Meu amado é um lobisomem escrita por Lailla


Capítulo 22
Capítulo 22: Fim? - Shouya e Hanabi




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/732991/chapter/22

Hanabi pedalava a bicicleta do trabalho, entregando os pedidos do mercado pela cidade. Era fim de semana e logo a neve começaria a cair. Faltavam poucos dias para o natal e ela já planejara o que faria.

Haveria um festival no parque da cidade com uma árvore enorme no centro do parque. Todos os anos eram vendidos velas dentro de pequenos copos redondos para que casais escrevessem seus nomes no vidro e acendessem as velas à meia noite para que seu amor fosse eterno. Hanabi não acreditava nisso, porém desejava fazer algo romântico com Shouya no natal.

Voltando ao mercado e terminando seu expediente da manhã de sábado, Hanabi comprou dois Pan e seu chefe agradeceu por seu trabalho duro. Ela entrou na trilha e caminhou em direção à entrada da floresta. Estava frio e as árvores não tinham mais folhas. Ela passou por várias árvores até que avistou Shouya, perto do rio. Ele estava sentado sobre uma pedra, usava um casaco escuro e observava à água percorrendo seu curso.

Hanabi se aproximou em silêncio para chegar de surpresa, porém Shouya a olhou com um sorriso antes mesmo de ela tocar seu ombro.

— Como você sabe que estou chegando? – ela perguntou.

— Eu a escuto.

— Você tem uma audição muito boa. – Hanabi resmungou.

Shouya sorriu e segurou em seu cachecol, puxando-a e beijando-a. Hanabi corou e fechou os olhos. Ao cessarem, ambos sentaram no chão, recostando as costas na pedra e comendo o Pan que Hanabi trouxera.

— Então essa semana foi difícil? – perguntou Shouya.

— Um pouco. Muitos deveres de casa e o trabalho de meio expediente foi cansativo. Mas foi como toda semana. – ela sorriu.

— Né, Hana-chan.

— Hum?

— Por que você trabalha tanto? Quase não tem tempo.

— Mas sempre nos vemos depois do trabalho, você sempre está na entrada da minha rua. – ela sorriu, contente.

— Mas por que trabalha tanto?

— Pra economizar.

— Pra que? – ele sorriu – Roupas? Maquiagem?

Hanabi sorriu.

— Mais ou menos. Algo mais elaborado.

— Como assim?

Ela desviou o olhar por um momento, pensando se já deveria contar.

— É um plano, nada demais. – sorriu.

Shouya sorriu, pondo a mão sobre sua cabeça e afagando-a. Hanabi corou e o beijou sem jeito. Shouya a envolveu, acolhendo-a em seus braços.

Na véspera de natal, Hanabi fora para a floresta depois do jantar. Sua mãe iria para o parque e perguntou se ela iria também, porém Hanabi disse que iria ver Shouya. Sua mãe estava feliz por ela estar com o filho de Tsuki. Ela sabia que ele era um bom rapaz e sempre respeitou Hanabi. Sua mãe então foi para o parque ao passo que Hanabi foi para a floresta. Ela usava um vestido branco, meia-calça e botas pretas, aquecendo-se com um cachecol e seu casaco vermelho. Seu cabelo loiro estava preso em um coque baixo com alguns fios cacheados.

Shouya a esperava ao lado de uma árvore. Ele não tinha muitas roupas para um encontro, porém seu casaco era diferente naquela vez e ele usava botas marrons. Penteara melhor o cabelo e quando Hanabi chegou, ele o ajeitava. Vê-la arrumada e sorrindo fez com que ele corasse levemente.

— Hana-chan...?

— Eh? O que houve? – perguntou ela, nervosa – Eu estou feia?

— Não. – sorriu ele – Está linda.

Hanabi sorriu e pegou em sua mão, seguindo-o. A neve cobria todo o caminho e o chão da floresta. Estava frio, porém Hanabi se sentia aquecida naquele momento. Shouya e ela se sentaram sobre um tronco caído na floresta após tirarem a neve de cima. Por alguns momentos os dois ficaram em silêncio.

— Você... Queria que fôssemos até o parque? – perguntou Shouya.

— Quero ficar com você. Tudo bem se for na floresta. – ela sorriu.

— Você abre mão de muitas coisas por mim.

— Como assim?

— Hum, nada. – ele negou com a cabeça – Por mim tudo bem se quiser ir. O festival ainda está acontecendo.

Hanabi abaixou o olhar, sorrindo levemente.

— Sho-chan.

— Hum. – sorriu ele.

— O que nós somos? – Hanabi o olhou.

— O que?

— Somos... Um casal? Estamos namorando?

Shouya sorriu em dúvida.

— Pensei que estávamos namorando desde aquele beijo.

Hanabi corou, desviando o olhar e tentando conter o sorriso. Shouya levantou de repente e ofereceu a mão à ela. Hanabi o olhou sem entender e a pegou. Shouya começou a andar, indo até a trilha e caminhando por ela com Hanabi.

— Aonde vamos? – ela perguntou.

— Para o festival.

— Eh?

Shouya e Hanabi chegaram ao parque minutos depois. Hanabi se sentiu sem jeito, porém Shouya segurou sua mão, sorrindo para ela. Ela sorriu, feliz.

Todos da cidade estavam lá e a grande árvore de natal brilhava no centro do parque. Os amigos de Hanabi ficaram surpresos ao vê-la acompanhada de Shouya. Quando Ame a viu, sorriu contente. Hanabi ficou feliz ao ver seu sorriso. Os pais de Shouya e a mãe de Hanabi os viram juntos e ficaram surpresos ao vê-los. Tsuki sorriu para Yuzo, feliz.

Shouya e Hanabi comeram e beberam o que compraram das barracas. E a meia noite os casais acenderam as velas. Shouya os observou e quando se voltou para Hanabi, ela o mostrava o pequeno copo com uma vela dentro. Ele sorriu, achando graça, e os dois escreveram seus nomes no vidro, acendendo a vela e pondo o copo debaixo da árvore de natal do parque.

Três dias depois, Hanabi acordara em seu quarto ainda lembrando-se do dia do festival. Ela virou para o outro lado, encolhendo-se e sorrindo. Fora um dos melhores dias em que passara com Shouya.

Hanabi levantou para se arrumar para o colégio e seu dia foi normal. Estudou e depois das aulas trabalhou no mercado. Ao final de seu expediente, ela fora até a floresta, cantarolando para seu amigo vir. Há muito tempo ele não aparecia e Hanabi pensava que era por Shouya sempre estar com ela na floresta. Talvez o lobo apenas se aproximasse dela.

Hanabi sentou ao lado de uma árvore e esperou. Alguns momentos depois o lobo chegou, sendo um grande ponto negro em meio à neve branca. Hanabi sorriu e ele lambeu sua bochecha, deitando ao seu lado.

— Você desapareceu, eu estava com saudade. – ela sorriu – Tenho muitas coisas pra contar.

O lobo levantou a cabeça, assim como suas grandes orelhas. Hanabi contou tudo o que acontecera nas semanas anteriores. Sobre o beijo com Shouya, seus encontros na floresta com ele, o natal e a descoberta que estava realmente namorando com ele. Hanabi estava feliz e sorria o tempo todo. E Shouya estava feliz por vê-la assim, sendo ele o lobo.

— Agora acho que tudo vai dar certo. – disse Hanabi – Vou estudar bastante e terminar o colégio. E então...

O lobo a olhava e tombou levemente a cabeça. Hanabi o olhou e sorriu, pensando.

— Bem... – suspirou – Acho que posso contar meu segredo.

O lobo apenas a olhava, prestando atenção.

— Eu tenho um plano. – Hanabi sorriu – Estou trabalhando pra economizar dinheiro suficiente pra construir uma casa. Não uma casa grande, mas simples. Com sala, cozinha, banheiro e dois quartos, talvez. Quando me formar já terei o dinheiro. Com as horas extras que fiz também talvez até sobre. Perguntei ao pai de Hayato se alguém da cidade pode ter permissão de morar na floresta e ele disse que sim, contanto que respeite o meio ambiente e a casa não seja um perigo para a natureza. A minha vai ser de madeira então.

Shouya franzia a testa, porém era imperceptível à Hanabi. Ela abaixou o olhar e sorriu.

— O pai de Hayato trabalha na prefeitura e eu perguntei se poderia trabalhar lá depois que me formasse. Ele disse que eu precisaria fazer um curso dependendo do que desejaria trabalhar. Mas... Não me importo muito com isso. Eu estou trabalhando... Pra ficar com Shouya. – ela o olhou, sorrindo – Ele mora na floresta e se ficarmos juntos não quero que ele vá para a cidade por minha causa. Ele gosta da floresta. E eu também, sabe.

O lobo levantou, abaixando as orelhas. Shouya não acreditava que Hanabi estava se sacrificando, principalmente por ele. Hanabi não compreendeu aquela reação, porém lhe deu um Pan que comprara.

Alguns dias depois, Hanabi voltava para casa depois do trabalho. Suspirava, cansada e pensava em todos os exercícios que iria fazer ao chegar em casa. A única coisa que ela queria era ver Shouya. E esperava que ele estivesse na entrada de sua rua como a maioria das vezes. Quando ela o viu, sorriu.

— Oi. – beijou-o, notando algo estranho – O que houve?

— Podemos conversar?

Hanabi não compreendeu, Shouya estava sério.

— Claro.

Ambos saíram da trilha e sentaram no tronco em que se beijaram. Hanabi não compreendia a seriedade de Shouya, que não queria fazer o que pretendia. Ele abaixou o olhar, respirando fundo enquanto ela o olhava.

— Sho-chan...?

— Por que você trabalha tanto? – ele a olhou.

— Pra economizar.

— Para que?

Ela hesitou.

— Hanabi, me diga. – pediu ele.

Hanabi o olhou, surpresa. Ele nunca a chamava pelo nome. Sempre a chamava de Hana-chan e isso não mudara depois que começaram a namorar.

— Por que...?

— Não é para roupas ou maquiagem, não é?

— Por que está perguntando isso?

Shouya abaixou o olhar novamente.

— Você se sacrifica demais por mim.

— Eu... O que?

— Todos os dias você vinha à floresta pra me ver e comprou vários livros pra mim. Você estuda muito. E trabalha desde os 14 anos. Por que trabalha tanto?

— Já falei. Pra economizar...

— Pra uma casa? – ele perguntou – Esse é o seu plano mais elaborado?

Hanabi arregalou os olhos.

— Você vai deixar sua vida pra ficar comigo, não é? Na floresta. – disse ele – É por isso que está economizando e trabalhando. Por que você faz isso?

Hanabi não sabia o que dizer, engoliu em seco.

— Desde criança você gostava de mim. Por quê?

— Porque amo você. – ela confessou.

Shouya corou, hesitando.

— Você nem sabe o que é amor.

— Eu sei, sim.

— Não, não sabe.

— E você sabe? – ela perguntou – Você se isola na floresta e apenas tem contato com sua família e comigo. Sabe o que é amor?

— Não é se sacrificar pra ficar com alguém.

Ela franziu as sobrancelhas.

— E você sairia da floresta pra ficar comigo? – perguntou ela – Moraria na cidade pra poder ficar comigo?

Shouya franziu as sobrancelhas, hesitando novamente. Hanabi ficou com os olhos marejados e disse:

— Por isso queria morar na floresta. Pra poder ficar mais perto de você. Isso não é me sacrificar. Eu quero isso.

— Não quero que desista da sua vida.

— Essa é minha vida. Eu trabalharia mesmo se não gostasse de você, você sabe. E iria para a floresta mesmo se não fosse pra ver você. Eu gosto da floresta.

Shouya permaneceu olhando-a.

— Como descobriu isso? – perguntou ela – Não contei à ninguém.

— Você contou. – disse ele sem pensar.

Hanabi franziu a testa sem entender. Porém ao abrir a boca para perguntar, Shouya disse algo repentino.

— Vamos terminar isso.

Ela arregalou os olhos, sentindo um frio cortante passar por seu corpo.

— “Isso”?

— O nosso namoro.

— Por quê?

— Porque não quero que se sacrifique mais! – ele exclamou – Eu estou destruindo sua vida!

— Não, não está! Qual o seu problema? Você gosta de mim!

Shouya hesitou. Ele não queria que Hanabi sofresse como sua mãe sofria. Ela ficava dias sem ver seu pai, pois ele escolhera a floresta e a ela. Tsuki passou dias sozinha quando namoravam e a solidão melhorou quando seus filhos nasceram, porém Yuzo sempre estava na floresta. E Shouya não queria que Hanabi o esperasse todos os dias na porta de casa na esperança de que o visse voltando.

— Não... Não gosto de Você. – disse ele.

Hanabi ficou boquiaberta, não acreditou. Shouya levantou, dizendo adeus e desapareceu ao adentrar a florestar. Hanabi permaneceu sentada, paralisada. Pôs a mão sobre a boca, deixando as lágrimas caírem e se curvou sobre seus joelhos, chorando sem parar. Seu peito doía, ela apertava seu casaco contra ele.

Enquanto andava de volta para sua caverna, Shouya cambaleou, apoiando-se numa árvore e parando. Ele abaixou a cabeça, ofegando e pondo a mão sobre os olhos.

— Desculpe... Desculpe...

Esfregou os olhos com o braço, porém isso não fez com que as lágrimas parassem de se formar. Shouya sentou-se no chão coberto de neve, se perguntando se o que fez foi correto realmente. Pois ele também a amava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meu amado é um lobisomem" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.