Never Say Never escrita por Drix


Capítulo 19
Sweet Disaster




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POV Stefan

— Boa noite, Elena, até amanhã. - respondo querendo sumir!

Caralho! Eu não acredito que eu fiz isso, e agora não sei onde enfiar minha cara. Eu beijei ela mesmo. Bem, ela não ficou brava, isso é bom, eu acho. Ando até o elevador, ela acena da porta, retribuo, mas, sinto meu corpo tremendo, minhas pernas estão fracas, dou um quique assim que a porta fecha.

Aliás, que noite maluca, cheguei aqui esperando encontrar outra pessoa, entrei com ela me odiando, de repente, me deparo com uma garota perdida e frágil.

Aquele momento na sala de jantar, também, ela tirando o copo da boca, devagar... Acho que memorizei essa cena. Foi um momento estranho, tô bem confuso...

Esse elevador tá parado? Mas é claro, não apertei o térreo, que imbecil. Posso anotar esse no meu caderninho também, merece ressalva. Bom, cheguei na portaria, acho que vou pegar um táxi. Não, são só 10 minutos, dá pra ir andando, Stefan, larga de preguiça.

Ah, deixa ligar meu celular... Putamerda! 25 ligações não atendidas. Não quero nem ver quantas mensagens a Rebekah deixou me xingando. Nem vou abrir o whatsapp pra ela não me ver online. Hum... Maioria das ligações da Lexi, deve ser me avisando da Elena, por que diabos ela não ligou pra minha casa a tempo?! Merda! Vou ouvir esse recado, deve ser ela.

“Stef, me atende! Onde você se meteu?! Porra, Elena Gilbert é a miss Bikine, ou melhor, Miss Bikine é Elena Gilbert! Você precisa ouvir isso, é sensacional!!! Ela te odeia! A irmã da sua cunhada. ~risos~ Me liga quando puder. Beijo.”

Porra, que amiga que eu tenho, rindo da minha desgraça. Como foi mesmo que virei amigo dela? Não lembro. Dez horas ainda, vou ligar de volta, não deve ter dormido ainda.

— Oi, peste! Onde você se meteu?

— Na casa do meu irmão.

— Ah, então você já sabe! ~risos~

— Fico feliz que o drama da minha vida tá te divertindo.

— Você descobriu antes ou depois das minhas mensagens?

— Bem antes. Tô ouvindo sua mensagem agora, desliguei por causa da Rebekah.

— Passa aqui, quero saber! Tô esperando.

— Não dá, eu tenho um monte de coisa pra fazer em casa. Preciso separar umas coisas pra ajudar Elena a estudar.

— Ah, então o ódio já passou? Que bom! Passa aqui, e me pega, eu te ajudo.

— Lexi, nem é caminho, eu tô na 88.

— Ok, te espero na tua casa então, beijo.

Eita! Desligou na minha cara. Bom, tudo bem, é bom que ela me ajuda mesmo. Ando mais uns quarteirões e já tô no meu prédio, mal abri a porta, Lexi tá na portaria com a cara mais curiosa possível.

— Veio voando? - Me assusto com a rapidez que chegou.

— Táxi, ué. Não quis subir, fiquei com medo do seu pai. - ela diz debochada.

— Ele foi pra Washington, só volta quarta, eu acho. Por isso fui no Damon hoje.

— Ei, me conta logo, vamos subir. Falei pra mamãe que durmo aqui hoje. - e me mostra a mochila de colégio e uma bolsa que parece guardar o uniforme. Faz tempo que não fazemos isso, por causa do ciúme doente da Rebekah.

— Senti falta disso.

— Eu também! - ela diz agarrando meu braço no elevador e encostando a cabeça no meu ombro. Eu não lembro mesmo quando nossa amizade começou, somos amigos desde bebês. Nossas mães eram amigas, a mãe dela é uma das pessoas mais gentis e carinhosas que eu conheço, fui acolhido por ela quando mamãe morreu, é o mais próximo que tenho de uma figura materna.

Abro a porta, tudo apagado, vejo uma luz fraca vindo da sala de TV. Não faço barulho, faço sinal de silêncio pra ela, que anda comigo. George pode estar dormindo já. Chego perto, ele esta assistindo um filme de ação.

— Hey, cheguei. Tudo bem por aqui?

— Sim senhor – ele levanta num impulso. - Desculpe, não fui pro quarto, porque queria ver o senhor chegar.

— Tudo bem, cara.Termina aí de ver, eu tenho umas coisas do colégio pra fazer, a Lexi – olho pra ela e apresento os dois – vai dormir aqui hoje, você pode só ver se o quarto de hóspedes tem roupa de cama, por favor? Nem precisa ser agora, quando acabar o filme. - digo saindo e me lembro. - Ah, meu pai ligou?

— Não, senhor. Sua tática deu certo. Ele acessou o GPS várias vezes, mas, não ligou nenhuma.

— Hum, ótimo, ainda bem que deixei o meu desligado também! Você podia parar de me chamar de senhor, também, né?! - sorrio e vou pro meu quarto.

— Ah, esqueci, mamãe mandou isso pra você! - ela diz tirando um pote da sacola. - Bolo de cenoura com chocolate! Seu favorito. - e sorri.

— Nossa, hoje todo mundo quer me alimentar! Me sinto mimado. - Pego o pote e tento comer um pedaço, apesar de estar empanzinado ainda com o jantar. - Tem bolo aqui pra uma semana! George! - ele aparece, estico o pote. - Bolo, é maravilhoso, pega. - ele se aproxima e pega um pedaço. - Sem culpa, pode pegar mais, tem bastante. - ele sorri e pega outro, agradecendo.

— O quarto está impecável senhor. - ele faz uma pausa e se corrige – Stefan. Sua amiga vai ficar confortável lá. - ele aproveita que ela não tá olhando, distraída mexendo na mochila, e pisca pra mim. Por um momento eu fico confuso, mas logo cai a ficha. Sacudo a cabeça e arregalo os olhos negando o pensamento. Ele fica sério, e me olha com olhar questionador. Continuo negando, e olho sério. Ele entende e acena, saindo.

Não é nada disso, somos amigos mesmo, não quero que ele tenha outra impressão, ainda mais da Lexi. Eu nunca nem olhei pra ela de outra forma, ela é meu chapa, minha metade divertida, minha irmã que não tive. Não há nenhuma possibilidade de qualquer outra coisa, nem por mim, muito menos por ela.

— Ei, começa logo a falar, tô curiosa!

— Bem... Acho que minha parte é mais comprida, conta você primeiro, como descobriu? - ela me dá os detalhes do treino.

— Stef, ela é boa, precisa ser lapidada, mas tem um charme natural, sabe?! É linda naturalmente.

— É sim. - deixo escapar, ela me olha sorrindo.

— Ah é, agora você acha?

— Bom... Tá, então, teve esse momento embaraçoso na mesa de jantar, que ficamos sozinhos, e eu me aproximei pra falar que sou o capitão da equipe, e monitor dela, e temos um grupo... Ah, aliás, você está no meu grupo do trabalho de geografia, nós três e o Andy.

— Hum. - ela torce um pouco o nariz. - Por que não o Dean? Ele é muito mais legal, e divertido.

— Ele me pediu, por causa da estressadinha, Elena, E-L-E-N-A. Enfim, eu falei isso, e ela ficou me encarando, e deu um gole na água, e eu fiquei meio hipnotizado nos lábios dela, sei lá o que me deu.

Ela dá uma gargalhada e se segura. - Tudo bem, tá todo mundo fora, hoje. - digo e ela continua rindo.

— Tá, e o que mais? Quero tudo, detalhes, como vocês foram parar na mesa de jantar, o que houve quando você chegou e ela viu que era você, tudo!

Começo contanto assim que cheguei e como me senti quando vi que era ela, e toda a discussão, a acusação, e Damon e Kath me defendendo. E toda a explosão até eu entender o que tinha de fato acontecido.

— Ah, então agora fez todo sentido, ela te achou um idiota com toda razão.

— Mas não fui eu! - me defendo.

— Mas ela não sabia, ué. Quando ela fechou o armário, era sua a cara idiota olhando pra ela.

— É. Se soubesse, nem tinha virado o rosto.

— Agora é tarde, vamos lá, e depois?

— Depois a Kath fez aquela cara de pidona e eu fui até o quarto conversar com a estressadinha.

— Se desculpar?

— Claro que não, eu não fiz nada, quer parar! - me aborreço, brincando, claro.

— Ok, continua.

Continuo contando sobre a nossa conversa no quarto até o momento esquisito e quando a Kath chegou com a sobremesa.

— A Kath notou vocês nessa, hum... situação?!

— Eu acho que não, não tenho certeza, eu meio que me assustei quando ela chegou. Só perguntei se o brownie tinha sido feito pela Elena também, e quebrei o clima pesado.

— Hum, e aí? Ai, você demora muito pra contar, tô nervosa!

— Você é ansiosa demais, quer saber tudo ou um resumo? Decide! Porque eu ainda tenho que preparar um monte de coisa e você não tá me ajudando em nada.

— Detalhes! Desembucha!

— Depois disso, eu achei que ficou um pouco estranho, parecia que a Katherine queria deixar a gente sozinho de todo jeito, sabe?! Elena fez questão de ajudar a Katherine, que tinha chamado o Damon pra ajudar. Eu e ele fomos pra sala, e conversamos mais um pouco sobre minha viagem, e quando elas chegaram, ela veio se despedindo, mas a Kath insistiu pra ela ficar, ela acabou aceitando.
Então, não demorou muito pro Damon inventar de pegar algo no quarto e sair. Kath puxou o assunto da natação, e saiu em seguida. Eu tive uma certa vontade de ir embora neste momento, mas, ela ficou, então, não quis ser desagradável e fiquei também.
Falei pra ela isso, que parecia que estavam nos juntando, e ela disse que a ideia da Kath era que ela me perdoasse. Mas ela falou isso de um jeito tão doce, que nem parecia me odiar de verdade. Foi aí que tudo ficou louco.

— Pra mim, ela só te viu como uma válvula de escape. - ela me diz, séria. Paro pra pensar nisso, e na frase seguinte da Elena.

— Ela disse algo assim depois, que não tava preparada pra deixar de me odiar agora.

— Então, eu serei uma ótima psicóloga! - ela diz e eu acho graça. Se tem alguém que faz uma boa leitura das pessoas é ela mesma. Continuo.

— Antes disso, eu disse que ela não ia me odiar pra sempre. Eu sou adorável!

— Você disse isso pra ela, seu idiota?! - ela me dá um tapa no ombro.

— Ai, não! - digo passando a mão onde ela bateu, com cara de dor. Mas nem cosquinha fez.

— Ahn? - ela me olha arrogante, eu finjo medo e continuo.

— Eu disse que fui legal com ela sem precisar. E não fiz isso querendo nada, e ela sabe disso, no fundo, ela sabe. E disse que admiro ela por não ter se abalado pelas coisas que ela passou nessa semana.

— Aí sim, seu pateta. Aprendeu!

— Eu acho que vou criar um caderninho pra você também.

— Quê?

— O caderninho de insultos by Elena Gilbert, vou te dar umas páginas também. - ela dá outra deliciosa gargalhada.

— Você é um idiota, Salvatore. Um idiota adorável, mas sempre idiota. Muito bem, e depois, é só isso?

— Não, depois foi a parte mais estranha. Ela surtou quando soube da semana Ivy. Eu expliquei pra ela, calmamente, e ela ficou meio assustada. Depois decidiu que quer essa vaga, só que ela tá atrasada em comparação a nossa turma. Eu me aproximei dela, e peguei suas mãos tentando acalmar, sabe?! Ela tava mesmo nervosa.

— Mas ela não tinha nem ideia?

— Não, nenhuma, estudou em escola pública, e acho que a Kath também não sabe disso. Eu achei meio estranho, e falei que as vagas normalmente são preenchidas por quem nem quer de verdade. Acho que aí que ela ficou pior.

— Porra, lógico, né?! A garota sabe que tá atrasada, sabe que vai ter que estudar mais agora, e você diz pra ela que a vaga dela pode ir pra alguém que nem quer. Você às vezes... - ela sacode a cabeça negativamente, eu fico meio tonto. Não tinha mesmo pensado nisso. Acho que minha vaga na Yale tá garantida desde que nasci. E eu nem sei se quero ir pra lá. - Tá, e como você resolveu isso?

— Não resolvi, ela decidiu que quer a vaga, e me pediu pra ajudar.

— E dá? Quer dizer, como monitor dela, você acha que ela consegue?

— Eu acho que ela é inteligente e capaz, pontuando o necessário, acho que ela impressiona o representante da Columbia, sim.

— Hum.. Acho que não tem ninguém querendo muito ir pra lá não. Não que eu lembre, mas, posso descobrir e evitar que chegue perto.

— Não acho isso legal, são duas vagas.

— Eu não te perguntei sua opinião. Ela é uma das minhas meninas agora, minha responsabilidade.

— Eita, grossa! - ela me ignora, levantando a sobrancelha e continua a sabatina.

— Bom, e aí?

— E aí, que ela se mostrou tão decidida que eu falei que ajudava. Que outra coisa eu podia fazer?

— Stefan! - ela me olha alarmada – Ela precisa mudar de nome!

— Eu disse isso. Ela ficou bem chateada, e eis o momento mais constrangedor da noite. Eu abracei ela!

— O QUÊÊÊ? - Ela me olha com um misto de riso, susto, surpresa, que nem identifico a expressão.

— Por que essa cara? Ela tava desesperada, e querendo a mãe, parecia tão nervosa, eu abracei ela pra se acalmar.

— E ela, fez o quê?

— Deixou. Ficou quietinha. Não falou nada. Então, depois de uns minutos, quando notei que ela tava mais calma, eu me afastei.

— Minutos? - ela volta a me olhar com a mesma cara. E leva as mãos na boca, tampando uma expressão de surpresa com um sorriso safado, agora eu sei.

— É, Lexi. Como ela continuou sem dizer nada, eu decidi encerrar esse momento estranho, e disse pra chamar meu irmão e a Katherine, que precisava ir embora, ela aceitou e fomos procurá-los.

— Hum, mas o que eu quero saber você não tá me contando.

— E o que é?

— O que VOCÊ sentiu com tudo isso?

— Eu... - parei pra pensar, não faço ideia, foi tanta coisa que me passou pela cabeça, que nem na hora eu percebi. - Não sei direito, eu fiquei aliviado em finalmente conhecer a famosa irmã da Kath, mas, confuso por ela ser a menina que me odeia. E minha monitoranda.

— Mas isso pode mudar, ué. Agora ela sabe que não foi você, e vocês vão passar uns tempos juntos, ela vai te ver como você realmente é. E teve até abraço. - ela diz rindo.

— Um idiota adorável? - Sorrio pra ela.

— Exato! E quando vocês se abraçaram, o que você sentiu?

— Eu... não sei, ela tava tão frágil e assustada, eu não pensei, só fiz, e ela pareceu ficar calma, eu senti que estava fazendo a coisa certa. Mas, isso nem foi o pior, eu dei um beijo no rosto dela quando tava saindo. Ela foi comigo até a porta, e eu, automaticamente, fiz o que faço sempre com a Rebekah, sem pensar e só depois me dei conta da merda quando vi a cara dela assustada. E aí eu que surtei.

Ela ri descontroladamente da minha cara, e me sinto um boboca.

— Para, foi bem constrangedor. - Ela respira, e tenta me perguntar entre as risadas.

— E o que ela fez, te deu um tapão?

— Não, ela só sorriu e disse que tudo bem.

Lexi para de rir e me olha com os olhos arregalados e um sorriso. - Rá! Taí. Você quebrou ela, ela vai implicar contigo por esporte, mas, a raiva passou. Tempo recorde! Você é muito bom nisso, parabéns!

— Você é maluca! - digo rindo. - Agora chega de papo, me ajuda a montar um cronograma de estudo pra ela conseguir essa vaga. Se eu fizer ela entrar na Columbia agora, vou fechar meu ano com louvor!

— Ah, eu sabia que não era só altruísmo.

— Quando eu fui altruísta, sua louca?! Um Salvatore faz alguma coisa sem ganhar algo em troca? Nem meu irmão, o bom samaritano. As causas dele são o troféu provocação do papai.

— É, esqueci com quem eu tô falando.

— Pois é, eu quero apenas sair daqui sem precisar olhar pra trás, e só consigo sendo o melhor que eu posso ser. Então, me ajuda, só tenho três semanas!

Ela começa a me ajudar no cronograma, separamos o material, anotações importantes, livros necessários, e monto um bom plano de estudos. Ajudar Elena não vai ser uma tarefa fácil, mas, agora, pelo menos vai ser divertida, ainda mais com a ajuda da Lexi.

— Pelo menos ela é bonita, né, assim sua tarefa se torna menos árdua. - ela me provoca.

— Ela é linda. Você estava certa. Mas, minha namorada também, e não vai me deixar em paz quando souber que tô fazendo isso aqui, muito menos agora que você expulsou ela pra colocar justo a Elena no lugar. Eu vou penar. Ela não vai me dar sossego.

— Por que você não termina logo com ela, Stef?

— Porque na cabeça do meu pai, eu tenho que casar com ela, e terminar com ela é fazer com que ele comece a questionar todo o resto que eu não tô a fim que ele descubra, não agora, pelo menos.

— Porra, mas, a Rebekah é um pé no saco, como você aguenta?

— Eu gosto dela.

— Mentira! Você tá acostumado. Preguiçoso.

— Pode ser. - concordo pra encerrar. - Vamos dormir? Acordo cedo amanhã pra nadar.

— Tá, vou pro meu quarto, boa noite.

Ela me dá um beijo no rosto e sai. Troco de roupa, e me deito. Apago as luzes e uma imagem nítida vem na minha mente. Não é a que ficou gravada antes, a imagem que se forma é Elena acenando pra mim da porta, com um sorriso meigo. A forma como ela me olhou nesse momento, só agora eu notei. Eu sabia que ela não ia me odiar pra sempre.


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