Never Say Never escrita por Drix


Capítulo 41
Wild Thoughts




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POV Stefan

Respiro fundo, tentando controlar meus devaneios. A visão dela despertou minha imaginação e os pensamentos sombrios que controlavam a minha mente deram lugar a ideias totalmente obscenas.

— Entra. Ei, que cara é essa, aconteceu alguma coisa? - me choco um pouco pela percepção. Entro devagar, me mantendo calmo.

— Acabei de voltar do funeral do meu pai. - respondo, tentando parecer tranquilo.

— Meu Deus, Stefan! Que coisa horrível. - Ela fecha a porta e me puxa pra um abraço.

Eu tô tão perdido que esqueço o que vim fazer e me deixo envolver no carinho dela. As lágrimas voltam a querer descer, e levo a mão aos olhos, secando antes que ela perceba. Ela se afasta, me olhando, e disfarço, abaixando a cabeça. Péssima ideia, o hobby abre com o movimento e posso ver a junção dos seus seios.

Me viro rápido, fingindo constrangimento pelo choro. Ela se aproxima, de lado, passando uma mão nas minhas costas e a outra no meu braço, e me olha, terna.

— Sinto muito. Você precisa de alguma coisa, uma bebida.. Isso, vou pegar uma bebida, o que você quer?

Apenas suspiro, eu vim pra usar a lista telefônica, mas, não me parece má ideia ter alguém pra conversar de algo que não seja a merda que foi entrar naquele hospital de novo e, de novo, sair sem um dos meus pais.

— Tem bourbon? - pergunto, sem querer ser arrogante. Ela sorri e responde que sim.

— Senta um pouco. Quer gelo? - Assinto e aguardo, me dirigindo pro sofá.

Ela traz o copo e senta do meu lado, ajeitando o hobby e colocando os pés pra cima. Sentada meio de lado pra mim, passando a mão na minha cabeça, enquanto tomo meu whisky, sem falar muita coisa. Curiosamente, Caroline está calada. Apesar de não ter tido muitos momentos com ela, os poucos, ela falava mais que a moça do tempo. Quase engasgo lembrando que essa frase é de Elena.

— Ah! Droga! Deixei a torneira aberta no banheiro. - ela diz, levantando rápido. - Eu ia entrar no banho quando o porteiro interfonou. Espera um pouco, já volto.

Ela sai antes mesmo que eu acene. Eu nem deveria estar aqui. Me levanto e vou até a varanda, olhando as luzes da cidade que não dorme. Apoio o cotovelo no corrimão, olhando pra cima. O céu está estrelado e corre uma brisa fresca. Aqui de cima parece tudo tão silencioso e calmo.

Diferente da minha mente que insiste em fazer um barulho assustador. Caroline volta, passando a mão nas minhas costas novamente e me arrepio com o toque quando a mão dela chega na minha nuca.

— Você tá tenso. Eu tinha preparado um banho relaxante pra mim, mas acho que você deveria aproveitar e tomar. Que acha?

Eu me viro pra ela tentando entender o olhar. Será que eu sou mesmo pervertido ou ela está insinuando alguma coisa?

— Eu não quero incomodar. Eu vim pedir pra usar o telefone... Eu estava no meu irmão, mas, eles estão me tratando como um inválido, acabei me aborrecendo e saí de lá. Queria ligar pro meu motorista, mas, estou sem o telefone e sem dinheiro pro táxi. Só queria ficar sozinho, colocar a cabeça em ordem.

Ela sorri, compreensiva. - Não tá incomodando, de forma nenhuma. Mas, será que é uma boa ideia você ficar sozinho hoje? - ela me olha de soslaio e fico confuso de novo.

— Bem... Eu não vou voltar pra lá. - respondo, me virando pra ela e apontando pra cima.

— Não precisa, fica aqui. Toma um banho, eu vejo se tem alguma coisa aqui, mais confortável, que você possa vestir, e amanhã você vai. Mais tranquilo. Que tal? - ela volta a sorrir, gentil, e me sinto compelido pela luz que ela emite.

— Você é muito gentil, mas, eu deveria mesmo ir pra casa. - Tento me desvencilhar do charme dela, entregando o copo, já vazio, e voltando pra sala.

Caroline vem atrás de mim, apoia o copo na mesinha de centro, e me segura. Me viro quando ela começa a falar.

— A menos que tenha alguma garota te esperando em algum lugar, eu não vou deixar você sair daqui triste assim. Tem? - ela me olha com uma expressão curiosa, um leve sorriso no rosto e os olhos brilhantes. Impossível resistir.

— Não, não tem, eu...

— Então, está decidido. - ela se coloca atrás de mim, tirando meu paletó e resolvo não questionar mais. Eu já tomei banho, mas, nem tenho forças pra me opor ao que ela diz. Depois de esticar o paletó no encosto de uma cadeira, ela volta, afrouxando ainda mais minha gravata. Eu ajudo e tiro de uma vez.

— Isso. - ela sorri. - Vem. - me guia pro banheiro, dentro do quarto dela. Um cheiro de jasmim invade o lugar, o quarto parece aconchegante, um abajur ilumina o ambiente de forma delicada. O banheiro está todo perfumado e ela ainda acende algumas velas. - Aos domingos eu tenho esse ritual. Pra começar bem a semana.

Sorrio. Eu nem sei bem o que tô fazendo aqui. Eu deveria dizer a ela que já tomei banho. Que só tenho 16 anos, que estou apaixonado por uma garota da minha escola, que só fiz sexo com a minha ex namorada, e bem menos vezes do que eu gostaria. Que meu pai morreu porque eu discuti com ele. Que meu irmão acha que tô na casa dele, dormindo. Mas, apenas sorrio, enquanto ela acende as velas e eu tiro meus sapatos, sentado num banquinho perto do box.

— Fica a vontade! Se precisar me chama. - ela diz. Começo a tirar minha camisa, virado de costas pra porta, e penduro num cabide de madeira pregado na parede. Desafivelo o cinto, pronto pra tirar minha calça quando ouço Caroline de novo. - Aqui, sua toalha.

Me viro assustado e subo a calça depressa. Ela sorri e fico sem jeito. - Me desculpe, achei que você já tivesse saído.

— Tudo bem. Olha... Se você ligar aqui – ela aponta um botão na parede, sentando na borda – a água massageia suas costas aqui. - e mostra o ponto exato dentro da banheira.

O movimento que ela faz com o corpo, abre de novo a parte de cima do hobby e dessa vez eu vejo bem mais que antes, o seio direito dela aparece e sinto comichões percorrerem minhas pernas. Eu vou ficar excitado de calça social no banheiro dela e não tenho pra onde fugir.

Cruzo minhas mãos na frente, pra disfarçar minha ereção, enquanto ela explica sobre o funcionamento da banheira, as velas aromáticas e as essências de sei lá o quê que ela colocou na água. Eu aceno com a cabeça, fingindo prestar atenção, quando meus olhos insistem em escorregarem sem controle pra dentro do decote dela.

Ela se levanta, e não se ajeita. Mas, a posição de antes era pior. Ela vem pra perto de mim e passa as mãos nos meus braços, ainda falando dos benefícios dos aromas, e eu fico tenso.

— O que foi? Você parece mais nervoso.

— Eu tô um pouco. É que... Bom, tô sem camisa, me sinto estranho seminu na sua frente. - tento disfarçar, porque a verdade é bem pior.

— Ah, que bobeira. - ela diz, descendo as mãos e separando as minhas. Por sorte, está perto demais, e continua olhando pro meu rosto. Mas, ao mesmo tempo, está perto demais. Muito perto. Ela sobe as mãos da minha barriga pro meu peito, me alisando. Isso não melhora em nada a minha situação constrangedora. - Você não tem do que ter vergonha. - ela diz, se aproximando mais, falando mansinho e sorrindo de um jeito malicioso.

Definitivamente eu não estou imaginando coisas, ela está claramente me seduzindo, e eu não faço a menor questão de fugir disso. Será que é muita insensibilidade da minha parte querer transar com ela no dia que enterrei meu pai? Fico olhando pros olhos dela, tentando entender tudo isso que passa na minha cabeça.

— Vai, toma banho. Eu vou pegar uma bebida pra você.

Ela diz se afastando e saindo. Solto o ar, num movimento de descontrole. A banheira cheia, todas essas frescuras de velas e cheiros. Eu preciso ir embora. Não tá certo isso. Eu deveria estar dormindo no sofá do meu irmão.

Pego minha camisa, meus sapatos, e esbarro Caroline na porta do quarto, voltando com outro whisky na mão.

— O que foi, Stefan? - ela me olha confusa.

— Isso não tá certo, Caroline. Eu, você... isso tudo. - respondo, nervoso. - Você é tão linda que me deixa perturbado. Eu preciso ir embora, não tá certo isso.

— Ei, calma, isso o quê? - Ela me guia e me senta na beira da cama.

— Você tá sendo tão gentil e eu pensando um monte de besteiras. - respondo, envergonhado.

Ela apoia o copo na mesinha, dando um sorriso. Coloca a mão no meu rosto e me olha.

— Você está confuso, eu entendo. Quer conversar sobre o que aconteceu hoje? - eu a encaro, tentando entender.

— Não, eu... - eu não quero conversar nada. Tô nervoso, confuso, excitado. - Preciso ir embora. - respondo, de uma vez. - Eu tenho um monte de coisa na cabeça e ficar olhando pra você desse jeito... Eu não sei o que fazer.

— Que jeito? - ela vira a cabeça de lado e pergunta, de forma extremamente sexy e me deixa mais perturbado ainda.

— Desse jeito... provocante. - respondo, na falta de palavra melhor. Ela solta uma risadinha e me responde.

— É esse tipo de besteira que você está pensando? Eu tenho pensando nisso desde o dia que a gente dançou junto. - e vejo ela mordendo os lábios.

Deixo tudo que tá na minha mão cair no chão, passo a mão pela nuca dela e a beijo, com vontade. Se existir um Deus, que ele me absolva desse pecado. É a terceira vez que essa mulher aparece na minha frente, se insinuando, e eu não vou fugir de novo não.

Ela desabotoa minha calça e tira com pressa, e eu livro ela do hobby na mesma rapidez, deitando-a na cama e me colocando por cima. Começo a beijar seu pescoço e ela se empina, se oferecendo mais. Vou descendo do pescoço pro colo e beijo seus seios, escutando um sibilar de prazer. Me dou conta de um detalhe importante.

— Não posso! - me afasto.

— O quê? - ela me olha, incrédula, se levantando. - Não pode por quê? O que foi dessa vez, inferno?! - olho assustado pela impaciência. Mas, entendo. Eu ia ficar puto se alguém me recusasse pela terceira vez.

— Não tenho camisinha. - respondo, um pouco triste. Ela revira os olhos.

— Isso não é um problema. Primeira gaveta. - ela diz, apontando com a cabeça. Eu abro o criado mudo e tem uma caixa de preservativos. Dá pra transar uma semana sem faltar. Sorrio, pegando um, e continuo o que estava fazendo, com prazer.

Minha vontade é favoravelmente proporcional a minha tristeza. O tanto que eu me corroí me culpando pela morte do meu pai é o tanto que me empenho pra dar prazer a Caroline. Ela se contorce e geme a cada toque da minha língua no corpo dela, e conforme ela se mexe mais eu tenho vontade de fazer.

Transamos três vezes alternando com cochilos. O leve encostar do corpo dela no meu foi suficiente pra me acordar e começar tudo de novo, e essa atividade, bloqueia os pensamentos de tudo de ruim que aconteceu nos últimos dias. Paramos pra tomar o banho que ela queria, ela me faz uma massagem nas costas, me deixa excitado de novo, transamos na banheira. Cada vez que ela geme eu esqueço mais um problema. E isso me deixa leve.

Voltamos pra sala, ela decide abrir um vinho e comer alguma coisa. Depois da maratona, eu estava mesmo faminto. Ela me conta sobre a faculdade e as provas de dança. Eu acho graça dos relatos. Ela fala o suficiente por nós dois. Acho bom não precisar falar.

O sanduíche que ela fez pra gente acaba, o vinho também. Vou pra cima dela de novo. O jeito que ela sorri e me olha me deixa excitado, quando me lembro de algo que me aborreceu, só penso nela gemendo e quero fazer tudo de novo. Transamos mais uma vez no sofá, depois de volta ao quarto, outra vez e nos jogamos na cama.

— Eu tô exausta. - ela suspira.

— Eu poderia fazer isso mais umas 3 vezes. - respondo, sorrindo, passando a mão no rosto dela.

— Você é algum tipo de atleta sexual? - ela dá uma gargalhada e me olha.

— Sexual não, mas atleta sou. - respondo.

— Hum... tá explicada toda essa disposição. - meu ego infla e sorrio.

Ela fecha os olhos, cansada. Ouço pássaros cantando perto da janela e olho, a penumbra da noite já está indo embora. Preciso ir pra casa, de verdade.

— Caroline... - chamo, baixinho.

— Hum... - ela resmunga, quase adormecida.

— Você fica chateada se eu for embora? Eu saí do meu irmão sem ele saber, e como não fui pra casa...

Ela abre os olhos e sorri. - Não, claro que não. - passa a mão no meu rosto e me dá um beijo.

Me visto, em silêncio. Ela se aninha na cama e adormece. Procuro um papel e uma caneta. Deixo um bilhete na mesinha da cama “Obrigado pela noite inesquecível”, dou um beijo na testa dela, e a cubro. Saio de mansinho.

Eu ia só usar o telefone. E de alguma forma, descobri um jeito maravilhoso de limpar minha mente dos problemas.

Subo os seis andares de escada, torcendo pra ninguém ter acordado e a porta ainda não estar trancada. Entro devagar e tudo ainda está em silêncio. Quando tô fechando a porta, ouço a voz de Damon saindo do quarto.

— Vai aonde? - sinto minhas mãos geladas e minhas pernas tremerem. Seguro a respiração pra não gaguejar.

— Pra casa, pegar minhas coisas pra escola. - foi a melhor desculpa que arranjei.

— Hoje não, precisamos ver o advogado. Você é o único herdeiro, precisa estar presente no testamento. - ele me diz, sério mas, gentil. - Tá mais calmo?

Olho confuso e me lembro que passei o domingo inteiro sem saber o que de fato acontecia. Eles devem ter ficado muito preocupados. Ele vai pra cozinha e me aproximo. Com algumas lembranças voltando a minha cabeça.

— Estou. Acho que não tem mais o que fazer... Eu não deveria ter discutido com ele. - me recordo da noite de sábado e sinto meu peito doer.

— Você tem que parar de se culpar, Stef. Quer conversar sobre isso, digo, com um profissional? - a pergunta dele me deixa inseguro. Eu não sei. Eu tô meio perturbado esses dias e ser responsável pela morte do meu pai não facilita em nada.

Demoro a responder, olhando enquanto ele prepara o café. Ele vira pra mim com ar questionador, e eu continuo sem saber o que dizer.

— Se não quiser, tudo bem, não tem problema. - ele diz.

— Não. É que... eu não sei. Eu não sei o que dizer. Eu... Bem, eu acho que tô bem. Vai ficar tudo bem. - sorrio, sem jeito, tentando acreditar nas minhas próprias palavras.

Ele me serve uma xícara de café, enquanto monta algumas panquecas na frigideira. Kath levanta, sorridente, e me abraça, de lado. Passando a mão na minha cabeça, afagando meu cabelo.

— Dormiu bem, meu querido? A noite foi boa? - eu sorrio com a pergunta. Dormir eu não dormi quase nada, mas a noite foi bem boa sim.

— Sim, foi tranquila. - melhor guardar essa verdade só pra mim, por enquanto.

Elena sai do quarto, pronta pro colégio. Se aproxima da bancada e senta do meu lado, dando bom dia. Meu coração aperta. Estar do lado dela dói. Eu queria não sentir esse turbilhão de emoções quando ela está perto. Respondo, quase sussurrando.

— Conseguiu descansar? - ela pergunta entre um gole de café e um pedaço de panqueca.

— Sim. Obrigado. - embora eu tenha passado uma noite maratonando sexo, meu corpo e mente estão mais em sintonia do que estavam antes.

— Que bom. Vai a aula hoje?

— Não, vamos a reunião com o advogado. - Damon responde por mim, me servindo mais comida. Que não recuso, estou faminto de novo.

Me estico pra pegar o xarope e minha mão esbarra no braço de Elena, sinto minha pele arrepiar com o toque. Ela me olha sorrindo e meu coração acelera como uma bateria de heavy metal. Me concentro nas panquecas, tentando acalmar minha respiração descompassada. O efeito que esse sorriso tem em mim é desconcertante.

Terminamos de comer, Damon vai se arrumar pra vermos o advogado. Elena e Kath se preparam pra sair.

— Você não quer trocar de roupa, meu bem? Veste alguma coisa mais confortável. Vou pegar algo pra você. - Kath diz, indo pro quarto, e fico sozinho na sala com Elena. Não sei o que dizer, ela também não fala nada. O silêncio é um pouco constrangedor e penso num assunto totalmente aleatório.

— Terminou o trabalho de filosofia? - ela tira os olhos da tela do celular e sorri. Meu coração acelera de novo.

— Terminei sábado, e você, conseguiu terminar?

— Eu já tinha ele quase pronto do ano passado. Aproveitei algumas coisas... Não que faça diferença, já que não vou a aula hoje. - digo, aborrecido. Ela se aproxima.

— Eu vou anotar as lições pra você. - ela fala passando a mão no meu braço e um choque percorre toda minha coluna.

Kath volta com algumas roupas do meu irmão, e ele volta arrumado também. Elas se despedem, Kath com um abraço e um beijo caloroso, e Elena com um aceno e outro sorriso. Troco de roupa rápido e sigo com Damon pro escritório do papai. O dia vai ser longo e os aborrecimentos vão só começar.




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