Sangue nas Areias do Foguete escrita por Pierre Ro


Capítulo 16
"Eu estou sempre certa"


Notas iniciais do capítulo

E aí! Como vocês estão?
Foi mal a demora. Essa semana eu estive bem ocupado também. Vou evitar que isso aconteça de novo. Prometo!
Preparem-se, pois nesse capítulo estarão muitas pistas! Enfim, boa leitura!



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— Excelente, Camila! – Vinícius exclamou, surpreso. Ela fechou os olhos e sorriu, lisonjeada.

— É hora de tirarmos essa prova a limpo. E vai ser agora! – Louise, determinada, falou. Dirigiu-se decidida de volta para a sala de estar – Miguel! – Chamou o rapaz, que se espantou – Preciso de você no quarto de interrogatório imediatamente.

— Por quê? – Ele indagou, confuso e preocupado.

— Você saberá. Queira, por gentileza, ir até o quarto.

— Está bem – concordou, e engolindo a seco, acompanhou ela.

            Camila e Vinícius já tinham saído. A garota já deixara o notebook aberto com a imagem comprometedora. Após entrarem no quarto, bateram à porta, ficando sozinhos.

— Aconteceu alguma coisa? – Ele questionou.

— Por que não contou que estudou com Alice? – Ela perguntou, autoritária, mostrando a imagem para ele, que se chocou com a informação.

            Miguel viu aquilo e ficou sem palavras. Suspirou, e encarou a mulher novamente.

— Está bem. Eu confesso! Conheço Alice desde o Ensino Médio. Nunca fomos amigos. Fiz minha faculdade em Minas Gerais e ela também, mas de cursos diferentes. A gente se encontrou aqui, no Rio. Foi uma coincidência. Mas como nunca tivemos tanto contato, era como se fôssemos desconhecidos – explicou.

            Diferentemente das outras vezes, Louise não ficou sentada, digitando tudo no seu computador, calmamente. Dessa vez, ela estava em pé, andando para vários lados e examinando Miguel com superioridade. Estava furiosa com a mentira, e não esconderia isso.

            Chegou mais perto dele, abaixou sua cabeça, olhando-o no fundo dos olhos.

— Vou apagar da minha mente tudo o que você disse agora – informou, zangada – E você vai responder novamente a minha pergunta. Mas com a verdade! – Afastou-se, esperando.

            Miguel fechou os olhos e respirou fundo de novo.

— Mas é a verdade!

— E eu sou uma palhaça, né? Tudo bem. Se não quiser explicar, apenas me interrompa se minha teoria estiver errada. Primeiramente, vocês nunca foram desconhecidos. Encontraram-se no Ensino Médio e começaram um namoro. Estudaram na mesma universidade. Ela de Psicologia, e você de Biologia. Ela te contou sobre a vida dela, e seu desejo por vingança. Você concordou, e disse que a ajudaria, pois a amava. Estavam juntos o tempo todo! Ela conseguiu ser psicóloga no COFAC e você, estagiário. Procuraram se enturmar com os alunos, mas no fundo, seu objetivo sempre foi contribuir com o plano dela. E chegou bem perto. Colocou na cabeça de Christian a ideia de fazer uma festa e se aproveitou disso. Não foi ela quem alterou a bebida. Foi você mesmo! Afinal, é um biólogo e conhece diversas substâncias capazes de embebedar uma pessoa. Todas as drogas que fizeram parte do plano de Alice passaram por você! Porém, na noite passada, você a viu dançando com outras pessoas. Aquilo te irou. Ela subiu para procurar provas de crimes do Rodrigo. Você foi junto, transaram e a matou.

— Não! Está errada! – Interrompeu, levantando a mão aberta.

— Ah, então resolveu falar? Até que parte estou errada?

— A parte de que eu me irei. De resto, confesso, é verdade. Mas eu menti pois eu seria a primeira suspeita. Fora que Rodrigo saberia logo que ela planejava sabotá-lo.

— Alice juntou provas para incriminar Rodrigo. Você as têm?

— Não. Não tenho! Ela ia lá pegar as provas, mas parece que não conseguiu. Vocês precisam ajudar a pôr esse cara atrás das grades!

— Comovente. Mas estou aqui para investigar um crime de assassinato, não de desvio de dinheiro público ou coisa assim.

— Juro que não a matei!

— Vamos ver se é mesmo inocente. Há mais alguma coisa a dizer?

— Não. É só isso mesmo. Eu amo a Alice. Estou tão interessado em descobrir quem é esse assassino quanto você!

— Hum, sei! – bufou, fitando o rapaz – Está dispensado. Mas estou de olho em você.

            De cabeça baixa, ele se retirou e automaticamente Vinícius e Camila entraram.

— E aí? – A garota perguntou primeiro, empolgada.

— Ele confessou. Os dois eram amantes.

— Safado! E Alice então! Como mentiu... – O garoto exclamou, surpreso.

— Ela tinha seus motivos – Louise falou – e muito bem justos! Só não posso dizer que foi ele o assassino. Ainda não.

— Só uma coisa me intriga... – O jovem pensou.

— O quê? – Camila, curiosa, indagou.

— Esse plano de vingança foi planejado pelos dois. Se Miguel é mesmo fiel. Ia querer que Rodrigo Drummond sofra pelos seus crimes. Mas pelo jeito, ele não tem prova alguma que pode culpá-lo.

— Verdade. Ou tem, mas esconde o jogo! – Sugeriu a detetive.

— Ou o assassino, preocupado com a reputação de Rodrigo, apagou tudo. Acho isso mais provável – Camila disse, refletindo.

— Enfim, Camila, agradeço a sua colaboração com o caso – Louise falou, agradecida – Mas gostaria de conversar a sós com o Víni agora. Você se incomoda?

— Oh, claro que não! Já estou indo! – Ela respondeu, e gentilmente, saiu.

— Veja meu computador. Lá, eu anotei o depoimento de cada um – Ela disse, e ele, rapidamente o fez. Cerca de trinta minutos depois, acabou a leitura.

— Nossa! Que desprezível! – Ele comentou, e fechou o PC.

— Ah, lembrei-me. Você falou que descobriu algo. Diga! – Pediu.

            O jovem explicou a detetive sobre o que Hugo disse com ele naquela tarde. Depois, sem querer fazer a mulher esperar muito, sacou um celular de seu bolso e entregou para ela. Era um aparelho moderno, mas sem muitos atrativos.

— Provavelmente, Camila está certa. Eu perguntei para Daniel sobre o celular da Alice, que o examinou todo. E adivinha, não há absolutamente nada! Foi formatado!

— Realmente, não havia sentido apagar tudo. Provavelmente, foi alguém que não queria que Alice mostrasse tudo o que sabia.

— Sim! Com certeza!

— Excelente, Vinícius! Mas, você tem algum suspeito?

— Sim, e acho que é a mesma pessoa que você – falou, e eles se entreolharam, um olhar de quem entendia o que o outro queria dizer.

            Ela sorriu, e deu a ele um abraço.

— Pretende fazer o quê para a carreira? – Ela perguntou, pousando suas mãos na cintura, depois do gesto de carinho.

— Estava na dúvida. Mas agora vejo que nasci para zelar pela justiça. Quero fazer Direito! – Respondeu, com o brilho nos olhos.

— Sensacional! – Aplaudiu, e os dois se abraçaram novamente. Dessa vez, mais apertado.

— Então, e agora? O que precisamos fazer para incriminar logo a pessoa?

— Ah, falta bastante coisa. Precisamos ter mais certeza disso. Ainda há muitas questões para descobrirmos. Podemos estar errados e acusarmos alguém que não fez nada.

— Sim. Você tem razão. Apesar de não me conformar com isso, creio que é o certo a fazer. De qualquer forma, por onde pretende começar?

— Quero falar com o festeiro, é claro. Negro, alto e magro. Amanhã, vamos lá falar com ele – avisou, e Vinícius assentiu, sorrindo maliciosamente – E estou preocupada com o Hugo. Ele ainda não voltou. Espero muito estar errada quanto a isso... Mas é aquilo, né?

— Oh, meu Deus! Meu amigo! – O jovem franziu o cenho e mordeu os lábios. Só de pensar em algo trágico com ele, fica nervoso – É aquilo o quê?

— Eu estou sempre certa – afirmou, olhando para Víni, perplexa.

****

            Cansados do dia anterior, os jovens dormiram cedo. Louise, Vinícius e os agentes foram a uma pousada que existia perto da praia do Foguete. Às 23 horas, já estavam deitados. No dia seguinte, acordaram às oito. A mulher vestiu uma blusa roxa, uma calça marrom que se alargava na altura do joelho e uma sapatilha bege. O rapaz, por outro lado, escolheu uma camisa azul clara e uma bermuda preta. Tomaram café e Louise o conduziu novamente até a casa de praia do governador. Lá, os jovens faziam seu café da manhã.

— Bom dia! – A detetive disse, ao chegar na casa e encontrar alguns dos estudantes lá – Algum problema nessa noite?

— Por enquanto, não. Ainda abalados com a morte da Alice, né – Fernando admitiu.

— Hugo apareceu? – Foi Vinícius quem questionou, preocupado.

— Infelizmente, ainda não – Miguel disse, engolindo a seco quando viu os dois chegando. Fingia que a última conversa que teve com a policial nunca existiu.

— Isso é preocupante! – Louise exclamou, e se virou para seu ex-aluno – Então, vamos falar com o festeiro.

— Sim. Vamos! – Ele afirmou, e os dois saíram pelo exterior. Desceram as escadas, e foram andando até o casarão onde aconteceu a festa.

— Não vai acreditar no que encontrei ainda pouco! – Víni exclamou, calmamente, deixando a policial curiosa.

— Ontem, quando fui para a pousada, peguei minha mochila e a deixei no carro. Ainda pouco, quando a revistei, notei que havia algo a mais nela. Pertences do Hugo! – Informou, empolgado.

— E você viu o material?

— Ainda não. Verei com você. Talvez sejam mais pistas.

— Está bem. Antes, veremos essa questão...

            A casa era quase do tamanho da de Rodrigo, mas ao lado, existia realmente um salão de festas, que foi onde utilizaram na noite do crime. Eles se aproximaram e avistaram um grupo de sete adultos com cerca de vinte e cinco anos na praia.

— É ele! – Apontou Vinícius para um rapaz negro, alto e magro que estava nadando no mar.

            Como nenhum dos dois estavam vestidos apropriadamente para a praia, causou estranhamento entre os banhistas. Quando chegaram perto, o rapaz saiu da água, curioso.

— Quem são vocês? – Perguntou ele, passando a mão no cabelo. Ele vestia uma sunga cinza, apenas.

— Ficamos sabendo que você conhecia Alice Ferreira. É verdade? – Louise interrogou, com as mãos na cintura.

— Sim. A futura mãe dos meus filhos. Ela está naquela casa do senhor Rodrigo Drummond. Mas por que a pergunta?

— Porque ela está morta, caso não saiba – foi Vinícius quem informou.

            O rapaz arregalou os olhos e se chocou. Perplexo.

— Como assim? – Ele perguntou, confuso e abismado.

— Foi assassinada anteontem. No dia da festa. Vou precisar de toda informação necessária para achar o culpado.

— Não! Espera! Você não pode estar falando sério! – Ele gritava, segurando os ombros de Vinícius, que se manteve neutro e sério.

— Ela era como uma irmã para mim. Também estou chocado.

— Não pode ser! Alice! – Seus olhos se encheram d’água. As pernas tremiam e, então, seus joelhos caíram na areia. Em um grito, ele chorou dramaticamente.

            Três dos adultos que estavam com ele se aproximaram para saber o que aconteceu.

— O amor da minha vida morreu? Eu preciso vê-la!

— Já foi levada ao necrotério. Acredito que será enterrada amanhã. Porém, antes disso, queremos identificar o assassino – Louise explicou, séria.

— Está bem. Eu tento. Pode ser aqui? – Perguntou, e ela assentiu, só pediu para que isso acontecesse na sombra. Eles foram para lá, e começaram a entrevista.

— Diga, onde conheceu Alice?

— Na faculdade, fiz Tecnologia da Informação. Ela fazia Psicologia. Ela se aproximou de mim e me pediu ajuda para consertar seu computador. E em seguida, me pediu ajuda para descobrir uma coisa em um site. Se eu não me engano, queria que eu rastreasse o Protocolo de Identificação de um usuário em uma rede social. Eu não entendi muito bem o porquê daquilo, mas fiz o que foi solicitado. Afinal, ela era encantadora, conquistou-me. Todavia, depois ela começou a se afastar. Passei a pesquisar mais sobre a sua vida. Tenho família aqui no Rio de Janeiro, que são essas pessoas aqui. Segui ela até aqui. Queria sempre estar perto. Porém, esses dias, ela me deu um fora bem grande. Desisti. Mas a esperança ainda se manteve. Eu ia esperar ela querer vir para mim. Porém, nem deu.

— Você sabia que ela tinha namorado? – Vinícius perguntou, indignado.

— Sabia sim. Mas e daí? Ela se separaria dele – falou, com toda a naturalidade.

— Ok. Mas diga sobre a noite do crime. O que você fez?

— Eu já estava querendo essa festa fazia tempo. Aí, Alice falou comigo e me convenceu a fazê-la. Ela disse que viria. Eu conheci um cara lá. Tomas o nome, se não me engano, ele era meio estranho, mas convidei para participar. Ele disse que vocês também festejavam, mas estava chato. Então, fui chamar vocês. E voltei e mantive aqui. Só isso. Juro!

— Está bem. Qual o seu nome?

— Marlon Fletwood.

— Ok. Vamos manter contato.

— Por favor, senhora detetive! – Ele implorava, em meio ao choro.

            A mulher suspirou, e se voltou a casa de Rodrigo com Vinícius.

— E então, o que achou? – Ele perguntou.

— Isso confirma certas coisas.

— Concordo.

            De repente, o celular da mulher tocou.

— Edson? Tudo bem?

— Não. Nada bem! – Ele falou, do outro lado da linha.

— O que houve?

— Mandaram-me uma denúncia de outro crime. Venha aqui. Vou te mandar uma mensagem com o endereço.

            Os passos dos dois se apressaram. Chegaram rapidamente no carro e foram direto para o local indicado pelo biomédico. O endereço não era tão longe da casa. Poucos quilômetros, apenas. Na orla da Praia das Dunas, onde estava o carro de Edson também.

            Eles estacionaram o carro por perto. Desceram lá e caminharam na areia fofa e branca. Indo em direção ao homem branco vestindo uma camisa azul marinho, uma calça jeans justa e óculos escuros. Por perto, ele era acompanhado de um senhor sem camisa, com apenas uma bermuda listrada, um policial mais novo, que fotografava o último integrante do grupo.

— Oh, Deus! Não pode ser! – Exclamava Vinícius, perplexo.

            Ao chegarem mais próximos, eles identificaram a identidade dele facilmente. Atirado sobre as areias da praia de Cabo Frio, com o rosto pálido, e azulado, manchas ao redor do pescoço, duas feridas nas costas e uma na cabeça, e vestindo apenas uma sunga de banho, preta, estava o corpo de Hugo Torres, sem vida alguma.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram? Possuem teorias? Contem-me!
Muito obrigado pela leitura! Até mais!



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