lila, todas as vezes em que ligara para Phil ele fazia um mini drama particular, mas ele tinha razão, isso precisava se resolver logo, não poderia estender com aquilo para sempre, teria que colocar um ponto final nisso em algum instante, talvez aquele fosse um dos momentos para isso, ela se aproximava cada vez mais de quem era o verdadeiro culpado, as pistas levavam a uma espécie de assassino, levavam a verdade, ela estava se arriscando o máximo que poderiam, realmente Samantha precisava dar um fim no que estava fazendo.

A papelada sobre a mesa mostrava alguma espécie de relatórios, alguns com carimbo da SHIELD, ela tinha sido levada até aquele prédio no subúrbio de Nova York, passava a unha na lista de agentes, parecia muito grande para algo como a SHIELD, ela lia nome por nome e chegou ao fim da página vendo um em particular, semicerrou os olhos tendo certeza do que lia e respirou fundo concentrada na ficha que via a frente dos seus olhos, era muito irreal pensar que ele estava envolvido naquilo, que a realidade a frente dos seus olhos não era puta ficção.

Ela passava as folhas da pilha dentro da pasta, o nome de Howard e Maria Stark estava na página seguinte com alguns dizeres sobre o assassinato de ambos. Sam queria ler mais, mas teve que juntar as folhas ao ouvir passos vindo em sua direção, ela deixou o abajur ligado como estava quando ela chegou, apenas se escondeu no armário de casacos, bem no fundo, para que ninguém a percebesse lá. Na sala entraram o que pareciam ser dois homens, eles comentavam algo baixo, até que fizeram um silêncio.

— Eu não queria ter feito aquilo, Carbonell e meu pai foram muito amigos. — O homem mais perto da mesa que ostentava um bigode falava do pai de Maria Stark. — Mas ela se casou com o homem errado e teve que ser feito.

 — Ainda sobre sua paixonite por Maria? — O outro homem de roupas miliares revirou os olhos. — Depois de tantos anos pensei que já havia esquecido a mulher que perdeu para Howard, até um filho eles tiveram.

— Sobre o Anthony ... — O homem de bigode se aproximou do outro. — Acha que ele sabe sobre algo?

— Não sei, se ele souber é um perigo e teremos que mata-lo também. — O homem de roupas militares torcia os lábios. — Todo Stark tem que ser morto, seja adulto, criança, todos, não sabemos até onde a Maria e o Howard deixaram pistas.

— Mas não há outros Starks além do Tony. — O homem de bigode falou em tom de deboche e Samantha revirou os olhos no armário.

Os homens saíram pouco tempo depois, Sam estava no armário e respirou aliviada, por pouco ela não tinha sido pega, isso significaria fracasso de sua missão. Ela ainda esperou alguns segundos, então saiu do armário no maior silêncio possível, as pessoas ali presentes tinham falado sobre matar Tony, essa era uma informação nova que ela possuía, tinha que falar com o Stark o mais rápido possível, tinha que avisar Tony.

Ela guardara a pasta com algumas folhas em sua bolsa, a única saída era a janela lateral, Sam saía pela janela quando alguém abriu a porta, a mesma pessoa que tinha seu rosto estampado em fotos de uma das folhas da pasta que Sam carregava, ele podia até estar com parte do rosto coberto, mas Sam reconheceria aqueles olhos com toda a certeza. O homem ao ver Sam avançou rumo a janela, a mulher a fechou pulando pelos degraus da escada de incêndio para fora do prédio.

O homem era rápido, a única coisa que Sam pode fazer foi pular as escadas tão rápido que quase sentia o homem em seu encalço, ele era rápido e assim que Samantha colocou os pés na rua. Ela corria o máximo que podia, não queria usar a sua arma e nem nada que chamasse a atenção, o homem atirou com uma arma que acertou Sam na perna direita e ela caiu no chão, ela se arrastou por entre as lixeiras do beco enquanto ouvia os passos da bota do homem que a perseguia.

Sam nunca foi de sentir medo, nunca batera os dentes um contra o outro, mas chorou baixo ao pensar que iria morrer ali, ao pensar que Lizandra ficaria sem sua mãe, que Phil não teria mais informações suas e que sua morte, assim como a de Howard e Maria ficariam sem explicações, tudo, absolutamente tudo ficaria com uma lacuna enorme. Ela tinha uma arma de choque entre seus dedos, era sua única chance, os passos do homem vinham em direção de onde ela estava, o gosto amargo em sua boca denotava o vômito que se aproximava, Sam segurou muito forte a bolsa, não poderia perde-la.

Quando o saco de lixo que estava na sua frente saiu, Sam ignorou todas as dores na panturrilha de ter levado o tiro, mas doía muito, como doía, a figura na sua frente a observava acuada e a única coisa que ela pode fazer foi usar o choque no maior nível possível, o que jogou o homem para trás. Ela se levantou, ainda mancando um pouco pela dor e assim correu. Mas como ela, o homem também não estava disposto a parar de lutar, muito pelo contrário, ele se contorcia um pouco pelos choques em seu corpo, mas aquilo não ia nocauteá-lo, não ele!

Ainda mancando um pouco ele se levantou e pulou sobre Sam, a mulher caiu no chão batendo a mão em sua perna em busca da arma de choque, ela encostou aquilo no queixo do homem que tremeu o corpo, mas não a soltara, ela então tivera que apelar para algo que não gostaria, sua arma de fogo, deu dois tirou, um na mão e outra no outro do homem que a soltou o suficiente para Sam correr o máximo que podia, mesmo com a perna machucada. Ela viu o ônibus parado do outro lado da rua, as pessoas terminavam de entrar no mesmo e ela tinha poucos trocados, olhou para trás de relance e o homem estava de pé com a mão no ombro atingido pelo tiro, a observando enquanto ela entrava no ônibus desesperada.

— Phil! — A mulher gritou de um lado da linha. — Phil você está aí??

— Sam? Calma, o que houve? — Coulson tinha acabado de acordar, adormecera colocando Lila para dormir.

— Phil eu descobri a verdade, eu sei quem fez isso. — Sam estava ofegante, ela descia do ônibus e corria rumo a um apartamento que usava como esconderijo, ainda errou três ou quatro vezes o buraco da porta. — Eu sei quem matou Howard e Maria, é ... É, irreal.

— Onde você está? — Phil já vestia a roupa. — Eu vou até você Sam.

— Me dê algumas horas Phil, por favor. — Sam fechava as janelas do apartamento. — Eu preciso organizar tudo isso, todo o diário, eu preciso terminar.

— Não posso deixar você sozinha nesse estado. — O olhar do homem ia em Lila deitada na cama. — Me deixa te ajudar.

— Você vai me ajudar e vai ajudar muito, mas preciso que confie em mim. — As engolia seco o breu que ficara seu apartamento. — Pode fazer isso?

— Posso. — Ele suspirou passando a mão no cabelo que estava uma bagunça e já dava sinais da careca. — Por favor, não desaparece.

— Eu prometo que não ire. — E a ligação findou-se.

Samantha deixou Phil afoito, quase nunca a via tão preocupada daquela forma, mas ela enfim tinha chegado a uma conclusão. O homem sabia que poderia ter que sair a qualquer momento, que poderia ter que simplesmente ir atrás dela e levar Lila não seria uma opção, verificou com a velha senhora que olhava a menininha no apartamento ao lado, ele poderia deixar Lila por lá caso tivesse que sair as pressas.

Sam sentou a frente da mesa da cozinha, somente com uma fraca laterna iluminando ela abria o diário, prendeu algumas fotos com um clipe, não poderia deixar que elas fossem embora, não queria que as informações se perdessem. Ela escreveu cada detalhe, cada uma das páginas do diário que já estava abarrotado de informações para que sua filha pudesse ler e entender o porque ela não estava lá, o motivo de não ter sido a mãe presente que sempre quis ser.

No final ela olhou sua letra, as lágrimas de Sam caíram sobre algumas páginas, ela fechou e escondeu o diário no piso falto de madeira da cozinha, bem próximo a porta que dava para o quarto, ela pisou algumas vezes com força, Phil conseguiria tirar de lá se preciso, mas agora ela tinha que ir embora. Enfiou as coisas em uma mochila, colocou fogo em todas as informações das folhas que pegara, ela via cada fagulha queimar dentro da lixeira de metal que possuía na cozinha, as chamas refletiam em seus olhos, ela não poderia demorar muito ali, precisava falar com Peggy o mais rápido possível, mas também precisava sumir, sabia que ele viria atrás dela, o homem do beco.

— Phil? Ta aí? — A voz de Sam era baixa.

— Sam! — Phil pulou da cama ao ouvir a voz dela do outro lado da linha. — Eu estou sim.

— Phil me desculpe, mas eu não vou poder ficar, nem sei quando vou voltar de verdade. — Sam segurava o choro. — Preciso que fique com a Lila, que a crie e que só deixe ela saber a verdade sobre o Anthony se for o melhor pra ela.

— Samantha pelo amor de Deus, me fala o que está acontecendo! — Phil alterou a voz e até viu Lila se mexer na cama. — Não me deixa só ouvindo por favor, você está me matando aos poucos.

— Eu não deveria ter te metido nisso. — Então ouviu-se um baque forte na porta. — Ele está aqui! ELE ME ACHOU PHIL!

— SAAAAAM! — Phil gritou do outro lado do telefone. — Onde você está, ME DIZ SAMANTHA!

— Eu estou no Brooklyn, onde nos conhecemos, lembra? — Ela parecia correr, Phil também ouvia tiros. — Se você chegar e eu não estiver aqui, lembre-se do babaca do Jason.

A ligação caiu e Phil não estava conseguindo assimilar as coisas, ele pegou Lila no colo e deixou na vizinha, depois disso dirigiu o mais rápido que pode para a localização de Sam, ela era sua amiga, sua irmã de alma, não poderia deixa-la morrer, não saberia como contar a verdade a Lila, não saberia como fazer tudo, como lidar com a vida sem Sam, Phil nunca deixaria de ser o garoto tímido sem a irreverente Samantha Blaine para guia-lo.

Seus pulmões quase escapavam pela boca quando ele subia pelos lances de escada, a porta estava aberta, a luz apagada e quando Phil a ligou pode ver a cena de horror pela casa, todos os móveis jogados para os lados ou quebrados, além de marcas de sangue por vários locais, o que incluía uma marca de sangue na porta da geladeira branca, aquilo deixou Phil em completo desespero, seu coração disparado, suas pernas bambas, ele não acreditava no que via.

Ele procurou no quarto, até mesmo no banheiro, em todos os lugares, mas não havia um sinal mínimo de Sam, ele não poderia nem contatar a SHIELD para ajuda-lo, Phil estava sozinho, desolado. Lembrara então de uma das últimas palavras dela enquanto andava por um lado e outro, era sobre Jason, um ex-colega babaca de academia que ambos tiveram, foi naquele apartamento que Sam e seu ex-namorado tiveram uma das piores discussões e Phil ganhou um belo olho roxo quando Jason o encurralou contra o beiral da porta do quarto de Sam, quando o agente se encaminhou para o quarto pisou no que parecia ser um piso falso, então Sam tinha um plano.

Coulson tirou com dificuldade o piso de madeira, olhava par ao lado para ter certeza de que não estava sendo vigiado, puxou o pequeno caderno lá de dentro, robusto com várias páginas escritas, de relance pode ter certeza que pertencia a Sam. Até o mínimo barulho de um gato sarnento na janela que dava para a saída de incêndio o assustou, Phil desligou a luz e desceu correndo as escadas, nunca correra tão rápido na vida, entrou no carro, encostou a cabeça no volante, sob suas pernas o diário semi-aberto na primeira página, entre tantas palavras ele atinou-se ao topo, “ Minha querida Lila, aqui é Samantha Blaine, sua mãe. Eu tenho uma história para lhe contar ... ”.


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