Soundtrack escrita por Mia Lehoi


Capítulo 6
Track 5: There's Nothin' Holding Me Back


Notas iniciais do capítulo

There's Nothin' Holding Me Back é uma canção do cantor Shawn Mendes (https://www.youtube.com/watch?v=pbIiIC6zN68)
Mensagens de texto em itálico são da Carmem e as em negrito são do DC.



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I love it when you go crazy
(Eu amo quando você enlouquece)
You take all my inhibitions
(Você acaba com todas as minhas inibições)
Baby, there's nothing holding me back
(Querida, não há nada que me segure)
You take me places that tear up my reputation
(Você me leva a lugares que acabam com a minha reputação)

Aquele sábado começou com um sol de dar inveja em qualquer um. Carmem se certificou de deixar tudo perfeito para quando as amigas chegassem, pedindo para que as empregadas preparassem lanches e drinks variados e que o rapaz que limpava a piscina não deixasse um cisco dentro da água.

Já tinha recebido as meninas ali dezenas de vezes, mas estava estranhamente nervosa. Olhou-se no espelho, analisando o biquíni branco tipo cortininha e torcendo o nariz para as gordurinhas que teimava ver no próprio corpo. Sabia que ninguém mais veria nada de errado, não depois de tantas dietas e exercícios, mas para ela nunca estaria perfeito. Jogou um vestidinho vermelho com estampa indiana por cima do corpo, calçou um par de havaianas douradas e pontuou a produção com uma tornozeleira dourada.

Quando estava se preparando para sair Denise apareceu, entrando em seu quarto sem cerimônia, como sempre fazia. Ela usava um biquíni listrado rosa e branco e um short jeans curtíssimo.

— E aí, Carmita? – sorriu, jogando-se na cama preguiçosamente – Qual a razão dessa reuniãozinha?

— Estou entediada. – a outra deu de ombros, tentando parecer o mais despreocupada possível. – Faz tempo que não fazemos nada juntas.

— Está entediada e resolveu passar o seu sábado com a Mônica? – riu ironicamente.

— Qual o problema? Tô tentando ser menos megera, fazer uma caridade, sei lá. – mentiu, girando os olhos exageradamente. Devia ter imaginado que a ruiva não engoliria tão fácil aquela história de reunir as meninas para fofocar. Apesar de estar sempre nas reuniões da turma, Carmem não era muito de trazer todo mundo para sua casa.

A loira ficou aliviada quando a amiga deixou aquele assunto de lado e se dedicou a conversar sobre outros assuntos. As duas bateram papo por alguns minutos, até que tia Ninha veio avisar que Marina e Aninha haviam chegado. Pouco tempo depois Maria Cascuda se juntou ao grupo e por fim Mônica e Magali chegaram, encerrando os cumprimentos.

As sete passaram a tarde desfrutando do sol, da piscina, dos comes e bebes e dos drinks coloridos, como se não existisse mais nenhum problema no mundo e elas pudessem apenas desfrutar aquele dia ensolarado sem se preocuparem com mais nada.

Foi divertido. Magali brincou numa bóia cor de rosa por um bom tempo, até se desequilibrar e cair na água com tudo, fazendo as outras rirem. Aninha revelou que tinha aprendido a fazer vários drinks quando trabalhou num bar por um tempo e serviu alguns para as amigas, Marina tirou fotos muito bonitas de todas, Mônica passou um tempo meio acanhada, mas logo se soltou e foi dançar uma música sertaneja de zoeira junto com Denise. Já no final da tarde todas estavam estiradas nas espreguiçadeiras ou em suas cangas, aproveitando o restinho do sol e batendo papo. Carmem esperou pacientemente o assunto do jogo do fim de semana anterior vir à tona para começar sua investigação. Não queria dar na cara e sabia que em algum momento aquele tópico surgiria.

— Foi um jogão. Espero que eles consigam se classificar! – começou Cascuda, se referindo aos Jogos Interatléticas, um torneio nacional que unia atléticas de universidades do país todo.

— Fazia tempo que a gente não via um jogo tão empolgante dos meninos. – Carmem comentou, bebendo um gole de seu drink – Me deu até uma nostalgia do ensino médio. – riu. Já sabia que só por ter mencionado o colégio as histórias começariam a sair e eventualmente alguém mencionaria Mônica e Cebola.

— Falando em ensino médio... – Magali deu um sorrisinho sugestivo – Tem gente aqui que parece que quer dar um flashback daquela época. – continuou, fazendo todas se entreolharem.

— Sigo ilesa desse problema. – Marina riu, satisfeita com seu relacionamento com Franja. – Agora a Denise e a Mônica...

— Nem vem com essa, bebê! – Denise se defendeu imediatamente.

— Aham, sei. – Aninha respondeu, com um olhar meio acusatório. O rolo da ruiva com Xaveco já era história antiga no grupo e todos sabiam que recentemente ela tinha voltado a espichar os olhos para Titi.

— Vocês deviam estar acusando é a nossa querida Moniquinha! – Denise apontou a outra, tentando desviar o assunto de si. – Tava toda sorrisinho pro Cebola, postando foto e tudo...

— Para gente! – Mônica corou, mas deu um sorrisinho. – Aquilo não foi nada. Só estamos retomando a amizade, ué!

— Mas você sabe que ele não quer só amizade, né. – Cascuda arqueou as sobrancelhas.

— Nem ele nem o DC, que passou a noite toda te encarando! – completou Magali. Carmem fingiu surpresa, mas por dentro comemorou que finalmente poderia ter informações úteis para seu plano.

— Dona Mônica e seus dois maridos... – Marina abriu um sorrisinho – E aí amiga, acha que rola uma chance com um dos dois?

— Eu... – começou, mordendo o lábio inferior como se estivesse pensando na resposta. – Não sei! Quer dizer, eu e o Cê finalmente estamos conseguindo retomar nossa amizade, né... Mas...

— Mas? – Carmem perguntou, curiosa.

— Sempre fica aquele clima meio estranho. – deu de ombros – E o DC... O DC é um gato, vocês sabem. Ai gente, eu não sei!

— Quem me dera ficar no meio desse sanduíche. – Denise comentou, com um sorriso malicioso que fez as outras a olharem espantadas, antes de começarem a rir escandalosamente. – O quê? Tô mentindo?

— Você é doida, Dê! – Mônica riu, o rosto ainda corado. – Vou esperar as coisas fluírem naturalmente. – concluiu.

— É uma boa escolha. – Cascuda respondeu, sorrindo. – E você e o Jeremias, hein Aninha? Você acha que vão namorar ou não?

— Namorar é uma palavra muito forte! – a morena riu – Estamos curtindo do jeito que tá. Não é como se a gente tivesse tempo pra um namoro, né?

— Coragem, viu? – Magali arqueou as sobrancelhas – Você não namora desde o Titi, né?

— Não. E tô ótima assim. – deu de ombros – Na verdade o Jeremias é o primeiro cara que eu fico sério desde o ensino médio também. – completou. Ela e o garoto estavam nesse rolo há uns três meses, depois de se aproximarem na faculdade.

— E a gente achando que o Titi que ia virar solteiro convicto. – Marina riu. O garoto teimava que nunca mais queria saber de namorar, mas depois de Ana e Carmem já tinha engatado em três relacionamentos diferentes com meninas do bairro.

— Ele não tem jeito... – Carmem comentou, dando uma risadinha. Ela e Ana se entreolharam, compartilhando o mesmo pensamento. As duas passaram um tempo sem se dar bem por conta do envolvimento com o garoto, mas depois de quase três anos aquilo finalmente tinha ficado no passado. 

O grupo ainda ficou ali a beira da piscina até escurecer. Passaram por assuntos sérios como as provas e matérias da faculdade, fizeram fofocas sobre outras pessoas que conheciam, comentaram os jogos da atlética, as festas que ainda aconteceriam durante o semestre e várias outras coisas banais. Quando ficou muito tarde para continuarem ali elas se despediram e aos poucos foram indo embora. Denise ficou até um pouco mais tarde, mas também seguiu para sua própria casa.

Carmem subiu para seu quarto, tomou um banho para tirar o cloro do corpo e dos cabelos, vestiu um pijama confortável e seguiu para a sala de TV, onde procurou um canal que lhe agradasse e pegou o celular para informar Do Contra de suas descobertas do dia.

 

tenho q te atualizar de umas coisas

Eu odeio whatsapp.

E o q é q vc n odeia??

Hahaha.
A gente não pode se falar pessoalmente não?

Como vc é irritante
pode
Eu vou almocar no Empire amanhã

No Empire? Não pode ser numa lanchonete no campus não?

nossa, q ótima ideia
aí a gnt aproveita e explica pra td mundo
o q tava fazendo lá juntos

Tá, foi uma péssima ideia.
Mas tem que ser no Empire?

É o único lugar q eu sei q ngm da turma vai
estar
Rlx, é por conta da casa


Hã?
Ah, tudo bem. Já que você vai pagar eu aceito.

morto de fome 

Você não viu nada.

Amanhã então
meio dia
vê se lava aquele seu tênis sujo

A garota deixou o celular de lado, sem nem esperar uma resposta do garoto e encarou o teto. Céus, como ele era irritante. Até o jeito dele de digitar, feito um velho chato que escrevia tudo ridiculamente certo, a tirava do sério. Se soubesse antes que ele era tão chato, nunca teria ido falar com ele naquele dia da boate. Teria sido bem melhor ficar sozinha.

Mas agora, com o maldito plano em ação, ele era uma chance de tirar Mônica do caminho. E Carmem tinha que admitir que parte dela também estava curiosa para ver até onde ele seria capaz de ir com aquilo.

Ainda estava surpresa com o fato de que ele realmente havia embarcado naquela ideia. Quer dizer, que ele era perdidamente apaixonado por Mônica e que faria o que pudesse para tê-la todo mundo sabia. Mas a loira sempre achara que ele era certinho demais para tentar algo daquele tipo.

Pra dizer a verdade, nunca tinha pensado muito sobre ele. Para ela o garoto era só mais um ex-colega de classe que ela encontrava por aí quando saía com a galera e que não tinha importância alguma. Já havia reparado que ele era um cara muito bonito, com toda aquela pose de roqueiro rebelde sem causa que encantava várias meninas no campus (e que talvez até a encantasse se ela não soubesse que por baixo daquilo ele era só mais um puxa-saco idiota da líder da turma), porém nunca fora além disso.

A loira se espreguiçou no sofá, disposta a deixar aquele assunto de lado. Não era como se depois daquilo eles fossem se tornar amigos ou algo assim. Quando o plano acabasse voltariam ao estágio de apenas conhecidos e ponto final. Ninguém nem desconfiaria de que eles algum dia tiveram algum outro tipo de interação um com o outro.


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Notas finais do capítulo

A música desse capítulo é uma homenagem a morte da dignidade do DC e do Cebola depois dessa conversa das meninas! hahaha
Ok, brinks. Na real eu adoro escrever a Mônica plena e solteira decidindo entre os dois, não vou mentir. Maaas não foi bem essa a razão da escolha musical desse capítulo. Eu escolhi uma canção mais pop porque a Carmem nunca mostrou pra as amigas o lado roqueiro e rebelde que ela guarda secretamente, então pra ilustrar esse momento eu usei um artista que acho que elas ouviriam juntas.
Inclusive a relação da Carmem com as meninas da turma é algo que curto bastante desenvolver. Por mais que esteja bem em segundo plano aqui na fic, planejo trabalhar isso também.
Enfim, por hoje é só!
Beijão galeres ♥



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