Hearts Of Sapphire escrita por Emmy Alden


Capítulo 17
¨s i x t e e n¨


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai mais um capítulo! Espero que estejam gostando ♥ não esqueçam de comentar e favoritar, é mto importante!



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Corinna não teve muito o que escolher. Pela primeira vez, desde que entrara ali, reparou no local.

As paredes eram sem vida e cinzentas exceto por algumas partes onde umas ilustrações sem sentido estavam. Diferentemente dos corredores, ali a iluminação era feita com lâmpadas elétricas amarelas.

Era difícil encontrar algo assim em terras humanas.

A garota caminhou pelo corredor ciente de cada pessoa que se dignava a olhar para ela.

Sobrara apenas uma cama no canto mais afastado do Galpão. Encostada na parede e de frente para uma outra. Sua respiração ficou mais apressada ao notar a pequena algibeira ali e a quem pertencia.

Kallien não estava na cama dele naquele momento e sim junto dos Sanguinários.

Assim que um suspiro saiu de seus lábios, Mattia e Conall apareceram ao seu lado o mais casualmente possível.

—Conseguimos guardar essa cama para que ficasse próxima de nós.— Conall disse com um sorriso e Corinna retribuiu agradecendo.

As camas dele e de Mattia estavam a uma pessoa de distância, mas era o suficiente.

—Por que demorou tanto? —Mattia questionou analisando a aliada daquele jeito que só ela conseguia fazer. — E por que sua camiseta tem um rasgo no ombro?

Então eles se sentaram sobre a cama reivindicada por Corinna como se fossem pessoas espertas que apenas queriam conhecer seus oponentes. A Escolhida de Fortuna contou com a voz baixa o que acontecera no corredor.

Exceto, o encontro com o deorum. Athlin.

—Não deixem que eles peguem o melhor de você.— Conall cutucou a menina com um sorriso solidário no rosto quando ela terminou de falar.

—Se você quiser posso improvisar uma linha e agulha para o rasgo na sua camiseta.—Mattia ofereceu enquanto cutucava os talhos irregulares na parede.

Desde quando começaram a descida nas escada para o Galpão aqueles talhos os acompanhavam. Como que algum animal feroz ou dedicado dignou seu tempo a fazer aquilo. Era um contraste com as ilustrações sem sentido.

—Eu agradeceria muito.—Corinna respondeu e se sentiu grata por ter virado aliada daqueles dois.

Corinna Lestat - Fortuna - 0

A menina esperara o tumulto em volta do papel recém pregado na parede diminuir antes de levantar do colchão e caminhar até lá.

Os nomes estavam em ordem alfabética. Não que aquilo importasse para a maioria ali que não sabia ler e precisava que um Examinador ou outro Escolhido fizesse o favor.

A garota respirou fundo e leu novamente.

Corinna Lestat - Fortuna - 0.

Não sabia porque estava surpresa.

O pouco tempo que pôde observar as pessoas em sua volta esclarecera o tipo que estava ali. Falsos, ambiciosos, interesseiros. Sim, com aquilo ela ficara surpresa.

Os humanos não estavam se esforçando muito para serem diferentes dos Deorum, como ela esperava.

E Corinna simplesmente não sabia interpretar aquele papel.

—Não se preocupe. A lista deve ser alterada até o Baile de Boas Vindas amanhã à noite.— Marjorie disse um pouco antes que a menina voltasse a sentar em sua cama.

A Escolhida conteve um riso. Baile de Boas Vindas ao Matadouro seria mais apropriado.

Kallien a encarava do outro lado do cômodo sentado no seu próprio espaço.

Um, dois segundos e ela desviou o olhar.

Ainda poderia sentir suas bochechas esquentarem com as palavras que um dos Sanguinários proferira mais cedo.

"Essa não é a esquentadinha de que o Kallien nos falou?"

O que mais ele poderia ter falado ou revelado a eles?

Sentiu-se grata por não ter cedido ao seu coração e ter contado para Kallien sobre os "poderes". Seu amigo poderia não abrir o bico para feri-la, mas tinha certeza que seus aliados não pensariam duas vezes.

Mesmo que não contasse por vontade própria, Corinna percebia que eles arranjariam jeitos suaves de arrancar a informação de Kall.

Tinha medo do que mais eles poderiam fazer com ele.

Não deu meia hora para que Mattia aparecesse realmente com uma agulha improvisada. Era um pequeno emaranhado metálico feito com um grampo de cabelo que foi elaborado com bastante precisão e cuidado.

Corinna só podia imaginar que tipo de vida a menina havia vivido para ter que ser excelente assim tão jovem.

Conall observava de longe. Os três haviam entrado em um consenso de quanto menos eles fossem visto juntos ou interagindo, menos pessoas desconfiariam de uma união entre eles.

A menina dos cabelos vermelhos enrolou sua própria manta ao redor de Corinna, garantindo-lhe a privacidade para remover a camiseta danificada.

—Por que acha que não mostraram interesse por você ainda?— Mattia perguntou enquanto a Escolhida de Fortuna cruzava as pernas e franzia a testa para o tamanho do estrago na peça de roupa.

—Talvez por isso mesmo: falta de interesse.— Corinna deu um sorriso simples antes de passar a linha sem muitas dificuldades no metal.

A aliada estalou a língua.

—Não, acho que não.

—Percebo que gosta de teorias.— a caçadora olhou sob os cílios.

As extremidades da boca de Mattia se curvaram um pouco.

—Apesar de tropeçar em algumas palavras e ter alguma dificuldade, eu costumava ler bastante em Amara. Sabe? Aquelas aventuras épicas que era descartadas pelos poucos que sabiam ler?— então uma expressão triste. —Ajudava a fugir um pouco da realidade.

Corinna sabia bem, tinha feito a mesma coisa muitas das vezes.

—Ops...— a garota sentiu o frio da agulha penetrar sua pele sem cerimônia. Puxou o objeto com um suspiro.

A moça afastou o dedo da camiseta impedindo que o líquido rubro manchasse a camiseta. Ela encarou o dedo assistindo confusa a apenas uma gota insignificante do sangue escorrer até a extremidade do membro.

Era praticamente uma piada que daquele ferimento vazasse somente aquela quantidade insignificante de sangue.

Um alerta piscou em sua mente e quando Corinna levantou o olhar Mattia lhe encarava com nada além de um leve arquear de sobrancelha. Lestat rapidamente levou o dedo aos lábios fingindo estancar o sangramento inexistente.

Mattia ainda a encarava quando ela passou a ponta da língua levemente sobre onde deveria estar o machucado e não sentiu nada além de sua pele lisa.

—Doeu mais do que fez algum estrago.—Corinna disse ao tirar o dedo da boca e escondê-lo discretamente do campo de visão da ruiva.

—Parece que sim.— a menina endireitou as costas e deu um sorriso não muito convincente para a caçadora.—Bem, vou ver como Conall se sente, deve ser a primeira vez que ele tem a capacidade de ter tanta gente "interessada" nele.

A Escolhida de Fortuna apenas assentiu com a cabeça ainda tentando digerir o que acabara de acontecer.

Debaixo de sua coxa, ela escondia o suposto dedo ferido, ou melhor, não ferido. Respirou fundo três vezes antes de testar o que tinha em mente.

Quando sentiu o objeto cilíndrico— que imaginara e fizera aparecer tantas vezes— criar um pequeno volume sob sua perna, ela mordeu os lábios e então —como se nunca tivesse estado ali— o objeto sumiu.

Era bom demais para ser verdade.

Sua maldição havia voltado.

A manhã não demorou a chegar.

Corinna só sabia daquilo pois não fechara os olhos durante a madrugada. Passara a noite observando as mudanças da paisagem numa minúscula tela embutida na parede ao lado de sua cama. Tentando achar um jeito de fazer daquelas sementes, que trouxera às escondidas, a bebida que seu pai preparara antes de partir.

Estava dolorida e cansada.

O colchão era tão fino que era possível sentir a estrutura rígida de sustentação da cama pressionando seu corpo.

Inspirando profundamente, a menina repassava o plano —com grandes chances de dar errado— na cabeça. Laeni tinha lhe dado uma informação valiosa quando contara à Corinna o horário em que os chuveiros era ativados no cômodo ligado ao Galpão. Era sempre no início da manhã, uma hora antes das luzes artificiais serem acesas.

No escuro, era possível reparar em outras pequenas espalhadas no recinto, sem nenhuma ordem específica. Além dela, ninguém tinha dado muita atenção ao aparato. A Escolhida esperou cinco minuto depois da legenda da sua tela mudar para " A L V O R E C E R" para só então abrir com cuidado a algibeira que trouxera e tirar de um bolso falso as sementes. Segurou as duas na palma da mão e levantou com movimentos cuidadosos até a porta de um dos cômodos conjugados.

A passagem cedeu no mínimo toque da garota e ela observou o ambiente preenchido por cabines de banho e toaletes. Barras fosforescentes cortavam as paredes de uma ponta a outra, facilitando minimamente a visão. Corinna caminhou para uma das pias e testou a torneira antes de tatear o chão a procura de qualquer pedregulho que fosse. A arquitetura daquele local não escondia a falta de capricho na construção e —levando em conta as manchas visíveis até mesmo na penumbra— aquele lugar não poderia ser imbatível à ação dos séculos.

Corinna tateou uns trinta centímetros no chão antes de encontrar algo com peso o suficiente para esmagar as sementes. Direcionou-se para a torneira que deixara aberta e posicionou as sementes, golpeando-as precisamente até que não fossem nada além de um pó cobreado.

Quando conseguiu um resultado próximo do desejado, tampou o ralo com a pequena pedra, transferiu a substância para a palma da mão e pôs embaixo da água corrente. O líquido incolor começou a ganhar uma coloração terrosa e antes que pudesse se esvair nas brechas entre a pedra e o ralo, Corinna pegou um punhado e levou à boca engolindo a mistura azeda de uma só vez. Tomou mais dois goles antes do único líquido restante na pia ser novamente a água transparente.

A jovem se afastou da pia com passos não muito firmes, a fim de aproveitar a oportunidade e tomar logo um banho.

Sua visão entrou e saiu de foco algumas vezes antes de ela trombar com uma das cabines.

Logo, tudo ficou escuro e inalcançável para ela, mas seu corpo continuava se movendo.

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Notas finais do capítulo

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