Hearts Of Sapphire escrita por Emmy Alden


Capítulo 18
¨s e v e n t e e n¨


Notas iniciais do capítulo

mais um capítulo para vocês! Não se esqueçam de comentar e favoritar a história é mto importante!!



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Estava inquieto como não ficava havia muitos anos. Mais de uma década no mínimo.

O Sol parecia brilhar mais forte naquela manhã. Incomum para o inverno de Excelsior.

Muito... incomum.

Passou o robe pelos ombros fechando com uma certa firmeza, uma certa resolução.

Os funcionários saíam de seu caminho com não mais do que um aceno de cabeça e um desejo de bom dia.

Entretanto, ele já tinha aprendido a ler a surpresa em suas feições. Não podia culpá-los. Raramente saía do quarto, exceto quando tinha alguma obrigação muito importante para comparecer.

O que o lembrava daquele maldito Sacrifício.

Aquela competição que o elevara aos mais altos céus do êxtase e o atirara ao mais baixo setor do inferno miserável.

—Senhor.— a governanta —na verdade, prima dele— fez uma longa reverência que ele ignorou completamente. Havia desistido de tentar fazer com que ela parasse com o hábito.—Acaba de chegar uma correspondência diretamente para a Vossa Soberania.

—Ponha na bandeja do café da manhã e mande para a sala de música, estou a caminho de lá.

A mulher parecia que tinha visto algo extraordinário.

—M-mas, s-senhor.—ela engoliu a seco.—Faz alguns meses que não limpamos a sala de música, p-porque não é usada há muitos anos.

Seu olhar desfocado deu uma trégua por um instante encarando a moça com um quase sorriso.

—Não se preocupe, não fará diferença. —e com aquilo seguiu para o seu destino.

Com um único gesto das mãos, as portas duplas exuberantes se abriram rangindo como uma boas-vindas.

Estava exatamente do jeito que a deixara da última vez, ele percebeu com um embrulho no estômago.

Completamente destruída.

O papel de parede rasgado em vários pontos. Cadeiras quebradas e reviradas, instrumentos jogados nos cantos, mas não totalmente quebrados. Marcas de poças secas no carpete que um dia fora brilhante. Cacos de vidro e porcelana misturados no chão.

E poeira. Muita poeira.

O homem torceu o nariz e, com outro gesto, se livrou do pó, deixando apenas o desmantelamento. Não poderia desfazer a representação da destruição em que se encontrava o seu próprio interior desde o dia que arrasara aquele cômodo.

Apenas o piano estava intacto e foi onde sentou, passando os dedos pelas teclas como quem acariciava um velho amigo.

A governanta pediu permissão para entrar e andou através do lugar com habilidade para desviar dos destroços.

—Bom dia, senhor. É muito vê-lo de volta outra vez.— ela deixou a bandeja sobre o piano e se retirou.

O homem não precisava perguntar para saber o que ela queria dizer com aquilo.

Testou todas as notas no piano antes de pegar a correspondência elaborada que não tinha nada além de um breve mensagem com uma letra caprichosa.

 

Sucumbíveis, Iguais e Finitos

Vida Longa à Grã-Rainha

—T

Então, como quem acorda de um longo descanso, seu coração fisgou.

Corinna só voltou a enxergar algo e a ter controle dos próprios movimentos depois de sair pela porta do banheiro, com o corpo fresco e com os cabelos úmidos.

A luz recém acesa do Galpão quase a cegou enquanto ela voltava a sentir os próprios pés.

A menina ainda tentava entender e lembrar o que acontecera depois que ingeriria as sementes. Aliás, o gosto azedo ainda perdurava em sua boca.

Não se lembrava de ter entrado embaixo de um chuveiro, despido-se, lavado os cabelos ou algo do tipo.

Todos olhavam para ela de suas camas e por um instante a jovem pensou que estava tudo acabado, até que alguém sussurrou:

—Os chuveiros.

Então a maioria se apressou para dentro do cômodo conjugado, olhando-a de cima a baixo com pouca simpatia. Como se ela tivesse roubado algum direito deles.

Porém, ela os compreendia. A quantidade de água quente era limitada por dia e por seus cabelos molhados e pelas luzes já estarem acesas, algo lhe dizia que ela não tinha sido exatamente rápida com a sua higiene.

Alguns dos Escolhidos já tinham desistido da luta e Corinna teve de se esforçar para não rir.

Eles não queriam competir? Que começasse daquele momento então, pensou consigo mesma.

Uma pena que, no dia seguinte, ela não teria a chance de pegá-los desavisados.

Ao caminhar em direção à sua cama, a Escolhida se sentia como se de repente não fosse mais silenciosa como costumava ser e então a preocupação do que havia acontecido naqueles longos minutos no banheiro, voltou para sua mente.

Na passagem, olhara de relance para o papel pregado na parede. Agora o número de Simpatizantes era acompanhado por nomes que Corinna desconhecia ou apenas "anônimo".

Não conseguiu evitar o salto que seu coração dera ao notar que ao lado do seu nome agora havia o número 1 seguido de um dos "anônimo".

A única coisa que ela tinha curiosidade mesmo era o critério utilizado pelos deorum. Pouco se importava com quanto deles tinham interesse nela.

Aos poucos, as pessoas iam terminando seus banhos e o barulho que faziam era insuportável para Corinna, como se elas tivessem esquecido que não precisavam gritar para se comunicar um com os outros. A menina fechou os olhos tentando silenciá-los e só os abriu quando Conall apareceu chamando-a para o café.

O Salão das Refeições era a coisa mais extraordinária que ela já havia visto. Era localizado numa passagem quase escondida logo ao lado do topo da escada por onde desceram no dia anterior.

Só pelos corredores dava para perceber que todo o desleixo do resto da construção tinha sido compensado ali. As portas de entrada eram da altura milhares Corinna de pé uma sobre as outras, e ambas se abriram sem que ninguém encostasse, revelando um cômodo impressionante.

A menina estreitou os olhos depois desses encontraram o brilho natural que entrava pelas janelas emolduradas com cortinas pesadas e espessas. Diferentemente do Galpão, aquele local era preenchido com cores vivas e alegres. Os cantos tinham sofás e poltronas macias o suficiente para que Corinna quisesse se aninhar nelas para sempre.

Apenas uma mesa enorme ocupava o centro do Salão e deorum com traje de funcionários elegantes se posicionavam ao lado de cada uma das vinte e duas cadeiras. A maioria deles tinham expressões de poucos amigos, mas a garota não se concentrou muito neles.

E nem poderia.

A quantidade de comida posta à mesa era comovente e, como em comemoração, o estômago da jovem deu um salto. Estava faminta. Os lugares eram marcados por vilarejo então Corinna foi cercada por Bastian e Kallien.

Esqueceria que seu amigo — que andava muito estranho ultimamente— estava ali pelo bem do seu apetite.

Seu plano deu certo por um tempo, quando estava bem perto de saciar-se finalmente —alguns Escolhidos já haviam se retirado da mesa— Kallien pôs um papel minúsculo sob a perna da amiga, que fez de tudo para manter a calma enquanto observava em volta e puxava o papel para ler discretamente junto ao prato.

Agradeceu aos Ceús pelos funcionários terem parado de flanquear-lhes assim que colocaram o primeiro pedaço de pão na boca.

 

Está tudo bem?

Soube que Ranthal encontrou você ontem nos corredores.

Não ligue para o que ele diz. Ele gosta de provocar.

A moça apenas amassou o papel e o prendeu no elástico de sua calça.

Dando uma última mordida no pão doce que restara em seu prato, ela suspirou e murmurou baixinho:

—Obrigada por ter lhe dado informações suficientes para que ele viesse me provocar, Kallien. — então se levantou.

Naquela noite, aconteceria o Baile de Boas-Vindas.

Todas as moças e rapazes estavam ocupados sendo arrumados ou tendo suas medidas tiradas.

Corinna ainda se sentia estufada pelo café da manhã. Era a única refeição que eles ofereciam além do jantar, que era entregue a eles no Galpão mesmo.

Na noite anterior, não entregaram pois era esperado que eles já tivessem se alimentado na viagem e naquela noite também não haveria visto que teria comida suficiente no Baile.

—Nada de vestidos bufantes, eu imploro.— a menina fez uma careta enquanto observava uma das Escolhidas com uma saia que servia tanto para a menina quanto para mais cem pessoas dada toda aquela quantidade de tecido.

—Você não vai me dar nem mesmo o prazer de te vestir adequadamente. Todas as meninas estarão com o tal vestido que você chama de bufante.—Marjorie reclamou enquanto a ajeitava a fita métrica que Fearis manuseava na cintura da Escolhida.—Saiba que tem sorte de ter duas Examinadoras mulheres, você veria o estrago que alguns homens poderiam fazer se estivessem no nosso lugar. Olhe para aquela coitada, está parecendo um presente embrulhado por uma criança de dois anos.

Uma Escolhida baixinha que Corinna reconheceu como vinda do vilarejo Febo estava experimentando um vestido justo em todos os lugares errados.

Laeni, que estava sentada na cama da caçadora, segurou o riso enquanto avaliava os croquis de vestidos que Corinna poderia usar.

Ela olhou do papel para a menina e inclinou a cabeça. Fechou os olhos, apenas para abri-los no instante seguinte com um sorriso de orelha a orelha.

—Eu deveria ficar com medo?—a menina murmurou olhando para a Examinadora.

—Afaste as pernas um pouco mais.—Fearis pediu e a Escolhida obedeceu.

—Nem um pouco! Tenho em mente o modelo perfeito para você, Corinna. Fearis, quando acabar com as medidas me entregue, não posso ignorar um surto de criação.

A jovem inclinou a cabeça reparando na felicidade genuína de Laeni. Ela nunca imaginaria que os deorum da classe de Laeni e Marjoria se dedicariam a algo como criar roupas.

Sem se despedir, a mulher se direcionou ao cômodo dos Examinadores, fazendo esboços no ar e balançando seu cabelo cor de nanquim.

Corinna se virou para Marjorie, que também tinha um sorriso no rosto ao observar a irmã:

—Tem certeza que não devo ter medo?

A Examinadora apenas encarou a menina e repetiu o que Laeni dissera:

—Nem um pouco.

Como as vestes de Corinna começaram a ser elaboradas um pouco mais tarde, a menina observara os Escolhidos se aprontarem enquanto Marjorie fazia algo que, segundo ela, deixaria a pele da jovem mais macia.

Naquela altura, a maioria do pessoal já tinha se dirigido para o Salão onde ocorreria o Baile, apenas dois ou três ainda se arrumavam. A Escolhida não teve a oportunidade de ver através do furdúncio como Mattia e Conall estavam antes que eles partissem. Ela nem mesmo conseguira ver Kallien que estava do outro lado do corredor.

Corinna tinha de admitir que estava nervosa. Seria o primeiro contato deles com os deorum mais importantes de Excelsior. Os oito Governantes, os deorum mais poderosos existentes. Não sabia muita coisa, além de que eles existiam. Não sabiam como eles aparentavam ou como tratariam os humanos.

Já começariam a humilhar-lhes ou deixariam aquilo para quando o Sacrifício fosse iniciado? Qual a abordagem a garota deveria usar? Agressiva? Agradável? Defensiva?

As perguntas ainda rolavam em sua cabeça quando Laeni saiu pela porta dos cômodo conjugado dos Examinadores.

—Prontas?— ela segurava uma embalagem cinza no formato de um vestido. Os Escolhidos restantes ali já começavam a se retirar também.

—Estamos muito atrasadas?—Corinna perguntou.

—Não, provavelmente os Escolhidos estão matando tempo nos corredores ou repassando os conselhos de seus Examinadores. O Salão ainda não foi aberto.—Laeni respondeu entregando a embalagem cinza e então arrastando um dos espelhos na direção da menina de Fortuna.— Agora vamos! Quero saber o que achará do que eu fiz.

Logo, Marjorie deslizou o pequeno zíper para baixo revelando a peça mais linda e elegante que Corinna já pusera os olhos.

—Fiz o máximo para manter a forma de um vestido, mas é, na verdade, uma túnica.— Laeni disse erguendo as várias camadas da veste.

Era muito mais do que a jovem poderia esperar.

Marjorie estavam com a mesma expressão de Corinna refletida em sua face: olhos brilhantes e desacreditados.

—Eu odeio o seu talento.— a mulher com o cabelo acobreado disse enquanto passava a mão pelo tecido rico em detalhes.

Laeni apenas deu um sorriso de canto e fez um sinal para que Fearis levasse Corinna ao banheiro e a ajudasse a se despir.

—Temos que adiantar, não queremos afrontar os Governantes com um atraso.

Ao entrar no outro cômodo a menina foi capaz de ouvir a voz de Marjorie

Estamos com tempo. O atraso apenas tornará as coisas mais interessantes. Apesar de que não tenho dúvidas de que quando Corinna entrar ali não terá dificuldades em chamar atenção com aquela peça maravilhosa.

E então o som de duas mãos se chocando fez Corinna sorrir.

Um mar revolto, indomável. Era como a Escolhida de Fortuna se sentia dentro daquela veste.

A gola da túnica subia até o meio de seu pescoço. Sem mangas. Era como se a garota estivesse vestida com um próprio oceano azul. A túnica tinha várias camadas, que Fearis não teve dificuldades em ajeitá-las da maneira correta. Era justa por toda a extensão do tronco até a cintura, e então, um pouco mais abaixo o tecido se libertava um pouco, dando movimento e fluidez à peça. Quase chegava a cobrir os pés de Corinna.

As três garotas proibiram a caçadora de olhar no espelho até que ela estivesse finalmente pronta.

Fearis então passou um outro tecido prata em volta da cintura da menina e o amarrou uma só vez.

—Sobrou tecido. E às vezes faz bastante frio com o cair da noite, essa faixa pode ser removida da sua cintura e ser usada como uma manta simples.—Laeni explicou.

Os sapatos não tinham saltos, eram mais como uma meia grossa que cobria os dedos e a parte inferior do pé, apesar de seres muito mais formais e adornados.

Por fim, Laeni, pegara uma caixa média retangular e entregou à Corinna. Lá dentro havia o mais lindo dos enfeites que. A Examinadora tirou o adereço com delicadeza e da mesma forma o posicionou na cabeça da garota. Os pingentes posicionavam-se sobre sua testa como estrelas cadentes.

—Acho que agora eu já posso me olhar.—todas observavam a Escolhida com uma expressão que ela não conseguira decifrar, mas logo descobriu quando se analisou no espelho.

Irreconhecível, era o que pensava de si mesma.

Ela não era mais a Corinna Lestat, uma dos Escolhidos do vilarejo de Fortuna para o Sacrifício. Ela era novo até mesmo para si própria.

Quase poderosa, imponente.

A cor do vestido parecia aprofundar ainda mais a cor dos seus olhos. A menina era, dos pés à cabeça, um exuberante mar revolto que quando se movia parecia que a faixa na cintura fazia o papel de uma tempestade naquele oceano azul.

Respirou fundo para o seu reflexo, mas não pôde admirá-lo por muito tempo. Era tarde.

Não tinha nem palavras para agradecer cada uma das meninas, apenas conseguiu expressar um olhar e um sorriso agradecido. Elas pareceram ficar satisfeitas.

Corinna, Marjorie e Laeni saíram do Galpão com passos ágeis e um pouco apressados.

A jovem então pensou em seu pai e imaginou como as lágrimas inundariam seus olhos se ele a visse daquele jeito. Porém, sua missão era muito maior do que usar túnicas bonitas e se sentir bem com elas. Corinna não poderia esquecer aquilo.

Queria que ele sim derrubasse lágrimas de orgulho, mas para algo muito maior. Para a liberdade deles.

A Escolhida ia na frente, Marjorie e Laeni atrás, como de costume. Corinna lamentou Fearis, que teve tanto trabalho e se mostrara tão prestativa, não poder participar do Baile. Ela não hesitou em desejar boa sorte quando a jovem a agradeceu pela milésima vez.

Laeni indicava o caminho com sua voz calma.

Ambas Examinadoras estavam igualmente radiantes à suas maneiras.

Marjorie usava um vestido elegante e verde com várias estampas cor de prata. Laeni também usava um preto como a noite, simples mas cativante, com pequenos detalhes dourados.

Ao chegarem no topo da escada, elas viraram na direção oposta ao salão que geralmente ocupavam nas refeições.

Em instantes, pararam em frente a outro conjunto de portas duplas muito bem decoradas e elaboradas que chegavam ao teto.

—Pelo o que vocês disseram mais cedo, não deveriam estar repassando conselhos de como me porta durante o baile.—Corinna perguntou e as Examinadoras se olharam trocando um sorriso.

—Acho que não precisamos. Você saberá muito bem como agir.— Marjorie começou.

—Apenas seja você mesma.— Laeni finalizou.

A Escolhida respirou fundo.

—Quando você estiver pronta.— as duas disseram juntas ao pararem ao lado da menina e apoiarem, cada uma, uma mão nas portas.

Corinna assentiu com a cabeça.

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Notas finais do capítulo

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