I'm the Last - Ruínas de Akhalen escrita por LinePhanie


Capítulo 2
Terra de Ninguém


Notas iniciais do capítulo

R'oi eu tô reescrevendo.
Neste mundo, o pastor cuida dos lobos sedentos.



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"Os renegados a mim dirão, aqui há de ser o fim de nossas lamentações. Mal sabem eles, que aqui não há lugar para sequer pensar, mas sim apenas correr e tentar adiantar a morte. Não seja consumido."

Não havia casa para onde correr ou um lugar a chamar de lar e chorar, para descansar seu corpo dolorido e sua mente inquieta, passava de forma desconfortável suas noites vagando como um vigia calado pela imensidão noturna, buscando desesperadamente um feixe de luz para trazer calor a sua mente perturbada.

Quando há muito tempo as luzes começaram a se apagar muitas das estrelas foram derrotadas e capturadas pelas sombras, trazidas em chamas para o solo que um dia já fora fértil.

Tudo dentro destas ruínas era absolutamente real e vibrava em cordas que enlouquecia os desavisados que naquela terra cinzenta viessem. Alguns vieram e nunca mais voltaram para casa, mas depois de um tempo não havia mais para onde voltar. Não se tinha corpos ou restos mortais por ali que pudessem encobrir pegadas, tudo havia sido varrido para as chamas que continuavam a queimar, pois tudo era consumido.

Mas o cheiro de carne queimando era vivo e recente em sua mente como se o tempo houvesse parado, congelado naquele último instante de destruição como um ciclo sem fim, que a muito o atormentava.

Caminhando silenciosamente em meio às cinzas, entre as incontáveis rochas e pedregulhos. Eram passos suaves em uma terra bruta, mas o cuidado era pouco e logo podia sentir aquela sensação inconstante de ser vigiado e perseguido na calada da noite por olhos ligeiros e garras afiadas. Fome. Saciar a fome era seu único desejo atualmente, isso parecia consumir a mente da criatura.

Akhalen tornou-se irreconhecível, antes era sinônimo de sentimentos bons e mentes corajosas, a energia deste mundo era abundante. Agora, permanecia submersa na escuridão eterna. Nada no universo se atrevia a entrar em seus domínios. Morta e seca, era isso que ela queria quando consumiu a matriz?

Pés e mãos envoltos em ataduras sujas, assim devido aos muitos cortes e arranhões que obteve ao longo dos tempos após caminhadas e escaladas, o sangue fresco se misturava com o antigo em memórias distantes, carne dilacerada. Um tecido esfarrapado e uma malha eram tudo que este ser tinha, mas que nenhuma proteção traziam. Por fim, uma capa longa para cobrir-se junto a um capuz, protege-se do frio mesmo em uma terra ardente. Irônico talvez, mas este não chegava nem perto do que a atormentava.

Aquele lugar era vazio de luz, mas não de fome. A este momento do qual era um dos poucos que o planeta recebe feixes de luminosidade escassa, nada era avistado e por mais que a sensação perturbadora já pairava no ar e na terra, nem se igualaria ao que estava por vir assim que a escuridão engolisse o vale novamente.

E assim por maior parte do tempo, a corrida pela sobrevivência enquanto "cuidava" daquele local, iria recomeçar. Espere, cuidado? Cuidar, cuidar do quê?

Ali não havia espaço para o medo, então do que deveria pensar em manter seguro senão a si mesmo? O medo era seu pior inimigo para quem estava tentando não ser manipulado, além de ser uma das diversas faces da criatura obscura que por ali rondava, cercava e corrompia qualquer sentimento positivo que encontrava. Tornar-se à altura do que o que te assusta era a única saída para se obter uma pequena vantagem das muralhas do mal.

Nesta gaiola havia um pássaro da qual as asas foram arrancadas e as patas acorrentadas, podia correr, mas não para muito longe. Ali ele era pastor dos lobos negros e sedentos, que a muito desejavam devora-lo. Correndo, correndo, não pare, eles estão vindo. Você precisa achar a matriz, purificar a matriz.

Consumir a matriz...?

A matriz era o que sustentava esse universo, foi colocado aqui pois era um lugar seguro. Toda a energia vinha de lá e toda energia segurava o mundo e a vida de pé. Assim, a pequena criatura pensou em seu momento breve de sanidade que deveria encontrar a matriz, mas para quê?

Sua mente estava apagando, mas ainda tinha alguns momentos para enfim, diante de tantos olhos, poder ter no mínimo um instante de descanso que tanto aguardará. E assim em silêncio foi esgueirando-se pelas rochas e sentando-se encolhida em um pequeno canto, pôde observar ao longe em uma visão turva o nevoeiro se iniciar aos poucos.

Os Sombrios ficam mais ágeis na escuridão, mas sempre está escuro agora. Corra. Corra!


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Notas finais do capítulo

Então, obrigada se você leu até aqui, qualquer crítica é bem-vinda.