Never Say Never escrita por Drix


Capítulo 5
Then Go On


Notas iniciais do capítulo

Eu pulei um capítulo porque o prólogo me confundiu na contagem, e tive que repostar, então, se você acha que já leu esse, possivelmente leu mesmo. ;)
A partir de agora, vai ficar certinho.
Desculpe a confusão!



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POV Elena

Já se passou uma semana do acidente, e finalmente as coisas se acalmaram.

Minha memória tem flashes de situações. Do enterro, do funeral. Do advogado aparecendo. Algumas coisas nos intervalos parecem um vazio. Lembro de Kath me mostrando no mapa o colégio, e falando sobre a prova. Lembro do caminhão chegando pra buscar minhas coisas, e quando saímos do avião.

Mexo em algumas caixas, tentando desempacotar as coisas. Acho meu caderninho de capa de couro, mamãe me deu esse diário há anos, disse que era bom escrever, mas, não tenho mais vontade. Há dias só lamento, e não aguento mais lamentar.

Hoje vou com minha irmã comprar móveis pro meu quarto novo. Eles nunca mobiliaram nada além da sala, e o quarto de hóspedes, onde tenho dormido, só tem uma cama. Na verdade, parece que Damon acabou de comprar o apartamento e ainda ia reformar, mas, agora comigo aqui, mudaram de ideia. Não entendi direito, é um dos momentos de branco que tenho.

Damon está no escritório, pois pegou um caso pro-bono ambientalista, costuma fazer isso com frequência, e Kath acha lindo, pois mantém a alma dele intacta, ela diz. Ele realmente é muito rico, Kath me contou que é herança da mãe dele, pois apesar de ser um advogado promissor, ainda não ganha o suficiente pra se manter num prédio como esse, muito menos ter um apartamento desse tamanho todo.

Estou me arrumando e ouço meu telefone tocando. Não lembro onde coloquei e com essa bagunça toda, nem faço ideia. Vou seguindo o som no meio das caixas. Encontro e atendo quase no último toque. É a Bonnie, querendo saber como estou. Começo a contar, sincera, mas, não tem muito o que dizer e falo do apartamento. Ultimamente, tem sido minha distração olhar pra essas paredes e imaginar como ficarão depois de mobiliarmos.

— É grande, eu acho que tem bastante espaço, Bonnie. Kath está empolgada, a arquiteta deu as dicas e estamos indo na loja daqui a pouco. A sala é bem espaçosa, daria pra dar uma festa pra umas 50 pessoas, dividida em estar e jantar. A cozinha é aberta, e não é tão espaçosa. É mais uma bancada do que exatamente uma cozinha real. Típica de quem não faz comida nunca, sabe?! A cara da minha irmã. - dou uma risada lembrando todas as vezes que ela fugiu pra não lavar a louça lá em casa. - Tem um corredor que vai pros quartos, são 3 suítes, o que era de hóspedes, tem um sofá cama e uma cômoda, onde tô dormindo e vai ser meu quarto a partir de agora, um que será o escritório e sala de video, e o quarto deles. Só o deles tá mobiliado, aliás, praticamente o único cômodo da casa que não falta nada. Ah, e tem uma varanda. Adoro varandas!

— Hum, parece bem aconchegante. - sorrio e ela continua - E a prova, você fez? - ela pergunta sobre a transferência pro novo colégio.

— Ainda não, eles me deram um tempo pra estudar. Avaliaram meu currículo e marcaram pra daqui 3 semanas. Mas, pelo que andei olhando no site, não achei complicado. Depois que vai ser um problema.

— Por quê? - ela me pergunta preocupada.

— A grade parece um pouco mais difícil que a nossa, e os alunos, pelo que eu vi no facebook, são muito competitivos. Tenho medo de não conseguir acompanhar e ficar pra trás.

— Ah você é a melhor aluna da classe, eu duvido muito disso! - ela diz, tentando me animar.

— Mas, ei, sua mãe deixou você vir me visitar depois? - pergunto, animada.

— Sim! Essa semana vou pra casa da vovó, mas, depois, quando você quiser. Podemos deixar pra depois da sua prova, é melhor, não é?

— Sim, creio que sim. Depois dessa prova eu vou ter muito tempo livre, e podemos passear em NYC, andar de metrô, ir aos museus e fazer pic nic no Central Park, não parece ótimo? Você pode ficar aqui duas semanas, eu ia amar! - me animei mesmo com a ideia de Bonnie aqui comigo.

Kath aparece na porta, sorrindo. Acho que tá na hora de irmos. Ela marcou com a decoradora lá na loja. Me despeço de Bonnie, prendo meu cabelo e estou pronta.

— Vamos? Damon me deu o cartão ilimitado. Me sinto tão rica! - Kath diz, sorrindo, imitando alguma dondoca blasé.

Depois que encontramos a decoradora, passamos a tarde indo a lojas e finalmente passamos na Pottery Barn. Eu e Katherine rimos lembrando do seriado, e entramos pra procurar a mesa de boticário. É muito incrível ter essa cumplicidade com a minha irmã, a gente se olha e se entende. A nossa diferença de idade parece sumir nesses momentos.

Após nos despedirmos da decoradora, Kath decidiu passar numa confeitaria pra comprarmos lanches. Faremos alguma maratona de alguma série nova, como era antes dela ir pra faculdade e todas as vezes quando ela ia nos visitar.

Ela está me mimando, e eu gosto. E deixo, porque sei que isso faz bem pra ela também, já que tá sofrendo tanto quanto eu. Porém, logo vou ter que começar a correr pra não engordar, é tanta besteira que ela me traz que em breve não entro mais nas minhas roupas.

— Sabe, eu e Damon pensamos que, talvez, você poderia conhecer o irmão dele. Ele tem a sua idade e conhece tudo por aqui. É bom fazer um amigo por perto, o que acha? - ela me pergunta um pouco receosa.

— Se ele for tão legal quanto o Damon, acho uma boa ideia. - Ela sorri, contente, e me abraça.

— Ah, ele é, é um menino de ouro. Apesar desse pai ensandecido deles. Ambos herdaram todo o temperamento doce da mãe. Você vai adorar ele. É tão gentil, e educado. E inteligente, Lena. Ele adora ler também, vocês vão ter muitos assuntos.

— Você falando assim, eu vou ficar é com ciúmes dessa preferência. - respondi, fazendo piada. Ela deu uma risada com uma caretinha e me fez cócegas.

Voltamos pra casa de metrô. Estou tentando me ambientar pra andar sozinha em breve. Estou de férias, e não posso depender da minha irmã e do meu cunhado pra me levarem pra todo canto. Quero conhecer tudo por aqui, já que é meu novo lar.

* * *

As três semanas passaram voando enquanto eu estudava pra prova, e agora, no dia seguinte, estou aguardando o resultado ansiosa. Eles disseram que o gabarito sai ainda hoje e em alguns dias me retornam informando se passei ou não. Katherine está confiante, mas, eu tenho medo. Não sei o que acontece se eles não me aceitarem.

Decido sair um pouco do quarto, coloco um bikine e resolvo nadar na piscina do condomínio pra esfriar a cabeça enquanto não tenho respostas. Definitivamente a orgia gastronômica em que minha irmã me submeteu me gerou alguns kilinhos a mais. Minha bunda está imensa e a parte de baixo tá menor do que deveria. Mas, não tem outro, então, vai ser assim mesmo. Azar.

A piscina tá vazia. Pleno verão e ninguém aproveita isso aqui? Que desperdício. Talvez eu torne isso um hábito. Sinto saudades de nadar, posso fazer isso todos os dias pela manhã e eliminar esse peso extra que não me pertence. É, acho que farei mesmo isso.

* * *

Acordo cedo pra nadar, já se passaram 4 dias da prova e ninguém falou nada. Katherine está um pouco nervosa, mas, disfarça. Está feliz por eu ter encontrado uma atividade que me distrai e me dá prazer. Eles nem sabiam que tinha piscina no condomínio. Isso é tão louco, a pessoa vem morar aqui e nem olha o entorno. Em poucos dias, além da piscina, eu descobri que há um banco, uma loja de cosméticos, uma livraria e uma hamburgueria, tudo dentro do condomínio.

Todo dia acordo com eles, tomamos café juntos e eu desço pra nadar quando eles estão indo pro trabalho. Tem sido legal. A noite, pontualmente as 8 horas, sentamos pra jantar. Tenho me aventurado na cozinha, com as receitas que aprendo nos programas de culinária.

Na porta pra sair o telefone toca. Me despeço deles e volto pra atender. É do colégio. Eu passei. Ótimo. Ligo pra minha irmã imediatamente contando. Ela nem saiu do prédio ainda, me manda descer e comemora comigo no meio da portaria. As pessoas passam pela gente olhando como se fôssemos ETs. Damon a apressa, vão se atrasar.

Ela faz um gesto com a mão dizendo que não importa.

— Hoje a noite vamos comemorar! Sairemos pra jantar! - concordo.

Subo de novo e ligo pra Bonnie correndo, pra contar. Agora podemos marcar sua visita.

— Ah, ele está em intercâmbio. - respondo quando ela pergunta do irmão de Damon. Eu estava animada pra conhecê-lo, porém, ele foi pra Londres nessas férias. - É, deve ser muito chato ser rico, né?! - brinco. Minha vida agora é no Upper East Side, logo, estudarei num colégio particular, estou entrando nesse universo e tudo parece muito estranho ainda, pra mim.

Conversamos mais um pouco, ela me conta algumas coisas do pessoal de lá, e algumas histórias da avó. Desligo animada após nossa conversa. Desço fora da hora que costumo, mas tudo bem, o sol ainda não está tão quente.

— Bom dia. - digo quando a porta do elevador se abre. Fico um pouco abismada com a beleza da moça que entra. Ela levanta a cabeça e me responde, sorrindo.

— Bom dia. Você é a menina que tem usado a piscina do condomínio, fazendo jus ao custo da manutenção. - ela diz, brincando. Acho graça. Deve ter a mesma idade que minha irmã, senão menos, usa uma malha de balé, rosa, e o cabelo preso. Claramente é bailarina.

— Sim, sou eu! Uma piscina tão grande, ninguém usa.

— As pessoas aqui estão sempre correndo, honey. Você é nova em NYC? - ela me pergunta curiosa.

— Sim, vim morar com minha irmã, após a morte dos meus pais.

— Oh, sinto muito! Eu não deveria ter perguntado... - ela diz, segurando meu braço, como se me desse apoio. Acho gentil.

— Não, tudo bem. Eu já consigo dizer sem chorar. - Respondo, sincera. A porta do elevador se abre, e saímos.

— Caroline Forbes. - ela estica a mão se apresentando. - Se precisar de alguma coisa, qualquer coisa, pode me chamar no 12A, ok?! Preciso ir, minha aula começa em 10 minutos e ainda vou me alongar. - Ela pisca e vai embora.

Senti uma estranha simpatia por ela. Parece tão diferente das outras pessoas que vejo por aqui. Sempre de nariz em pé, olhando pra gente de cima. Talvez eu passe mesmo na casa dela só pra dizer olá. Apertei o andar da piscina, na conversa nem notei que tinha esquecido de selecionar o andar correto.

* * *

A visita de Bonnie passou tão rápido que nem parece que veio. Entretanto, foi bem divertido. Passeamos bastante. Todos os dias fomos no Central Park no fim da tarde comer cachorro quente. Conseguimos conhecer todos os museus inteirinhos, andamos na frente das lojas imaginando uma vida milionária, nadamos todos os dias de manhã, e algumas vezes fomos na revista, ver minha irmã.

Até ajudamos por lá, nos sentimos as próprias Emily e Andrea, correndo atrás da Miranda. Foi bem divertido. Seria incrível se esbarrássemos Gisele desfilando em algum corredor.

Mas, tem tanta modelo linda que passa naqueles corredores que isso realmente foi o de menos. É um festival de gente bonita por aqui. Fiquei mesmo impressionada.

Esbarrei Caroline mais umas duas vezes, correndo atrasada como sempre, mas sempre simpática e gentil. Kath ia gostar dela. Eu poderia chamá-la pra jantar com a gente qualquer dia, e saber um pouco mais sobre ela, nunca paramos pra conversar de verdade e é a única pessoa que conheço por aqui além das pessoas que trabalham no condomínio e na cafeteria.

O tempo tá passando rápido, e logo as aulas começam. Eu tô nervosa, mas, não ansiosa. Tenho aproveitado pra estudar também, porque acho que meu nível é um pouco abaixo da média do colégio e passei por muito pouco mesmo.

Agora, é aguardar. O irmão do Damon ainda não voltou do intercâmbio e parece que só vou conhecê-lo depois que começarem as aulas mesmo. Isso se o pai dele deixar, pelo que Damon falou, o pai odeia a amizade dos dois, dizendo que o mais velho é má influência. E eu fico pensando, como esse cara maravilhoso por ser má influência pra alguém? Esse sujeito só pode ser mesmo louco.

* * *

Hoje é o último dia de férias. Kath e Damon tiraram o fim de semana pra me bajular. Fomos a Estátua da Liberdade, passeamos no Empire State, andamos na Times Square, eles me levaram no Aquário e até no Zoo. Estou exausta. Mas foi muito legal. Me preparo pra dormir e ouço uma batida leve na porta. Katherine entra.

— Vim dar boa noite. - ela diz, sorrindo e se aproximando.

— Boa noite. - sorrio de volta e a abraço. - Obrigada!

— Pelo quê, docinho?

— Por ser incrível! - sinto ela tremer, mas, não a largo. Ela me abraça mais forte.

— Você é incrível. Eu te amo, viu?! - Ela diz e se separa, me conduzindo pra cama.

— Também te amo, muito. - Ela me cobre e anda até a porta, apagando a luz. Tenho sorte de ter uma irmã assim. Certamente, não suportaria a perda dos meus pais não fosse ela. Me cubro e apago em seguida.


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