Perto de Ti escrita por Stormy McKnight


Capítulo 7
Cinematéque


Notas iniciais do capítulo

Olá! Tudo bem?

Capítulo 7 de Perto de Ti.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/736768/chapter/7

 

Sexta - feira à tarde, eu e Jane praticamente ficamos em casa, sem muito o que fazer.

Nós fomos ver um pouco de TV, para ver o que estava passando e.... Jane foi zapeando todos os canais, para o caso de ver se havia algo de interessante. Mas não havia.

"Sexta - feira a noite e nem um filme bom passando na TV, a maioria é tudo reprise...", Jane falou entediada.

"Você não tem Netflix, Jane?", perguntei só por curiosidade.

"Netflix? O que é isso?", Jane quis saber.

"Como você não sabe o que é Netflix, Jane? Meus pais tinham em casa. Todo mundo hoje em dia tem Netflix...", comentei.

"O que é Netflix? Fala!", Jane insistiu.

"É um serviço de assinatura que tem na TV, você assiste filmes, séries, desenhos, documentários...essas coisas. Dá pra assistir no celular, no tablet..", explanei para ela.

"Ah sim! Entendi. Eu não sabia que tinha isso hoje em dia. Talvez eu assine", Jane rebateu.

"Hoje em dia, Jane? Em que século você está?", fiquei pasma.

"Karen, eu nunca experimentei tal serviço. Eu sempre fui muito devotada ao meu marido quando ele estava vivo. Eu praticamente nunca assisti TV, apesar de possuir uma. A TV sempre ficou desligada.", Jane revelou.

"Caramba, Jane!", eu me assustei com o que Jane disse.

"Meus pais nunca me deixaram ver TV, diziam que eu precisava me concentrar nos estudos quando estava na escola, e...quando os mesmos deixaram, foi só porque eu tinha feito todas as lições de casa do colégio.", eu contei para ela.

"E como você é tão "madura" para sua idade?", Jane quis saber.

"Bem, quando eu era pequena, meus pais nunca tinham tempo para cuidar de mim. Eles sempre estava ausentes, trabalhando. Então, eu fui crescendo com o tempo, e...bem, eu ia pesquisando as coisas na internet, pois ainda não tinha ido para uma escola para fazer o ensino fundamental, então...quando meus pais acharam que eu estava aprendendo as coisas do jeito errado, já que meu pai dizia que a internet não é confiável para certos tipos de assuntos, eles resolveram me colocar em uma escola quando eu tinha 12 anos...depois que eu fiz a oitava série, eu fui fazer um cursinho, e depois entrei na faculdade. Foi só na faculdade que eu conheci o meu ex, e a gente ficou até eu conseguir a minha casa, depois terminamos, e bem...as coisas foram um pouco complicadas para mim, então...apesar dos meus pais mandarem uma soma de dinheiro para mim, eu precisava me virar, então...comecei a fazer os Workshops..."

Jane então me cortou.

"Isso é muito interessante, Karen. Mas, você não respondeu a minha pergunta."

"Bom, eu aprendi um pouco com o relacionamento que eu tive com o meu ex. Mas, nessa época eu não sabia da minha sexualidade, eu tinha dúvidas.", respondi. "Então eu acho que devido aos meus pais implicarem comigo, eu acho que eu acabei aprendendo a cuidar de mim para depois cuidar das outras pessoas."

"Entendi. Por isso você gosta de cuidar tanto assim de mim?", Jane quis saber.

"Sim, eu acho que sim..", conclui.

"Bem, nós duas estamos encalhadas aqui nessa casa sem muito o que fazer, digo, parecemos gatos, só comemos e dormimos, raramente saímos de casa, então...o que acha de irmos ao cinema ver algum filme?", Jane sugeriu.

"Eu topo. Acho que pode ser mais interessante do que ficar aqui zapeando a TV.", comentei.

"Ótimo! Eu conheço um cinema, perto daqui, chama Cinematéque", Jane comentou.

"Por que tem esse nome?", fiquei curiosa.

"Bom, porque o lugar costumava ser uma discoteca nos anos 70, e depois resolveram transformar o lugar em um cinema que passa vários filmes, de dia os filmes normais, e a noite os filmes adultos. Nos fins de semana, a programação é voltada para o público LGBT. Então "Cinema" + "Discotéque" (discoteca) = Cinematéque", Jane me contou.

"Agora eu entendi. Parece ser um lugar incrível. Mas, como você sabe disso?", quis saber.

"Bom, eu costumava frequentar o lugar quando era uma discoteca, com o meu então namorado, Ben Thomas, mas...eu namorei com vários caras antes das garotas e de me casar com o meu marido, antes dele falecer.", Jane revelou.

"Então, tiveram outras garotas além de mim e da Nejandra?", fiquei curiosa.

"Sim, mas...tirando a Nejandra que você já conhece, eu não quero falar das outras garotas, ou dos outros caras com os quais eu namorei. É muito pessoal para mim, sabe?",  Jane devolveu.

"Eu entendo, Jane. Mas, eu quero conhecer esse cinema que você falou.", rebati.

"Tudo bem. Primeiro vamos trocar de roupa e depois partiremos".

Então nós fomos nos aprontar. Tomamos um banho, nos vestimos e pela primeira vez nós nos maquiamos em frente do espelho e assim que terminamos, Jane me levou de carro até o cinema.

Chegando lá, descemos do carro e fomos até a bilheteria comprar os ingressos.

O lugar tinha luzes neon nas cores do arco íris, — Jane comentou que as luzes iam se alternando quando estavam ligadas— ao contrário da iluminação padrão dos cinemas convencionais, mas estavam apagadas.

Olhamos no monitor na parede atrás da atendente na cabine os filmes que estavam passando, escolhemos um para assistir, de romance, pois não estávamos no humor para ver filmes pesados de ação, ou drama...

Jane comprou os ingressos para nós, e retirou os bilhetes.

Ao entrarmos no cinema, nós primeiro fomos olhar no relógio o horário para não perdermos a seção.

Jane e eu fomos comer algo na rua e depois voltamos para o cinema.

Quando chegamos, apresentamos os nossos bilhetes para o cara na entrada que destacou a parte picotada e nos deu a outra parte.

Nós agradecemos, guardamos a parte restante do bilhete no decote da roupa que estávamos usando e o cara nos liberou a passagem para entrar na sala.

Ao entrarmos na sala, escolhemos os nossos lugares e nos sentamos confortavelmente nas nossas cadeiras.

Aguardamos o filme começar.

Depois de algum tempo, as luzes se apagaram e a sala ficou escura, com apenas a luz do projetor iluminando a tela e algumas luzes na parede.

Primeiro passou os avisos de segurança do cinema, depois algumas propagandas, depois os Trailers dos filmes que em cartaz no cinema e os futuros lançamentos e mais tarde o nosso filme começou.

Eu e Jane ficamos assistindo o filme, até que em um certo ponto, resolvemos comprar um pouco de pipoca e refrigerante para nós.

Saímos da sala e fomos para a Bomboniere.

Compramos dois baldes de pipoca e o refrigerante de lata e...

Para a nossa surpresa, acabamos encontrando Nejandra, usando a mesma roupa de sempre.

"E ai, Nejandra!", eu exclamei.

"Oi Nejandra!", Jane a cumprimentou.

Nós demos uns beijos e uns abraços na mesma e depois nos afastamos.

Conversamos um pouco com ela.

"Como você está?", Jane quis saber.

"Eu estou ótima. Obrigada", a mesma replicou.

"O que você está fazendo aqui, garota?", Jane inquiriu.

"Bem, eu resolvi pegar um cinema para me distrair um pouco. Eu...comprei dois ingressos. Um para um filme agora, e o outro para a seção adulta. Uma amiga minha me ligou e comentou que tem um pornô lésbico muito bom passando nesse cinema, e...como nós estamos ainda nos conhecendo melhor, sabe, que nem vocês duas, nada sério por enquanto, nós resolvemos assistir esse filme, só que ela está um pouco atribulada no serviço, pois ela me ligou no intervalo dela, e...pediu para eu comprar os ingressos para a seção adulta.", Nejandra comentou.

"Desculpa, Nejandra, eu acho que não perguntei isso quando nos conhecemos, mas...quantos anos você tem?", eu quis saber.

"Você tá me achando com cara de menor de idade para ver o filme adulto?", Nejandra insinuou.

"Não, eu só estou curiosa mesmo.", retruquei.

Nejandra gargalhou do que eu disse.

"Que fofa! Eu tenho 39 anos. A garota com quem eu estou ficando tem 20.", Nejandra replicou.

"E ela é bonita?", Jane quis saber.

"Não como você, Jane. Você é muito especial. Ela é sapatona, mas parece uma boneca de porcelana...de tão perfeita que ela é.", Nejandra explanou.

"E os seios dela...eu adoro, mas...não comento sobre isso com ela, porque tenho medo de ela me achar com cara de homem hétero que só pensa em sexo.", a mesma continuou.

"Entendo. Boa sorte para vocês.", Jane replicou.

"Obrigada, Jane. Mas olha, a nossa "festa do pijama" ainda tá de pé. Eu só estou nesse encontro com a garota, porque eu quero ver se vai rolar algo entre a gente, se...a gente tem alguma química.", Nejandra rebateu.

"Entendi. Bom, nós precisamos voltar para o nosso filme. Me liga depois para acertarmos a nossa "festa do pijama". ", Jane se despediu da mesma.

"Está certo. Pode deixar que eu ligo, sim. Divirtam-se!", Nejandra sussurrou.

Nos despedimos de Nejandra com um aceno e voltamos para a sala.

O filme ainda estava no meio.

Voltamos para os nossos lugares e desfrutamos da pipoca e do refrigerante.

Ficamos vendo o filme e comendo a pipoca, vez ou outra bebericávamos o refrigerante...

Achei aquele dia simplesmente incrível.

Durante alguns momentos do filme, nós fazíamos uma pausa para nos beijarmos.

Quando o filme acabou, nós ainda estávamos nos beijando e então interrompemos.

Resolvemos ir no banheiro.

Pegamos o lixo e saímos da sala. Jogamos o mesmo na lixeira que havia na entrada da sala e fomos para o banheiro.

Lá, entramos no feminino, e havia algumas garotas retocando a maquiagem, passando batom...

Nós entramos na mesma cabine na divisória sanitária e nos alternamos para fazer as nossas necessidades.

Depois que terminamos de usar a latrina, nós acabamos nos despindo ali mesmo e fomos nos chupar.

Após algum tempo, justo quando nós estávamos prestes a entrar em erupção, ouvimos umas batidas na porta da cabine e paramos.

Escutamos a voz de uma garota.

 

Vocês vão demorar muito ai? Eu estou bastante apertada e tem uma garota aqui que precisa trocar o supositório dela.

"Droga!", eu exclamei.

"Porcaria! Agora que eu estava com tesão..", Jane se queixou.

Nós então nos aprontamos e depois abrimos a porta da cabine.

Voltamos nossa atenção para as duas garotas de prontidão.

"Vocês já terminaram?", a primeira quis saber.

"Já, podem ir...", Jane consentiu.

A garota olhou estranho para nós.

"O que vocês estavam fazendo no banheiro?", a mesma ficou curiosa.

"Preferimos não comentar. Então, se querem usar o banheiro, fiquem à vontade..", Jane retrucou.

A garota revirou os olhos e avisou a outra para esperá-la, que depois ela podia ir.

Saímos e fomos lavar a mão na pia do banheiro.

Foi então que uma garota que estava se maquiando olhou para nós.

"Vocês são mãe e filha?", a mesma quis saber.

"Não, nós...somos apenas amigas.", Jane comentou.

"Amigas? Não parece. Vocês parecem muito diferentes.", a mesma rebateu.

"Na verdade, eu sou a tia dela. A mãe da mesma me pediu para levá-la ao cinema pois precisou se ausentar.", Jane inventou uma desculpa.

"Ah, entendi.", a garota comentou.

Então a mesma nos estranhou.

"Por acaso...vocês duas são lésbicas?", ela inquiriu.

"Não. Eu sou, a menina é hétero. Ela é comprometida, e já tem um namorado. Não é, Karen?", Jane disse para mim, já indicando com os olhos para eu entrar no jogo.

"Sim, ele é um babaca...eu não sei nem porque eu estou com ele...", falei revirando os olhos.

"Entendi.", a garota replicou.

"E você? gosta de garotos?", Jane interrogou a mesma.

"Claro. Adoro uma pica, gosto muito de pica.", ela comentou.

"Bom para você. Vai dar o rabo, então. Só depois não reclama se o vagabundo te trair, querida.", Jane rebateu.

"Que horror! Você devia ter vergonha nessa sua cara, amiga!"

"Amiga? Eu não sou tua amiga não. Eu nem te conheço...", Jane continuou.

Eu então interrompi antes que a treta rolasse.

"Jane, para! Deixa ela para lá. Vamos embora", eu exclamei.

"Está certo, Karen. Vamos sair daqui."

Então saímos de súbito do banheiro feminino. De certo a mulher devia ter chorado as pitangas depois do que Jane disse.

"Jane! Você tinha que exagerar?", eu a questionei.

"Desculpa, Karen. Mas, a mulher parece que não sabe falar de outra coisa a não ser pênis."

"E você está tentando bancar A lésbica? Jane, para! Isso tá ficando feio.", retruquei.

"tsc...apenas...vamos para casa, Karen.", Jane me evitou.

"Jane, você não disse que eu devia parar de evitar os problemas e começar a encará-los?", eu a lembrei.

"Você está fazendo isso, evitando-os ao invés de encará-los.", continuei.

"Me desculpa, Karen. Eu só não quero que você se envolva  com os meus problemas.", Jane explanou.

"E talvez...nós devêssemos parar por aqui. As coisas aconteceram rápido demais...", ela continuou.

"Não, Jane. Eu quero estar com você. Eu só queria que você, como uma mulher madura, agisse mais como tal.", eu explanei.

 "Desculpa, Karen...eu acho que eu sou muito cabeça dura...", Jane rebateu.

"Eu estou vendo. Mas ainda sim eu gosto de você.", declarei.

Jane parou e voltou sua atenção para mim. Nós ficamos nos encarando por um tempo.

"Karen, você ainda quer ficar comigo?", Jane me interrogou.

"Sim, eu quero", respondi.

"Foi uma pergunta retórica", Jane contestou.

Jane virou as costas para mim e foi andando.

"Venha. Você quer ir para casa, não?", ela então me chamou como se chamasse um cãosinho que espera o dono.

"Claro", atestei.

Mais tarde chegamos em casa.

Jane se sentou no sofá e assistiu a TV que havia deixado ligada.

Eu me sentei no sofá ao lado dela e coloquei uma das mãos em uma das coxas dela.

"Você está brava comigo?", inquiri.

"Não, Karen...", Jane falou séria.

"Mas, e essa sua carranca?", contestei.

"Karen...eu não estou irritada com você. Só comigo mesma. Acho que eu realmente me dei conta que eu cometi muitos erros na minha vida e eu vou ter que pagar por eles um dia...", ouvi Jane dizer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.^^

Até mais!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Perto de Ti" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.