Hearts Of Sapphire escrita por Emmy Alden


Capítulo 27
¨t w e n t y - s i x¨


Notas iniciais do capítulo

DESCULPEM A DEMORA
Fim de ano já é ruim, com formatura então...
Mas aqui vai mais um capítulo! Espero que gostem!



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O estalar de dedos da menina não era apenas para passar o tempo.

Com o fim do combate de Mattia e com, graças aos Céus, a vitória de sua aliada, Corinna sentia os segundos escapavam por sua mão.

Apenas faltava o combate dela e a revanche de Conall e Buford — que já estava marcada para o dia seguinte— para que se desse o início da segunda fase do Sacrifício.

Além dessa ansiedade, a pulsação em suas veias e em sua cabeça ficava a cada minuto mais forte, uma força querendo se libertar, apesar da Escolhida não saber como fazê-lo.

Deitada na cama, a garota mexia na barra da calça estranhamente mais curta do que da última vez que reparara.

Marjorie entrou no cômodo segurando um pente e uma escova. Cada objeto em uma mão.

Corinna franziu a testa ao não ver Fearis e a deorum leu a pergunta antes que a Escolhida proferisse:

—Demos o dia de folga a ela.— um toque de desgosto em sua voz era perceptível.—Gravidez em nosso povo costuma ser um processo complicado. Principalmente sem o acompanhamento adequado.

Tirando as costas da parede, Corinna ajeitou-se de modo que a Examinadora pudesse se acomodar atrás dela.

—Não sei se passará muito mais tempo despercebida.—continuou enquanto passava os dedos pelos cabelos longos e escuros da garota.—Fearis tem a estrutura magra, mas a gravidez já está avançada. Podemos ser descobertas muito em breve.

—Não podem arranjar alguém para cuidar dela? Ela não tem recursos?

Os dedos de Marjorie eram hábeis enquanto dizia:

—Essa não é a questão. Não podemos sair daqui.

Dois segundos de silêncio se passou enquanto a Corinna absorvia a informação.

—Como assim não podem sair daqui?

A Examinadora segurou os ombros da menina e se inclinou de modo que seus fios de cabelo cobre oscilaram entre as duas. Uma feição de descrença no rosto da deorum.

—Você não...—Marjorie se interrompeu e bateu a mão na testa.—É claro que não sabe. Uma das únicas coisas que você não se preocupou em perguntar, para variar.

A garota levou a mão no peito como quem recebia uma ofensa.

—Uma das coisas que vocês não se preocuparam em me contar, você quer dizer.

Marjorie bufou e Corinna pôde ouvir o barulho de suas costas se apoiando contra a parede.

—Desde as Audições, quando somos designados para um Escolhido do vilarejo, somos considerados um time. Por mais bizarro que isso possa soar, eu, você, Laeni e Fearis somos um time. E estaremos juntas até você ganhar a competição ou...

—Até eu ser derrotada.—a Escolhida completou.

—Exatamente.—Marjorie deslizou um grampo no couro cabeludo da garota.—E isso quer dizer todas nós devemos ficar em condições semelhantes às suas. Não podemos comer o que desejamos nem podemos sair deliberadamente daqui do subsolo.

—Principalmente Fearis que, para vocês, é apenas uma mera...

Corinna não terminou a frase nem precisou olhar para trás para saber que a deorum assentia com a cabeça.

Todas as quatros confinadas ali embaixo por causa de uma escolha da jovem.

Mais um grampo deslizou no couro da Escolhida.

—Sabe, já que vocês humanos gostam tanto de se gabar de sentimentos e empatia, acho que deveria pensar a respeito. Não é como se você não tivesse opções afinal.

Os Simpatizantes, Marjorie queria dizer.

As pontas dos grampos pareciam se encravar ao redor do seu crânio.

Uma leve pressão física para combinar com a pressão simbólica que Marjorie acabara de jogar sobre ela.

A Examinadora não disse mais nada, mesmo quando passou pela porta que a levaria para o outro cômodo.

Quando fechou os olhos — horas depois da mulher ir embora — no lugar da costumeira visão de uma mulher sem rosto dando a luz sozinha numa floresta sombria, dessa vez Corinna viu Fearis deitada entre os arbusto, dando à luz...abandonada.

 

 

Ele sentia tudo diferente.

Como se seu sangue tivesse adquirido uma densidade maior, como se o líquido lutasse para percorrer suas veias.

Tinha a estranha sensação que seu coração batia mais lentamente, apesar daquilo não fazer o menor sentido.

Bebeu um pouco mais do vinho rubro que combinava com os lábios, os olhos e as vestes da mulher à cabeceira da mesa.

Rexta. A Governante da Ordem Rubi.

A mulher era estonteante no sentido mais verdadeiro da palavra. Estonteante de um jeito que fazia com que algo dentro dele se remexesse de desejo.

Kallien sabia que não era o único sob aquele efeito. Bastava uma olhadela para os outros Escolhidos que estavam no time da mulher.

Todos homens.

Ela parecia gostar de ter sua cama sempre aquecida.

Pelos olhares que a deorum o lançava naquela noite, aquela seria sua vez de cumprir a tarefa.

Não era como se o rapaz pensasse que não seria prazeroso—pelos burburinhos dos seus colegas, ou melhor, concorrentes, Kallien tinha certeza que seria.—, mas ele tinha coisas para deixar para trás. Como o fato de que a última pessoa com quem tinha dividido a cama fora Corinna.

A mesma que agora se recusava a reconhecer sua existência depois que o menino tinha sido idiota o suficiente para revelar para a sua aliança a relação que os dois tinham.

Ela não estava errada. Só...entendera errado.

Kallien não queria se vangloriar ou algo do tipo quando fizera a revelação, porém tinha visto o interesse malicioso que escorrera pela boca de Ranthal ao perguntar se ele era próximo da jovem.

O Escolhido de Fortuna fizera questão de parecer territorial o bastante para que Ranthal ou qualquer outro, que ousasse pensar em algo sujo com a menina, recuasse.

Tinha ficado furioso quando soube que eles a abordaram no corredor e havia sido severo o suficiente para que os Sanguinários decidissem deixá-la em paz. Por ora.

Prometera a si mesmo protegê-la naquela competição até seu último suspiro. Não importava os meios, mas Kallien faria isso.

Mesmo que ela o odiasse no final de tudo. Mesmo que ela o desejasse morto.

Se já não o fizesse naquele exato momento.

—Você parece muito preocupado para quem já está na segunda fase.—a voz de Rexta soou em seus ouvidos. A mulher estava praticamente na ponta oposta da mesa comparado ao lugar de Kallien, entretanto sua voz era tão próxima que ela poderia estar empoleirada em seus ombros.

Só naquele momento, Kallien notou que apenas os dois ainda sentavam à mesa.

—Acho que não chega a ser preocupação, apenas processando o novo ambiente.—o rapaz ajeitou as costas contra a cadeira e a Governante sorriu enquanto passava a unha feita suavemente na extremidade de sua taça.

—Não gosta daqui?

Sondando-o. Ela estava o sondando.

—Gosto, a Ordem Rubi é bem...—extravagante, opulenta, exibicionista—impressionante. Bem diferente de qualquer coisa em Fortuna.

—Oh, é claro, posso imaginar.—Rexta levantou-se ajeitando o vestido que se ajustava impecavelmente ao seu corpo.—Sabe, Kallien, esta é a primeira vez que escolho alguém de um vilarejo tão...baixo, economicamente falando.—o Escolhido sabia que não era só a economia que ela se referia, mas não se importou com a ofensa velada.—Contudo, vi potencial em você.

Os passos dela eram delicados cliques pelo chão preto lustroso.

Rexta parou uma cadeira de distância da que Kallien ocupava. Avaliou o rapaz de cima a baixo de um jeito que fez um calor preencher seu peito.

A Governante do Fogo.

—Vi potencial... em vários aspectos e a maioria deles se provou verdade até agora.—a voz dela agora não passava de uma carícia sedutora refletindo o dedo ousado com o qual ela agora retirava uma mecha de cabelo a testa do garoto.

Seu rosto estava a centímetros do dele quando disse:

—Só falta apenas um aspecto...—a deorum se inclinou até sua boca roçar o lóbulo da orelha do menino.—Posso fazer com que esqueça qualquer coisa que esteja na sua mente.

Kallien era capaz de ver a expressão de desprezo de Corinna se pudesse ver aquela cena.

Mas Corinna não está aqui, uma voz disse em seus pensamentos.

O rapaz não tinha certeza se a voz era a da própria deorum se fincando em sua cabeça.

Rexta percebeu que conseguira convencê-lo, antes mesmo de ele fazê-lo, e gesticulou para que o Escolhido lhe seguisse.

Então Kallien a seguiu.

 

 

—Conall! O que faz aqui?—a Escolhida analisou cada canto da expressão do menino para encontrar algum sinal de perigo.

Ele apenas sorriu.

—Theodor não viu que tinha mais um objeto meu sob a cama.

Corinna estreitou os olhos. Não havia mais nada ali mesmo. A própria garota tinha verificado — não só a cama dele, como as dos outros a fim de achar algo que pudesse ser útil nos período ociosos dela ali.

A caçadora arqueou as sobrancelhas:

—Acha que ele vai cair nessa?

—Ele me deixando vir até aqui neste momento, já está de bom tamanho. Além disso, Theo não é o tipo de cara que se mete no negócio dos outros.

Corinna se segurou para não rolar os olhos. Theodor parecia ser exatamente aquele tipo.

—Descobriu alguma coisa?— perguntou quando Conall se sentou na cama em frente dela —a cama que fora de Kallien— e o menino deixou sua expressão falhar só um pouco. O bastante para Corinna reparar.

—Encontrei algumas livros e arquivos...interessantes.— o menino flexionou os dedos. —Porém, eu não sei ler tão bem quanto você ou Mattia...Até consigo, contudo, depois de uns cinco minutos tudo já fica embaralhado e minha cabeça dói.

A menina andou até o aliado, sentando-se ao seu lado e apoiando sua mão no ombro dele. Pela primeira vez, Conall parecia envergonhado por alguma coisa.

—Ei, o que você está fazendo já tem um valor enorme para mim...para nós. Você está dentro da casa de um Governante tentando achar informações que aparentemente não foram guardadas para serem encontradas. Não se cobre tanto.

O Escolhido de Nix esfregou as mãos nos rostos.

—Sei que não deveria me cobrar, mas nosso tempo não é garantido aqui. Entende que se eu falhar, não será apenas comigo, mas com você e com Mattia?

—Mattia também está pesquisando o que ela pode, suponho, e eu... eu sei me virar.—a menina retrucou com um sorriso —Além disso, você não vai falhar. Nem amanhã, nem em nenhum outro dia. Nenhum de nós irá. Por que, enquanto estivermos juntos, isso não será possível, tudo bem?

Conall levantou o olhar para a menina, sua amiga, e assentiu com a cabeça.

—Pelo o que eu entendi, há uma Profecia que foi anunciada muito tempo atrás, na época em que as Novas Leis foram criadas.—Conall coçou a cabeça.— Depois disso... é tudo muito confuso. Folhas desgastadas, rasgadas, páginas faltando... Mas parece, parece, que não somos os únicos humanos que apareceram com poderes de uma hora para a outra, apesar de não acontecer há um bom tempo. Se eu interpretei bem, essa Profecia tem a ver com isso, como se estivesse previsto que esses humanos "diferentes" emergiriam de novo.

Corinna respirou fundo:

—Então, quer dizer, que se essa Profecia for real, nós estamos escritos na história?

—Por mais que eu quisesse achar tudo isso o máximo, eu sinto calafrios cada vez que penso demais sobre isso.

—Você não está sozinha. Isso não faz muito sentido. Por que eu, você e Mattia? Se é que somos os únicos mesmo...

Um barulho no corredor deixou os dois Escolhidos alertas.

—Tenho que ir agora, mas assim que puder trarei mais notícias, se tudo ocorrer bem amanhã.

—Não tenho dúvidas de que ocorrerá.

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Notas finais do capítulo

Agradecimento: Lídia Wang que favortiou a história! Espero que goste!!

como vocês estão? o que acharam do capítulo?

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