Never Say Never escrita por Drix


Capítulo 18
Avalanche


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, como não teve postagem ontem, decidi postar dois hoje pra compensar. Tô tentando manter um por dia. =)



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POV Elena

Sentamos à mesa e me dou conta que além de diferentes fisicamente, os sobrenomes também são e ninguém nunca me explicou isso, por isso eu não achei que era a mesma pessoa.

Damon começou um assunto e acabei interrompendo, quebrando meu pensamento.

Eu não sei bem o que pensar, olhando daqui ele parece mesmo o cara que eles pintaram, divertido inteligente. E, como a Bonnie falou, atencioso. No final, ele realmente me ajudou demais a estudar, e ainda me emprestou o livro, e eu nem pedi.

Argh! Mas esse ar debochado me irrita. Tudo bem que agora ele explicou que tava gostando que eu não gostava dele, vai entender, é louco, ainda namora aquela descompensada. Aliás, outra coisa que não dá pra entender, como que um cara que foi tão legal comigo sem me conhecer, no caso, no telefone ele foi, bom, me conhecendo e sabendo que eu odiava ele também, namora aquela garota escandalosa? Alguma coisa tem nisso aí.

Ele ainda tá falando da viagem, parece ter sido interessante, queria conhecer Londres, parece legal. Posso ir pra lá, de repente nas próximas férias, ou no recesso. Dizem que é lindo no Natal.

Ele repete o prato e me agradece. É... é gentil também, como Kath disse. Tô achando ele mais insuportável agora que não tenho motivos pra odiar. Eu fiz o jantar pra outra pessoa, não pra ele. Oras, porque ela acha que tenho que fingir?

Ele enche a boca, que deselegante e... Putz! Eca, que nojo... Que engraçado! Eu não vou rir, não posso... Bobo. ~risos~

Ele fala do teste e eu... Ah, quem eu quero enganar, sacaneei ele no sábado, é óbvio que eu não tenho esse perfil. Decido ser sincera. Ele fala da amiga com carinho, mas me deixa alarmada. Não quero ser projeto social de ninguém, só que se isso for me ajudar a me entrosar, talvez não seja tão ruim assim. Esse mundo é tudo tão novo...

— Você fala como se isso fosse ruim. - verbalizo.

— Bom, não é ruim, mas, sei lá... Bom, pra mim foi ótimo, olha isso. - ele se aponta, como quem diz que ela fez com ele. E, pela foto que eu vi, concluo que ela fez um excelente trabalho. Ele parecia uma pulguinha e agora está lindo. Nem parece a mesma pessoa. Mas, óbvio que eu nunca vou dizer isso.

— Como você é seboso. - resmungo.

Ele fala de novo do caderninho e eu respondo. Ele se aproxima um pouco e começa a falar baixo. Eu levanto a cabeça pra entender. Capitão do time e eu da torcida. Onde eu fui me meter. Mas, ele tá certo, não adianta ficar odiando ele, já que tenho que conviver, e pelo visto não só no colégio.

Por que ele tá me olhando assim? Meu Deus que olhos lindos que ele tem... Elena, foco, bebe água. Parece que tá estudando meus movimentos. Ele tá olhando pra minha boca? A dele também é linda...Tô sentindo meu coração acelerar...

— Sobremesa! - Ainda bem, foi um momento bem estranho esse. Kath parece animada demais, devorando o Brownie, ele pergunta se eu que fiz, digo que foi ela. Mas, acho que é um daqueles prontos, e não importa. Isso que aconteceu aqui agora foi a coisa mais estranha que eu já vi.

Acabamos de comer, levantei pra ajudar a tirar a mesa, mas, Kath me bloqueou. Eu não quero ficar aqui sozinha com ele. Levanto, olhando pra ela de cara feia.

— Deixa que eu vou; Damon, fica com teu irmão, vocês nem conversaram direito. - digo pra ver se ela se toca. - Eu tô vendo o que você tá fazendo. - digo sussurrando, quando nos afastamos.

— Eu acho que vocês precisam se entender, só isso.

— Kath, eu não vou perdoar ele assim, num dia.

— Mas, docinho, ele já disse que não foi ele...

— Mas ele também não fez nada pra consertar. - concluo. - Ele poderia ter perguntado o motivo, porquê eu xinguei ele, ele nem tentou, me deixou pensando que tinha sido ele só por diversão. Ele mesmo disse.

— Ele falou isso?

— Sim. Disse que gostou que eu tenha odiado ele, porque todo mundo bajula quando ouve o sobrenome e...

— Tadinho. Damon falava disso também. - ela me interrompe. - Baby, você sabe o que é isso, não sabe? Não nas mesmas proporções, mas, sabe. - ela me olha, querendo apoio e eu não quero abrir mão da minha raiva, não ainda.

Resmungo, sem querer admitir. Colocamos tudo na lava louça, e ela segue pra sala.

— Bom, eu estou um pouco cansada, hoje foi um dia cheio, se não se importam, eu vou me deitar.

Kath me olha surpresa, ainda é cedo, realmente, eu só quero evitar olhar pra ele depois da cena constrangedora na mesa.

— Ah, querida, fica mais um pouco, conta mais sobre o seu teste. Como foi na natação? - eu olho pra ela incrédula que vai me forçar a ficar. Entrando em outro assunto. Acabo cedendo. E conto que foi Stefan que mediu meu tempo.

— Ah, é, por quê? O professor não podia, de novo?

— Bom, ele.. Eu não sei, você sabe? - pergunto me virando pra Stefan. Damon diz que vai buscar sei lá o quê no quarto.

— Na verdade, não faço ideia, mas, sempre foi assim, ele nunca fica lá. Ele diz que os alunos não se interessam, mas, ele nunca está lá. Sempre sou eu e o salva-vidas. E, agora você. Certo? Não vai desistir por isso, né?!

— Não, eu gosto de nadar, mesmo que não vá competir. - Ouço Damon gritando do quarto e percebo a armadilha. Kath se levanta e olho pra ela com ar de desespero.

— Esperem só um minuto, vou ver o que ele quer. Continuem conversando, eu já volto.

Sinto minha garganta fechar de raiva. Não acredito que caí no truque mais velho que existe.

— Se não fossem nossos irmãos, eu diria que estão tentando nos juntar. - ele diz, se afundando no encosto do sofá e sorrindo.

— Por que você tá dizendo isso? - olho confusa.

— Duas vezes, na mesma noite, eles deixam a gente sozinho. Não parece?

Olho pro corredor, ainda com meu sangue fervendo. - Mas não é essa intenção. A intenção é que eu te perdoe. - respondo.

— Eu sei. Só quis descontrair. Sua raiva não vai durar pra sempre. Você sabe que não fui eu. Você sabe, aí no fundo do seu coração – ele se levanta um pouco e aponta pro próprio peito – que eu sou legal, e fui legal contigo, mesmo não precisando.

— Você é meio arrogante, né?! - faço uma careta.

— Sou. Preciso. Não dá pra ser bonzinho com um pai como o meu, as pessoas querem se aproximar por vantagens. Se eu acreditar em todo mundo, estou perdido. Damon me ensinou isso. Uma das coisas mais valiosas que eu aprendi é que as pessoas são cruéis, e se você for fraco, elas te engolem. Você também é arrogante, Elena. - abri a boca pra responder e ele fez um sinal pra eu esperar e deixei ele concluir - Você não se deixou abalar mesmo com o colégio todo te zoando. Admiro isso.

— A minha raiva de você me segurou forte. Não tô preparada pra deixar ela ir. - sei lá porque, resolvo ser sincera.

— Tudo bem, eu posso lidar com isso. - ele sorri e recosta de novo. Debochado, colocando as mãos na nuca, como se espreguiçasse. - Você não vai me odiar pra sempre, que eu sei.

Nem retruquei, só revirei os olhos e sacudi a cabeça. Ele não se dá por vencido e continua puxando papo.

— Como foi o teste, afinal, se saiu bem?

— Sim, não foi nada elaborado, diz ela que vai me ensinar nos treinos.

— Que bom. Agora é o monitor falando, por que a senhorita não mandou mensagem ontem e nem nada hoje, conseguiu estudar, tem dúvidas?

— Por hora não, só aquela mesmo, não acho que estou muito atrasada pelas suas anotações, falta pouco e logo estou acompanhando a turma normalmente, antes dos testes, certeza. Só preciso terminar o livro da lista da Jenna, mas agora que você me emprestou, vai ficar mais fácil.

— Hum... Bom, eu sou o monitor, e qualquer coisa que você precise, pode me pedir, tá?! Não sei se o Sr. Morgan te falou isso, qualquer coisa que você tenha dificuldade, pode me falar pra gente resolver. Em três semanas, começa a semana Ivy, e a escola fica um pandemônio.

— Como é? - pergunto assustada.

— Você não sabe? Representantes de cada Universidade da liga passam a semana no colégio observando os alunos. É a pior semana do ano, porque todo mundo quer se mostrar.

— Não, eu não sei, eu estudava em colégio público, meu pai nunca me disse isso, o que a gente tem que fazer, eu preciso de que? - começo a perguntar desesperada. Kath também não deve saber, senão teria me dito. Sinto minhas mãos suarem, e esfrego elas na perna, tentando secar.

— Hey, calma. - ele se desencosta, e pega minhas mãos. Olho pra ele, ainda assustada e alarmada com o toque. - Não precisa fazer nada, eles só vão estar lá, você só precisa decidir qual a faculdade que quer ir, tentar uma entrevista com o representante, e explicar o motivo. Os alunos que se destacam, acompanham o representante na festa de apresentação e melhoram a chance pra conseguir uma vaga, agora. Mas, mesmo quem não consegue agora, pode tentar depois, como os demais. É só um festival de mimados querendo impressionar outros mimados.

— Mas... Eu tô super atrasada nessa escola, eu não vou conseguir minha vaga... Só tenho essas semanas... - gaguejo e começo a sacudir a cabeça nervosa de novo, que mundo estressante.

— Elena. - ele segura meu rosto, e chega mais perto. Arregalo os olhos com a aproximação, e ele fala. - É só um teatro. Dificilmente o escolhido é quem quer mesmo ir. Você vai ter o ano todo pra isso.

Eu respiro, tentando me acalmar. Ele tá perto demais. E me olha estranhamente. Abaixo a cabeça, olhando pras minhas mãos, e ele solta, se afastando de novo. Melhor assim. Suspiro, esfregando as mãos de novo.

— São quantas vagas?

— Duas, por universidade.

— Qual a chance de você me ajudar a conseguir uma? - ele arregala os olhos, dessa vez.

— Você tá falando sério?

— Sim, eu quero ir pra Columbia, eu quero essa vaga agora. Não quero tentar com os outros, eu quero a vaga agora!

— Bom, eu... A gente vai ter que pegar pesado, mas acho que dá sim. A gente estuda no almoço e depois das aulas, todo dia, até lá. E, você vai ter que entrar em outras atividades em grupo, além da torcida. Alguma coisa mais cultural, clube do livro, curso de maquete, sei lá, decide alguma coisa que você goste e se joga nisso.

— Tá bem, vou ver isso tudo amanhã.

— Mas, Elena... - ele me chama, agora parece que gostou de pronunciar meu nome, não para mais de falar – Tem uma questão.

— Fala logo, para de mistério. - digo nervosa, já chega de descobertas.

— Me desculpa pelo que eu vou falar, mas, você vai ter que usar o sobrenome do seu pai, ninguém vai dar a vaga pra uma Pierce com uns 500 alunos de nomes importantes no colégio.

— Qual problema em ser uma Pierce? Por que não? Minha mãe era uma pessoa muito importante em Richmond...

— Exato, em Richmond. Você está em Manhattan agora. - ele me corta. - A família da sua mãe não é conhecida aqui, não tem nenhum Pierce no Upper East Side. Já o nome do seu pai, sim. Dr. Gilbert é o famoso cirurgião, saiu em todos os jornais o que aconteceu com eles, Dr. e Sra. Gilbert. Sua irmã só foi aceita pelo meu pai, e por toda essa sociedade que a gente frequenta, por ser uma Gilbert, não uma Pierce, aliás, ninguém nem sabe que ela tem esse sobrenome. - eu torço o nariz, e ele continua - É, eu sei que isso é escroto, mas é assim que funciona aqui, e se você quiser uma vaga da Ivy League, antes das provas acontecerem, vai precisar se apresentar pelo sobrenome que todos conhecem, você tá preparada pra isso? E, mais, participar dos eventos sociais. Este ano, todos os olhos estarão em você. Conseguindo essa vaga, você se torna outra pessoa, você tem certeza que quer isso? - ele despeja tudo de uma vez, eu nem consigo processar.

Começo a ter dúvidas da minha decisão. Me dou conta que Kath e Damon nunca mais voltaram lá de dentro. Eu não sei o que fazer, cadê mamãe e papai pra me ajudarem a decidir? Penso um pouco, eu não tenho certeza de nada. Outro dia eu estava colocando uma coroa na cabeça e soprando 16 velas e hoje eu tenho que decidir meu futuro, isso é muito doido, eu quero fugir.

— Faz o seguinte, olha... - ele vira meu rosto pra ele – Respira, isso. Descansa hoje, conversa com a sua irmã, vê o que ela acha disso, e me fala. Eu vou pra casa montar um cronograma de estudos, você querendo, amanhã mesmo a gente começa. Tá bem assim?

— Não sei. Eu quero minha mãe. - as palavras saem da minha boca sem controle. Ele ri e me abraça. Eu nem sei porque disse isso, e nem sei se gosto dele me tocando, mas, é confortante. Ficamos assim, em silêncio por uns minutos, quando ele se afasta.

— É, se você fraquejar, o mundo aqui te engole. - e dá um sorriso meio sem graça. Entendi agora o que ele ele disse, sobre ser arrogante. Eu tinha tudo tão confortável, e agora parece que tudo tá desmoronando na minha cabeça. - Amanhã você decide.

Aceno que sim com a cabeça.

— Vamos chamar os dois? Parece que se perderam lá dentro, nesse corredor imenso. - ele diz, eu esboço um sorriso sem graça. Ainda tô meio mole e nervosa. Levantamos, e vamos andando até os quartos, estão os dois no escritório, deitados no sofá, quase dormindo.

— É sério, isso?!? - pergunto indignada. Eles levantam no susto.

— É que vocês estavam num papo tão legal, a gente não quis interromper. - Kath responde na maior cara de pau. - Eu juro, Stefan parecia confortável...

— Eu falei. - ele me olha rindo, cutucando meu braço.

— É, ridículos! - sorrio de volta.

— Eu tô indo, tá tarde! - ele diz.

— Ai, querido, que bom que você veio. Não fica mais tanto tempo sem aparecer não. Eu morro de saudade. - Kath diz, abraçando ele, junto com Damon.

— Mesmo que não seja aqui, a gente dá um jeito de marcar num restaurante. - Damon diz.

— Vocês não parecem com saudade se escondendo aqui dentro. - resmungo, mas sou ignorada.

— Eu acho que agora vai ser fácil, consegui que o novo segurança me ajude. - ele diz, piscando. - Se papai estiver em casa, não dá pra vir aqui porque ele vê o GPS, mas, em outro lugar dá, não vou ser dedurado. - e abre um sorriso enorme e genuíno. Os três se abraçam de novo.

— Tchau estressadinha. Elena, desculpa, Elena. - ele se corrige tão rápido que entendo porque ficou repetindo meu nome.

— Eu te levo até a porta. - respondo. Todo mundo me olha assustado. - Ué, que foi? Eu atendi, eu fecho, ué, qual o problema?

Ouço um “nenhum” em coro e seguimos. Abro a porta e ele se aproxima e me dá um beijo no rosto, saindo, olho confusa.

— Eu... desculpe, eu... - ele franze a testa e aperta os lábios sem graça, e coloca as mãos no bolso. - Foi sem querer, força do hábito, eu sempre faço isso com a Bekah e...

— Tudo bem, Stefan. Boa noite, a gente se fala amanhã.

Ele responde o boa noite, e sai, ainda com as mãos no bolso, e a cabeça meio baixa. Espero chegar no elevador pra fechar a porta, aceno, e ele responde do mesmo jeito, entrando no elevador. Mas que droga! Ele tem razão, eu não vou conseguir odiá-lo pra sempre.


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