"O Quão Longe Eu Irei"

Em minha mente rodava flashes da noite anterior. Damon, é um completo idiota se realmente acredita que eu vou transar com ele novamente. Pode ser que sim. Mais isso não vai acontecer em quando ele não valor ao que tem.

É ridículo o modo como ele se torna confuso para mim. Um hora, é como se meu corpo responde-se todos seus comandos, principalmente quando ele fala o que secretamente eu quero ouvir. Em outra hora minha mente não me deixa me entregar para ele novamente. Saber que, ele fez sexo com alguma mulher e depois, no mesmo dia, ele quer transar comigo de novo. Desculpa, eu não sou assim. Quero exclusividade.

— Leah? - Pergunto olhando ao redor do penhasco.

— Aqui! - Andei em direção a voz aproveitando para admirar o lindo pôr-do-sol. O penhasco é um lugar lindo! Apesar de não parecer uma praia, isso aqui é incrível! Caminho com cuidado entre a terra e as rochas escorregadias indo em direção ao pico alto daqui.

— O que está fazendo aqui Lee? - Me sento ao lado da morena, dobro meus joelhos fazendo eles baterem em meus seios. Coloco meus braços em cima dos mesmos.

— Eu nunca achei que ia falar isso… - Seu tom baixo e deprimido me deixa preocupada. Meu silêncio é uma confirmação mais do que clara que eu quero saber o motivo da mesma estar desse jeito. - Eu sinto falta, falta do tempo que namorava com Sam, do tempo em que tínhamos troca de carícias e beijos… Eu me sinto uma pessoa ruim por pensar isso.

Engulo minha saliva em seco sem saber bem o que dizer. Eu não tenho a porra de experiência com esse tipo de relação.

— Lee… - Limpo minha garganta. -  Você sente falta do Sam, ou do carinho que recebia com ele? - Tento soar o mais soave possível. Meu olhar vai do rosto da minha amiga para o imenso céu que agora, deixa o azul escuro  tomar conta de todo ele sumindo com o forte laranja que se encontrava a poucos minutos atrás, deixando mais do que claro que já está escurecendo.

— Eu não sei… Eu. Bella eu estou tão confusa! - Admite com seu tom de voz um pouco alto que o normal. - Eu juro que não sei o que está acontecendo comigo, eu olho a Emily e o Sam… Eu fico pensando, e se eu fosse o imprinting dele?

— Mas não é! - Fito seus brilhantes e expressivos olhos castanhos. - Não existe “se” minha amiga, ou é ou não é. E se ele foi um imenso filho da puta, ninguém pode falar. Pensa comigo, se vocês estivessem namorando é um dia você tromba com alguém em uma balada, ou em uma praia ou até mesmo com o seu vizinho, é aquele lance acontece. É se você achasse seu imprinting mas ainda estivesse com Sam… Como seria? - Arrumo o primeiro argumento que me vem à cabeça. Acho que funcionou. Eu espero que funcione.

Um silêncio caiu sobre nós, Leah abria a boca porém nenhuma palavra sequer saiu de seus lábios. Ela não tem resposta. Eu acho que não existe resposta para o amor, às vezes você se apaixona à primeira vista, em outras você demora um certo tempo para fazer o sentimento nascer.

A morena respirou fundo abaixando seu olhar como se desistisse de criar algum argumento contra o meu. Eu a entendo, okay, eu acho que há entendo. Ela só está carente, quer amor é atenção. Infelizmente eu não posso lhe ajudar com isso.

— Eu acho que você tem razão… - Murmurou ainda de cabeça baixa. Mordi o canto da minha bochecha me sentindo uma merda por não poder ajudar mais minha amiga.

— Hey! Se anima. - Sorrio tentando soar animada porém minha tentativa foi frustrada, Leah nem levantou o olhar. - Tá legal, chega! - Levanto meu corpo rápido demais, quase caindo no mar frio há muitos metros de mim. - Você é Leah Clearwater, há Clearwater! - Aponto meu dedo indicador em sua cara totalmente possessa. - Você é linda, não não… Você é maravilhosa! É quem quer se seja seu imprinting, ele vai ver o que eu vejo… Ele vai ver o que todos aqui vêem, deixa de se importar com a Emily ou com o Sam. - Me abaixo ficando sob meus calcanhares encarando a fase da morena. - Se importe com você, o resto? Mande para a casa do caralho.

~°~

— É? - Franzo minha testa fitando o livro a minha frente.  - Tem certeza que isso aqui tá certo? - Aponto para o exercício de física que eu copiei do caderno do ano passado do Embry.

— Tenho certeza Bells. - Garantiu a morena a minha frente. - Mas que porra! - Ergui minha sobrancelha em sua direção devido a surpresa das palavras que saíram da sua boca.

— O que foi Ang? - Pendi minha cabeça me arrumando melhor na cadeira do refeitório. - Que porra aconteceu? - Seu coração acelera.

— N-não é nada Bells. - A fito puta da cara pela mentira. - É só, problemas de família. Minha mãe ta na direção… Vou lá. - Saiu me fazendo querer esfregar a cara da minha amiga nas ruas quentes do Havaí. Mentirosa do caralho.

Algo está acontecendo, não é de hoje. Aliás, desde a semana passada, quando a marca estranha apareceu no meu pulso. Ela vem arrumando desculpas esfarrapadas me deixando muito puta.

— Bella. - Ergo o olhar do caderno para Jessica, que se senta no lugar que era ocupado por Angela, antes dela sair correndo.

— O que foi? - Meu tom saiu grosso, não tanto quanto eu queria devido a minha irritação. Stanley riu, me deixando mais puta do que eu já estou.

— Eu sei dos seus segredos sujos, Swan. - Diz com um ar superior.

— Há sabe? - Com ironia fecho meu caderno colocando o mesmo na mochila. - Desculpa querida, ainda não entendi do que exatamente você sabe. - Pergunto a ela porém meu olhar se voltou a Eric, que por sua vez tirava fotos da cantina do refeitório, provavelmente para colocá-las no jornal da escola.

— Não precisa fingir comigo Bella. Somos amigas não somos? - Cobra. Vadia. Piranha. Puta do inferno. Fecho meus punhos lutando contra meus impulsos de arrancar a maldita cabeça dela.

— Não. - Se olhar matasse...

— Não faça assim, me magoa. - Coloca a mão esquerda em cima do peito, como se estivesse ofendida. - Não vai acreditar.

— Sabe Jessica, eu com certeza acredito em muita coisa. - Pendi a cabeça. - Como por exemplo o fato de que todos dizerem que piranhas só viviam na água, no entanto eu vejo uma na minha frente.

— Ui. - Rose se aproxima se sentando na cadeira ao meu lado. - Pise menos vadia!

Balanço a cabeça em negação mordendo o interior da minha bochecha controlando um maldito sorriso que ameaçava nascer.

— São amigas agora? - Encosta sua coluna no encosto da cadeira.

— Esse não é o assunto. - Meus olhos azuis vão rapidamente para os olhos castanhos dela.

— Tudo bem. - Arruma sua postura. - Eu sei que está saindo com Damon Salvatore às escondidas. - Sou surpreendida com sua fala.

Oi? O que? Whats? Desde quando me importa?

— Isso é sério? - Balanço minha cabeça é faço a pergunta. A loira ao meu lado me fita com divertimento. Filha da puta.

— Só queremos deixar uma coisa clara aqui… - Respirei fundo à olhando com tédio. - Ele é meu.

Rosalie riu balançando a cabeça negativamente. Surpresa eu? Sim, muito. Não pelo fato dela saber, até porque, eu nunca escondi. Mais sim pelo fato da audácia da vadia. Como assim? “ele é meu.” Seu é o caralho. Com medo? Never.

— Deveria falar isso com ele, é não comigo. - Dei de ombros mantendo minha postura relaxada.

— Garotas, o porquê da briga? - Me viro vendo Damon acompanhado por Emmett. Olhando daqui é possível ver a imensa diferença de tamanho que um tem é o outro tem. Emmett é bastante alto, Damon também mas não tanto quanto o grandão. Emmett tem mais músculos devido ao seu físico, já Damon… Também exibe vários músculos, mesmo o moreno estando com uma típica  jaqueta de couro preta.

— Ninguém está brigando aqui Ursão. - Rose diz dando de ombros. - Ainda.

Tento desviar o olhar de seus lindos músculos para qualquer outro canto do refeitório, mas não consigo. Damon abre um sorriso convencido quando percebe o peso do meu olhar sobre ele.

— Nossa conversa acabou Bella. - Stanley diz se levantando e logo depois deixa a mesa sem que nenhum de nós à impeça.

— Vadia. - Cruzo os braços como uma criança birrenta.

— Eu sei… - Ouço Damon falar perto do meu ouvido me fazendo ter uma estranha e boa sensação em minha pele, como se a mesma tivesse se arrepiado.

~°~

Mordo nervosamente meus lábios, sentindo o gosto metálico do meu sangue na ponta da língua me fazendo largar-los sentindo a ferida se fecha.

A Weber saiu daqui de casa há um tempo, sua mochila se encontra fechada em cima da minha cama. Ela esqueceu a mesma aqui, conhecendo a bruxa do jeito que eu conheço acredito que ela não vai demorar muito para me ligar procurando a bolsa.  

I've been standing at the edge of the water
'Long as I can remember
Never really knowing why
I wish I could be the perfect daughter
But I come back to the water
No matter how hard I try

(Eu estive à beira da água
Desde que eu consigo me lembrar
Nunca soube o motivo
Eu queria ser a filha perfeita
Mas eu sempre volto para a água
Mesmo que eu tente muito não voltar)

Penso na possibilidade de ser pega se caso a mesma resolver somente aparecer aqui, só que eu me lembrei que eu não sigo regras.

Vou até a mochila abrindo a mesma com pressa. Tiro pasta por pasta e as folheio, se tiver alguma merda aqui eu com certeza vou descobrir.

Depois de abri todos os livros e pastas eu passo a mão no fundo da mochila, só para garantir que eu não deixei passar nada. Coloco tudo no lugar e abro as demais aberturas, começando pela abertura da frente.

— Mas que porra é essa? - Levando um livro velho e empoeirado. Em sua capa tem alguns símbolos estranhos, eu diria macumba se não conhecesse. Um grimório.  As páginas amareladas são abertas por mim, passo por elas apenas de vista.

Every turn I take
Every trail I track
Every path I make
Every road leads back
To the place I know
Where I cannot go
Though I long to be

(Cada curva que faço
Cada trilha que percorro
Cada caminho que sigo
Cada estrada me leva de volta
Ao lugar que eu conheço
Para onde eu não posso ir)

Olho o final do grande livro em minha mão me surpreendendo com o que vejo. A linguagem do grimório é estranha e desconhecida por mim me fazendo pular a parte das palavras. Bem no final da página tem um desenho velho de uma marca, a minha.

See the line where the sky meets the sea?
It calls me
And no one knows
How far it goes
If the wind on my sail on the sea
Stays behind me
One day I'll know
If I go there's just no telling
How far I'll go

(Você consegue ver a linha onde o céu se encontra com o oceano?
Ela me chama
E ninguém sabe
O quão longe ela vai
Se o vento na minha vela no oceano
Ficar para trás
Um dia eu saberei
Se eu for, não dá para saber
O quão longe eu irei)

Ergo a manga da minha blusa colocando meu pulso ao lado do livro para comparar, a mesma é igual. Sem nenhuma diferença.

— O que é isso? - Pergunto para a Bruxa atrás de mim sem me virar, apenas ouvindo seu coração bater.

— Bells porque você… - Jogo o grimório na cama me virando para ela.

— O que é isso? - Pergunto novamente. Meus punhos estão fechados, meus olhos azuis estão fixos nos castanhos dela exigindo minha resposta. Ela sabia? Ela realmente sabe o que é isso e não me contou? Uma imensa decepção invade meu peito tão forte que eu acredito que se fosse humana, me mataria. - Você sabia?! Você sabia de tudo isso é não me contou?

Angela abaixa o olhar perante ao meu “julgamento”.

— Quer me escutar?! - A olho desacreditada.

— Você tem cinco minutos a partir de agora. - Declaro duramente.

Oh oh oh oh, oh oh oh oh oh oh
Oh oh oh oh, oh oh oh oh oh, oh, oh

I know everybody on this island
Seems so happy on this island
Everything is by design
I know everybody on this island
Has a role on this island
So maybe I can roll with mine

(Oh oh oh oh, oh oh oh oh oh oh, oh
Oh oh oh oh, oh oh oh oh oh oh, oh

Eu sei que todo mundo nesta ilha
Parece tão feliz nesta ilha
Tudo foi projetado como é
Eu sei que todo mundo nesta ilha
Tem algum papel a cumprir nesta ilha
Então talvez eu possa cumprir o meu)

— Quer saber de verdade o que eu sei? - Ela pergunta. Balanço a cabeça me mantendo firme em minha posição. - Ótimo. Bells, aí está escrito a história de como surgiu os parceiros… À história da sua marca, da sua e da do Damon. - Arfo negando. História? Uma história da criação da marca? Isso tem uma história? Puta merda.

I can lead with pride
I can make us strong
I'll be satisfied if I play along
But the voice inside sings a different song
What is wrong with me?

(Eu posso liderar com orgulho
Eu posso nos tornar fortes
Eu ficarei feliz se eu os acompanhar
Mas a voz dentro de mim canta uma canção diferente
O que tem de errado comigo?)

— O que?!

~°~