F o r g o t t e n escrita por Lua Chan


Capítulo 5
Ryan Salazar




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"Você pode me chamar de Sete." a garota falou com tamanha naturalidade que me assustou. Seis não baixou a guarda, suas espadas ainda estavam apontando para ela. Noah estremeceu, mas escondia uma arma de fogo nas próprias costas.

"Sete, hein." Seis repetiu como se achasse graça "Por que você tem esse nome?"

"Por que não começa dizendo o motivo de você ser chamado de Seis, hein?" ela sabia. Como isso era possível? Seis e os outros 5 caras mais perigosos da Terra costumavam manter sigilo sobre suas identidades. Não tinha ideia de como ela poderia saber sobre Seis "Como consegue perceber, a não ser que seja idiota, eu sou a sétima pessoa mais perigosa do mundo. Passei a minha vida inteira pesquisando sobre os outros seis. Vou ser sincera, sempre me espelhei em você, cara das espadas."

"Katanas." retrucou silenciosamente, escondendo ambas as armas na manga do uniforme verde "São katanas. Deveria saber das milhares de armas que costumamos utilizar, sabe. Já que você é a sétima."

"Que meigo. Posso te chamar de leprechaun?" Seis ergueu a sobrancelha, um pouco impaciente "E quem são essas gracinhas?" ela apontou para mim e para Noah. Me senti ofendido por ela ter tomado Seis como o líder do grupo, apesar de ele realmente ser. Noah mostrou um sorriso de orelha a orelha, tentando parecer atraente para Sete. Eu tinha que admitir, ela era linda, mas não fazia o meu tipo. Sem contar que eu ainda tinha esperanças com a Circe.

"Noah Nixon ao seu dispor, minha dama." ele fez uma mesura exagerada. Sete reprimiu uma risada. Acho que gostou dele.

"A propósito, onde estamos?" perguntei após Noah e a garota pararem de se encarar. Sete abriu os braços como se fosse uma apresentadora daqueles programas de TV e curvou um pouco a coluna.

"Bem-vindos a Nowhere. População: 487 humanos e 234 EVOs. E ainda contando." ficamos em silêncio, esperando que ela falasse mais alguma coisa. Como nada foi dito, fiz as minhas observações.

"Nowhere? Que nome estranho pra um lugar arquitetado pela Breach." à menção do nome da capanga de Van Kleiss, o sorriso de Sete se desmanchou. Era óbvio que eu teria tocado num assunto  ruim para a garota "Qual é o problema? Também não é uma fã da Breach? Entra na fila."

"Breach é cruel conosco." explicou, cabisbaixa "Ela nos trata como bonecos por aqui. E se algum boneco se quebra, bem... "

"Então ela o joga fora." completei "Acredite, eu sei como é. Já fiquei preso numa dimensão psicótica criada por ela. Sou Rex Salazar, por sinal."

O rosto dela voltou a se iluminar. Era como se eu tivesse dito que sou o salvador da pátria.

"Sabia que o conhecia de algum lugar! Seu rosto é bastante conhecido em Nowhere."

"Como assim?" perguntou Noah "Está querendo dizer que tem um outro Rex nesse lugar?"

"Talvez." a garota cruzou os braços e deixou que o vento lambesse seus cabelos "Todos o conhecem como O Rei de Nowhere. Ele costuma acabar com os EVOs daqui, as pessoas o amam. Menos eu."

"Só me fala quem não amaria alguém como eu? Soy increíble!" exclamei. No mesmo instante, ela ergueu a mão.

"Qual é o problema desse... Rex?" Seis se pronunciou depois de minutos em silêncio.

"Digamos que a política de conteção de EVOs dele é bem polêmica. Venham, eu vou mostrar a vocês."

Mesmo com a insegurança rasgando meu estômago, seguimos a estranha garota. Ela nos levou até um trailer completamente desgastado, como se estivesse aí por anos. Quanto a isso, não duvidaria tanto. Ao abrir a porta, Sete foi atacada por uma coisa pequena que se parecia com um cachorro, mas era mais esquisito. Ele tinha dentes afiados e uma língua bifurcada. Da sua cauda, uma labareda flamejante balançava à medida que a coisa se mexia.

"Quem é o melhor cachorro de todos? Sim, é o Ally!" Sete forçou uma voz infantil e abraçou o cachorro EVO. Ele parecia estar incomodado com estranhos, já que o fogo da sua cauda cresceu e ele começou a rosnar "Esses são os meus convidados, Ally. Seja bonzinho."

"Se essa coisa arrancar o meu braço, eu te mato." Noah sussurrou em meu ouvido. Ally deve ter escutado e talvez entendido, já que continuou rosnando.

"Então... o que quer nos mostrar?" perguntei enquanto Sete usava um computador que estava sobre a mesa. Ela não me respondeu, mas virou o aparelho para nossa direção. A tela mostrava quatro quadrados pequenos, pareciam vídeos de segurança. Em cada um, havia um garoto de cabelos negros lutando contra diferentes EVOs.

"Essas são imagens de algumas câmeras espalhadas pela cidade." Noah chegou mais perto como quem quisesse analisar cada uma com mais atenção.

"Esse cara se parece com o Rex!" concluiu.

Era verdade. O garoto da tela era idêntico a mim, com exceção de algumas características. Ele, por exemplo, usava uma jaqueta igual a minha, mas no lugar do laranja, o preto predominava. As duas listras em cada braço eram brancas. Ele tinha olhos vermelhos, brilhantes e assassinos. Máquinas negras eram projetadas de seus braços, mas elas não eram utilizadas apenas para ele se defender contra os EVOs. Ele as usava para matá-los.

"É exatamente o que devem estar pensando." Sete continuou a falar, sua voz estava quase se perdendo em minha mente. Eu mal conseguia tirar os olhos daquele garoto. Mal conseguia respirar ao ver tanta carnificina "Esse é Ryan Salazar. EVO, vilão, mercenário e rei de Nowhere. A mais perfeita imitação de um ditador doentio."

"Vocês... não podem ter um cara como ele aqui." forcei minha voz a funcionar, mas eu ainda estava perdido nas filmagens da minha 'sósia' acabando com os monstros, mostrando um sorriso enigmático "Ele é um monstro!"

"Acha que não tirei as minhas próprias conclusões quanto a ele, Rex?" à menção do meu nome, olhei para Sete, atordoado "Eu luto há 6 anos tentando acabar com Ryan, mas ele é muito poderoso e influenciador. Como eu disse, ele é importante para os cidadãos de Nowhere."

"Adoraria dar uns socos nesse idiota." falei, mordendo a língua "Onde ele está?"

Antes que alguém pudesse falar algo, um barulho de estática foi emitido pelos comunicadores. Eu, Noah e Seis nos entreolhamos e pedimos licença à garota. Era uma mensagem de Holi, com certeza.

"Rebecca," Seis começou a falar "precisamos de atualizações. O que você tem para nós?"

"A dimensão que vocês habitam se chama Nowhere" a voz de Holiday encheu meus ouvidos, apesar de já sabermos daquela informação "Os dias costumam ser muito mais curtos por aí. Têm aproximadamente 16 horas de duração."

"É, acho que isso ficou bem claro." Noah respirou fundo e contemplou a paisagem quase negra do grande deserto de Breach. Estava mesmo escurecendo.

"De qualquer forma, tenho más notícias... O tempo nessa dimensão é completamente bagunçado. Um dia no nosso mundo equivale a aproximadamente 15 anos em Nowhere. Breach pareceu bem específica ao fazer isso."

"E isso seria ruim porque..." insisti, praguejando pelo meu lento raciocínio. Seis olhou discretamente para mim, como já tivesse conseguido a conclusão.

"Não entende, Rex?" Noah falou, tomando o lugar da doutora, sua voz estava trêmula e embargada "Quando o dia em Nowhere terminar, nós envelheceremos em 15 anos!"

"E não é só isso." uma voz masculina emergiu nos comunicadores, era David Harshaw "Se não conseguirem voltar para cá daqui a 4 horas, vocês ficarão presos em Nowhere. Para sempre."


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Notas finais do capítulo

Ryan: nome de origem irlandesa. Significa "pequeno rei", "reizinho".

Rex: nome de origem latina. Significa "rei"

Nowhere: Do inglês, "Lugar Algum"



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