Sam acordou cedo, tomou um longo banho e vestiu sua farda, desceu para tomar um café e mandou uma mensagem para seu namorado dizendo que iria de ônibus. Ainda na mesa, ela saboreava o café quente, estava pensativa demais, triste por não ter recebido uma mensagem dele dizendo “Bom dia amor, feliz 1 mês de namoro”. Ela não queria nada de especial, só fato dele lembrar já seria o suficiente, não precisava de mais nada além disso.

Assim, que terminou subiu novamente para seu quarto, foi em direção ao seu banheiro e escovou os dentes, passou uma maquiagem leve e por fim pegou sua bolsa e saiu de casa, seguiu em passos lentos até o ponto de ônibus e esperou.

Ao chegar na empresa foi cumprimentada com vários “Bom-dia”, seguiu para sua sala, ela já sabia que ele estava no escritório e hoje definitivamente estava sendo um dia cinza, ela não estava feliz de estar ali, porém ainda se esforçava em acreditar que ele iria lembrar e dar um abraço apertado e dizer que estar com ela estava sendo a melhor coisa que já aconteceu com ele.

—Sam, vem aqui por favor. – Disse ele assim que ela atendeu o telefone. Ela prontamente se levantou e foi até a sala dele.

—Bom dia Freddie, o que deseja? – Ela disse sorrindo para ele, ele lhe olhou e só com esse gesto ela percebeu que ele estava de mal humor. “É, o dia está ótimo” pensou a loira.

—Bom dia querida, eu preciso urgentemente de um relatório da fabrica central; e eu não poder almoçar com você, vou ter uma reunião de emergência no horário do almoço. – Ele falava enquanto digitava alguma coisa no computador, nem sequer olhou pra ela, porém ela decidiu arriscar só para ter certeza que ele esquecera mesmo a data.

—Amor, você sabe que dia é hoje? – Ela falou se aproximando e se apoiando na mesa dele. Ele apenas olhou para o canto inferior direito da tela e respondeu.

—Quarta-feira, dia 27 de Novembro. Porque? Tem algo importante hoje? – Ele ainda digitava sem olhar para ela. Ela respirou fundo e foi saindo, e antes de fechar a porta disse.

—Não, hoje é um dia como qualquer outro. Daqui pro fim da tarde te entrego o relatório ok?!

—Humrum. – Ele enfim olhou rapidamente para ela e deu um leve sorriso e voltou a olhar a tela de seu PC

—Freddie? – Ela o chamou e ele olhou novamente para ela. – Eu te amo. -Ele sorriu novamente e respondeu.

—Eu também. Hoje eu estou muito ocupado e imagino que vai ser o resto da semana assim. – Ela concordou e saiu, enfim foi fazer o seu trabalho.

Eram quase meio-dia, Sam se preparava para sair, Freddie já estava em reunião a 15 minutos e não sairia de lá nem tão cedo. Assim que Sam se levantou o telefone tocou.

—Escritório do Senhor Benson, Bom Dia. – Ela disse assim que atendeu.

—Bom dia, eu gostaria de falar com o Freddie. – Uma voz enjoada soava do outro lado da linha. Era uma mulher. Sam logo estranhou, ninguém liga para cá e o chama pelo apelido, porém ela decidiu não questionar nada.

—Ah, o Senhor Benson está em reunião no momento, deseja deixar recado?

—Ah tudo bem, por isso que eu estava ligando para o celular dele e não estava atendendo.  – Ok. Agora já é demais.

—Quem está falando? – Perguntou a loira já perdendo a paciência.

—Não é da sua conta, você provavelmente é a secretaria dele não é?! Então apenas diga que Ashi ligou. – E logo depois disso a pessoa desligou na cara de Sam.

“Ashi” A loira pensava nisso o dia todo, queria questionar Freddie, queria saber quem era essa mulher que liga para seu número pessoal e ainda o chama pelo apelido.

Sam, tinha suspeitas de quem era, mas ela queria ter certeza, sua intuição aposta totalmente na Loira siliconada que ela conheceu na festa de casamento, Ashiley.

Já eram 18:00 quando Freddie ia saindo de sua sala. Sam estava arrumando sua bolsa quando ele parou de frente para ela.

—Você já está pronta? – Ele perguntou.

—Ah, estou quase, mas hoje de tarde eu liguei para a Carly, ela marcou de jantar comigo e com a Tori. Eu preciso conversar com ela, no caso a Tori vem na bagagem. – Ela deu um sorrisinho, já estava até se acostumando com a morena.

—Tudo bem, eu vou para casa então, mas tem certeza que não quer carona? Eu te levo no restaurante. – Ele perguntou, estava estranhando um pouco o comportamento de sua namorada.

—Não, é aqui perto, acho que elas já estão me esperando, e também você deve estar cansado não é?

—Pior é que estou, a reunião de hoje acabou comigo, queria tanto dormir com a minha namorada, mas ela prefere as amigas do que a mim, ela é muito cruel. – Ele falou em um tom de brincadeira fingindo estar magoado.

—O oscar com certeza vai para você, como melhor Drama do ano. Mas, se você quiser eu desmarco com elas e a gente vai comer algo. – Ele riu do comentário dela, mas depois negou com a cabeça.

—Não, tudo bem. Aposto que a Carly quer falar sobre a lua de mel, com certeza você vai estar pior do que eu, ela vai falar até o ouvido de vocês sangrarem.

—Conhecendo a Carly com certeza ela vai fazer isso, enfim, vamos descer antes que ela brote do chão reclamando o quanto eu estou atrasada.

Eles desceram juntos, e Sam saiu do elevador antes que ele, despediram-se apenas com um beijo e u breve “até amanhã”. Ele nem sequer percebeu que enquanto a porta se fechava uma lagrima caiu dos olhos de Sam.

Ela seguiu andando para o restaurante, não ficava muito longe da empresa, enquanto caminhava viu Freddie passar no carro, ele estava distraído enquanto dirigia e falava no telefone, passou devagar o suficiente para ela vê-lo sorrindo.

Samantha

Droga, eu não quero ficar pensando nessas bobagens. Mas, tudo faz com que meu ciúme apareça, primeiro; uma mulher liga dizendo que quer falar com ele e depois ele fica todo sorridente ao falar no telefone, sem tirar o fato que ele esqueceu que hoje seria a comemoração do nosso primeiro mês oficialmente.

Só de pensar nisso dói, eu não esperava que as coisas fossem ficar tão diferentes, como eu não pude perceber isso. Uma coisa é ser amiga dele e outra é ser namorada.

Assim que cheguei no restaurante elas já estavam me esperando. O lugar era reservado e não era lá um local sofisticado, mas era aconchegante e tinha música ao vivo, o que deixava tudo com um toque rustico, logo cheguei até elas.

—Até que enfim você chegou. Achei que o Freddie iria te trancar naquele escritório. – Disse Carly já me abraçando. Eu cumprimentei Tori normalmente e ela me respondeu com um sorriso, parecia nervosa.

—Então, qual o motivo da reunião moças? – Perguntei olhando para elas, Carly tinha cara de paisagem e Tori ficou vermelha.

—Eu não sei, Tori que me pediu para falar com você e te chamar para cá, eu to boiando. – Disse Carly tomando um gole da sua bebida.

—O que foi Tori? você não é de fazer essas coisas. – Ela respirou fundo e começou a falar.

—É que você sabem que eu não tenho muitas amigas, e vocês são a mais próximas que eu tenho, acho que é certo conversar sobre essas coisas não é? – Ela falava um tanto nervosa, como se estivesse prestes a dar uma noticia bombástica.

—Não enrola Tori, fala logo mulher. – Eu disse já ansiosa para saber.

—É que eu meio que estou namorando, estou tendo um caso com o Brad. – Ela falou, eu e Carly nos olhamos e caímos na gargalhada, ela ficou olhando para gente como se estivéssemos debochando dela, no caso eu estava.

—Isso não é novidade Tori, todo mundo já sabia. – Ela ficou pasma.

—Você acha que a gente não percebeu gata. Vocês sempre saindo sozinhos, quando ele chegava perto você ficava corada. É fácil perceber alguma coisa de você, você é quase um livro aberto. – Falou Carly e ela sorriu.

—Ok, enfim, agora vocês sabem por mim. – Ela disse e chamou um garçom pedindo uma rodada de tequila antes dos pedidos chegarem.

—Mas vem cá, eu odeio tocar nesse assunto, mas você gostava do Freddie e agora está com Brad, é um pouco confuso. – Eu disse. Ela sorriu de leve e abaixou a cabeça, entretanto respondeu logo.

—De fato, mas eu percebi que... Na verdade ele me fez perceber, que Freddie nunca vai ser meu, e agora eu nem gosto dele como eu gostava antes.

—E como aconteceu, tipo como vocês ficaram juntos? -  Carly perguntou sorrindo.

—Ah, no dia do seu casamento, na hora da festa eu estava um pouco cabisbaixa, ele percebeu e me chamou para conversar, foi quando ele praticamente jogou na minha cara que o Freddie não gosta de mim, pelo menos não da forma que eu queria. Eu impliquei, chorei, mas acabei concordado, ele disse que iria me fazer esquecer o Freddie e eu apenas aceitei, porém não prometi nada, era só pra gente ficar, só que nenhum de nós dois estamos com outras pessoas, concordamos de sermos só nós dois, então acho que é quase um namoro. – Ela contou tudo, e eu fiquei com uma pulga atrás da orelha.

—E está funcionando? Você está esquecendo o meu namorado? –Eu perguntei desconfiada.

—Você sempre vai ter o pé atrás comigo não é Sam? – Eu dei de ombros, estávamos nos tornando amigas, mas eu ainda desconfio dela.

—Mas, sim, está funcionando. Eu gosto do Brad, ele me faz bem, sempre me faz rir e agora eu não passo os dias sozinha enquanto trabalho em casa, toda vez que ele larga de tarde ela vai para minha casa e passamos o resto do dia juntos, eu não sei mais o que é ficar só naquele apartamento gigantesco.

—Owwwnnnn, finalmente você deixou de ser uma mejera. – Disse Carly sorrindo, Tori deu um tapinha no ombro da amiga enquanto sorria, eu apenas ria delas duas.

As bebidas chegaram, bebemos e eu senti a tequila descer rasgando minha garganta, mas logo depois veio uma sensação boa, não demorou muito e a comida chegou.

Comemos e conversamos mais um pouco, até que Carly fez a “pergunta do dia”.

—Sam, hoje não é 27? – Eu concordei com a cabeça já sabendo onde ela iria chegar. – Hoje faz 1 mês que você e Freddie estão namorando.

—É amiga, eu te falei isso segunda-feira. – “Por favor, não comecem esse assunto”.

—Achei que você iria sair com ele, você passou a semana passada inteira planejando o que vocês iriam fazer hoje.

—Eu sei, mas não deu. – Tori, suspirou como se já soubesse o que eu estava pensando.

—Sam, conta pra gente o que houve, você não parece muito bem desde que chegou. – Disse ela.

Só de pensar em falar meus olhos marejaram, mas que droga. Odeio demonstrar fraqueza na frente das pessoas, mesmo que sejam minhas amigas. Mas, por fim decidi falar, afinal com quem mais eu falaria sobre isso.