I'm the Last - Ruínas de Akhalen escrita por LinePhanie


Capítulo 1
Last


Notas iniciais do capítulo

A história será em narrativa, mas o prólogo eu uso mais como uma demonstração do protagonista sobre a visão dele dos acontecimentos.
Aqui ele é o pastor dos lobos sedentos.

Reescrevendo~



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 Quem é você?

As correntes do fim me sufocam desde o início. Como um corvo engaiolado nesta terra vazia, quase sem vida e quebrado do bico até a última pena da cauda, assim eu rastejei pelas entranhas da terra em busca do último resquício de energia, desesperado para viver. Aqui criei meu jardim de almas, pois aqui é tudo que resta delas.

Este mundo é todo em tons escuros, o chão é uma areia preta, densa e quente demais para meus pés descalços. Há rochas, alguns pedaços de pedras que não sei dizer se são estátuas ou edifícios destruídos. A região é vasta e sufocante.

Não há mais nada para se observar aos céus, pois se ele ainda existe é incerto, uma grossa camada de poeira se estende por toda imensidão, mantendo a escuridão densa diante de meus olhos luminosos. Tudo que já brilhou um dia hoje já foi consumido. O que uma vez foi livre, hoje você vê apenas em correntes.

Assim, eles cortaram nossas asas, algemaram nossa liberdade e beberam nosso sangue até a última gota. Mas, estranhamente, ninguém ousou gritar por ajuda para o céu. Talvez o medo tenha nos calado, talvez algo nos fez olhar para nós mesmos e nos matarmos uns aos outros. Eu rastejei para fora daquele mar de sangue antes de chegar a essa superfície, e ela já não existia mais como um dia eu a conheci. Sinto que meu corpo está podre, talvez haja algo quebrado dentro dele, pois não há um momento que eu não sinta dor. Eu me acostumei com ela, então está tudo bem, eu acho.

Eu acho perdi o que nunca tive e talvez nunca mais tenha. Um silêncio mortal afogou todos os meus sentimentos, sinto apenas fome, uma fome que afunda meu estômago e me enlouquece a todo momento. Estou tentando suportar isso agora. Sinto que me consome, mas também sinto que consumo algo. Estou pensando sobre tudo isso agora, preciso manter minha consciência.

Eu sou a morte, ou sou o que restou dela. Não de fato a própria, mas eu carrego comigo um contrato mortal, selado a muitos anos em meu corpo. Me condenando a viver sozinho num lugar onde antes era repleto de luz e energia, mas hoje, corrompido, consumido e destruído pelo medo e a ganância de uma única criatura.

Onde ela está agora?

Não se ouviu mais o som das vozes, dos risos e das canções. Tudo engolido pela tempestade. O silêncio tomou voz, o transformando em uma terra desgarrada. Sendo afastada das outras como o símbolo do vazio absoluto. Eu estou aqui, sozinho? Não.

Mas por que estou aqui?

As almas desta terra permanecem aqui como sombras devoradoras de esperança, ou energia, como quiser chamar. Aqui ninguém vem, pois ninguém se atreve a enfrentar o terror que se esconde atrás de cada viga ou parede em pedaços. O único som que aqui temos é o fraco timbre contínuo dos gritos de medo que permaneceram marcados no tempo. Às vezes sendo mais fortes e realistas para atrair suas vítimas ao desconhecido.

Mas que vítimas se nenhuma outra criatura ousa pisar na Terra de Ninguém? Pois bem, eu permaneci neste mundo e mantenho meus dias nesta ruína desde que ele veio a sucumbir ao medo e cair. Permaneço aqui como um guardião, o que protejo? Bem, isso eu também gostaria de saber. O que anseio? Eu não sei dizer, mas nem mesmo assim eles me poupam. As sombras cada vez mais famintas me perseguem, me caçando como se eu fosse o último pedaço de carne existente para eles, apesar de realmente de fato ser.

A todo momento tenho que rondar cada canto deste planeta, em passos largos, cujo solo é quente e as vezes arde em chamas. Em meio a destroços, um nevoeiro se cria, para me proteger. Mas assim dizendo, a destruição de tudo ocorreu há centenas de anos, como estou aqui ainda? Como posso sobreviver a tudo isso?

Há feixes de luz, são poucos e ralos, mas eles de alguma forma me alimentam há milênios. No entanto, com o tempo se esvaindo eles também estão sumindo, as vezes me deito e apago completamente pela fome e quando acordo ouço apenas gritos em minha mente. Não sei o que farei quando… não, não irão acabar, não deixarei.

Quando eu consumo aquele feixe de energia me sinto bem, tão bem que posso esquecer que este mundo existe. Mas também me sinto tão triste, não consigo me lembrar do passado. Talvez este lugar permanecesse como sempre foi e continuará sendo. Ou talvez… as sombras guardaram as suas últimas forças a fim de ultrapassar o espaço e arrancar dos mundos a luz que lhes resta.

Se não a luz, não a energia.

Não posso perder a consciência, estou com fome, muita fome, mas eu não me lembro de nada depois disso. Me encolhendo em uma bola, as sombras vão me alcançar agora? Eu não sei.


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Notas finais do capítulo

Obrigada se você leu até aqui. Eu espero muito do próximo. Até mais.