Socorristas escrita por BlueBlack


Capítulo 11
O Novato


Notas iniciais do capítulo

Olaar, eu voltei!

Espero que gostem do capítulo, porque o elemento principal das complicações acaba de entrar u.u

Boa Leitura!



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Uma canção soava no fundo da minha mente, calma e suave, instaurando paz ao meu corpo que antes clamava pela morte para livrar-se da dor. Tentei me concentrar nela e senti um leve gosto de canela na boca, mas não havia um dispositivo para aumentar o volume, e só me restou prestar atenção nas outras lembranças. As mais extensas eram vagas e as imagens breves diziam tudo o que eu precisava saber. Certas coisas eu reconhecia imediatamente e ignorava os cheiros, as cores, os sabores e as temperaturas que as acompanhavam, a maioria nada agradável. Enfim eu estava de frente para o que deveria ser parte da minha identidade e, mesmo que não me fizesse sentir tão bem, importava.

 Quando percebi que a onda de imagens tinha se acalmado e finalmente deixado minha mente em paz, percebi que eu estava acordada e que não sentia mais dor, nem o calor da agulhada nem as mãos de Newt. Foi tão aliviante que mesmo assim me deixou cansada. Suspirei ao notar que precisaria abrir os olhos. Sem pressa nenhuma, movi os dedos das mãos, e instantaneamente senti-os doloridos. Apertei mais os olhos com o incômodo. Mexi minhas mãos, meus braços, e abri os olhos ao mexer as pernas. Pelo menos a dor era suportável.

 Pouca luz entrava pelas janelas do quarto; devíamos estar no fim do dia. Arrastei meu corpo para cima para me sentar e foi impossível conter o gemido de dor que irrompeu pela minha garganta. Eu estava sozinha ali, apenas com as lembranças e a confusão de sentimentos de tê-las de volta. Encolhi-me contra a parede e abracei meus joelhos, apoiando o queixo neles. Eu queria chorar; parecia ser o único jeito de ter certeza de que eu estava consciente. Mas as lágrimas não vieram, então só contemplei o nada tentando guardar cada parte das lembranças, sentindo meu estômago revirar-se de enjoo.

 Após algum tempo, que não pude ter certeza se fora muito ou pouco, decidi me levantar e ir ao banheiro. O corredor e o restante da Sede estavam silenciosos e não havia ninguém à vista. Molhei o rosto com a água fria e umedeci minha nuca com ela. Tentei imaginar se eu parecia tão ruim quanto me sentia.

 Saí do banheiro de cabeça baixa e trombei em alguém, que reconheci apenas pela camisa branca de mangas arregaçadas. Quis tanto abraça-lo e desmanchar-me em lágrimas que minha razão falando mais alto de que era melhor não me destroçou. Eu me sentia mal, mas não por tê-lo poupado do episódio horrível que fora a Transformação e, por incrível que pareça, nem por ter tido as lembranças. Simplesmente quis que nada daquilo fosse necessário.

  — Nelly?

 Sorri de canto ao perceber que sua voz dizendo meu nome assim ainda aquietava-me e que a cor amarela brilhava na minha frente. Parecia ser a única coisa que me tornava otimista. Ergui meus olhos a ele e vi suas sobrancelhas franzidas em atenção e expectativa.

  — Que bom que está bem, trolho. — foi a única coisa que consegui dizer tentando sorrir, mas ainda sem a certeza de ter conseguido.

 Newt balançou a cabeça como se repreendesse minha brincadeira fora de hora.

  — Você parece gostar de ficar doente. — disse e pôs a mão no meu ombro para me guiar ao quarto.

 Voltei a me sentar na cama e ele parou de braços cruzados ao lado. O encarei por um tempo e vi que estava intacto, a não ser por uma marca vermelha na têmpora, talvez resultado do meu empurrão. Sorri minimamente outra vez e baixei meus olhos para minhas mãos, torcendo os dedos. Apurei meus ouvidos para ouvir um sermão, um grito ou até uma ameaça. Mas Newt não disse nada.

  — Não é tão ruim quanto parece, se quer saber. — falei, erguendo a cabeça de novo.

  — Não quero saber como é você ter passado por isso por minha causa. — retrucou. Ele não agradeceria desta vez, obviamente, mesmo que fosse grato.

  — De nada, Newt.

 Ele continuou me encarando, até depois de puxar uma cadeira e se sentar.

  — Como se sente?

  — Enjoada. — dei de ombros, sabendo que era mais fácil falar da dor física do que da psicológica. — Por quanto tempo eu fiquei assim?

  — Quase três dias. — respondeu e olhou brevemente através da janela. — Achei que estivesse morta da última vez que vim aqui.

 A ideia de querer morrer parecia fruto de uma mente muito fraca agora. Eu estava bem, o Soro da Dor tinha, como sempre, funcionado, e a única coisa a se fazer era continuar seguindo a vida na Clareira.

 Um alarme alto e grave ressoou do lado de fora, ensurdecendo-me e obrigando-me a tapar os ouvidos. Newt levantou-se num salto e parou perto da janela, olhando para a Clareira. Antes que eu pudesse perguntar que droga era aquela, ele logo disse:

  — Hora de largar a reputação de Novata.

 Newt me olhou e fez sinal com a cabeça na direção da porta.

 Nós dois saímos da Sede já conseguindo ver os cinquenta Clareanos ao redor da Caixa, exatamente como fora comigo. Era estranho ver aquilo depois de tudo o que aconteceu; parecia fazer anos desde a minha chegada. A curiosidade para saber quem era, e até a esperança de que fosse uma segunda garota amenizaram meu enjoo.

 Esgueiramo-nos por uma brecha entre os garotos e Newt colocou-se ao lado de Gally. Alby estava do outro lado. A porta ainda estava fechada e o alarme ainda repercutia.

 Voltei-me para algo ao meu lado e encontrei Thomas me observando. Aproximei-me dele em dois passos largos e cerquei seu pescoço num abraço esmagador. Ele pareceu surpreso, mas cercou minhas costas com as mãos sobre meus ombros em retribuição.

  — Foi você, não foi? Matou aquela coisa. — murmurei.

  — É, matei. — ele respondeu e pude notar uma nota de medo guardada no fundo de sua garganta. Suspirei e fechei os olhos com o queixo sobre seu ombro. Eu já devia tanto a ele que de repente parecia não haver tempo suficiente para compensá-lo direito.

 Afastei-me dele e nos entreolhamos por um momento antes de prestarmos atenção à Caixa novamente. Eu não precisava agradecê-lo, parecia uma coisa subentendida entre nós dois.

 O alarme finalmente parou, deixando um eco como vestígio antes de tudo se aquietar. Então, um rangido soou por trás da porta e Alby e Gally a abriram. Assim que a luz iluminou o lugar, soube que não era uma garota à nossa espera. Um garoto acabava de se erguer, os ombros e o torso muito largos. Seu cabelo castanho estava molhado de suor. Quase senti outra vez a mesma confusão que passava pela cabeça dele agora. Contudo, ele olhou para cima, para nós, e meu estômago afundou. Um tambor de advertência rimbombou dentro da minha cabeça. Tive certeza de que a curiosidade sumira do meu rosto, dando lugar a uma seriedade sombria. Recuei um passo como se isso evitasse que a verdade me atingisse, mas eu sentia mais frio do que deveria e um gosto extremamente azedo apoderara-se da minha boca. O garoto pousou seus olhos em mim e eles se arregalaram, mais de surpresa do que de assombro por reconhecer alguém em meio à amnésia. Ele me reconhecia. Talvez fosse impressão minha pelas lembranças que rondavam minha mente, mas, logo que ele abriu a boca, tive certeza.

  — Perenelle?

Apenas percebi que os Clareanos estiveram cochichando e rindo sobre o Novato quando o silêncio imperou depois do pronunciamento do meu nome. Recuei outro passo. Trinquei os dentes com extrema força. Cerrei os punhos com tanta determinação que senti minhas unhas ferirem as palmas. Ele deveria estar morto. Desde que acordei da Transformação, desejei muito que estivesse morto. Com tudo o que tinha feito, a covardia, a fraqueza... Aquilo deveria ter ido embora com uma morte extremamente dolorosa. Mas não, ele estava ali. Tinha sido introduzido à Clareira para conviver conosco, conviver com pessoas pelas quais eu tinha extrema e absurda afinidade. Meu estômago se revirou de nojo. Ele não merecia aquele lugar. Numa análise fria e real para mim, não merecia nem respirar o mesmo ar que eu.

 Senti meu sangue e rosto ferverem, tanto de vergonha pelos Clareanos verem que ele me conhecia quanto de ódio. Não raiva. Cru e puríssimo ódio.

  — Conhece ele? — Newt perguntou. Olhei para ele, para Alby, para Gally, todos sérios e confusos, e depois para o garoto. “Ele tem nome”, uma voz sarcástica e repreensora soou na minha mente, mas ignorei completamente o fato de saber qual era o nome dele; já me trazia um mal pressentimento.

 Abanei a cabeça em negação, mas então afirmar isso pareceu melhor, como se precisasse convencer a mim mesma.

  — Não. — respondi.

 Quis sair dali o mais rápido possível, ficar longe do Novato, mas isso implicaria suspeitas. Eu precisava sustentar aquela mentira ao máximo. Deixar que os Clareanos soubessem quem ele era parecia uma traição a mim mesma.

  — Que lugar é esse? — o garoto perguntou, e todos enfim pararam de me encarar, Alby revirando os olhos.

 Uma corda foi jogada para dentro da Caixa e o Novato foi içado. Ele parou, olhou ao redor com uma funda ruga entre as sobrancelhas, parecendo assombrado. Só o que consegui sentir ainda foi nojo.

  — Nem se dê o trabalho de abrir a boca, Fedelho. — Alby disse batendo no ombro dele. — Só o que precisa saber por hoje é que todos nós aqui já passamos pela mesma mértila que você e estamos cansados. Amanhã você terá o Passeio e explicarei as coisas.

 O calouro olhou para os outros, inseguro, mas assentiu com a cabeça. Um dos Clareanos ficou encarregado de arranjar um lugar para que ele dormisse e me vi satisfeita em poder sair dali sem ser notada.

 Apesar da dolorosa verdade de parte do que acontecera antes que eu chegasse à Clareira, ainda assim era um alívio conhece-la, principalmente agora com a chegada dele. Eu tinha sido picada na hora certa. Imaginar-me socializando com ele, conversando ou até ajudando como Socorrista fazia meu estômago se contrair.

 Uma mão cobriu meu ombro por trás e não pude evitar um sobressalto.

  — Calma. — Newt disse entre uma risada forçada. — Melhor comer alguma coisa antes de ir deitar.

 Só então notei que estava seguindo para a Sede. Confirmei com um aceno de cabeça e me apressei até a Cozinha. Mais tarde, peguei meu saco de dormir e fiz extrema questão de saber onde o Novato estava, para então aconchegar-me bem longe. Ele me procuraria com o decorrer dos dias, por qualquer motivo relacionado ao fato de não se lembrar de nada além de mim e do próprio nome; saber disso me ajudou a pensar em várias maneiras de evitá-lo, até cair num sono mil vezes mais calmo que o da Transformação.

  — Ele ainda está te encarando. – Mike disse no dia seguinte, enquanto cavávamos buracos nos Jardins. Na verdade, eu cavava e ele apenas apoiava-se em pé na pá. Não havia nada para os Construtores fazerem, então cada um de nós ocupou-se com outra coisa.

 O Novato estava no Sangradouro, pondo em prática as lições de Winston enquanto desviava o olhar para mim a cada dez segundos.

  — Não acha idiota que alguém se apaixone logo no primeiro dia? — indaguei sarcasticamente, continuando a tirar a terra com mais empenho que o necessário.

 Mike riu e fiquei satisfeita. Eu estava menosprezando o máximo possível a chegada do garoto e tinha a ajuda de todos os outros; afinal, era comum para eles.

  — Que trolho de mértila. — ele disse. — Deve ter muito plong na cabeça para se apaixonar por você.

  — É, sei, você bem que gostaria. Cara, que trabalho mais imbecil... — resmunguei, começando a cavar outro buraco.

  — Aí, Nelly! — Chuck chamou enquanto aproximava-se. Apoiei meu braço na perna dobrada e o vi com o rosto corado e molhado de suor.

  — Só o Newt me chama assim... — comentei num murmúrio com a testa franzida. Era estranho, a maioria me chamava de trolha ou Fedelha. Mike soltou uma risada zombeteira, olhando para o outro lado quando o encarei, e acabei percebendo o quão idiota aquilo soou; tanto quanto os olhares do Novato para mim. — O que é? — indaguei impaciente a Chuck.  

  — Algum idiota machucou a perna no Labirinto, estão chamando você na Sede. — disse apontando com o polegar para trás.

  — Ótimo. — respondi com sinceridade e tirei as luvas, jogando-as contra o peito de Mike. – Aproveite e mexa-se.

  — Sim, senhora. — disse ainda sorrindo.

 Chuck me acompanhou até a Sede, mas seguiu para um dos banheiros do andar de baixo, carregando um balde de água para dentro. Subi para o segundo andar e encontrei Jeff e Clint com um Corredor deitado na cama, uma das pernas esticadas, cujo tornozelo estava roxo e num ângulo estranho, e a outra pendendo para fora.

  — O que aconteceu?

  — Tropecei numa das heras pelo caminho... Achei que tivesse ouvido um Verdugo.

 Ele começou a explicar enquanto eu analisava seu tornozelo. Não parecia nada sério, mas eu sabia que tentar voltá-lo para o lugar pioraria; não era um deslocamento como da última vez. Enquanto enfaixava-o da maneira certa (ainda precisando improvisar com um pano grosso) e sugeria que ficasse de cama até melhorar, Newt me veio à cabeça, e tentei imaginar se o mesmo havia acontecido com ele. Pareceu uma lembrança dolorosa da última vez que tentou contar, mas eu não era capaz de supor o que teria acontecido de tão sério assim.

  — Tem algum corredor para te substituir? — perguntei a Max.

  — Não, Stephen largou o cargo, Thomas é o único na área dele agora. — respondeu com uma careta de dor.

  — Talvez o Novato sirva. — Jeff disse. — Vou falar com o Minho para que ele seja treinado amanhã e assim não ficamos atrasados pela sua estupidez.

  — Deve ter outra pessoa para o cargo. Algum antigo Corredor, alguém que já saiba o que fazer... Até aquele trolho pegar o jeito da coisa... — falei imediatamente, sentindo-me como se fosse Alby falando de mim. E por mais que eu tivesse sentido raiva do menosprezo que ele fazia, não me martirizei por agir da mesma forma em relação ao Novato; havia motivos para eu falar daquele jeito. E me aterrorizava imaginá-lo tendo acesso aos Mapas.

  — Acho que não. Stephen não quer mais saber daquilo e já disseram que ele é melhor como Construtor. — Max disse.

 Olhei-o com impaciência, mas tratei de me recompor, pois não era culpa dele. Dei as últimas recomendações que vieram à minha mente em relação à entorse e saí do quarto.

 Encontrei Newt conversando com um Clareano e apontando para o Campo-Santo. Assim que me aproximei, o garoto saiu para obedecer às ordens e parei no lugar dele.

  — Max torceu o tornozelo, não vai poder voltar ao Labirinto tão cedo. — falei de uma vez, apressada para chegar ao que interessava.

 Newt franziu as sobrancelhas como se tentasse entender e correu os olhos pelo chão, pensando.  

  — Não sei de ninguém que possa ocupar o lugar dele. — falou. Mirei o tornozelo dele e desejei ter o poder de curar o que quer que tenha acontecido para que ele mesmo pudesse voltar lá. Mas eu não tinha tanta sorte assim, então precisava pensar em outra coisa.

  — Um antigo Corredor? – sugeri.

  — Não existem antigos Corredores, Nelly, todos estão mortos. O último foi uma exceção. Acha que é fácil substituir alguém que conhece tão bem os Mapas?  

  — Bom, deveria ser, para o caso de coisas assim acontecerem! Agora teremos que esperar dois meses até que Max se cure para retomarmos o estudo do Labirinto?!

  — Acalme-se, o Novato pode fazer um teste amanhã...

  — E se eu mesma for para lá? — falei antes que terminasse a frase, controlando o tom outra vez, sem sequer pensar.

  — Qual a diferença de colocar você e colocar alguém que não sabe nada daquele lugar?

  — Sou mais esperta que aquele Novato, Max pode me ajudar a entender os Mapas dele e talvez hoje mesmo eu comece.

  — Aí alguém tem um piripaque no cérebro e a única trolha que sabe resolver está lá fora fazendo um trabalho que não é dela. — ele replicou e eu grunhi de raiva, cerrando os punhos. Quis chutar aquele beco sem saída, mas nem isso adiantaria. — Qual o problema com você?

 Respirei fundo e cobri o rosto com as mãos. Não tinha jeito. Se eu quisesse que o Novato não fosse um Corredor, só me restava torcer para isso. Mas assim passaríamos ainda mais tempo na Clareira. Um sentimento de grande impotência abateu-se sobre mim com o cheiro de madeira molhada. Queria que resolver aquilo fosse tão simples quanto pular na frente de um Verdugo.

 Um soluço escapou da minha garganta quando tentei reprimir o nó que se formava.

  — Nelly...

 Respirei fundo outra vez e pisquei algumas vezes para ter certeza da ausência das lágrimas, e baixei as mãos, abanando-as. Aquilo era exagero. Eu não podia manter o controle de tudo o tempo todo, ficaria louca se continuasse tentando.

  — Eu estou bem. — afirmei e sorri forçado para ele, que me observava com atenção.

  — Olha, desde a Transformação...

  — Não foi a Transformação. — o interrompi de uma vez. — É que, sabe, as coisas estão acontecendo bem rápido. Primeiro um Verdugo aparece no meio do dia, depois eu sou picada, e tem as lembranças da outra vida e agora menos um Corredor. Eu vou só... engolir isso.  

 Newt meneou a cabeça uma vez em confirmação e ficamos quietos por um tempo.

  — E, por falar nisso, alguma outra coisa estranha aconteceu enquanto fiquei apagada? Alguma coisa com os Verdugos ou o Labirinto...?

  — Não, nada. Tudo a mesma mértila, mas é bom que não aconteça de novo.

  — Aconteceu por uma razão. Talvez seja um sinal que estamos vendo pelo lado ruim só porque obviamente foi ruim.

  — Qual seria o lado bom daquela coisa ter mudado totalmente a rotina depois de dois anos? Valeu pelo otimismo, Nelly, mas aquele Verdugo talvez quisesse matar um de nós, não só picar. Fizemos um Conclave para falar disso.

  — E aí?

  — Não mudamos muita coisa, não tem como mudar. Os Corredores estão levando mais armas e todo mundo anda por aí assustado. Se quer saber, eu mesmo penso ouvir uns gritos saindo do Labirinto às vezes...

 Cerrei os dentes e desviei o olhar para outro ponto. A frase pesou no meu peito como chumbo; pude ouvir algo como uma nota triste e solitária na minha cabeça. Minha consciência negava-se a acreditar que Newt pudesse ter medo de alguma coisa, mas a cada vez que ele demonstrava ter, eu me lembrava de que ele, assim como todos nós, era apenas um adolescente. Ele podia ter uma boa resistência moral e física, por mais que seus olhos transpassassem as mesmas angústias e os mesmos temores que eu tinha. Que todos nós tínhamos. Principalmente os que foram picados.

 Voltei ao trabalho, decidida a não ceder à carga emocional que as lembranças da Transformação traziam. Havia muita gente alterada por causa disso, eu não podia ser mais uma. Desde o princípio desejei saber alguma coisa sobre mim, então agora eu precisava lidar com isso da melhor maneira para não me afetar. Era a realidade. Era simples. Já acontecera. Nada além de seguir em frente importava.


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Notas finais do capítulo

Hehe'! Alguma ideia do que o Novato tem a ver com a Nelly? Os problemas não acabam...
Comentem para eu saber o que acharam! Vou amar ler ^^
E, ok, admito que não sou boa mesmo com capas.
Espero que tenham gostado do cap. =3

Até o próximo!



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