Socorristas escrita por BlueBlack


Capítulo 17
Sob os panos


Notas iniciais do capítulo

Heey, eu voltei u.u

Obrigada pelos comentários, gatas! ♥

Cap. em terceira pessoa desta vez, ok?

Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/733980/chapter/17

Newt não tinha a menor intenção de entregar Nelly aos outros para que a banissem, mesmo que tivesse ficado extremamente confuso com o Conclave. Ele compreendia perfeitamente os motivos dela para ter matado a própria mãe e não se importar com o que acontecesse a Herman, mas, por outro lado, havia dois anos que estava vivendo à base de confiança e altruísmo, e o desejo intenso dela de vê-lo morto o assustava.

 Mas o beijo... A intensidade no olhar dela e a energia de que emanaram transformaram-na subitamente em alguém inofensivo, que estava apenas com o mesmo medo que ele e todos os outros. Ele sentia um frio na barriga toda vez que se lembrava dos toques e não se considerava apto para julgar com os outros sobre o que fariam. Além disso, seguir a ordem e as regras de sempre parecia um absurdo agora.

 Newt voltou à Clareira encontrando Thomas e todos os Encarregados reunidos em frente à Sede numa conversa tensa. Os outros Clareanos estavam espalhados, a maioria já dormindo ou conversando muito baixo sobre o ocorrido.

  — Encontrou? – Alby indagou assim que o viu.

  — Está escuro, é inútil procurarmos agora. – respondeu.

  — Diga que ao menos tentou, mértila.

  — É, ela pareceu esperar alguma coisa de você lá dentro. – Winston acrescentou.

  — Se querem perder a noite procurando, vão em frente. Ela não tem para onde ir, a menos que entre no Labirinto de manhã e seja encontrada por algum dos Corredores. – Newt replicou.

 Thomas umedeceu os lábios e remexeu-se sobre os pés. Ele tinha quase certeza de que ela era muito capaz de fazer isso.

  — Vou montar um grupo de busca aqui dentro para amanhã de manhã... – Alby começou e se virou para os outros para lhes dizer o que fazer.

  — Não, sem grupo de busca. – Newt descartou. — Ela pode fazer alguma coisa e piorar tudo ainda mais.

  — Achei que tivesse me pedido para reconsiderar a decisão. Afinal, você acredita ou não nela?

 Newt suspirou enquanto devolvia o olhar do amigo.

  — Vamos nos reunir amanhã, só nós, como sempre, e ver o que fazemos. Menos você, Tommy. Foi uma péssima ideia ter envolvido todos nisso.

  — Você acha? – Alby indagou em desafio. Ele sabia que o apoio de Newt em suas decisões estava minguando, pois tiveram sua opinião sobre reunir todos os Clareanos e mesmo assim ignoraram. — Até amanhã, trolhos. – disse asperamente ainda fitando Newt e saiu com os ombros aprumados.

 Os Encarregados começaram a se dispersar, mas Newt, Minho, Thomas e Gally pareceram ler a mente um do outro, permanecendo onde estavam. Newt encarou o Construtor por longos segundos; ainda não gostava dele, não tinham nenhuma simpatia um pelo outro, mas reconhecia a tentativa dele de ajudar Perenelle antes que ela entrasse no Labirinto, principalmente quando deixara a intriga pessoal de lado para conversar com ele e Thomas sobre o Conclave e votara a favor dela. E mesmo com todo o caos na reunião, Newt não deixara de reparar no rapaz.

 Poucos perceberam de imediato o ataque de Nelly sobre Herman em meio aos gritos, mas todos demoraram muito a se situar do que acontecia ao verem-na desferindo socos no rosto dele.

  — EI! – Alby berrou, mais para os dois irmãos do que qualquer outro, e Minho foi o primeiro a ir tentar tirar a Clareana de lá. Ele sabia que não fazia sentido algum ela dominá-lo com tanta facilidade, considerando a diferença de porte físico, mas aquilo era mais uma regra sendo quebrada em menos tempo do que jamais acontecera.  

 Gally empurrou uma cadeira para o lado com extrema força para se aproximar dos dois, seu sangue fervendo de tal maneira que ele mal sabia no que pensava; mas já imaginava Herman revidando, especialmente depois do modo que o ouvira falar dela. Um de seus colegas, que o conhecia muito bem para prever o que ele faria, apressou-se a empurrar seus ombros para longe e mantê-lo afastado da briga. Gally ainda não desviava o olhar furioso dos dois irmãos, apenas esperando que o Novato fizesse algum movimento e ele tivesse uma razão clara e tão boa quanto à de Perenelle para espanca-lo.

 Newt notou isso, principalmente o semblante maníaco do Construtor, e a tentativa de prestar atenção em tudo deixava seu cérebro embaralhado.

  — Joguem os dois no Amansador. Agora, antes que isso piore. – ele ouviu um Clareano dizer a Alby, apontando para os irmãos no chão.

  — Está querendo dar as ordens, Dan? – Newt indagou com o semblante duro ao inclinar a cabeça ao garoto. Aquilo já estava bagunçado demais para não se irritar com mais uma decisão mal feita na sala.

 Thomas não conseguiu sair do lugar, assim como Chuck. O garoto mais novo estava boquiaberto para a cena. Sentiu um extremo incômodo ao ver o sangue e inconscientemente deu um passo para trás, ainda que fosse um dos mais distantes do centro da sala. Não tinha mais certeza se gostava tanto dela. Mike foi ajudar Minho a segurar Perenelle, pois sabia o problema em que a garota se meteria por fazer uma coisa daquelas. Ainda que tivesse passado bastante tempo sozinho durante aqueles três dias para pensar naquilo tudo, nunca cogitara a possibilidade de banir a garota. Ela era a única que ele pessoalmente podia chamar de amiga e confiava o suficiente nela para dar razão a suas atitudes.

 Os dois seguraram-na e a puxaram, mas Nelly conseguiu se soltar e atingir Herman com ainda mais brutalidade. Minho, ainda que discordasse do ato, considerando uma das mais importantes regras da Clareira, teve uma chama de orgulho ao ver aquilo. Gally, sem entender por que, sentiu-se um pouco melhor.

  — Mértila! Façam isso direito! – Alby gritou. Queria intervir, mas estava cansado demais para se dar o trabalho.

 Os mesmos garotos que tinham antes recebido a ordem de levar os irmãos ao Amansador começaram a se aproximar para intervir e Newt sentiu seu coração dar um salto desnorteado.

  — Ei! – ele gritou alto o suficiente para chamar a atenção deles. — Ninguém mais põe a mão neles. – mandou, apontando o dedo para os garotos com veemência. Ele temia que mais alguém envolvido diretamente naquilo acabasse machucando até mesmo a garota.

 Mike e Minho já tinham conseguido afastar Perenelle de uma vez e ficaram surpresos ao notar o quanto a pele dela estava quente. Ninguém teve tempo de dizer nada antes que ela se livrasse das mãos deles. Minho ainda tentou agarrá-la de volta, mas ficou internamente grato por não conseguir. Não queria que ela fosse dada aos Verdugos, afinal.

  — Encontrem ela! – Alby gritou para ninguém em específico. Gally já disparava para fora da sala sem nem pensar. No entanto, ao vê-la entrar no Campo-Santo e lembrar-se de tudo o que tivera passado pela cabeça dele nas últimas semanas, ele se virou de volta.

  — Vá você. – disse a Newt, apontando com o polegar por cima do ombro. Sobretudo, ele lembrava para quem ela tinha apelado durante o Conclave e quem tinha passado a noite com ela no Campo-Santo.

 Newt saiu da sala para segui-la e o local caiu no silêncio, alguns apenas com a respiração pesada. Alby apoiou os braços no espaldar de uma cadeira impacientemente.

  — Encontrou ela, não encontrou? – Gally perguntou e Newt assentiu com semblante duro. — E então?

 Newt não tinha certeza do que pensar sobre aquelas atitudes de Gally, porque, em suma, não faziam muito sentido. Poderia facilmente concluir que o Construtor tinha sentimentos tão reais e fortes quanto os dele mesmo pela Clareana, já que seu primeiro instinto em relação a ela também tinha sido ajudar. Mas não achava possível que entre o modo como a tratou antes e estar apaixonado houvesse um espaço de tempo tão pequeno. E não podia dizer que gostava de imaginar alguém tendo sobre Perenelle os mesmos olhos que ele tinha, ou alguém no lugar dele no ocorrido do Campo-Santo daquela noite.   

  — Ela está no mesmo lugar da última vez, disse para voltar de manhã, assim pelo menos alguns pensam que ela é da paz. Vou tentar conversar com Alby para ver se ele muda de ideia, mas... – Newt deixou a frase morrer e soltou outro suspiro. A verdade de que não tinham muitas chances começava a corroê-lo. — Fale com os Construtores sobre isso, mas peça ao Mike para que fique na dele. Vou conversar com os outros e ver a opinião deles, porque com certeza vão ficar falando. Não consegui saber o resultado da votação antes que começassem a rabiscar tudo, então vamos precisar descobrir sozinhos.

  — E se a maioria quiser bani-la? – Thomas perguntou com uma nota de temor.

  — Aquele trolho disse tudo o que deveria para fazer isso acontecer. – Minho emendou.

  — O que seria de mim sem o maldito incentivo de vocês...? – Newt murmurou, revirando os olhos. — Não tente convencer ninguém, Tommy, ou vai parecer que está agindo por conflito de interesses. E não me interessa o que aquele imbecil disse na reunião, ele é mais surtado que qualquer um, e Nelly já me explicou tudo o que preciso para saber que ele precisa dar o fora daqui.

  — Vou inventar algum trabalho para poder juntar todo mundo e falar com eles. – Gally avisou e, sob o apoio de Newt, ele e Minho retiraram-se para dormir.

 Newt estava prestes a fazer o mesmo quando Thomas segurou seu braço.

  — Ei. Sabe que ela está certa, não sabe? Você precisa liderar isso aqui.

  — Estou fazendo o que eu posso, Tommy. Agora, vá dormir.

 Dando um tapinha no ombro dele, Newt se foi e Thomas olhou ao redor, por toda a Clareira, apreensivo com tudo aquilo, esperando ver algum sinal dela. A razão de Gally ajuda-los era desconhecida, mas nenhum deles questionava; a de Newt poderia ter a ver com o que aconteceu depois que a seguiu para o Campo-Santo duas vezes; a de Minho certamente tinha relação com as opiniões próprias dele e com o fato de ser um Encarregado; mas Thomas prestara atenção no comportamento dela em relação a Herman desde o começo e sabia que não fazia sentido ela passar semanas ignorando ele e ataca-lo sem motivo; ficara claro que ela estivera tentando evitar problemas.

Na manhã seguinte, Gally mandou todos os Construtores para fazer uma reforma na torre de vigilância da Clareira. Era um empilhado de madeira alto, torto e bambo, com mais ou menos três andares e que poderia ceder a qualquer momento com quem estivesse lá em cima. Ele calou Mike antes de começar a conversar com todos sobre o Conclave da noite anterior e expor a própria opinião. Boa parte dos Construtores era composta por amigos de Gally, então muitos consideraram o que foi dito.

  — Você parecia ser o último a querer ficar do lado dela. – um dos resistentes contestou, desconfiado.

  — Não estou do lado de trolha nenhuma. Só não quero passar o resto dos meus dias na Clareira com um maluco que prefere arriscar qualquer um para salvar a própria pele. Você quer? – indagou com a sobrancelha arqueada.

 O garoto lançou um olhar paciente ao líder e deu-lhe as costas para voltar ao trabalho.

 Newt passou o dia tentando convencer cada Encarregado a votar a favor de Perenelle no Conclave, ditando um monólogo com todos os motivos possíveis que funcionassem, diferentes para cada garoto.

 As chances não pareciam serem grandes.

 Para piorar, Nelly não apareceu de manhã. Newt olhava para o Campo-Santo e até para as Portas do Labirinto, apreensivo, com um enorme mau pressentimento. O sumiço dela não ajudava as coisas.

 À noite, após os Corredores voltarem para a Clareira, Newt dividia sua preocupação entre ela e o Conclave. Foi o primeiro a chegar à sala da Sede e estava andando de um lado para o outro quando os outros entraram e se sentaram. Alby foi o último a transpor a porta.

  — Você precisa repensar, Alby. – Newt insistiu. — Nelly fez mais do que ajudar desde que entrou aqui. O que Herman fez? Enfrentou você no Conclave na maior covardia.

  — Como se ela tivesse sido a melhor em seguir as regras. – ele replicou.

  — Mas não fez nada com má intenção. Só o que ele quis até agora foi cobrir a si mesmo. Ela teria morrido lá dentro, no Labirinto, Alby. O que me diz disso?

 O semblante de Alby fechou-se numa expressão sombria, lembrando o ocorrido com o amigo, anos atrás. Se aquilo não o convencesse, Newt não sabia o que o faria.

 Alby tentou passar por ele, mas foi segurado pelo braço.

  — Pelo menos seja inteligente e pergunte sobre apenas um. Quer arriscar que votem ter os dois aqui?

 O moreno permaneceu em silêncio e apenas foi tomar seu lugar, e Newt, sem ver outra opção, o imitou.  

  — Vamos acabar logo com essa droga. Quem...

  — Calma aí. – Winston interrompeu Alby. — Onde está o Gally?

Nelly já havia conseguido roubar comida da Cozinha para que passasse a noite sem morrer de fome e teve a sorte da porta dos fundos estar tão precária ao ponto de soltar-se das dobradiças com facilidade. Abusando dessa sorte e da escuridão da noite, ela contornou a Clareira pelos muros, passando pelas Portas fechadas, parando quando algum Clareano estava perto, em direção ao Campo-Santo outra vez. Talvez ninguém arriscasse descobrir o que era a sombra que espreitava os garotos.

 O peito dela estava prestes a soltar o ar com o alívio ao pisar na grama do Campo, quando alguém segurou seus braços e a fez parar de andar, encurralando-a contra o muro de pedra com o próprio corpo, e todo o fôlego se prendeu outra vez. Nelly tentou erguer seu punho num instinto antes de olhar para o garoto, mas ele pareceu prever isso e aumentou ligeiramente o aperto.

  — Que foi? Não vai gritar pelo trolho do Newt como sempre? – Gally indagou com a expressão assustada dela. Ela abriu a boca, mas ele a tampou com a mão e aproximou-se mais. Gally encarou os olhos tão redondos dela por longos segundos e teve certeza de não ser a primeira vez que fazia isso. Ele pegou a sacola de comida que havia caído e, com uma última olhada para certificar-se de que ninguém os tinha visto, forçou-a para dentro da mata com a mão das costas dela.

  — Que droga você está fazendo? – Nelly perguntou por cima do ombro, irritada.

  Os dois não andaram muito, pois era fácil esconder-se ali com toda a escuridão da noite.

  — Garantindo que ninguém te veja roubando comida da Cozinha. – ele pôs a sacola sobre o peito dela para que ela parasse de andar e se virasse para encará-lo, e os sussurros dele pareceram sair com grande esforço. — O Conclave já deve ter começado, então me escute. Fique na mértila do lugar que Newt conhece e não saia, assim podemos contar a você o que foi decidido. Estamos tentando resolver as coisas, mas não ajuda nada ficar fugindo. Precisamos saber onde você está caso tudo dê errado.

 A lógica da mente dela ficou completamente embaralhada e quase ouviu tudo como se Gally falasse uma língua desconhecida. O retorno da cor magenta, uma das poucas que se diferenciavam dos outros Clareanos sem razão aparente, só tornou tudo mais confuso; as linhas dançavam de modo tranquilizador desta vez.

  — Newt te contou que sabe onde eu estou? Você está do meu lado e não do Herman? O quê?! Desde...

  — Não dá tempo de explicar! – ele a cortou irritado. – Apenas vá e fique lá. Newt está preocupado que você faça alguma idiotice. Ok?

 Gally começou a se afastar de costas, ainda esperando a resposta dela. Por fim, ela assentiu com a cabeça e ele apressou-se de volta para a Clareira, deixando-a plantada no lugar para digerir o que acabara de acontecer.

  — Cara! Quer ferrar tudo? – Minho disse ao sair da Sede e ver Gally correndo na sua direção. Ele abanou a mão para dispensar o sermão e os dois entraram na sala da reunião.

  — Ótimo, finalmente. – Alby disse quando os dois entraram e se sentaram. — Não suporto mais essa história toda. Quem vota em banir apenas o Novato? – perguntou pausada e impacientemente.  

 Gally, Newt e Minho entreolharam-se seriamente e ergueram a mão. Newt encarou o chão com atenção, as palmas das mãos suadas, o silêncio imperando. Até que Minho soltou uma risada e cutucou-o com o cotovelo energicamente. Eram sete contra cinco, a favor de Nelly. Winston, Alby, o Encarregado dos Aguadeiros, dos Cartógrafos e dos Embaladores foram inflexíveis.

  — Ah... Caramba... – Newt murmurou com as mãos na cabeça, os cotovelos apoiados nos joelhos e um sorriso involuntário em seu rosto.

  — Tirem ele da Sede e ponham-no no Amansador de uma vez. – Alby mandou por fim antes de sair da sala a passos duros, seguido de todos que foram contra a Socorrista.

  — Ele vai pirar. – Minho comentou.

  — Querem que eu vá com vocês, para o caso de ele inventar alguma coisa? – Caçarola perguntou.

  — Cuidamos disso. – Newt afirmou e saiu da sala, acompanhado de Gally e Minho.

 Do lado de fora, encontraram Thomas e Mike encostados na parede, o Construtor rindo e o Corredor bufando.  

  — Vou fazer as honras. – Mike disse e começou a subir as escadas para os quartos.

 Todos os outros fizeram o mesmo, tensos, esperando gritos e um ataque violento do Novato. Qualquer coisa que ele fizesse contra eles agora só o prejudicaria mais, mas mesmo assim aguardavam o pior.

 Mike estava parado no meio do quarto, os dedos massageando a lacrimal num gesto que parecia conter uma explosão de raiva imensa. A cama em que haviam deixado Herman estava vazia. Bagunçada, mas vazia. O semblante de Newt não poderia ter se tornado mais assombrado.

 Ele partiu do quarto o mais rápido que a perna manca permitia em direção ao Campo-Santo, para o mesmo lugar de sempre. Seus pensamentos não poderiam ser mais pessimistas quanto às inúmeras possibilidades do que acontecera. Herman talvez tivesse ouvido o Conclave ou previsto que nada sairia bem, então fugira para adiar o momento em que seria banido, pois, Newt sabia, era apenas questão de tempo até que o Novato fosse embora. Herman devia ter ido atrás de Perenelle para fazer alguma coisa, e a quantidade de opções que ele tinha para fazê-la sofrer, considerando o porte físico e a raiva, apenas fez o coração de Newt se apertar.

 Ele chegou à árvore em que imaginava ela estar e encontrou a sacola de comida que ela pegara pisoteada no chão. De resto, o local estava vazio.

 Newt passou a mão pela boca e encarou o chão, pensativo e com o corpo esquentando de nervosismo. Ela tinha muito mais chances de machuca-lo de verdade, considerando o estado sensível do rosto do Novato, então provavelmente não tinham brigado. Talvez Perenelle tivesse corrido ao vê-lo, mas que sentido isso faria depois de toda a firmeza com que ela o tratara?

 Sua mente começava a trabalhar em mais teorias quando os outros o alcançaram correndo, os estranhos estalos da perna de Mike chamando a atenção dele de volta.

  — Essa sua perna nos obriga a te subestimar... Mas, cara... – Mike disse, ofegando, apoiando as mãos nos joelhos para recuperar o fôlego. Gally, Minho e Thomas pareciam mais interessados com o estado do lugar para dar atenção ao cansaço.

  — Mandei ela vir para cá antes de ir para o Conclave, disse que assim seria mais fácil para nós a encontrarmos, caso decidissem bani-la. – Gally explicou.

  — Como aquele maluco a achou? Só vocês sabiam que era aqui, não é? – Minho disse, mas Newt estava preocupado demais em pensar para responder.

  — Eles podem estar correndo por aí, devíamos ir procurar. – Thomas disse, encarando Newt com ansiedade. — Newt, melhor irmos rápido antes que alguma coisa aconteça.

 Após mais alguns segundos, ele assentiu com a cabeça e Thomas separou todos eles para procurar pelos cantos da Clareira sem chamar muita atenção.

 A busca não pôde levar muito tempo, para que Alby e quem mais estivesse de olho não percebessem que havia algo errado. Pelo menos o Encarregado estava tão farto daquela história toda que não se deu o trabalho de ir verificar o Amansador; mas isso passou longe de tranquilizar os cinco Clareanos. Newt foi se deitar sabendo que não conseguiria dormir, os olhos abertos para o escuro, a mente carregada de preocupação. As coisas tinham acontecido rápido demais em muito pouco tempo e de repente ele se viu incapaz de enxerga-la como mais uma Novata, que o acaso sempre o levava a ajudar. Newt passou a noite inteira rolando em seu saco de dormir, desejando ter mais chances de repetir o ocorrido entre os dois no Campo-Santo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam? Parece que uma coisa se resolve e um leque de outras questões surge mds kkk
Teorias? Comentários? Melhoras? Quero saber o que acharam!

Bjs! E até o próximo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Socorristas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.