Hearts Of Sapphire escrita por Emmy Alden


Capítulo 7
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Notas iniciais do capítulo

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As Audições duravam três dias. Cada dia reservado para uma etapa diferente.

Para Corinna, o segundo dia — ou o dia da Análise era o mais cansativo.

Cada cidadão que estava apto a participar da seleção ficava de uma a três horas dentro de uma sala com dois deorum: um examinador e um médico.

Na primeira parte, eles entregavam uma espécie de prova com questões complexas e maçantes. Na parte seguinte, o humano era examinado no sentido mais clínico da palavras.

Não era nada que fizesse diferença para os humanos. O restante que não fosse escolhido para o Sacrifício nunca ficaria sabendo dos resultados. Nada de saber se tinham doenças crônicas, ou as hereditárias, ou até mesmo algum vírus corriqueiro.

Para descobrir algo do tipo, a pessoa teria que se sujeitar aos médicos despreparados de seu próprio vilarejo. O que no final das contas, não fazia muita diferença.

Corinna não demorou para encontrar a examinadora do dia anterior. Laeni.

A deorum sorriu quando a viu, mas a menina não fez mais do que direcionar um aceno rápido de cabeça antes de sentar-se no lugar reservado a ela.

Tinha o pressentimento que no momento em que cruzasse o olhar mais do que um segundo com ela ou com qualquer um outro deorum naquele dia, a garota estaria com problemas.

Tudo devido a um acontecimento naquela manhã.

 

Ao acordar, Corinna parecia que tinha descansado como nunca antes.

No fim de tarde do dia anterior, quando Kallien a deixou no Estúdio, com a insinuação de que seria para sempre, ela sentiu como se o mundo estivesse prestes a desabar a seus pés. Ela sabia que aquele alívio devia-se ao bilhete que encontrara em seu quarto logo antes de cair num sono pacífico. Não queria perder seu amigo. Não podia perder seu amigo.

A garota não possuía muitas coisas no mundo, não se daria o luxo de perder uma. E, então, com o bilhete de Kallien em mãos — dando a entender que compreendia a posição dela e que aceitava—, Corinna não se sentiria como se estivesse alimentando qualquer esperança, que o rapaz pudesse ter para com ela, ao escrever um bilhete resposta.

Descendo as escadas, com as forças renovadas, a menina teve tempo apenas de dar um beijo na bochecha do seu pai antes que este saísse pela porta com um sacola.

As aulas haviam sido oficialmente suspensas por causa das Audições, então o homem tentaria a sorte no comércio.

Minutos depois acontecera.

Corinna sentou-se à mesa para escrever a resposta e olhou para o papel em sua mão. Havia esquecido a caneta em seu quarto e a disposição dela para subir as escadas não era uma das maiores.

Lembrou-se de Laeni materializando, num piscar de olhos, uma caneta simples. Feita de vidro resistente. Azulado.

Inspirou profundamente. Como seria mais fácil naquele momento se ela conseguisse fazer algo do tipo.

Segundos passaram para que ela decidisse ir atrás do objeto. Então ela levantou-se.

Em um minuto, a mesa a sua frente continha apenas um pedaço de papel e um copo de refresco pela metade.

No seguinte, uma caneta havia se juntado aos objetos.

Feita de vidro resistente. Azulado.

O ar sumiu dos pulmões da garota. Ela olhou em volta, abriu as portas e olhou entre gretas, conferindo se estava sozinha.

Esfregou os olhos e voltou a encarar a mesa.

O objeto ainda estava lá, como se não tivesse aparecido do nada há poucos instantes.

Corinna controlou a respiração, sentou-se novamente. Pegou a caneta entre os dedos, querendo comprovar que era feita realmente de alguma matéria. Deslizou-a sobre o papel vendo a tinta fluir precisamente.

Tentaria achar uma explicação lógica e racional para aquilo depois.

 

—Tudo bem com você?— foi a voz de Laeni que anunciou a presença desconfortavelmente próxima da mesma.

Corinna saiu de seus pensamentos chacoalhando a cabeça.

—Claro, claro.— a menina ainda evitava encontrar o olhar da examinadora.

Quando Marjorie entrou na sala, a moça permitiu-se franzir a testa.

Era para ser uma examinadora e um clínico. Por que havia duas examinadoras..

—Eu tenho formação e autorização para atuar como clínico, não se preocupe..—Laeni respondeu como se pudesse ler a mente de Corinna.

Ótimo, a menina pensou. Como se ela precisasse realmente passar mais um dia com aquelas duas.

—Não finja que não está feliz em me ver.— foi a única coisa que Marjorie disse como cumprimento.

Corinna começara a se perguntar se alguma das duas não estava ali para ficar de olho nela. Por mais aleatório que isso fosse. Por mais inútil que ela fosse.

—Vamos começar pelos exames e depois lhe entregaremos os testes, tudo bem?— a garota apenas assentiu escondendo profundamente seus pensamentos sobre qualquer coisa estranha que resolvera acontecer com ela naqueles dias. —Encoste a cabeça no apoio.

A deorum de cabelos pretos e olhos castanhos posicionou-se atrás da cadeira de Corinna e repetiu o gesto de Marjorie no dia anterior, colocando dois dedos em cada têmpora da menina.

Em vez do desconforto costumeiro, ela sentiu alívio ao fechar os olhos.

A cabeça de Corinna latejava tanto que a menina quase não reparou Callandrea, sua amiga e irmã de Kallien, esperava por ela do lado de fora da Casa Central.

Os cabelos loiros da menina estava preso como uma coroa sobre sua cabeça. O vestido amarelo requintado— embora simples para os padrões de Callandrea— com uma saia volumosa fazia com que a garota pudesse ser comparada ao sol suave da manhã.

—Você está acabada.— a moça disse como cumprimento à amiga que se aproximava.

—Ainda bem que virei sua amiga pela objetividade e sinceridade, obrigada.— Corinna respondeu entrelaçando o braço com a menina enquanto esta ria graciosamente.

—E como foi a sua Análise? Ainda é tão ridícula como costumava ser?

Callandrea não participava das Audições desde quando completara 13 anos. Em todos os três anos que participou, a menina sentia que ficara bem perto de ser escolhida e a única alternativa foi arranjar um casamento.

Corinna lembrava de como a senhora Steros ficara aflita com a ideia de o matrimônio. Porém, tanto a mãe quanto a filha tinham seus meios.

Em vez de casar Callandrea com alguém de sua idade e ter de cumprir com os deveres do casamento, a garota arrumaria um cônjuge apenas na época das Audições. Em geral, estes eram senhores de idade, próximos ao fim de suas vidas, que não queriam nada além de companhia e alguém para quem deixar heranças.

Portanto, apesar do número de casamentos, Callandrea nunca deixara de ser cobiçada entre os garotos do vilarejos.

Kallien contou à Corinna como a irmã dele ficara aflita quando anunciaram o Sacrifício fora de época. O seu último marido havia acabado de falecer e a menina teve que ser ágil em achar um outro. Naquele momento, ela estava noiva novamente e se casaria longo depois de Kallien.

—Tão desconfortável quanto você deve se lembrar.—a menina Lestat respondeu enfim. —Acho que terei que ficar pelo menos uma semana sem chega perto de algo que contenha letras para que essa dor de cabeça vá embora.

Com uma tosse mal fingida, a amiga retrucou:

—Você não precisaria passar por isso, se parasse de ser tão teimosa.

Corinna revirou os olhos:

—Eu não vou falar sobre mim e Kallien com você. Não novamente.

Callandrea não conteve o suspiro impaciente.

—Não precisa, de qualquer forma. Ele já me contou tudo quando chegou furioso na casa de papai ontem.—seus olhos passaram rapidamente pelo colar que pendia no pescoço da garota.—Bem, quase tudo. Se essa belezinha está aí novamente, vocês estão em bons termos novamente.

—Acho que estamos. Ele apareceu no casebre de madrugada, com um colar e um bilhete. Escrevi uma resposta hoje pela manhã.

Apesar de não querer que fosse daquela forma, Corinna sabia que nunca poderia contar sobre o ocorrido.

—Isso é bom, eu acho. Só tome cuidado, Ailani está no ponto de distribuir recompensas em troca de sua linda cabeça morena. E eu acho você bonita demais para morrer de uma forma tão vulgar.

Corinna poderia ter rido, não fosse pela expressão severa no rosto da amiga no momento seguinte:

—Tente não machucá-lo demais. Ele gosta de você, de verdade. E há um número limitado de vezes que podemos ter nosso coração quebrado e o processo ser reversível. Você é minha melhor amiga, mas ele ainda é meu irmão, não tem nada no mundo que eu não faça por ele.

A menina não queria que aquilo tivesse soado em seus ouvidos como uma ameaça, mas ela não pode evitar. Apenas reconheceu o pedido de Callandrea ao acenar com a cabeça e dar um sorriso fraco.

E então deixou que a garota guiasse-a pelo vilarejo.

Costurar, de longe, não era o passatempo favorito de Corinna, apesar de não ter dificuldade em fazê-lo. Porém, costurar com as senhoras do vilarejo, logo depois da notícia do colar que Kallien lhe dera, era quase um martírio.

Callandrea ainda residia na casa de seu último finado marido e era costume dela convidar as mulheres para costurarem, ou melhor, fofocarem juntas.

A mãe dos amigos de Corinna já organizava tudo antes que Callandrea chegasse com a garota.

O silêncio que preencheu o lugar quando ela pôs os pés na casa, foi como um tapa na cara, mas a moça não hesitou nem por um segundo ao caminhar até a poltrona que Callandrea sempre reservava para ela.

—Ignore essas velhas mal amadas.— a loira murmurou para Corinna quando uma das senhoras falou alto demais que achava uma falta de vergonha homens comprometidos dando presentes para outras mulheres.—Elas queriam ter recebido algum presente uma vez nas vidas miseráveis dela.

—Callandrea.—a senhora Steros advertiu a filha enquanto dava um beijo na bochecha de Corinna e acrescentou baixinho.— Mas ela está em uma coisa: Ignore essas mal amadas.

A menina sorriu para a mulher. Era a figura mais próxima de materna — ainda que não sua— que a garota já teve.

Já presenciara momentos suficiente de afeto da mulher com Callandrea e com Kallien para ter uma noção do sentimento. O suficiente para sentir falta de uma mãe que ela nem mesmo teve a oportunidade de conhecer.

—Meninas, tomem cuidado.—uma senhora rechonchuda avisou no momento em que Corinna saía dos pensamentos e escolhia um tecido para começar. A menina levantou o olhar apenas para notar que a mulher a encarava.—Principalmente você, meu bem, que mora muito próximo da florestas.

Estão acontecendo umas coisas estranhas nos últimos dias.

Corinna franziu a testa e foi Callandrea que perguntou:

—Que tipo de coisas estranhas?

A senhora fez um suspense desnecessário ao olhar para os dois lados, inclinar-se para frente e então sussurrar:

—Assassinatos.

Um coro de “oh!" e “céus!" preencheu o cômodo; a mulher continuou:

—E não é só aqui em Fortuna, meu marido é comerciante e o burburinho dos assassinatos também estão tendo origens em outros vilarejos.

—Tem certeza que não é só mais um rumor criado pelos deorum para nos amedrontar?— Corinna perguntou passando a linha pela agulha sem muito esforço.

A garota realmente se preocupou quando viu a senhora engolir a seco e empalidecer.

—Vocês notaram que a Earle não está aqui hoje.— a mulher destacou. A moça lembrava o nome, apesar de não lembrar as feições. Mesmo assim, ela fez um sinal encorajando a senhora a continuar.—Ela não conseguiu vir, pois está de luto. A neta dela foi assassinada há mais ou menos três dias. O corpo foi encontrado na parte de trás da casa e... não foi algo que eu acho que qualquer um de nós tenhamos estômago para ver.

O silêncio do lugar era espesso. Tangível.

A amiga de Corinna não demorou muito para quebrá-lo.

—Mas a casa de Earle é do outro lado do vilarejo, por que especificamente Corinna deveria tomar cuidado com a floresta?

A senhora deixou que alguns minutos se passassem antes que ela respondesse:

—Os boatos alegam que os assassinatos sempre são de garotas na idade de vocês.—a mulher encarou Corinna.— Quem quer que seja parte desse grupo de assassinos, parece ter um padrão. Eu não sei se vocês tiveram a oportunidade de conhecer a neta de Earle, mas ela, fisicamente, se parecia muito com você, menina. Assim como a descrição das maiorias das vítimas.

 

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Notas finais do capítulo

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