Elas me olharam esperando que eu começasse, eu não queria demonstrar fraqueza, odeio isso, mas Freddie quebra todas as minhas barreiras.

—Bom, hoje era para ser um dia especial, fiquei falando para ele a semana inteira, mas quando chegou ele nem sequer fingiu que sabia de alguma coisa. Eu pensei em dizer, ou lembra-lo, mas não é justo comigo, será que vai ser assim sempre, eu vou ter que lembrar nossas datas, vou ter que correr atrás dele?

Elas continuaram caladas, Carly me olhava com um olhar de compaixão, odeio quando ela faz isso, já a Tori me olhava como se já soubesse que isso iria acontecer. Foi nesse momento que eu lembrei o que ela disse quando ainda não estávamos namorando oficialmente.

—Você me alertou Tori, disse que isso iria acontecer, que Freddie não era um cara para namoros. – Eu disse, mas rude do que eu gostaria. Carly logo olhou para mim e em seguida para Tori, aposto que ela pensou que iriamos brigar, porém eu não estou com paciência nem para isso.

—Sim Sam, eu lembro exatamente o que eu disse, e sabe porque eu sei que isso aconteceria? Porquê eu saia para os mesmos lugares que ele estava, enquanto você estava nas festinhas na casa da Carly ou resolvendo os problemas da empresa nos sábados a noite, ele estava com seu grupinho de amigos nas festas e boates mais badaladas de Seattle.

—Para com isso Tori, a Sam está magoada não precisa ouvir essas coisas. – Disse Carly repreendendo a morena.

—Não Carly, você e todo mundo sempre poupa a Sam das coisas, ela sempre foi apaixonada pelo Freddie isso é um fato, mas Sam desde que ele voltou, que eu o conheci ele é assim, o Freddie nunca namorou, não teve uma mulher mais do que 2 meses, e agora está completamente apaixonado por você, porém o fato dele te amar não vai muda-lo da noite para o dia, nem só de amor vive uma pessoa. -  Ela disse tudo isso olhando em meus olhos, eu vi que ela não estava me provocando ou querendo atiçar minha raiva, ela disse isso para me mostrar que o Freddie que eu conheci na adolescência não é esse que hoje “vive” ao meu lado.

Ficamos em silêncio por um tempo, elas me olharam esperando alguma reação, mas eu não conseguia pensar em nada.

Na minha mente veio lembranças da nossa convivência, eu sempre fui muito cega para ver a forma que eu agia perto dele, sempre sendo submissa, sempre levando trabalho para casa e atendendo a qualquer pedido que ele fazia, quantas vezes já deixei de ir a alguma festa ou churrasco de fim de semana só para cuidar dos negócios da empresa.

—Eu odeio admitir isso, mas você está certa... Eu não posso mudar quem ele é, alias eu nem sei quem ele é. Eu sei só o que ele me promete. – Eu disse abaixando o olhar. Tori respirou fundo e logo continuou seu discurso.

—Sam, tudo que eu falei é verdade, mas isso não significa que ele não vá mudar, ele pisou na bola de fato, mas ele pode aprender a como levar um relacionamento, se você tiver paciência e não desistir tudo pode ficar melhor, lembre-se que você é a primeira namorada dele. – Ela falou todo e no fim deu um sorriso, Carly parecia estar chocada.

—Desde quando você virou a super conselheira? -  Ela perguntou sorrindo e quebrando aquele clima pesado.

—Anos de experiencia, e ainda tem um certo nerd que me fez ver as coisas com outros olhos. – Sorri e pensei que esse dia nunca chegaria, Victoria sendo amável e gentil, ou quase não é mesmo.

Já eram 22:00 quando tomamos a última rodada de tequila, admito que eu já estava aérea, não costumo beber no meio da semana, mas hoje eu abri uma exceção. Estávamos de frente para o bar esperando Brad vir para buscar Tori, eu vou pegar uma carona com a Carly e Gibby.

Assim que Brad chegou ele desceu do carro e sorriu para nós três, seu olhar se fixou apenas na Tori e juro que vi um brilho, ela sorriu abertamente para ele, eu ainda não acreditava que eles estavam juntos, mas depois desse olhar não havia mais dúvidas, e eles realmente pareciam estar dando certo. Ele a abraçou e logo deram um breve selinho se despediram e foram embora.

Ficamos só eu e Carly esperando o Gibby, senti meu celular vibrar dentro da bolsa e vi que era uma mensagem do Benson.

Amor:

“Hey loira, já chegou em casa?” B.

Minha vontade era ignorar completamente aquela droga de mensagem, foi bom ter desabafado com minhas amigas, mas isso não muda nada, por um momento eu até esqueci que dia era hoje, mas agora veio a tona. Ele está mesmo pronto para isso tudo?

Demorei um pouco para responder, apenas disse que estava quase chegando, ele ainda perguntou se eu queria ir para lá, mas eu disse que não, inventei uma desculpa qualquer. Logo Gibby chegou e fomos embora, eles me deixaram na porta da minha casa e seguiram.

Assim que entrei larguei a bolsa no sofá e tirei os saltos, não poderia sentir alivio melhor. Segui para o banheiro tomei um banho gelado para melhorar o efeito da tequila, assim que terminei pus um pijama bem leve, fui na sala peguei o celular e voltei para meu quarto.

Mandei uma mensagem para ele avisando que eu tinha chegado, ele logo me respondeu.

Amor:

Que bom, amor. Como foi lá?

Eu:

Foi divertido, conversei bastante com as meninas.

Amor:

Hoje você estava estranha, está tudo bem mesmo, aconteceu alguma coisa?

Respirei fundo, não sei se devo iniciar esse assunto, mas é como a Tori disse, não posso desistir assim.

Eu:

Sim, aconteceu.

Me limitei a dizer apenas isso, eu sei que preciso falar, mas eu não quero.

Amor:

Quer conversar sobre isso? Me conta o que houve.

Eu:

Você realmente não sabe, não é? Hoje era para ser um dia especial, planejei tudo.

Ele visualizou de imediato, meus olhos já estavam marejados, ficou em silêncio por exatos 5 minutos, ele parecia estar pensando até que apareceu “digitando” e logo sumiu e ficou assim por um certo tempo, aposto que ele não sabe o que dizer.

Amor:

Sam, eu sinto muito, eu esqueci nosso primeiro mês. Eu sinto muito mesmo. Mas, por favor tente entender, tenho muita coisa na cabeça, lidar com a empresa não é fácil.

Então essa vai ser sempre a desculpa, está sempre ocupado.

Eu:

Eu sei disse, até porque tudo que chega a você passa por mim, trabalhamos juntos eu sei como é. Mas entenda também que essa data é muito importante para mim, aliás para todo mundo que namora. Eu passei a semana toda te dizendo isso.

Novamente ele visualizou e demorou para responder.

Amor:

Acho melhor conversarmos amanhã no escritório, não estou com paciência para isso agora. Até amanhã Sam.

P.s.: Você está fazendo tempestade em copo d’água.

Ao ler, as lagrimas que estavam presas escorreram pelo meu rosto. Era isso que eu queria evitar, raiva e magoa se faziam presente, e eu sei que não vou conseguir dormir.

Freddie está tirando meu sono, mas pela primeira vez o motivo é outro.

Já eram 06:00 e eu quase não tinha dormido. Enfim levantei e fui me arrumar, nunca me desanimei tanto para ir trabalhar. Sinto que não foi só esse problema com o Freddie que me deixou assim, me sinto fadigada. Eu estou de “saco cheio” de tanta coisa.

Já eram 7h e 40min quando subi no ônibus e fui apara empresa, levou cerca de 30min para eu chegar lá, minha sorte foi o transito estar livre, quando eu cheguei ele ainda não estava lá.

Fiz o máximo para ficar neutra diante de tudo. Depois que terminei de arrumar a mesa dele, fui em direção a minha, mas parei diante da janela do escritório dele, eu amava a vista daqui.

Respirei fundo e lembrei do dia em que nos beijamos pela primeira vez, ele estava aqui, de frente para a janela quando me chamou e veio na minha direção, me pegou de surpresa, foi uma das melhores sensações da minha vida.

“oh, Freddie, se você não estava pronto, porque iniciou tudo isso? Eu estava pronta para desistir de você”. -Pensei.

A chuva começou a cair fina, amo quando o clima está assim. Ainda distraída com a chuva sinto alguém se aproximar, me virei e o vi parado me olhando.

—Bom dia. – Me limitei apenas nisso.

—Bom dia, tem muita coisa para hoje? – Ele perguntou, colocando sua pasta encima da mesa e em seguida tirando o terno.

—Não, tem uma reunião ás 10:00 e outra só as 17:00, então será um dia só para fazer ligações e assinar a papelada de sempre. – Ele apenas assentiu, e se sentou. 

—Eu vou para minha mesa, se precisar de alguma coisa, me chama. – Eu disse já seguindo para a porta.

—Sam, depois da reunião você vem aqui, quero conversar com você. – ele disse.

—É, eu sei, eu também quero. – Apenas me virei e continuei meu caminho. Quando percebi que estava só eu soltei a respiração que eu nem percebi que estava prendendo.

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Eram 11:00 quando Sam entrou na sala de Freddie para deixar uns documentos em sua mesa, quando estava para sair ele entrou na sala.

—Não saia ainda, a reunião acabou. – Ele disse e ela logo respirou fundo e sentou a sua frente.

—Eu gostaria de falar primeiro Freddie. – Ela disse, ele apenas assentiu. -Eu queria saber se de fato você está feliz comigo? – Ela soltou de uma vez, ele estranhou a pergunta, achou que iriam conversar pelo ocorrido de ontem.

—Que perguntou é essa Sam, é claro que eu estou feliz com você. Porque isso agora? – Ele perguntou sério.

—Eu sinto que você não está sabendo lidar com nós dois, sinto que a qualquer momento você vai se cansar e voltar a ser o que era antes.

—Você esta com esse assunto de novo, já conversamos sobre isso quando estávamos viajando com o pessoal. O que será que eu tenho que fazer para você acreditar em mim, estamos namorando. Eu assumi um compromisso com você, mas parece que não é o suficiente.

Ela se manteve calada, não era isso que lhe assombrava, não era essa a questão.

—Não é isso que eu estou querendo dizer Freddie, eu quero saber se você está aqui comigo, porque eu estou colocando tudo de mim em nós dois, mas se você não quiser isso, por favor me fala porque aí eu vou me recolher e seguir em frente.

Freddie respirou fundo e se levantou, foi até a janela. Se virou novamente para ela e sorriu lhe estendeu a mão. Ela sem entender bem foi até ele. Ele soltou sua mão e lhe segurou pela cintura, ela sem entender bem pôs as mãos no peitoral dele.

—Pare de achar que eu estou a ponto de desistir de você, eu confesso, eu não sei como lidar com um relacionamento, as vezes eu não sei como agir, tudo está diferente agora, mas não é como se eu fosse fugir disso, demorei muito para perceber que eu gosto de você, e eu não quero perder nada.

Ela permanecia calada, mas logo sorriu.

—Que bom, eu não cheguei tão longe para ter que ir embora agora.  – Ela disse ainda sorrindo e olhando em seus olhos. Ele sorriu.

—Me desculpa por ontem? – Ele disse, parecendo estar de fato arrependido.

—Tudo bem, mas por favor não deixa isso acontecer de novo. Fiquei tão magoada que não conseguir dormir. -Ela disse abaixando o olhar.

—Eu sinto muito, mas em compensação eu comprei algo. -Ele a soltou e foi até seu terno e tirou uma caixinha de dentro do bolso interno, e voltou para onde estava.

—Acho que agora você não precisa usar aquele colar que te dei no seu aniversário. – Ele falou já abrindo a caixinha e mostrando a ela uma linda corrente em ouro branco com um pingente de esmeralda rodeado de pequenos cristais brancos.

Os olhos de Sam brilharam, era o colar mais lindo que ela já tinha visto.

—É tão lindo. Eu nem sei o que dizer. -Ela disse se virando e levantando os cabelos para que ele colocasse nela e foi exatamente o que ele fez, mas não antes de beijar sua nuca desnuda e dizer em seu ouvido.

—Então apenas diga que me ama. – Sam sentiu todos os pelos do corpo se arrepiarem, ele pôs o colar em seu pescoço e ela se virou para olha-lo.

—Ficou lindo, como eu imaginei. – Ela sorriu e tocou o pingente e olhou nos olhos de Freddie, ela se aproximou e lhe beijou, ele logo tratou de corresponder. Ali, naquele momento a briga que eles nem sequer iniciaram se acabou.