Hearts Of Sapphire escrita por Emmy Alden


Capítulo 26
¨t w e n t y - f i v e¨


Notas iniciais do capítulo

Hey, aqui vai mais um capítulo de Hearts of Sapphire! Espero que gostem!



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Os Escolhidos precisavam de dois pontos para passar à próxima fase.

Dois combates. No mínimo, um deles tinha de ser físico.

Em caso de empate, outro combate físico era realizado.

Corinna respirou fundo.

Uma semana e meia se passara.

Mais seis Escolhidos tinham caído, dos quais dois ficaram impossibilitados de voltar à competição e quatro tinham sido abatidos por alguns dos Sanguinários.

Oito Escolhidos já estavam na segunda fase. Incluindo Kallien e Bastian.

A Escolhida de Fortuna teve que ser forte para assistir toda a brutalidade do seu amigo em ação. Não desviou o olhar, e também não viu um pingo de remorso nos olhos dele.

Poderia julgá-lo por ter encontrado sua forma de sobreviver naquele lugar?

Corinna tentava não pensar muito nele, tentava não julgá-lo, apesar do colar em seu pescoço geralmente arrastá-la para aquele passado que parecia tão distante, onde compartilhavam a companhia um do outro.

Onde trocavam sorrisos e segredos.

Parecia décadas atrás.

Conall ainda não havia tido sua revanche, mas estava sentado ao seu lado enquanto o combate de Mattia estava prestes a começar.

A maioria dos combates anteriores tinham sido físicos. Pela primeira vez, os Escolhidos puderam ver uma ilusão tomar forma.

Uma cabine que ocupava apenas o centro da arena.

Quem estava de fora não poderiam ver as quatro paredes que cercavam Mattia e Albernaz—um dos Escolhidos da "primeira chamada" vilarejo de Corinna—, porém todos sabiam que elas estavam ali porque ambos apoiavam pesadamente suas costas no lugar onde deveria estar uma das paredes na ilusão.

Era uma prova de inteligência e estratégia, mas os aliados de Mattia só foram entender como funcionaria quando uma minúscula onda umedeceu os pés dos que disputavam.

Mattia estava de olhos fechados quando sentiu o primeiro toque da água congelante nos seus dedos dos pés descalços.

Ela e Albernaz, seu oponente, estavam amarrados no que parecia ser uma cabine inferior de uma embarcação que a menina só tinha visto em livros.

O porto de Amara ficava a sudoeste, bem longe do norte, onde a garota morava. O mais perto que chegara de uma embarcação tinha sido de peças quebradas que chegavam para conserto.

Não entendia muita coisa sobre a disposição de portas e janelas.

Se fosse possível que aquele nível possuísse janelas.

Albernaz também não parecia mais instruído do que ela, apesar de ela saber apenas o seu nome e que o rapaz era do mesmo vilarejo de Corinna. Entretanto, o menino parecia que seria capaz de vomitar a qualquer momento.

A Escolhida de Amara tinha ouvido sobre as ilusões nos combates, Raleigh tinha se dado o trabalho de explicar detalhadamente e repetidas vczes o quão real poderia parecer.

Claramente, ela tinha subestimado seus avisos.

Seu tronco estava bem amarrado com uma corda juntamente com seus braços. A roupa de couro —revestida de lã— por dentro que haviam disponibilizado para ambos certamente não servia para ajuda, e sim para garantir um peso a mais no corpo de ambos.

O balançar— marítimo, a menina supôs— realmente, fazia com que seu estômago desse umas boas voltas.

As paredes eram próximas demais, os ombros dela quase chegavam a esmagar o do garoto ao seu lado, que estremeceu quando um outro furo apareceu na madeira e mais água gelada entrou na cabine.

Não fora Trevan que desafiara o Escolhido. Mattia não conseguia entender como o Simpatizante de Albernaz tivera a brilhante ideia de uma simulação daquelas quando era óbvio que o menino estava muito mais desfavorecido do que ela.

A Escolhida analisou o espaço.

Dois, três, quatro passos para chegar na parede oposta.

Cinco na diagonal para chegar numa parte onde o teto parecia esconder uma abertura.

Um cabide de ferro preso à parede. Três passos.

Um estrondo e mais um buraco se abriu na parede. Maior que os outros.

Mais água entrando.

A corda que prendia seus tornozelos juntos já estava encharcada com a água e o atrito deles com a corda fazia o sal arranhar sua pele.

O couro mais a lã ensopada da sua calça já deixava suas pernas mais pesadas.

Ninguém falou quando eles deveriam começar a se mover. Apenas os jogaram em silêncio ali.

Quando o quarto buraco de cinco centímetros de diâmetro estourou bem ao lado da cabeça de Albernaz, fazendo-o soltar um grito constrangedor, Mattia percebeu que talvez fosse a hora de começar a se mover.

Algo quente se agitou dentro dela quando um esguicho da água atingiu seu pescoço descoberto.

Se é um combate intelectual e estratégico, significa que você precisa pensar, a voz de Raleigh soou ao longe, na cabeça da menina, E para pensar, pensar direito, você precisa estar calma.

Mattia respirou fundo, a água começando a subir pelo seu quadril.

A ardência em seu tornozelo aumentava cada vez que a garota se movia.

Aquele sem dúvidas tinha que ser o primeiro passo.

Mattia esfregou as costas na parede até chegar em um dos primeiros buracos abertos.

Sua mão não tinha quase nenhuma mobilidade com aquelas cordas apertadas, mas no escuro, a garota conseguiu passar dois dedos pelo buraco, o fluxo da corrente fazendo pressão neles.

Concentrou toda sua força ali e puxou um pedaço de madeira com mais facilidade do que ela aparentou.

Suspiros foram ouvidos, certamente vindos da arquibancada.

Foi uma lasca pequena, na verdade, nada que pudesse levantar muitas suspeitas. Também, comparado ao fato que a menina havia acabado de abrir mais o buraco na parede e agora a água entrava com mais facilidade, ninguém estava reparando naquele detalhe.

—O que você está fazendo?— Albernaz sussurrou do canto onde se contorcia tentando soltar as amarras. Contudo, a Escolhida não lhe deu ouvidos, apenas fez um esforço para sentar sobre os pés.

Naquela posição, sua mão ficava bem próxima da corda em seu pé e, logo, ela começou a passar a parte afiada da madeira na amarra.

Corinna observava Albernaz se contorcer contra as cordas inutilmente.

Aquele não era um combate físico; dificilmente conseguiria vencer com a força bruta apenas.

A garota não poderia deixar de notar o alívio em seu peito quando Mattia conseguiu tirar aquele pedaço de madeira com uma estranha facilidade. Ao menos, a menina estava indo pelo caminho certo.

O suspiro aliviado da Escolhida de Amara poderia facilmente ser comparado aos que saíram dos lábios de seus aliados quando finalmente a corda nos pés dela se partiu.

Respirando fundo Mattia se pôs parcialmente de pé. Parcialmente porque o teto da cabine era surpreendentemente baixo e a corda em volta da parte superior do seu corpo parecia ficar mais apertada a cada segundo, fazendo com que a menina se curvasse mais do que o necessário.

Albernaz ainda continuava sentado no chão, e a Escolhida evitava olhar em sua direção.

Não poderia ajudá-lo. Ao menos, a ilusão não era capaz de matar nenhum deles de maneira autônoma.

Ela precisava garantir aquele ponto.

Um outro buraco, ainda maior do que o último, explodiu na direção do pé da garota que teve de fazer um esforço para não escorregar.

Com os pés firmes, caminhou até o cabide de ferro. Nenhuma das extremidades do objeto era afiada o suficiente para romper a corda mais grossa em volta do seu corpo.

A menos que ela arrancasse a esfera que ficava na extremidade principal.

Albernaz murmurava baixinho atrás da garota.

Mattia colocou os dentes em volta daquela ponta lutando contra a aflição do atrito deles contra o metal.

Pediu silenciosamente para que sua boca ficasse intacta antes de contar até três e puxar com toda a força que podia.

O barulho da esfera arranhando seus dentes e a dor na sua mandíbula fizeram a menina contorcer o rosto, porém, sem demorar muito, a Escolhida cuspiu, o pedaço de metal afundando na água que já chegava próxima aos seus joelhos.

Depois de examinar a ponta—agora cortante— do cabide, Mattia se virou de costas, se impulsionando levemente para cima e contra o cabide, fazendo com que a ponta gastasse várias partes da corda.

Sabia que cortar da maneira correta levaria tempo demais e a menina não tinha nenhum tempo sobrando.

Não quando mais uma fissura se abriu na parede, perto o suficiente para a água salgada entrar em seu olho.

Mattia ofegou no mesmo segundo que sentiu a corda ficar mais frouxa em volta de si.

A garota piscava os olhos forçando-os a lacrimejar e diminuir o incômodo. Com um certo esforço, ela sentiu a corda se partir minimamente.

O suficiente para que a Escolhida libertasse um dos braços e o utilizasse para soltar o outro.

Com uma olhada rápida paras seu oponente, Mattia viu seus olhos arregalados na direção dela enquanto o rapaz ainda se contorcia preso no chão. A água batendo em seus ombros.

—Por favor...

A menina tinha certeza que o choramingo dele foi baixo o suficiente para que apenas ela ouvisse.

Amaldiçoando a si mesma quando o aperto em volta do seu corpo finalmente foi para o chão, Mattia caminhou até Albernaz e tirou a lasca de madeira do cós da calça onde havia prendido e com um golpe rápido cortou a corda do tornozelo do garoto.

Um suspiro de alívio saiu dos lábios dele ao mesmo tempo que Mattia foi capaz de ouvir os burburinhos do "lado de fora" da ilusão. O rapaz se levantou indo em direção ao cabide para seguir os passos da Escolhida.

Mattia caminhou até embaixo da suposta abertura. Um pedaço de madeira parafusado selava o quadrado onde seria a saída.

Já tinha perdido as contas de quantos furos foram abertos enquanto ela tateava as paredes pensando em como faria para sair dali. Os grunhidos frustrados de Albernaz não facilitavam a tarefa. Da cintura para baixo, a menina já estava submersa.

Continuou tateando até que seus dedos encontraram uma parte oca. Mattia franziu a testa. Suas unhas encontraram uma extremidade aberta suficiente para que fossem capaz de puxar a madeira.

Que não fosse um outro buraco.

Encontrou um pequeno compartimento e o que ela tateou ali parecia como um grande machado.

Era isso.

Então ela puxou.

As pessoas ainda cochichavam desde o momento que a aliada de Conall dera uma pequena liberdade para seu oponente.

Ela está louca?, perguntavam. É uma competição e ela quer dar alguma vantagem para seu oponente?

Seria uma pena se ele virasse o jogo contra ela.

Agora, ele nem precisa pensar no que fazer, ela já está abrindo todo o caminho.

Conall também não entendia por que Mattia tinha feito aquilo, entretanto, o rapaz não estava ali dentro para saber o quão realista era aquela ilusão, então não poderia dizer que não faria o mesmo que ela, se estivesse em seu lugar.

Que a menina era esperta e observadora, Conall já tinha percebido, porém ver ela agindo era algo hipnotizante. E, pelo visto, ele e Corinna não eram os únicos que achavam aquilo.

O Simpatizante de Mattia não tirava os olhos da menina por um segundo e, o Escolhido de Nix não sabia o que era, mas havia alguma coisa no olhar daquele deorum que soava um alerta gritante.

Aproveitando a resistência da água, Conall viu a aliada apoiar os dois pés na parede e puxar o que quer que ela tivesse achado por ali.

O rapaz mal pôde acreditar em seus próprios olhos quando a menina ergueu o braço. Um machado enorme em suas mãos.

Não teve tempo nem de sorrir para o objeto quando sentiu o golpe na curva entre seu ombro e seu pescoço, outro em seu estômago e uma rasteira em seus pés.

Albernaz havia se soltado finalmente.

A lista de xingamentos soltos mentalmente, quando o ar sumiu dos pulmões da menina e a água a envolveu de todos lados, poderia ser considerada a mais criativa de todos os tempos.

Apesar do machado apenas ajudá-la a afundar como uma âncora maldita, Mattia lutou para ficar de pé e voltar para superfície.

Quando o fez, encontrou Albernaz com um sorriso ladino para a saída no teto.

Está selada, desgraçado, ela quase gritou.

Com um manejo rápido, Mattia golpeou com a base do machado na cabeça de seu oponente.

—Vadia.— Albernaz sibilou.

—De nada, idiota.— e sem esperar mais um segundo golpeou de novo. Dessa vez no lugar certo que o deixaria inconsciente, onde Raeanna lhe mostrara uma vez.

Mattia não olhou duas vez para o corpo afundando na água.

Foi em direção ao cabide e golpeou a ponta que ela usara minutos antes, fina o suficiente para entrar na abertura de um parafuso.

Sua cabeça agora já estava pressionada contra o teto.

As mãos trêmulas de ansiedade para escapar, seguraram o ferro encaixando-o o parafuso e girando até que o primeiro se soltasse.

Mattia supôs que outro buraco havia sido aberto pois a água rapidamente chegou ao ponto de roçar seu nariz.

Não teria tempo de desparafusar o outro lado, teria que puxar o pedaço de madeira e rezar que ele abrisse a porta o suficiente para passar o seu corpo.

Empurrou a parte solta para baixo e colocou todo o peso ali até um estalo alto soar e uma fresta de luz atingir seus olhos.

Empurrou a madeira mais para baixo, até que ela se soltasse, e golpeou com o machado a saída.

Então o buraco ficou grande o suficiente.

Não encontrou um outro convés na saída, mas sim o chão frio e cinzento da arena.

Albernaz estava ainda desacordado a poucos metros de distância.

Mattia encarou deitada o teto da Arena absorvendo a volta à realidade — o sangue rugindo e fervendo em suas veias— mesmo quando os gritos de comemoração inundaram seus ouvidos. Mesmo quando o Simpatizante de seu oponente andou na direção do rapaz e deu um soco sem muita gentileza na sua barriga.

O bastante para Albernaz cuspir toda água que havia engolido.

Raeanna e Raleigh apareceram em seu campo de visão. Um de cada lado ajudando-a a se levantar.

Quando o Governante da Ordem Safira foi até o meio da Arena e anunciou o nome dela como vencedora daquela etapa, a garota ousou olhar na direção de Albernaz.

Uma feição feroz cobria o seu rosto, e Mattia se preocupou em dar um sorriso igualmente feroz como resposta.

Vencera seu primeiro combate.

Estava viva.

Era o que importava naquele momento.

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Notas finais do capítulo

Agradecimentos: chermnt e Rômadri que comentaram/ estão acompanhando a história! Espero que gostem! ♥

Notas Finais:

como vocês estão? o que acharam do capítulo?

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