Socorristas escrita por BlueBlack


Capítulo 16
Nunca machuque outro Clareano


Notas iniciais do capítulo

Olaaa, narizess! Eu voltei =3

Espero que gostem desse capítulo porque ele promete!
Obrigada pelos comentários, suas lindas! ♥

Boa Leitura!



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 Eu estava muito mais do que em desespero entre aquelas quatro paredes de concreto. Meu corpo inteiro tremia e suava, meu coração saltava a todo o momento. Minhas próximas horas dependiam muito do que os Corredores tinham visto no Labirinto e isso não me reconfortava nem um pouco, principalmente com a primeira reação de Alby. Eu estava completamente machucada, a blusa rasgada, e o corpo dolorido. Sem contar o cansaço. E, no entanto, recebi os Socorristas dentro do Amansador, acompanhados de dois garotos muito musculosos. Jeff e Clint me avaliavam como se eu fosse um animal selvagem prestes a voar no pescoço deles. Eles saíram muito rápido e só recebi os curativos quando Thomas trouxe alguma comida, horas depois.

  — Thomas, você precisa me ouvir, não foi exatamente como eles viram...

  — Talvez. Alby vai fazer um Conclave assim que Herman acordar.

  — Acredita em mim, não acredita? – perguntei urgentemente. Perder a confiança de Thomas era uma das piores coisas que podiam acontecer dali em diante.

 Ele deu de ombros.

  — Você nunca pareceu gostar muito dele. – disse e saiu do Amansador sem acrescentar mais nada. Thomas mal conseguira me encarar.

 Amassei o sanduíche na minha mão com o papel filme e os parti no meio. Joguei-os de qualquer jeito no chão, batendo o pé, grunhindo, quase desferindo um soco na parede. O gosto de sangue na minha boca me impedia de querer comer. Eu estava morta de cansaço, mas sabia que não conseguiria dormir. Só o que pude fazer foi andar de um lado para o outro pelo resto do dia, confinada e ignorada.

A janela era minha única referência de que o tempo passava. Consegui me acalmar o suficiente para dormir apenas à noite, mas não adiantou, pois pouco depois a porta abriu-se com o jantar. A imagem de Newt, que milhares de vezes fez eu me sentir melhor, agora encarava o chão com um prato e um copo de água nas mãos, a semblante tenso, parecendo conter a vontade de erguer seus olhos a mim. A camisa branca dele estava aberta, um dos ombros caído, deixando a regata alaranjada à mostra, a bainha cruzando seu peito. O rosto estava sujo, assim como áreas da pele à mostra, e foi a primeira vez que notei o quanto ele era realmente alto. Seu cabelo loiro escuro estava o menos despenteado possível. Encarei o chão ao perceber que estava reparando mais que o necessário.

 Pela primeira vez, não me aliviou nem um pouco tê-lo perto. Eu chegava a me sentir envergonhada perante ele, mesmo sabendo que eu estava com a razão no que tinha feito.

  — Não quiseram trazer nada durante a tarde. – disse e vi seus olhos repararem no antigo sanduíche despedaçado no chão. A cor amarela estava mais escura.

 Quis falar uma montanha de coisas: respostas afiadas, pedidos, explicações, gritos... Mas não tive coragem. Tive a certeza de que se eu abrisse a boca, começaria a chorar. E a última coisa da qual eu precisava era me mostrar tão fraca para alguém.

 Newt deixou a comida na minha frente, abaixando-se.

  — Espero que tenha uma boa defesa. – murmurou. Depois se levantou e saiu. Acreditei que ele queria confiar em mim, mas eu ainda não tinha ideia de como me defenderia no Conclave, e odiei a ideia de tê-lo contra mim.

 Antes que eu começasse a arrancar os cabelos, mordi o sanduíche, quase mordendo meu próprio dedo, e deixei que o tempo continuasse a passar.

 Meu estômago estava embrulhado de medo e raiva pelo que acontecera. Eu tinha deixado Herman para ser picado sem sentir uma gota de remorso. Não hesitara, não tentara ajudar. Fizera com prazer. Eu não me julgava, mas sabia que todos os Clareanos fariam isso se eu não deixasse clara a parte em que ele tinha tentado fazer o mesmo; ainda mais se ele acordasse com certas lembranças. Talvez houvesse coisas sobre a minha relação com os Clareanos ou sobre mim mesma no passado que superavam o fato de eu ter atirado no que deveria ser minha mãe.

 O Amansador parecia ser pequeno demais para comportar a quantidade de pensamentos que rondavam minha cabeça. Provavelmente me manter ali fazia parte do plano de me fazer sofrer; esse era mais um dos inúmeros pensamentos sem nexo que eu tinha. Todos eles estavam com razão, eu faria o mesmo, se não pior, depois de ter visto o ocorrido. Tudo era estranho demais. E todos nós estávamos com medo. E eu sabia que decisões baseadas em medo não eram nada atraentes.

 Cada segundo parecia uma eternidade e isso não era um modo exagerado de dizer que eu estava aflita e ansiosa. Eu olhava para a porta a cada passo impaciente que eu dava, esperando qualquer um deles abrir e me informar alguma coisa. Minhas mãos não paravam de suar de jeito nenhum.

 Na terceira noite assim, quando eu já estava planejando me atirar por aquela porta na próxima vez que a abrissem, ouvi o rangido do ferrolho me sobressaltar. Dei as costas à pequena janela por onde eu tinha assistido aos Corredores saírem do Labirinto e vi Thomas parado ali.

  — Vem, precisamos ir. – disse.

 Obedeci sem fazer objeção, independente do que aquilo significava; eu só queria respirar alguma coisa diferente. Inspirei profundamente do lado de fora, a cabeça vergada para trás, as unhas escorregando pelo meu cabelo. Eu precisava me acalmar. As próximas horas seriam estressantes.

 A Clareira estava completamente vazia. Ninguém andava por ali, trabalhava, comia ou preparava-se para dormir. Um mau pressentimento apoderou-se de mim e Thomas parou ao meu lado.

  — Onde está todo mundo? – perguntei.

 Ele apenas inclinou a cabeça na direção da Sede e continuei sem ter ideia do que aquelas mértilas significavam. Tratei de acompanhá-lo logo, mas sem receber resposta.

  — Thomas. – chamei rispidamente.  

  — Os Encarregados não acharam que seria um Conclave comum.

  — Como assim?

  — Nunca alguma coisa daquelas tinha acontecido antes e Alby me pareceu um pouco desesperado.

  — Ele teve a ideia de juntar todo mundo? – perguntei descrente.

  — Não, fomos Newt, Gally e eu.

 Meus pensamentos retesaram-se na citação do nome de Gally; não consegui imaginá-lo tendo uma conversa civilizada com Thomas e Newt.

 Entramos na Sede e Thomas seguiu na frente para o aposento em que os Encarregados reuniam-se para o Conclave. Meu choque foi imediato ao entrar na sala.

 Todos os Clareanos estavam acomodados no chão ou em pé ao redor da sala, ansiosos. Herman estava sentado numa cadeira no centro, de frente para os Encarregados, mas isso não me aliviou em nada; havia uma segunda cadeira ao seu lado, esperando. Novamente, parecia um julgamento. E eu tinha quase certeza de que o decreto final não seria agradável.

 O nariz de Herman estava torto e roxo, mas ele parecia muito relaxado, até confortável com a situação; provavelmente ter sido atacado por mim, receber a Picada e ainda voltar para a segurança da Clareira fora melhor do que me deixar lá para morrer.

 Sentei-me na cadeira arrastando-a um pouco mais para longe do Novato e encarei os outros. Mike estava em meio aos Clareanos, num canto esquerdo, encarando-me com os braços cruzados. Eu não saberia dizer o que se passava exatamente pela cabeça dele. Thomas e Chuck estavam em algum lugar atrás de nós; Newt passava a mão por cima da boca com os olhos perdidos no chão; Alby levantava-se e Gally encarava Herman com a expressão sombria.

  — É inútil eu explicar porque estamos aqui. – Alby começou. — Todos ficaram sabendo e por isso não tivemos escolha senão permitir que assistissem ao Conclave. Mas ninguém pode abrir a matraca até receber permissão.

 Ele correu os olhos por todos para saber se tinham entendido e ninguém disse nada. A tensão era palpável. Deus, por que não fugi quando tive a chance?

  — Vamos começar com Jackson e Stan, que viram o que aconteceu.

 Os dois Corredores sobressaíram-se do grupo e Alby se sentou. Pareciam tão nervosos quanto eu, como se tivessem medo que eu os atacasse por falarem alguma coisa.

  — Nós entramos no Labirinto assim que as Portas se abriram e ouvimos uns barulhos estranhos. Falei ao Jack para darmos o fora porque poderia ser um Verdugo, mas ele lembrou que os dois tinham passado a noite lá. Assim que entramos num dos corredores, vimos ela acertando a cabeça do Novato no muro e depois o nocauteando.

  — Viram algum Verdugo? – Winston perguntou.

  — Não.

 Fechei os olhos por um momento e meneei a cabeça. As coisas já estavam começando mal.

  — Mas Herman foi encontrado logo depois já com os sintomas de quem é picado e passou pela Transformação nos últimos três dias. – Alby explicou.

  — Havia um facão com eles. – Jackson acrescentou. — E ela estava com a bainha de Newt quando saiu.

 Alby tinha arrancado a bainha de mim sem dizer uma palavra há três dias. Agora, ela descansava encostada na cadeira de Newt, para onde a maioria olhou.  

  — Mais alguma coisa? – Alby disse e eles negaram. — Certo, agora, vocês dois. Já basta o Verdugo ter ressuscitado depois de ser dissecado e você ainda correu para o Labirinto de propósito, sem mais nem menos. – apontou Herman. – E você foi atrás, não sabemos por que mértila de motivo se já tinha estado lá antes e dito que a experiência não fora agradável, e quebrou a regra mais importante desse lugar. Explique.

 Achei que Herman faria algo contra eu ter recebido a palavra primeiro, mas ele permaneceu quieto. Esfreguei minhas mãos na calça para secar o suor e as fechei fortemente, tentando não surtar e esquecer meus batimentos cardíacos loucos.

  — Fui atrás dele porque achei que fosse o Mike. Eu ia tentar dar a bainha para que ele conseguisse ter alguma chance naquele lugar, mas soube que não dava tempo. Então, eu entrei. E só depois de seguir o rastro da coisa descobri que o Novato era quem tinha entrado. – narrei e senti minhas costas doerem de tão correta era a minha posição.

  — Conte tudo. – Alby disse ao notar eu parar. Minha urgência em aproveitar a oportunidade foi tão grande que me atropelei nas palavras seguintes, diminuindo o gosto de sangue, mas alimentando um de limão.

  — Nós corremos, foi só isso praticamente, fugimos dos Verdugos a noite inteira, encurralamos alguns, despistamos outros e matei um quando não teve jeito.

  — Que boa companhia Thomas tem sido para você. – um Clareano comentou sarcasticamente e recebeu uma advertência de Alby.

  — Herman teria nos matado diversas vezes se a sorte não tivesse decidido ajudar. Qualquer plano que eu armava, ele fazia o contrário e piorava as coisas, por isso ficamos tão machucados. – Alby anotou algo no bloco de papel. — Eu não tinha muito tempo para pensar, então já era uma desvantagem. Faltando uma hora para as Portas se abrirem, estávamos seguindo a hera que deixei como rastro até a Clareira, e vimos um Verdugo em frente à Porta.

 Meu sangue começou a esquentar de repente. Tudo o que eu queria era que o Novato fosse banido ou morto, mas, a partir dali, as coisas começavam a tomar um rumo desfavorável para mim. Alby pediu grosseiramente para eu continuar e a ficha caiu de uma vez; eles só queriam saber com quem estavam convivendo, não importava o quão ruim as coisas tivessem sido no Labirinto.

 Contei todo o ocorrido até a parte em que Herman tomava o facão das minhas mãos, sem poupar uma vírgula das intenções dele. Eu esperava uma comoção geral ao dizer sobre ele ter me usado como escudo, gritado para eu fazer alguma coisa, fugido e me deixado sozinha, para depois me desarmar. Porém, o choque pareceu roubar as palavras de todo mundo, ou realmente não se importavam.

  —... fui atrás dele e ele me usou como escudo outra vez. Então, o ataquei...

 Alby ergueu a mão para que eu parasse de falar.

  — Foi aí que Jack e Stan viram o resto, não foi? Sua vez, Novato. Por que não obedeceu uma veterana?

 Herman cerrava os dentes com visível força enquanto encarava o próprio colo, mas parecia sentir mais pânico do que raiva, a perna balançando e as mãos unidas, provavelmente para conter a tremedeira. Não estava muito diferente de mim, afinal.

  — Porque eu sabia que ela não se importava com o que aconteceria comigo. – disse e encarou os Encarregados, e me surpreendi com a repentina determinação em seu tom. — Nenhum plano era seguro, nem muito inteligente e muitas vezes eu seria usado como isca para ela atacar. Ela me ameaçou diversas vezes, principalmente quando percebeu que eu não era o Mike. E vejamos como tudo terminou.

  — Mantive você vivo a noite inteira, idiota. – repliquei desdenhosa e Alby me encarou.

  — O que aconteceu exatamente quando viram o Verdugo na Porta? – perguntou ao Novato.

  — Foi como ela disse. Usei-a como escudo e, honestamente, na minha posição, acham que eu estava errado? Ela me odeia. Faria qualquer coisa para sair dali viva, independente do que acontecesse comigo. Não me digam que ela parecia preocupada em avisar que o Novato tinha sido atacado quando saiu!

  — Não parecia. Mas ela podia ter atacado você antes, quando ela estava com o facão. Seria muito mais inteligente. Por que ela só decidiu fazer isso depois?

 Olhei para Alby, para Herman, e de volta para Alby, mordendo os lábios com a vontade de falar, balançando a perna ansiosamente. Ele nunca admitiria. Minha respiração começava a sair de controle.  

  — Ela admitiu a culpa, Novato, é melhor fazer o mesmo, se tiver alguma.

  — Ela é maluca. – Herman disse simplesmente. — Ela mesma disse que não tinha muito tempo para pensar e entrou em desespero quando ficou sem a arma. Vocês viram como ela agiu há duas noites, eu não tinha encostado um dedo nela, e mesmo assim ela me atacou.

  — Você não tinha sido muito simpático. – Newt comentou, os braços cruzados e as costas apoiadas no espaldar.

  — Como se fosse uma boa razão para ela quebrar as regras e tentar brigar comigo. E não faz nenhum sentido. A nova regra a favorece e de repente ela decide arriscar? Ela está perdendo a cabeça. Talvez a Transformação não tenha feito tão bem assim.

  — Com certeza. – afirmei.

  — Ei! – Alby exclamou.

  — Não, eu vou explicar por que ataquei esse infeliz! – levantei-me e apontei para Herman. — Ontem não foi a primeira vez que ele tentou tirar vantagem de mim, aconteceu diversas vezes antes, ele inclusive me espancou uma vez. E querem saber? Estávamos cercados de pessoas usando jaleco branco que não fizeram nada a respeito. Quem sabe tenha sido por isso que cheguei aqui daquele jeito.  

  — Como isso explica ter atacado ele na noite da fogueira? Todos nós perdemos a memória. – Winston disse.

  — Ninguém sabe como éramos antes, ninguém pode dizer que mudou. – balancei a cabeça para ele. — E eu não confio nele. Tive certeza de que não dava para confiar assim que o vi na Caixa. Se quiserem que eu peça desculpas para esse paspalho, vão para o Inferno. Depois do que houve no Labirinto, não sei que plong podem ter na cabeça para não bani-lo.  

 Minhas palavras pareceram ecoar pela sala com o silêncio que se abateu. Alguns Encarregados entreolhavam-se, mas Alby alternava o olhar entre nós dois.

  — Tem razão. – disse por fim e levantou.

  — Como é?! – Herman gritou, levantando-se também.

  — Por que você entrou no Labirinto, trolho?

 Herman suspirou pesadamente.

  — Eu queria ser picado. Só isso. Queria minhas lembranças de volta, queria saber por que ela me odiava tanto.

  — Pelo menos conseguiu?

  — A Transformação é a mesma para todo mundo, não é? – replicou asperamente.

 Alby pareceu forçar os lábios para não sorrir, assentindo com a cabeça.

  — Não temos nada a ver com o problema de vocês dois. Vamos fazer uma votação para decidir. Quem quiser se explicar, fique à vontade. Quem acha que deveríamos banir o Novato?  

 Muitos ergueram a mão, mas a quantidade dos que não o haviam feito ainda me fez estremecer. E nem o alívio de ver Thomas e Mike aprovando a ideia nem a surpresa de ver Gally fazer o mesmo superaram o aperto no peito de ver Newt ainda de braços cruzados. Como ele não acreditava em mim depois de ter ouvido minha pior lembrança em primeira mão?

  — Quem acha que deveríamos banir ela? – a pergunta de Alby me trouxe de volta à realidade como com um soco. Eu definitivamente não esperava por aquilo.

  — Me banir? Como pode pensar em me banir?! – exclamei.

  — Estou querendo ser justo aqui.

  — Ele pôs um facão nas minhas costas e tentou me fazer de café da manhã do Verdugo! Que maldita justiça é essa?! Fiz de tudo para entrar como Socorrista, o lance com ele é apenas pessoal!

  — E quanto tempo até você ter outra crise pessoal com algum deles? – Herman indagou.

  — Cale a boca! Eu agi por autodefesa, Alby, foi só isso. Sei que assusta qualquer um, mas, se dependesse dele, apenas um de nós sairia daquele Labirinto. E eu estava mais do que ajudando vocês aqui.

 A sala ficou densamente calada outra vez.

 O número de garotos que não tinham votado contra Herman era considerável. Eu não tinha certeza e não queria descobrir. De repente tive ligeira dificuldade em respirar. Eu não podia ser banida por causa dele...

  — Quem acha... que deveríamos bani-la... levante a mão. – Alby disse pausadamente, encarando-me como se já tivesse o decreto. Alguma coisa me dizia que ele tinha.  

 Todos permaneceram quietos, entreolhando-se por um tempo, e então alguns ergueram as mãos. Newt foi o primeiro para quem olhei. Ele me fitou de volta sem expressar nada. E sem erguer a mão.

  — Alguma coisa a dizer, camarada? – Alby perguntou a ele depois de anotar no bloco quantos tinham votado.

  — Não. – ele respondeu, tirando os olhos de mim.

  — Ótimo, quem sabe você goste do que estou pensando. Acho que uma terceira opção pode melhorar isso aqui. – balançou o bloco no ar e olhou ao redor calmamente. Tive a certeza de que Alby nunca parecera tão satisfeito num Conclave. — Quem acha que deveríamos banir os dois?

  — Só pode estar de brincadeira comigo... – murmurei com um sorriso nervoso, remexendo-me sobre os pés e balançando a cabeça.

  — Alby... – Thomas deu alguns passos a frente. — Qual é, há apenas um errado nessa história.

  — Isso é ridículo. – Mike disse.

  — Completamente! Não vou ser banido só por causa dessa desequilibrada! – Herman exclamou.  

  — E como vão fazer se alguma coisa grave acontecer a alguém depois?! – indaguei e olhei para Newt. Um bolo enorme formava-se na minha garganta. — Como vão fazer se alguém tiver uma parada cardíaca para algo mais grave?

 Ele continuava inexpressivo, mas cerrava os dentes. Era mais uma pergunta puramente de desespero; Jeff e Clint já sabiam resolver esse problema.

  — Newt. – falei.

 Ele precisava abrir a boca; precisava tomar as rédeas das coisas pelo menos uma vez.

  — Os dois erraram. Os dois são uma ameaça. E já perdemos muitos para arriscar com um de vocês. – Alby disse.

 Newt se levantou e foi comentar alguma coisa com ele, impossível de se ouvir.

  — Não esconda segredos, babaca. – Mike disse de repente. — Ela salvou a sua vida, o mínimo que você deveria fazer é votar a favor dela.

  — Olha quem logo está falando. – um Construtor disse.

  — Vocês não estão sendo nem um pouco imparciais, caras. – outro emendou.

  — Vocês não vão me banir daqui. – Herman murmurou.

  — Você não consegue mesmo ser menos covarde, não é? – falei.

  — Aí! Parem com essa zoeira de uma vez! – Alby mandou. — Ergam a mão!

  — É bom que saibam... – Herman elevou o tom quando alguns já começavam a se manifestar. — que ela fez tudo aquilo sabendo que somos irmãos.

 Novamente, ninguém falou. Fechei os olhos e corri as unhas pelo cabelo, respirando fundo, tentando esquecer a vergonha daquela declaração e me concentrar no que acontecia.

  — Ela sabia. Por isso me evitou por tanto tempo, por isso não quis me dar respostas. Devia ser mais fácil me atacar sem que ninguém soubesse...

  — Eu estava certa em fazer isso! – adiantei-me. – Como eu explicaria para vocês que odeio ele por ser meu irmão e ter me atacado na frente dos Criadores?

  — Era simples... Era só falar... – Alby disse.

  — Para você montar um Conclave e usar tudo contra mim, claro!

  — Pare de achar que agimos contra você! Você não entendeu mértila nenhuma até hoje, então é bom que caia fora de uma vez!

  — Todo mundo está desesperado por sua causa, Alby! Newt deveria estar no comando, todos sabemos disso! Mas ninguém abre a boca porque sabemos o quão impulsivo você é!

  — Levem os dois para o Amansador e deixem que se matem lá. – ele disse a alguns garotos mais próximos deles, e adiantaram-se como se estivessem esperando a ordem esse tempo todo.

  — Não! Me escutem! – Herman exclamou. – Eu não fiz nada errado! Estou tentando dizer a vocês que ela não sabe o que faz! Olhem para ela e digam que não é perigosa! Eu sei que é! Eu já vi! Ela matou nossa mãe!

 Os Clareanos que vinham até nós estacaram no mesmo instante e olharam para Alby. Todos olharam para Alby.

  — Quero mudar o meu voto! – alguém gritou.

  — Eu também!

 A sala rompeu em gritos de protestos, alguns tomando o lápis de Alby e rabiscando no bloco. Aquilo não poderia ter ficado pior. Alby berrava para que calassem a boca e voltassem aos lugares, Gally, Newt e Minho apontavam e faziam o mesmo. Não havia um que não estivesse de pé.

  — Isso é culpa sua. – falei a Herman, apontando para ele, meu outro punho cerrado. Eu estava perdida. Eu seria banida. Dei um passo na direção dos Encarregados antes de ouvir a voz dele.

  — Pelo menos não sou uma assassina como os Criadores. – ele replicou.

 Não me lembro de ter levado mais que meio segundo até me virar com o punho erguido e me atirar sobre ele. As pernas da cadeira quebraram quando ele caiu. Comecei a desferir pesados socos em seu rosto, concentrando meu peso ali, por menos jeito que eu tivesse com aquilo. Meu corpo suava. Ele poderia ter dito qualquer coisa, menos aquilo. Meus punhos pareciam presos com cola; eu sabia que nada, nem onde estávamos nem quem estava ali me faria parar. Só queria lhe infringir o máximo de dor possível. Senti seu nariz deslocar-se do lugar, mas isso era o de menos. Minha força parecia sobrenatural. Eu doava atenção apenas aos meus braços, minhas mãos, onde eu acertaria no próximo segundo. Ele começou a ser tomado pelo vermelho, tal como minhas mãos. Ele deveria morrer. Tudo o que vinha à minha mente eram os motivos para continuar socando-o. Ter deixado nossa mãe matar um homem; permitir que eu fosse ferida no lugar dele, duas vezes, mesmo com a perda de memória... Mal conseguia acreditar que aquele tipo de gente existia com tudo o que fiz para ajudar os outros.

 A noção do tempo evaporou-se da minha mente.

 Mãos agarraram meus braços, puxaram-nos, mas a minha brutalidade tinha chegado a um nível que eu não controlava. Apenas queria continuar socando-o, até que eu mesma não aguentasse. Puxei minhas mãos para livrar-me dos Clareanos e consegui impulso para acertar o Novato na boca de modo ainda mais doloroso. Agarrei a camisa dele, usando apenas uma mão para acerta-lo. Cheguei a achar que a cabeça dele afundaria no chão.

 Eu estava muito mais quente do que deveria e o cheiro e gosto de alguma coisa queimada tomaram conta dos meus sentidos.

 A sequência de golpes pareceu durar muito pouco quando os garotos conseguiram me afastar. Achei que meu sangue pararia de correr com a força que usavam para me segurar. Herman estava desacordado. Seu rosto estava deplorável, coberto de sangue e hematomas. Talvez estivesse morto, e o pensamento me ajudou a não lutar contra os Clareanos para voltar a soca-lo. Apenas recuei alguns passos, minha respiração descompassada enquanto o encarava, apreciando a vista. Não quis pensar em nada naquele momento. Ainda assim, eu sabia o problema que aquilo me traria.

 Lancei-me para trás, desvencilhando-me das mãos dos Clareanos e correndo para fora dali.

 A voz de Alby gritou uma ordem, algo sobre me fazer voltar. Foi a única coisa que consegui entender em meio a borbulhante adrenalina em mim, que embaralhava meus pensamentos, incoerentes com os batimentos rápidos e altos do meu coração. Perdi o controle das minhas pernas outra vez e meus punhos ainda estavam cerrados.

 Vi-me correndo na direção do Campo-Santo, e ir para o mesmo lugar de antes pareceu ser o melhor a se fazer.

 Embrenhei-me na mata sem conseguir prestar atenção em nada ao meu redor. Soube que eu passara pelos mesmos galhos salientes apenas quando parei na mesma árvore de cinco noites atrás, de frente para o muro, quando pequenos e finos cortes começaram a arder.

 Abri minhas mãos, baixei os ombros e caí sentada na grama. Os músculos do meu corpo todo estavam doloridos e eu ainda sentia a adrenalina chamando-os para agir.

  — Mértila...

 Encostei minha cabeça no tronco da árvore, fechando os olhos, tentando controlar meus sorvos de ar. Que estupidez tinha sido ir para o Campo Santo... Newt podia ter contado aos outros para onde eu tinha ido na primeira vez, e eles me encontrariam logo para me atirar no Amansador até o dia seguinte, quando poderiam me entregar aos Verdugos. Eu estava tão ferrada...

 Não só as inúmeras probabilidades do que aconteceria e como aconteceria encheram minha mente, como também diversas emoções de uma vez só. Raiva por Herman, satisfação por finalmente tê-lo machucado de verdade, mas tristeza e arrependimento por ter feito tudo aquilo na frente de todos, sob as piores acusações que alguém poderia ouvir. E ele aparentemente tinha convencido.

 Thomas tinha perdido a confiança em mim; Mike me evitaria; Newt nunca mais olharia na minha cara; e o terror que provavelmente provoquei em Chuck...

 Levei meu punho novamente com força contra uma árvore ao lado. Minha cabeça não poderia estar mais perdida. A dor obviamente foi ainda maior do que ter batido em Herman. Eu não me lembrava de metade do tempo que passei socando-o, mas sabia o quão idiota tinha sido.

 Eu ainda estava ali, arrependida e me punindo mentalmente por tudo aquilo, quando um par de pernas parou ao meu lado. Não tinha ouvido ninguém se aproximar e não me movi dali, pois já era tarde para tentar fugir. Tive ainda menos vontade de fazer alguma coisa quando reconheci ser Newt.  

  — O que está querendo fazer? – ele perguntou. A cor amarela estava mais clara que da última vez, o que me deu a impressão de que ele ainda estava do meu lado.

 Permanecei encarando o nada a minha frente.

  — Não sei, o que sugere que eu faça?

  — Nada.

 Soltei uma risada muda pelo nariz e balancei a cabeça.

  — Como você? Não, tenho mais força de vontade que isso.

  — Qualquer coisa que fizer vai piorar as coisas, Nelly.

 Eu cerrei os dentes e fechei os olhos para não ceder minha carga emocional por simplesmente ouvi-lo me chamar desse jeito.

  — E vou conversar com Alby e os Encarregados, convencê-los a banir apenas aquele idiota.

  — Newt... Obrigada, de novo. Mas não vai conseguir.

  — Você não me queria no comando, droga? Estou fazendo alguma coisa. É bom que pare de ser tão estúpida assim.

 Ergui meus olhos a ele e sua expressão irritada se atenuou.

  — Você realmente sabe fazer as pessoas se sentirem melhor. – falei tediosamente.

 Newt suspirou pesadamente e coçou a cabeça num gesto impaciente. Ele provavelmente beirava o desespero, mas escondia bem.

  — Vou consertar isso. – afirmou baixinho, mais para si mesmo, e sentou ao meu lado encarando o chão. — Só preciso pensar antes...

  — É mais do que eu tenho feito. – comentei distraída.

  — Não devia ter entrado lá, Nelly. Cheguei a ouvir alguns dizerem para te transformar em Corredora.  

  — Acho que não mais.

 Meus dentes começaram a arrancar mais pele dos meus lábios antes que eu pudesse impedir. Eu queria muito perguntar a ele o porquê de ter agido daquela forma no Conclave, de não ter feito nada a favor de ninguém e, mesmo assim, ter ido atrás de mim. Era quase hipócrita da parte dele. Mas eu sabia que meu emocional não estava dos melhores para dispensar a ajuda dele e que me sentiria pior ainda por causar uma briga.

  — Você costumava ser otimista. O que aconteceu? – ele me encarou.

 Soltei outra risada sem humor e devolvi o olhar com outro mais triste.

  — Não tem por que ser otimista, Newt. Quer saber, atirem-me no Labirinto, não importa... Mesmo que saiamos, que droga vai ter lá fora além daqueles mértilas?

 Ele balançava a cabeça em negaçã o.

  — Não é verdade.

 Um gemido de protesto escapou por entre meus lábios.

  — Por que insiste em acreditar nisso?

 Ele não respondeu. Newt sustentou meu olhar com clara indecisão, parecendo querer ter certeza de quem estava na sua frente. Por fim, ele apoiou as mãos nos joelhos dobrados e as encarou.

  — Porque, Nelly, já tentei acabar com tudo isso. – deu uma pausa. — Me atirei de um dos muros do Labirinto para ver se alguma coisa melhorava... Mas não deu certo, pelo contrário. Perdemos um Corredor. Então... acho que desistir não está entre as nossas opções.

 Newt tornou a me fitar e meu cenho estava franzido em pura incredulidade. Olhei para o tornozelo dele e continuei sem achar possível.

  — Como isso aconteceu? – indaguei com os olhos cerrados.

  — Não importa... – ele fez que se levantaria.

  — Importa, sim! – segurei seu braço e o puxei de volta. Ele suspirou de olhos fechados e tornou a se encostar a árvore.  

  — Olha... Você talvez precise dormir aqui, já está tarde. Vou voltar e dizer que não te achei, e tentar fazer a cabeça deles para mudarem de ideia. Mas não vai te ajudar se você ficar se escondendo. Então, volte de manhã...

 Newt continuou falando, olhando para os próprios pés, mas eu já não conseguia prestar atenção. O que prendia meus olhos nele era mais do que a necessidade de saber o plano para eu sobreviver de alguma forma. Eu queria mostrar a ele, de qualquer modo que fosse, que era grata a tudo o que havia feito por mim em tão pouco tempo. Era um tremendo choque que mesmo depois de tentar tirar a própria vida ainda se desse o trabalho de ajudar uma trolha igual a mim. Não queria fazer o que passava pela minha cabeça, pois eu sabia que o magoaria. E tentei criar algum medo do que ele pensaria disso, com a amizade peculiar entre nós, e uma insegurança nefasta começou a crescer. Ainda suspeitava da falta de atitude dele no Conclave, mas não conseguia acreditar que ele estava fingindo ser legal comigo esse tempo todo. E eu não queria. Antes que eu hesitasse, joguei tudo para o alto. Não importava. Provavelmente eu morreria, ou morreríamos depois.

 Coloquei minha mão sobre a bochecha dele e virei seu rosto para mim, beijando seus lábios antes que ele pudesse continuar falando. A angústia de momentos antes dissolveu-se por completo e um chumbo enorme pareceu despencar do meu peito para o meu estômago. Entrelacei meus dedos em seu cabelo e aprofundei o beijo, e só então me dei conta de há quanto tempo eu devia ter feito aquilo. Meus lábios arderam brevemente com o sangue das taliscas tiradas, mas só consegui puxar os fios do cabelo dele com mais urgência, afinal, não seria a primeira vez que ele amenizaria uma dor minha.

 Newt incentivou os toques, escorregou sua mão para a minha nuca, provocando-me um frio na barriga que me tirou o fôlego. Um suspiro escapou entre meus lábios, mas ele os tomou de volta. Não tínhamos muito jeito com aquilo, talvez sequela da perda de memória, mas a primeira coisa que eu descartava era parar. E acabamos entrando em sintonia.

 Fiquei de joelhos e deixei um de cada lado de Newt, aproveitando as mínimas sensações que o contato com seu corpo me despertava. Eu estava quente, mas de um modo diferente de todas as outras vezes. A cada toque eu queria mais. Por um momento, achei que tudo aquilo fosse coisa da minha mente; não parecia possível haver sentimento tão bom quanto aquele. Newt despertava-me uma fascinação ardente simplesmente por ser quem ele era, e de repente eu o tinha ali, tão perto, tão íntimo e ainda assim tão reservado.

 Sua outra mão me trouxe para mais perto pela cintura e senti seus dedos quentes e hesitantes esgueirarem-se pela fenda entre minha blusa e minha calça. Então, seu braço todo me cercou e ele inclinou-se para frente, obrigando-me a sentar em seu colo. Eu duvidava que fosse sua intenção, mas ainda assim o fiz. Uma euforia gigantesca apoderava-se de mim e trazia um gosto doce à minha boca. Eu realmente estava sentindo um gosto doce. Era estranho, era irracional, como sempre, mas, naquele momento mais que em qualquer outro, não me importei em saber como era possível.

 Quando voltei a me dar conta do que acontecia, percebi não ter ideia de há quanto tempo estávamos daquele jeito e que uma hora precisaríamos parar; até porque minha perna começava a criar câimbras.

 Newt interrompeu o beijo, mas permaneceu com os lábios muito próximos. Eu conseguia sentir sua respiração, não sabia se seus olhos estavam fechados como os meus. E a delicadeza que usou ao pôr as mãos na minha cintura para me afastar quase me fez voltar a beijá-lo.

 Ele me encarou por longos minutos e não demorou até que seu rosto admitisse uma expressão constrangida, mesmo que firme. Eu não saberia dizer se o meu também, todo o meu corpo continuava quente.

  — Você precisa voltar. – murmurei. Era melhor admitir isso em voz alta do que piorar as coisas para mim lá fora. Newt e eu parecíamos encubados num espaço apenas nosso. E nenhum de nós dois se moveu por bastante tempo após a minha fala.  

 Quebrei o contato visual e tirei minha perna do outro lado enquanto ele se levantava. Pensei em fazer o mesmo, mas senti minhas pernas muito fracas para isso, e permaneci sentada no chão.

  — Hum... Volte de manhã, ok? – ele disse com a voz rouca e pigarreou. Eu apenas inclinei a cabeça e ele, após fazer o mesmo, deixou o Campo-Santo, afagando o próprio cabelo nervosamente. 

 Cobri o rosto com as mãos e me deitei. Eu não podia perder o foco, por mais sensibilizada que estivesse. Encarei as folhas e o céu acima de mim na tentativa de me recuperar da explosão apaixonada no meu peito. Certo, eu estava sentindo alguma coisa, mas aquilo não mudava nada, apenas eu agora sentia toda a vontade do mundo de fugir do meu fim no Labirinto. Eu confiava em Newt, mas quem sabe alguém não o tinha seguido e só esperava o momento certo para me agarrar e me fazer voltar? Ou quem sabe ele tivesse mesmo contado a alguém na primeira vez? Era uma confiança cega que eu tentava sustentar. Pediria desculpas depois se fosse necessário.

 Levantei-me e olhei ao redor para ter certeza de que ninguém me observava, mas era impossível saber na penumbra da floresta. Só o que restava era arriscar.

 Saí andando pelo Campo-Santo, sempre beirando os muros. Não seria fácil me esconder ali dentro, presa com todos os outros, mas eu precisava dar um jeito.


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Notas finais do capítulo

Aaaah, esses hormônios u.u Quem aprovou? o/

Quebrando o clima, como eu disse no capítulo 13, o nome do Herman foi inspirado num antigo militar nazista e aí vai o porquê:
Hermann Goering foi proclamado pelo próprio Hitler como seu sucessor e Marechal do Reich (alta patente, na época) e por isso seguia muitas ordens dele, mesmo que nem acreditasse que funcionariam. Adorava se intitular como o “fiel paladino” de Hitler. No entanto, muitos historiadores acreditam que ele sequer era nazista de verdade ou a favor daqueles ideais. Ele fugiu de Berlim enquanto esta se acabava em 1945 e se aproveitou do desespero de Hitler para ir tentar uma aliança com os EUA e a Inglaterra contra a Rússia soviética. Telegrafou ao Fuhrer pedindo que o deixasse assumir as coisas, mas, diferente do que Goering esperava, Hitler ficou extremamente furioso que o Marechal estivesse tentando lhe tomar o poder e mandou prendê-lo. Para escapar da execução, Goering se entregou como prisioneiro aos americanos e mais tarde renegou Hitler, dizendo que sempre tentou colocar a Alemanha no bom caminho, mas que nunca conseguiu “pelo espírito limitado de Hitler”.
Ainda, no tribunal de Nurembergue, conhecendo muito bem seus antigos colegas de governo, passou o processo tentando convencê-los a não confessarem, dizendo que assim um dia pudessem ser considerados heróis. Mas sua única intenção com isso era se proteger, porque sabia que eles atirariam sobre ele as culpas mais gravosas, caso admitissem tudo.

Mas para que toda essa aula chata de História?

Bom, eu vejo o Herman de Socorristas tão covarde quanto esse militar. Nunca fui e nunca vou ser minimamente a favor dos ideais de Hitler, longe disso. Mas Goering se dizia ser e com certeza ele precisou fazer coisas horríveis para chegar ao posto de sucessor do próprio Hitler, e no final desmentiu tudo para salvar a si mesmo. Particularmente, acho que ele nunca soube o que ele realmente achava certo ou errado, apenas fazia o que o livraria da morte, e assim é o nosso Herman aqui.
Não vou entrar em mais detalhes, porque vocês vão ver isso no decorrer dos capítulos, então encerro minha tagarelice por aqui kkkk Só quis pintar um pouco disso para explicar o nome.

Enfim, isso é tudo.
Comentem para eu saber o que acharam! ♥

Bjs!

PS.: Alguém mais percebeu que o Gally tá estranho?



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