Meu amado é um lobisomem escrita por Lailla


Capítulo 21
Capítulo 21: Reconciliação - Haru e Takashi




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Poucas coisas Haru achava que herdara de sua mãe. A cor do cabelo, os lábios e a habilidade de se apaixonar por um homem que mal conhecia.

Tsuki se apaixonara por seu pai como em um estalo. Se conheceram e logo passaram a morar juntos. E ela nunca demonstrou arrependimento. Na verdade, sua mãe era feliz pela vida que Yuzo lhe dera. Porém Haru não sabia se o mesmo iria se repetir com ela. Apaixonar-se era entregar-se, envolver-se com alguém que a conheceria de todas as formas. E Haru tinha medo. Medo do envolvimento e dos segredos que seriam revelados, pois ela sabia que contaria.

Agora tudo parecia estar desmoronando. A vida normal com a qual ela sonhava, o amor que começou a sentir por Satoru Takashi e a tranquilidade de sua família em guardar o segredo. Se Takashi revelasse e ainda tivesse provas de que ela era um lobo, haveria chances de até o governo envolver. Todos sabiam que quando surgiam coisas estranhas, logo elas desapareciam. Ainda estavam no mesmo lugar, porém sendo analisadas. E ela sabia que se perguntariam se seu lado viera pela linhagem.

Haru iria obedecer seu pai, seguir o que ele dissera. Porém teve medo de ir para o colégio trabalhar na segunda-feira. Ligou para o diretor e informou que estava doente, uma gripe muito forte. Isso lhe deu uma semana. Porém seu tempo logo acabaria e ela teria de pensar em uma forma de encarar Takashi.

A maior parte do tempo Haru ficava em casa. Não queria sair do apartamento em nenhum momento para não dar chances de ver Takashi na cidade. E isso ajudaria com sua mentira sobre a gripe. Porém ela precisou ir ao mercado comprar comida. Ao ir em direção ao caixa do mercado, se escondeu rapidamente ao ver Takashi pegando uma sacola de compras. Por que sempre tinham que se encontrar? Ela esperou atrás de uma estante e quando ele se foi, Haru foi em direção ao caixa novamente, vendo Hanabi.

— Haru. – disse Hanabi, surpresa – Satoru-sensei acabou de sair.

— Ah... – ela gaguejou – Hum.

— Como está? Disseram para nós no colégio que estava gripada.

— Hum, estou. Mas estou melhorando aos poucos. E você? Ame acabou me contando que Shouya e você estão namorando.

Hanabi corou levemente, pensando um pouco.

 - Não estamos namorando. Apenas saindo.

— Os livros deram certo, né?

— Sim, eu acho. – ela sorriu sem jeito.

— Que bom. – Haru sorriu – Boa sorte. Vou indo.

— Hum.

Haru foi rapidamente para casa, indo em direção à cozinha ao chegar e começando a separar os ingredientes para fazer o jantar. Porém a companhia tocou, fazendo-a gelar por completo. Será que Takashi a vira? Será que a seguiu até em casa?

Haru, sou eu. Okaasan.— disse sua mãe.

Haru suspirou de alívio e abriu a porta, deixando a mãe entrar. Tsuki carregava uma bolsa de papel no braço e abraçou a filha.

— Okaasan? O que faz aqui?

— Ame contou que estava doente, então trouxe uma sopa.

— Ame tem contato muitas coisa, né. – ela pensou em voz alta – Estou melhorando.

Tsuki levantou uma das sobrancelhas, observando-a.

— Ora, não minta para mim, Haru. Eu a criei e sei quando mente.

Haru corou, envergonhada.

— Não teve coragem de ir para o colégio, não é?

— Não. – disse ela, sentando no sofá – Não consegui.

— Hum. – Tsuki compreendeu, sentando ao seu lado – Tudo bem. Mas sabe que não poderá fazer isso para sempre.

— Eu sei.

— Quer a sopa mesmo assim? – ofereceu, sorrindo.

Haru sorriu, assentindo. Ambas jantaram a sopa, sentadas no sofá. Há muito tempo não faziam isso, encontrar-se para simplesmente comerem juntas.

— Como teve certeza de que era Otousan?

— No começo não tive. Mas quando fui para Tokyo, percebi como sentia falta dele. Era como um ímã me fazendo voltar para ele.

— Queria entender.

— Acho que poucos conseguem entender de forma lógica.

— Como assim?

Tsuki pensou.

— Bem... Acho que as pessoas se completam. Talvez sejam realmente ímãs e algumas realmente devam ficar com outras. Era como me sentia quando voltei para Yuzo. Parecia que tudo estava no lugar e eu estava em casa.

— Acho que me sinto um pouco assim.

Tsuki sorriu.

— Em relação à Satoru-san?

— Hum. – ela concordou – Mas agora mesmo que não posso ficar com ele.

— Não estou dizendo para fazê-lo. Mas e se talvez você mostrasse esse lado? Ele pode compreender e não contar a ninguém.

— Não. – ela negou com a cabeça – Ele vai pensar que sou um monstro.

— Você não é. – Tsuki franziu as sobrancelhas – Se ele se interessou por você antes de descobrir, se é que descobriu, talvez você possa mostrar que você continua sendo você.

— Otousan não vai gostar.

— Não mesmo. Mas vamos continuar assim então. Talvez Satoru-san esqueça disso tudo.

Haru assentiu, entristecida. Tsuki a olhou por um momento. Ela desejava ver a filha feliz, porém tudo indicava que as coisas se complicariam.

Quando a semana terminou, Haru precisou encarar o fato de ir trabalhar na segunda-feira. Ao chegar ao colégio, seus alunos a cumprimentaram e vários perguntaram se ela melhorara. Haru percebeu pelos olhares preocupados que seus alunos realmente se importavam com ela e ficou feliz por isso. Porém ao chegar na sala dos professores, logo viu Satoru pondo sua maleta sobre a mesa para pegar os materiais de aula.

Haru cumprimentou Setsuko, que sorriu e perguntou se ela estava melhor. Haru falava baixo, porém nem isso fez com que Takashi não a olhasse. Ela foi até sua bolsa e tirou de dentro a pasta para a aula, quando Takashi se aproximou.

— Haru.

Ela franziu a testa, nervosa.

— H-Hum. Bom dia.

— Estava doente?

— S-Sim.

— Está melhor?

— Hum.

— Eu queria conversar. Você correu de mim naquele dia. – disse ele calmamente – Podemos nos encontrar...?

— Preciso ir para a aula.

Haru passou por ele repentinamente, adentrando o corredor e desaparecendo. Setsuko notou a situação e escreveu algo em um pedaço de papel, levantando e indo até Satoru.

— As coisas não parecem boas, Satoru-sensei. – ela cantarolou seu nome, brincando.

— Hum. – ele concordou – Ela não me entendeu muito bem na última vez que nos vimos. E agora não consigo explicar.

— Ai, ai. – Setsuko suspirou – Haru é estranha às vezes, mas, olhe. – ofereceu o papel, que ele pegou – Se ela correr de você de novo, vá até o apartamento dela. Pelas coisas que Haru me contou vocês ainda não chegaram nos finalmente, não é?

Satoru corou.

— Nós...? Hum, não.

— Bobinho. Será que é isso? – ela pensou, pondo o dedo na bochecha – Haru não é virgem, mas acho que ela apenas teve um homem, sabe.

— Mayuru-san... – disse ele, envergonhado.

— Desculpe. Não posso dizer essas coisas. – Setsuko repetiu como se já houvessem o dito à ela – E pode me chamar de Setsuko. – sorriu – Boa sorte.

Setsuko pegou suas coisas e foi em direção à sua aula. Satoru observou o papel, olhando atentamente para o endereço de Haru.

A manhã passou como em um piscar de olhos. Logo o sinal soou e os alunos levantaram para o almoço enquanto Haru falava pela última vez as páginas dos exercícios para casa. Ela fitou Ame, que a olhou de forma preocupada. Haru sorriu, fazendo um aceno de cabeça e Ame sorriu de volta, saindo da sala com os amigos.

Haru se sentou à mesa, arrumando seus cadernos e fechando o livro de literatura. A sala de aula rapidamente ficou vazia, o que ela notou apenas quando a porta se fechou. Haru guardou suas coisas dentro de sua pasta e não notou a porta se abrir e fechar. Quando levantou, gelou ao ouvir seu nome.

— Haru. – disse Takashi.

Ela o olhou, apreensiva.

— Sim?

— Preciso falar com você.

Haru segurou a pasta à frente do corpo, abraçando-a.

— Não tenho nada a falar.

— Sobre o que eu disse...

— Que loucura foi aquela?

— O que? – ele não compreendeu.

Haru hesitou, porém era fundamental que ela mentisse para que ele a deixasse em paz.

— Falou que eu era metade lobo. Como assim?

— Você é. – ele sorriu – Eu sei.

— Não, não sou. Coisas inadequadas não devem ser ditas. Vão pensar que é louco. Por favor, me dê espaço.

Ela andou, passando por ele e pôs a mão na maçaneta, porém Takashi segurou em seu braço, virando-a.

— Se eu disse uma loucura, por que correu?

Haru hesitou.

— Foi uma reação ao que disse.

— Você é uma péssima mentirosa, Haru.

— Deixe-me em paz. – exclamou ela, soltando-se e saindo.

Takashi suspirou ao vê-la desaparecendo pelo corredor mais uma vez. Se perguntava por que era tão difícil conversar e explicar a Haru o motivo de ter dito aquilo. Pôs as mãos dentro dos bolsos e sentiu o papel que Setsuko que dera mais cedo em um deles. Viu mais uma vez o endereço de Haru e teve certeza de que não teria escolha. Porém durante o resto daquela semana, ele deu o espaço que ela desejava.

No fim de semana, Haru visitou os pais em casa. Contou o que acontecera e que Satoru não a importunou mais. Pensava ela que ele começara a perder o interesse no assunto. Sua mãe, Ame e ela fizeram um bolo juntas e o decoraram. Houve bagunça e todas se juraram. Haru finalmente riu depois de dias. O dia realmente fora divertido.

Quando ela voltou para casa, encheu a banheira com água quente e entrou para tomar um banho. Haru recostou as costas na banheira, seu cabelo estava preso em um coque e ela usava uma faixa na cabeça para segurar a franja. A água estava quente à ponto de todo o banheiro ficar embaçado. Quando terminou, foi para o quarto e pôs um short e uma camisa, ligando o aquecedor. Soltou o cabelo e tirou a faixa, penteando-o.

Haru se olhava no espelho, observando seu longo cabelo castanho ser acariciado pela escova. Quando pôs a escova sobre sua mesa, ouviu a companhia tocar. Andou até a porta, abrindo-a calmamente e arregalando os olhos ao ver Satoru em pé a sua frente.

— O que está fazendo aqui? – perguntou ela, nervosa.

— Estou disposto a ficar em frente a sua porta toda a noite se precisar. Podemos conversar?

Seu olhar era sério e ele estava disposto a isso realmente. Haru desviou o olhar e abriu mais a porta para que ele entrasse. Satoru observou a sala de Haru, vendo duas portas à direita e uma no fim da sala à esquerda. Haru fechou a porta e o olhou, hesitante.

— Quer algo pra beber? – ela perguntou.

— Não, obrigada.

Haru se sentou na poltrona à esquerda e ele no sofá. Ela não o olhava, apenas mantinha seu olhar baixo, temendo que ele agora tivesse alguma prova sobre seu segredo. Satoru suspirou, começando a explicar finalmente.

— Percebi que não me expressei bem naquele dia. Apenas disparei aquilo e você ficou nervosa.

— Ainda não sei do que está falando. Quem te deu meu endereço?

— Setsuko.

— Claro... – pensou.

— Haru... Sua família também é.

Ela cerrou o punho.

— Pare de dizer bobagens.

— Eles moram na casa mais distante, bem perto da floresta. Não sei se sua mãe ou seu pai lhe deu isso, mas com certeza um dos dois é. Pessoas com essa herança são raras. Nós somos raros.

Ela o olhou em dúvida.

— Como assim?

Satoru abaixou o olhar, sorrindo.

— Pensei que eu fosse o único.

Haru arregalou os olhos. Para ela parecia ser uma brincadeira de mau gosto. Ela levantou e foi até ele, cerrando os punhos.

— Pare de fazer brincadeiras.

Ele levantou o rosto em sua direção.

— Não estou brincando e nem mentindo. – ele levantou – Se fechar as portas, mostrarei.

Haru fitou as portas duplas que davam para a varanda. Ela hesitou, porém pegou em sua mão e levou Satoru para o quarto, fechando a porta e as cortinas da janela.

— Mesmo com as portas fechadas podem ver do prédio vizinho. – explicou – Não estou dizendo que acredito. Apenas mostre, mentiroso.

Satoru sorriu e tirou o casaco e camisa.

— Você se contraria demais, Haru.

Ela franziu as sobrancelhas e o olhou tirar os sapatos. Satoru a olhou ao terminar de fazê-lo, ficando descalço. Haru arregalou os olhos ao ver. A pelagem negra surgira, cobrindo todo o corpo de Satoru. Orelhas grandes de lobo surgiram de sua cabeça e suas mãos, tanto quanto seu próprio corpo, aumentaram de tamanho. Quando seu rosto passou a ter um focinho longo de lobo, Haru pôs as mãos sobre a boca, começando a chorar.

— Não estava mentindo. – disse ele – Vocês sabem guardar seu segredo.

Haru tampou o rosto, chorava sem parar. Satoru não compreendeu sua reação. Quando descobriu, ficou feliz por Haru ser como ele. Ele se aproximou e a abraçou. Haru sentiu sua pelagem aquecendo-a.

— O que houve?

— Eu... Desde criança quis que existissem mais pessoas como nós... – ela pôs a mão sobre seu peito, apertando a pelagem – Demorei anos para aceitar que não havia e me odiava por ser diferente. E agora...

— Hum. – ele a abraçou mais forte.

Satoru cessou o abraço, olhando-a e passando seu dedo sobre a bochecha de Haru, limpando a lágrima que descia. Haru pôs a mão sobre a dele, piscando lentamente e virando a loba de pelagem castanha. Satoru encostou o rosto no dela, esfregando-o e lambendo sua bochecha. Haru fechou os olhos e fez o mesmo, dizendo:

— Quero ficar com você... Pra sempre.

— Eu também quero.

Haru o abraçou, voltando a ser uma pessoa. Assim como Satoru, que a pegou no colo e levou-a para a cama. Haru foi deitada sobre o cobertor roxo enquanto Satoru a observava, tocando seu rosto. Ela corou, vendo-o sobre si e sua mão indo em direção à sua camisa, que cada vez mais era levantada. Ele deixou-a apenas de sutiã, beijando-a mais uma vez.

— Satoru-san...

Ele cessou, ficando próximo de seu rosto fazê-lo.

— Por que não me chama de Takashi?

— Hum... – ela semicerrou os olhos – Eu dormi... Apenas com uma pessoa. E não foi tão bom, então...

— Hum. – ele sorriu – Setsuko me disse. Ela fala demais.

— Sim. – Haru sorriu.

Takashi tirou seu short, beijando-a. Haru ficou envergonhada todo o tempo com seus toques e carícias, porém ele fora gentil e cuidadoso. Quando terminaram, permaneceram debaixo das cobertas. Takashi enrolava seu dedo nas longas mechas marrons de Haru enquanto ela estava deitada em seu peito.

— Quando descobriu? – perguntou ela – Você já sabia da minha família?

— Não. – disse ele – Eu já vira seus pais algumas vezes na cidade e acho que Ame-chan também, mas nunca falei com eles. Sei que eles vendem verduras e outras coisas, mas não sabia nada além disso. Descobri quando sua irmã veio me entregar aquela papelada no começo do ano letivo.

— Como?

Ele sorriu.

— Senti o cheiro dela.

— Eh? – ela o olhou.

— De uma forma brusca de dizer... Senti... Os feromônios dela. Ela é adolescente, então os hormônios estão descontrolados. Acho que foi isso.

— Entendi. – Haru achou graça – Bem animal.

— Hum. – ele assentiu – Como ela é sua irmã, quis saber se você também era. Na verdade eu já estava interessado em você.

Haru corou levemente, sorrindo.

— Confesso que fiquei feliz quando também senti seu cheiro.

— Por isso fez aquela cara estranha?

Ele corou, envergonhado.

— Sim...

Haru riu.

— Seus... Pais são? – ele perguntou – Os dois?

— Não. Apenas meu pai.

— Como sua mãe reagiu quando ele contou?

— Ela não sabia enquanto namorava com ele... E teve um tempo que ficaram separados por causa de uma briga. Mas quando ela voltou, ele contou. E ela aceitou porque o ama.

— Ah... – Takashi pensou – Diferente.

— E seus pais?

— Os dois são. Moram em Tokyo.

— Ah.

— Eles nasceram e viveram na cidade. Ficaram impressionados ao se encontrarem. Minha avó paterna disse à ele que não existiam muitos e que seria sorte se ele alguém igual à eles. E minha mãe era adotada. Meu pai ensinou tudo à ela sobre isso, ela não sabia o que era, apenas escondia. Eles se conheceram na faculdade. Minha avó sabia como identificar o cheiro de um semelhante e ensinou ao meu pai, que me ensinou quando fiz 16 anos.

— Hum. – Haru assentiu – Por que veio pra cá?

— Gosto da natureza. E queria começar do zero em algum lugar.

— Que bom que foi aqui. – Haru sorriu.

Takashi sorriu, deitando de lado e beijando-a. Haru corou, sorrindo levemente.

— Pode ir comigo na casa dos meus pais amanhã? – ela perguntou.

— Claro. Conhecer seus pais?

— E explicar que você é um de nós. Contei à eles que você sabia sobre mim. E no momento Otousan não gosta de você.

— Eh... – Takashi sorriu sem jeito – Claro.


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