Sangue nas Areias do Foguete escrita por Pierre Ro


Capítulo 15
"E é assim que identificamos um mentiroso!"


Notas iniciais do capítulo

Olá!! Primeiramente, peço desculpas pela demora! Nunca cheguei a ficar uma semana sem postar! E não pretendo que isso repita. Mas essa semana passada foi MUITO puxada para mim. Além de ter várias provas, eu estava sem internet no PC...
Mas enfim, peço compreensão de vocês.
Esse capítulo é um dos últimos com interrogatório. E é onde tem várias pistas (verdadeiras e falsas) sobre o mistério.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/735156/chapter/15

— Detetive? – Calista abriu o quarto, enquanto a mulher negra processava as informações que há pouco tempo haviam lhe passado. Ela olhou a jovem e a pediu para que se sentasse. Logo, checou a cor de suas unhas, e viu que eram pintadas de azul.

            A jovem mantinha uma expressão neutra, como se nada havia acontecido. Sentou-se no local indicado, cruzou as pernas e esperou a fala da perita criminal. Enquanto isso, mexia em seus cabelos em camadas.

— Então, Calista, você conhecia Alice Ferreira?

— Para falar a verdade, não. Apenas a via na escola. Até mesmo aqui, falei muito pouco com ela. Quem tinha bastante contato mesmo era Vinícius, apenas.

— Sei bem. E, diga-me, então, como foi a noite passada para você. Quero todos os detalhes.

— Bem... Eu não me lembro muito da noite passada. Estava bêbada. Lembro que começamos ouvindo música e dançando aqui na casa. Houve até uma briga. Depois, fomos para a praia ver os fogos que Christian comprou, mas sequer viu, e então, um rapaz veio chamar a gente para ir à festa que estava acontecendo aqui ao lado. Alice, Christian, Isabela e Tomas foram os únicos que não estavam lá. Depois, minha amiga, Beatriz, sentiu-se mal e foi usar o banheiro da casa. Como não sabia onde era a festa, pediu para que eu e Sabrina a guiasse. E foi isso. O resto, você já deve saber.

— Sei bem. E qual o seu nível de amizade com a Beatriz?

— Somos amicíssimas! – Respondeu, sem pensar duas vezes, apesar de parecer ter ficado nervosa com a pergunta.

— E até onde você iria para salvar a reputação da amiga? – Ela perguntou, em um tom desafiador. Calista engoliu a seco, mas não pareceu desesperada como Sabrina.

— Faria tudo dentro do possível e da lei, é claro.

— Muito bem. E, quando você entrou na casa, não havia ninguém lá?

— Tirando Christian e Isabela que dormiam feito pedra no quarto do Sr. Rodrigo, não.

— Sobre o rapaz que chamou vocês, sabe quem era?

— Ah, ele era negro, alto e magro. Cabelos crespos e cara de rato. Quanto ao nome, não faço a mínima ideia.

— Sei bem. Agora sobre você... Quais seus planos para a vida?

— Quero me formar, primeiramente, em Ciências Contábeis. E depois, iniciarei minha candidatura à vereadora da cidade. Quero entrar para a política. Mas como isso ajudaria na investigação?

— Nada. Só curiosidade mesmo. Desejo sucesso para você! Agora, já pode ir. Chame Hugo para mim, ok?

— Como quiser.

            A jovem saiu, e Louise ficou pensativa. Olhou novamente seu relógio. Já eram 18 horas da noite.  Reviu sua lista, e resolveu atualizá-la.

 

Rodrigo Drummond

Emily Drummond

Christian Drummond

Beatriz Drummond

Vinícius Dantas

Susana Moura

Miguel Cordeiro

 

Isabela Ribeiro

Fernando Minene

Micaela Pinheiro

Calista Oliveira

Caio Bastos

Tomas Fagundes

Camila Barbosa

 

Hugo Torres

Débora Matos

Taís Pontes

Jorge Rodrigues

Sabrina Findlay

Renan Nascimento

Festeiro

 

            “Creio que, ao descobrirmos quem é esse festeiro, avançaremos bastante no mistério” Pensou ela. Não demorou muito e Débora Matos abriu a porta do quarto. Mantinha seus olhos atentos. Não parecia estar nada à vontade naquele lugar. Louise examinou suas unhas. Estavam pintadas de preto.

— Senhora detetive, o Hugo não foi achado no momento. Como eu ainda não fui chamada e estou ansiosíssima para terminar logo com isso, há problema de eu ser entrevistada? – Perguntou, cruzando as mãos. A detetive estranhou, mas a autorizou e ordenou que a jovem se sentasse.

— Mas, sabem onde está Hugo?

— Não. Mas ele deve estar por aí.

— Está certo. Depois eu vejo isso. Enfim, Débora, o que achava da vítima?

— Eu? Bem, uma moça bonita, decidida, forte e independente. Era o que eu via dela, pelo menos. Devo ter trocado meia dúzia de palavras com ela, só. Então, não tenho muito o que achar dela, ou notar algo estranho, ou até mesmo dos outros. Era uma completa desconhecida para mim. Mas que, de certa forma, contagiava animação para todo mundo com seu carisma. Foi uma pena. Sua presença era bem agradável.

— Entendo. Dessa forma, conte-me como foi a noite de ontem.

— Foi louca. Estávamos quietos e então, Christian resolveu dar uma festa. E aconteceu. Eu dancei um pouco, bebi, diverti-me bastante. Assisti aos fogos. Fui para a outra festa e lá fiquei até o seu término. Nada demais. E não notei nada nela ou em ninguém. Só Taís, Tomas e Beatriz estavam estranhos, mas nada de tão surpreendente. De qualquer forma, não faço a mínima ideia de quem possa ter feito isso.

— Sinto que está apressada para que acabe esse interrogatório – comentou a detetive, incomodada com a situação.

— Oh, é que sinto muito nervoso com essa situação! Logo a Alice, que parecia ter tantos sonhos. Cheia de vida! É uma pena.

— Realmente, dessa forma, está liberada. Chame Caio então, por favor.

— Claro. Obrigada!

            “Mais três apenas” pensava Louise, ansiosa.

— Opa! Licença, senhora detetive, com todo o respeito – dizia Caio, com seu jeito atrapalhado, ao abrir a porta e se sentar para ser interrogado.

            Ao se acomodar no local, abriu as pernas e apoiou seus cotovelos lá. Com as mãos, apoiou o queixo, demonstrando estar pronto para as perguntas.

— Senhor Caio Bastos, peço total seriedade quando for responder minhas perguntas. Estamos em frente a um crime grave. Uma mulher foi assassinada de forma muito cruel e é importantíssimo descobrirmos o culpado. Tu és capaz de ajudar?

— Com toda a certeza? Pareço ser louco, mas pense em uma pessoa séria. Esse sou eu! – Falou, irreverentemente. Louise não gostou da atitude, mas deu de ombros.

— O que achava de Alice, senhor Caio?

— Achava muito gostosa – respondeu, colocando as mãos por trás da cabeça, dessa vez.

— Acho melhor o senhor tomar cuidado com suas palavras! – Advertiu ela.

— Ué? – Ele gesticulava com a mão, sorria e arqueava as sobrancelhas – Não perguntou o que achava? De fato, a primeira coisa que me vinha na cabeça quando pensava nela era “gostosa”. Mas, já que não quer total sinceridade, eu digo: achava uma moça de beleza considerável, voluptuosa e simpática. Mais feliz?

— Só esperava o mínimo de respeito e seriedade de um aluno do terceiro ano de um colégio federal! – Ela desabafou, furiosa.

— Está bem. Isso não vai se repetir! – Prometeu, e Louise bebeu mais um pouco de sua água, para resfriar a cabeça.

— Espero. Então, diga o que fez na última noite. Tente se lembrar dos detalhes quanto a Alice. Ou algum colega seu que tenha feito algo de suspeito. Qualquer coisa!

— Você já deve saber como começou tudo, então, bem, eu vi as coisas da festa. Quando ela começou, eu bebi muitos drinks, refrigerantes e cerveja. Exagerei, até. Disseram que eu até puxei as calças do coitado do Tomas. Sei que chamei a Alice pra dançar, mas não me lembro muito disso. Estava muito alterado mesmo. Fui ver os fogos, para a outra festa, e lá fiquei. Até a hora de voltar. Como percebe, nada de anormal.

— Pois é. Essa história está bem comum para mim, até.

— Imagino. Não lembro de quase nada mesmo. Só que foi muito bom. Pelo menos para mim. Já outras pessoas...

— Está bem. O senhor pode ir, ok? Chame Taís Pontes, por favor.

— Ah, deixou a gorda por último, né? Nada é por acaso! – Brincou, enquanto saía de lá. Louise ficou vermelha de raiva. Indignadíssima.

            “Ah, como seria melhor se tivesse sido ele! Garoto babaca!” Pensou, irritada. Suspirou, e se preparou para a entrevista que teria a seguir. “A grande maioria depõe quase a mesma coisa. Que estava na festa, dançou, bebeu e foi embora. Alguém está mentindo e eu vou descobrir!”

            Taís chegou no recinto devagar. Abriu a porta, com cuidado para não fazer barulho, pediu licença e se sentou no lugar apropriado. Louise checou logo suas unhas e se chocou, também estavam pintadas de rosa.

— Taís Pontes, certo? Isso não precisará demandar bastante tempo. Só vou pedir para que fale somente a verdade. Então, diga-me, o que achava de Alice?

— Ah, eu a admirava. Era uma moça tão bonita, carismática, determinada e inteligente. Parecia ser bem independente e feminista, assim como eu. Gostava dela. Pena que aconteceu isso...

— Ok. Agora, serias capaz de dizer todos os seus passos da noite de ontem? Se reparou em algo suspeito em alguém?

— Bem, eu só bebi refrigerante e dois coquetéis, porém, senti-me embriagada! Fiquei surpresa com isso. Fiz coisas que, sóbria, eu jamais faria. Dancei, tirei a roupa, gritei... Nossa! Foi uma loucura! Na hora da dança, notei que Renan tinha ficado muito enfurecido com Alice. Tomas também. Caio e Fernando estavam raivosos por ela tê-los dispensado. Enfim, acho que o resto você já sabe. Fomos ver os fogos de artifício e para a outra festa. Voltei junto com o povo.

            Louise olhou bem para ela. Sua intuição não mentia: a garota escondia algo.

— Srtª Pontes, eu recebi depoimentos de que estaria diferente. Você não parava de mexer no celular na hora da festa. O que tem a dizer sobre isso?

            Ela gelou, arregalando os olhos.

— Quem disse isso? – Falou, gaguejando.

— Não vem ao caso isso, apenas responda, o que ficou fazendo no celular?

— Ai, ok! Eu conto! – Ela levantou os braços, como se tivesse se rendendo – Eu estava falando com meu namorado.

            A detetive a olhou desconfiada. Colocou a sua mão sobre o queixo, e esperou por uma resposta melhor.

— Como assim?

— Sabia que não iam acreditar! Eu tenho um namorado. Ele é alto e muito bonito. Ele disse que vai vir aqui me fazer uma surpresa!

— Por que não disse isso antes? – A mulher indagou, curiosa.

— Olha para mim! Sou gorda, feia e nerd. Quem acreditaria que arrumei namorado? Iam zuar de mim, como sempre fazem!

— Entendo. Sofria bullying na escola? – Perguntou, e as lembranças faziam os olhos da garota lacrimejar.

— Sofro – corrigiu – Não gosto nem de me recordar disso. Beatriz e sua turma eram as que mais me esculachavam. E, então, conheci o João. Não dá nem para acreditar. Ele diz que sou muito mais do que me chamam.

            Louise, caridosa, enxugou as lágrimas dela, e lhe lançou um sorriso acolhedor. Entendia a jovem.

— E você realmente é. Esqueça isso. E acredite no que esse rapaz te disse. Só de te olhar agora, sei o quanto é preciosa!

— Obrigada! – Ela agradeceu, recompondo a postura anterior.

— Mas diga, então, o que você acha de Beatriz?

— A mais estúpida da turma. Ela se acha a melhor pessoa. Só porque é filha do governador. Eu prefiro mil vezes ter um pai garçom ou gari do que um Rodrigo Drummond da vida! Sinto tanta raiva!

— Compreendo bem – ela disse, antes que Taís se exalte – Está dispensada. Chame Hugo para mim, por gentileza.

— Ah, o Hugo não está aqui – informou.

— Como assim não está? Eu disse para todos ficarem prontos para serem acionados!

— Pois é. Mas, a partir das três horas, ninguém mais o viu.

— Muito suspeito isso. De qualquer forma, pode ir. Tenho que ir atrás de outra pessoa agora...

            As duas se levantaram e foram até a sala. Lá estavam Vinícius, Beatriz, Miguel e Micaela. Sentados, assistindo TV.

— Onde foi Rodrigo? – Perguntou a detetive.

— Saiu faz tempo. Disse que vai dormir fora de novo. Já que não pode nos expulsar – Vinícius respondeu.

— Realmente, não pode. Só espero que não façam uma festa novamente... – ela comentou – Aliás, sabem onde está Hugo?

— Não. Eu mando mensagem, mas ele não atende. Ele queria ajudar na investigação também. Junto comigo. Da última vez que o vi, estava trancado no quarto das meninas. Mas não acho que fazia obscenidades, e sim procurava por pistas. Inclusive, tem umas coisas preciso falar contigo, Lou.

— Tudo bem. Mas, primeiro, queria encontrar o cara que convidou vocês para a festa. Um negro, alto e magro. Sabem quem é?

— Lembro-me da aparência dele, mas não de seu nome. Quer ir até lá tentar achá-lo?

— Ah, não agora. Estou cheia de sono e cansaço. Vou descansar daqui a pouco, mas diga-me, o que tem para dizer?

            O rapaz olhou para as pessoas ao redor. Levantou-se e chamou para um lugar mais reservado. Ela assentiu e voltou para o quarto.

Descendo as escadas, Camila veio apressadamente com seu computador em mãos.

— Esperem por mim! – Ela disse, e entrou no quarto junto com eles. Fecharam a porta, e se encararam.

— Então, o que tem para dizer, Camila? – Vinícius perguntou, curioso.

— Foi difícil, mas pesquisando muito, encontrei uma informação valiosíssima – ela esboçava um sorriso malicioso, e abriu o seu computador.

Na tela, estava a imagem meio embaçada de um rapaz branco, alto, com o uniforme de um estudante do Ensino Médio. Ele tinha olhos azuis e sua face foi fácil reconhecer, era Miguel Cordeiro.

Vinícius e Louise se entreolharam. Identificaram o sujeito, mas não entendia o porquê daquilo. A garota que segurava o computador sorriu mais ainda, e mostrou que havia colocado zoom na foto. Ela foi minimizando progressivamente, deixando mais claro o que era aquela foto. Ao lado dele, estavam outros estudantes uniformizados. Era a foto dos formandos daquele Colégio. Há seis anos atrás. Atrás de todas aquelas pessoas, estava “Colégio Estadual Fernando Dias”. Um pouco mais distante dele, Camila destacou uma menina branca de olhos verdes. Era fácil de distinguir. A garota era Alice Ferreira.

Camila riu com a reação dos dois, que ficaram abismados com a informação.

— E é assim que identificamos um mentiroso! – Ela disse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Detestaram? Esperavam por isso?
Podem comentar à vontade o que acharam e pensaram!
E vejam, a fic já está na sua reta final! Só mais 5 capítulos até a revelação do mistério. Mas até lá, muita coisa pode acontecer!
Vejo vocês nos comentários. Até mais! o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sangue nas Areias do Foguete" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.