Já se passavam seis meses desde meu aniversário, papai e o senhor Black já haviam marcado a data do casamento, seria três meses depois de meu aniversário de vinte anos. Eu e Jake achávamos que a data estava muito distante, mas não dissemos nada, já nossas mães essas sim reclamaram.

Mas o senhor Black disse que tinha seus motivos para que a data fosse tão distante. Papai sabia qual motivo era, mas não quis contar para mamãe, para que ela me repassasse a informação. Eu e Jake estávamos cada encontro mais apaixonados. Nossos pais não sabiam que nós já nos beijávamos, Jake disse que papai o acharia um aproveitador, e ele não queria que papai ficasse bravo com ele, pois poderia anular o noivado. O senhor Black também não sabia, pois talvez contasse a papai, já que eram muito amigos, ou talvez impedisse Jake de vir me ver.

Entravamos no mês de outubro e era aniversário de dezesseis anos de Jake, eu estava em uma loja para rapazes com mamãe. Ela e eu iríamos comprar um presente para que eu o desse a Jake. Lembrei-me do anel que ele havia me dado em meu aniversário meses atrás. Mamãe nunca o vira, eu nem se quer lhe contei do presente, o escondi dentro de meu diário, afinal de contas o anel também era um segredo.

Hoje o céu era estranhamente nublado e parecia que iria chover mais tarde. Mamãe e eu não achamos nada na loja em que estávamos e decidimos ir a uma joalheria ao lado. Vi uma correntinha que achei ideal para Jake, com certeza ele iria gostar. Mostrei a mamãe e ela concordou comigo. Mandou que embrulhassem a correntinha, pagou e fomos para casa.

Jake não queria festa em seu aniversário, disse ao pai que preferiria uma pequena comemoração com os mais chegados. Então sua mãe e minha mãe, organizaram um formoso jantar na residência dos Black.

Naquele mesmo dia voltando para casa com mamãe, passamos pela rua da escola de Jake. Ele estava do lado de fora do portão, sorria e conversava com uns garotos que deveriam ser de sua classe. Sorri em vê-lo, ele aparentava estar feliz, nosso carro parou no sinal, para que os pedestres pudessem atravessar, eu claro adorei assim poderia olhar Jake por mais tempo, segundos depois me arrependi, preferiria se o carro tivesse seguido seu caminho.

Uma menina, mais precisamente Leah Clearwater, irmã de Seth, melhor amigo de Jake, apareceu do nada e lhe beijou os lábios. Aqueles lábios que eu considerava só meus. Ele não pareceu resistir ao beijo. Cutuquei mamãe e lhe mostrei a cena, ela passou seu braço por meus ombros me apertando contra si.

O carro voltou a andar e lagrimas escorriam por meu rosto. Ao chegar em casa vovó Esme perguntou-me o que havia se passado, não lhe respondi, somente subi para meu quarto e me joguei na cama. Minutos depois mamãe apareceu sentou-se na beirada de minha cama e me afagou as costas.

Levantei-me e a abracei, somente um abraço de mãe para me confortar neste momento. Jake mentira para mim. Todas as vezes que dissera que me amava, cada sorriso que dirigiu a mim, as frases bonitas que me dizia tudo aquilo era mentira. Aposto que ele ria de mim quando estava com ela. Que ria de minha estupidez e ingenuidade. E eu que cheguei a cogitar a possibilidade de me entregar a ele. Mas isso eu não faria, jamais me entregaria a ele, pediria à mamãe que me ajudasse a anular nosso noivado.

- Mamãe! – chamei-a.

- Sim, querida. – respondeu-me enquanto ainda afagava-me as costas.

- Existe alguma maneira de anular meu noivado com Jake? – perguntei.

- Como assim, minha filha? – ela disse. – Você é a prometida dele. Irão se casar, a data já até foi definida. – completou.

- Mas ele não me ama mamãe. – respondi. – Você mesma o viu beijar outra, na rua, sem o menor pudor.

- Querida, os homens são assim, - explicou. – deve ter sido apenas diversão. Nada demais.

- Nada demais? – perguntei indignada. – Mamãe, e todas as vezes que ele disse que me amava?

- Ele ter beijado outra não quer dizer que não te ame. – ela disse.

- Como não? Ele me traiu mamãe!

- Meu amor, homens são propícios às fraquezas da carne. – respondeu.

- E se eu tivesse beijado outro? Não seria errado? – perguntei.

- Claro que seria querida. – respondeu.

- Mas por quê? Se ele pode...

- Ele é homem! – ela respondeu me interrompendo.

- Grande coisa! – falei me desvencilhando de seus braços. – Não honra as calças que veste! – gritei. – Não tem palavra!

- Ness, por favor! – ela tentou argumentar.

- Por favor, o quê mamãe? Não vou aceitar este tipo de humilhação. – falei convicta.

- Minha querida, não fale assim! – ela disse. – Converse com ele, ele deve ter uma explicação.

- Espero mesmo que ele tenha. – respondi ríspida.

- Tudo bem querida! – ela me disse. – Agora vá se banhar e se arrumar para o jantar de Jake.

- O.k! – respondi já tirando o colar que a família dele havia me presenteado em meu aniversario.

Abri meu armário para escolher o vestido, vi um preto reto que ia ate os pés, era bem leve e tinha pedras no busto e nas alças, pedras pretas. Pareceu-me perfeito, foi o mesmo que usei no enterro de um ex-socio de papai.

Dirigi-me para o banheiro e liguei a torneira que encheria a banheira. Peguei sais de morango que mamãe importava de Mônaco. Ela dizia que eram os melhores do mundo. Com a banheira já cheia os joguei na água os espalhando, despi-me e entrei na banheira, queria estar linda perfeita para quando jogasse na cara de Jacob Black o mal que ele me causava, e também dizer-lhe que apesar de ter de me casar com ele jamais me entregaria a ele, pelo menos não por vontade própria.

Depois do banho, passei uns cremes no corpo e me vesti, borrifei meu perfume habitual, cujo Jake dizia gostar, mas agora não tenho mais tanta certeza de suas palavras. Pus os sapatos altos e ajeitei o cabelo. Qualquer um que me visse me acharia bela, e não é egocentrismo meu, quando eu queria conseguia fazer tudo perfeito.

O vestido tinha um leve decote, e não sei, mas agora meus seios pareciam maiores do que de costume, e mais levantados também. Ouvi mamãe gritar da sala, me chamando. Fiz questão de por o anel que ele houvera me dado, hoje eu o devolveria.

Sai de meu quarto e desci as escadas, mamãe usava um vestido verde musgo que lhe caia bem e contrastava sua pele pálida. Papai me elogiou, disse que eu era a coisa mais bela que ele já havia visto em toda sua vida. Agradeci-lhe com um leve aceno de cabeça, e um sorriso forçado, sabia que para ele eu sempre seria linda, mas não era ao papai que eu queria agradar, e sim a Jake, queria que ele sentisse ódio de si mesmo por me perder, ou melhor, por perder minha consideração e meu amor.

Chegando a casa dos Black os anfitriões nos receberam na grande sala de estar. Jake me olhava doce, com o sorriso bobo nos lábios. Fingido, pensei. Nem me dei ao trabalho de retribui e adentrei a casa.

Na sala vi Leah sentada conversando animadamente com Rachel. Senti mais ódio ainda de Jacob, ele dissera que queria um jantar só para os mais íntimos, se ela estava aqui, sinal de eram íntimos.

Bec veio me cumprimentar e pediu para que eu lhe acompanhasse ate seu quarto. Fui de bom grado, Bec era uma amiga, e não tinha culpa do irmão ser um sujo.

- Ai, Nessie! – ela disse fechando a porta de carvalho atrás de si. – Tenho algo para te contar!

- Jacob e Leah? – perguntei ríspida.

- Já sabe? – perguntou-me surpresa.

- Sim! – respondi. – Os vi hoje, enquanto comprava o presente de Jacob.

- Ai, amiga! – ela disse me abraçando. – Não se desespere Ok? Jake deve ter uma explicação.

- É eu espero que tenha mesmo! – respondi retribuindo-lhe o abraço.

- Meninas! Saiam do quarto! – ouvi a senhora Black gritar do lado de fora. Bec se desvencilhou de meu abraço e abriu a porta.

- Só estava pedindo a opinião de Nessie, sobre meu vestido, mamãe. – Bec respondeu.

- Está lindo, como eu já disse! – falei sorrindo me pondo ao lado de Bec.

Saímos do quarto e Bec fechou a porta, na escada Jacob se sentava no primeiro degrau. Quando notou minha chegada levantou-se e me olhou.

- Podemos passear no jardim? – ele perguntou.

Na hora em que iria responder o senhor Black pediu a atenção de todos, pois queria fazer um comunicado.

- Bom, hoje meu menino completa dezesseis anos e como presente, eu lhe darei o futuro! – bom essa parte todos ficamos sem entender e por isso continuamos em silencio absoluto. – É exatamente por isso que amanhã ele embarcará em uma viajem de navio, para completar seus estudos na Europa! – terminou o senhor Black sorrindo.

Meu chão sumiu, parecia que um buraco estava sendo aberto debaixo de meus pés. Por um milésimo de segundo fiquei tonta, mas me recompus. Jacob se virou para mim, mas quando abriu a boca para pronunciar algo, foi interrompido por sua mãe que anunciava que o jantar estava posto.

Jantamos e logo eu fui me despedir dos Black, Jacob estava com Leah, como eu supunha, ele parecia ligeiramente incomodado com o falatório dela, mas resolvi ignorar. Agradeci pelo jantar e fui para o carro junto aos meus pais, quando mamãe me perguntou se eu havia me despedido de Jacob eu apenas assenti.