F o r g o t t e n escrita por Lua Chan


Capítulo 4
Sete




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"Todas as unidades estejam em alerta. Repito, todas as unidades em alerta." Seis falou pelo seu comunicador. Estávamos desesperados, nem sabíamos por onde começar a procura. O ninja sugeriu que eu ficasse cuidando de Rebecca, mas era algo arriscado demais. Eu sou a arma secreta da Providência e como tal, eu devo proteger as pessoas. Doutor Harshaw acabou ficando com ela.

"E se ele tiver escapado daqui?" perguntei tentando afastar as possibilidades de termos um metamorfo sequestrador de crianças solto pela cidade.

"Ordenei que todos os portões fossem fechados. Ele não tem saída."

"No comprendes? O cara é um metamorfo, Seis. Ele pode se transformar em um maldito inseto num piscar de olhos." paramos de correr por um segundo, precisávamos organizar nossas mentes.

"Em primeiro lugar: como um inseto pode carregar um bebê? E em segundo, pare de tentar falar espanhol. Seu sotaque forçado me distrai."

"Mas soy mexicano!" Seis iria falar mais uma coisa, mas foi interrompido por um estrondo originado do Zoológico dos EVOs "É o metamorfo, não é?"

"Não tenho dúvidas."

Andamos até o portão de entrada do zoológico, mas ele não abriu. Seis tentou desesperadamente apertar todos botões, parece que o estresse o fez esquecer de que eu posso me comunicar com as máquinas. Pedi espaço para ele e comandei meus nanites a trabalharem no painel de controle. As linhas luminosas se transferiram até o equipamento metálico, gerando um traço curvilíneo de fumaça. O sistema me obedeceu, como esperado. Ao abrirmos a porta, nos demos de cara com a paisagem normal do zoo. Muitos bichos estavam por lá, em cima das árvores, dentro do grande rio que o lugar possuía. Até mesmo lutando um contra o outro.

"Não acha que está muito calmo por aqui?" arrisquei, olhando para todos os lados possíveis. Seis fez o mesmo, lançando o olhar áspero que sempre ostentava.

"Calmo até demais." o silêncio me deixou ansioso. À medida que andávamos, os animais nos encaravam como se fôssemos seu almoço. Engoli em seco e segui os passos do ninja, cuja coragem entorpecia parte da minha aflição.

De repente, um ruído. Era diferente dos outros que eu havia escutado, mas me parecia familiar. Um arrepio se projetou por toda a minha espinha, meu estômago se embrulhou em poucos segundos. Eu sabia o que aquilo significava.

"O que aconteceu, garoto?"

"Breach aconteceu." não sei quanto tempo Seis precisou para decifrar a mensagem, mas notei que ele não se importou muito com o ocorrido. Apenas desembainhou mais uma vez suas katanas e preparou para o inevitável "Ela está aqui."

"Rex? Seis?" a voz de Rebecca em nossos comunicadores, seguida pela estática me deixou mais aliviado. Seis ergueu a sobrancelha e levou dois dedos ao ouvido, assim como eu.

"Holi, como você está?"

"Graças a Deus tudo ocorreu bem." ela nos tranquilizou com sua voz serena "Mas o que houve por aqui? Disseram que estamos em estado de alerta."

"Doc, é o seguinte" comecei "a verdade é que Violet foi-"

"Foi levada à ala médica." Seis me cortou rapidamente "Os médicos disseram que você ainda não pode vê-la. Vocês duas precisam descansar."

"Droga. Certo, você venceu. Não demorem, por favor." e então a transmissão foi encerrada. Seis olhou para mim com um tom de decepção.

"Por que você mentiu pra ela?"

"Rebecca não merece saber que Violet foi sequestrada." explicou ele "Não ainda. E você vai ficar calado."

"Whoa whoa whoa. Isso foi uma ameaça?"

"Tome isso como quiser, apenas me obedeça." 

Mais um ruído foi originado. Nós dois olhamos para trás ao mesmo tempo. Lá estava ele, o EVO metamorfo. Ele assumiu a forma de um dos agentes com uma roupa branca e um tecido preto cobrindo a cabeça. Violet sequer estava chorando. Será que ela seria como o pai quando crescesse?

"Sinto muito, mas acho que não posso fazer isso, Seis." 

Construí minhas botas gigantes e dei um passo largo até o EVO. Eu tinha que ser rápido, Breach havia produzido um de seus portais avermelhados para ele passar. Se o metamorfo fizesse isso, poderíamos ter mais dificuldades para resgatar Violet.

"Rex, não avance!" Seis gritou de longe, lançando uma de suas espadas no portal. A katana atravessou, mas não conseguiu deter o monstro. O 'agente' entrou no círculo vermelho e flutuante que se desestruturou bem na nossa frente. Ele se foi, assim como Violet.

"Não!" 

Meu coração havia parado de bater com tanta intensidade. Desfiz meu par de botas e caí de joelhos no chão, segurando um maço dos meus cabelos negros.

"Ela... ela se foi..." Seis falou sem mostrar muitas expressões. Se eu tivesse uma forma de ler seu coração, sabia que veria tristeza e dor. Quem não se sentiria assim?

"Quem se foi?" a voz de Holi se projetou novamente pelos comunicadores, não fazia ideia que ela estava nos ouvindo. Seis baixou a cabeça e depois olhou para mim, como se estivesse me perguntando se contar para ela era mesmo a coisa certa a se fazer. Ele pôs a mão na orelha e a respondeu.

"Rebecca, precisamos conversar."

(. . .)

Foi difícil para a doutora processar tudo. Fomos obrigados a contar o ocorrido para ela. Sobre o EVO, sobre Breach. Sobre Violet ter sido roubada de nossas vidas, quem sabe para todo o sempre. Aquilo não me fez sentir melhor, claro. Apesar de eu gostar de ter Seis e Holiday só para mim, nunca desejaria algo tão ruim como isso acontecer para a filha deles. Me senti culpado, mas não disse para Seis ou Holi. Senti que a culpa de ela ter sido sequestrada era toda minha. Era eu quem estava reclamando de ter mais alguém na vida de Rebecca e de Seis. Me obriguei a tirar tais pensamentos da cabeça, agora tínhamos que focar em resgatá-la.

"Acho que finalmente consegui." disse Holiday, após ter se isolado por 3 horas em seu laboratório. 

Ela estava tentando encontrar uma maneira de rastrear o portal que arrancou a filha de suas mãos. Holi disse que Breach deixava pulsos de energia quando fabricava seus portais. Apesar de fracos, a doutora conseguiu encontrar a última manifestação de Breach: há aproximadamente 26 horas, no zoológico. Exatamente no dia em que Violet sumiu.

"Então vamos tentar reproduzir o portal, doutora Holiday." sugeriu Harshaw, que não nos abandonou até agora. Não sabia se não o tinha feito por interesses científicos ou por realmente se importar com Holi.

David segurou uma máquina pequena e metálica, apertando num botão azul. A coisa produziu um raio vermelho, quase idêntico a um portal da Breach. Um ambiente novo se formou a partir do círculo vermelho, um lugar cheio de areia. Tomei um passo para frente, tentado a entrar, mas Holi me deteve. Noah, que também estava no laboratório, tomou um susto.

"Seis, Rex, Noah. Vocês entrarão em um local completamente desconhecido." Rebecca advertiu "Pela leitura anormal dos rastreadores, essa dimensão provavelmente foi criada pela Breach de alguma forma. Van Kleiss deve ter aprimorado as habilidades dela."

"Cara, eu só queria escapar do dever de casa." Noah murmurou "Espero que eu possa voltar com todos os meus membros."

"Todos os 3 usarão comunicadores especiais. Mesmo nesse lugar vocês poderão falar conosco." David completou, entregando-nos 3 equipamentos minúsculos. Colocamos nos ouvidos.

"Boa sorte, amor." Holi envolveu os braços no pescoço de Seis e o beijou. Olhei para o lado, para não tornar aquilo mais constrangedor. Adultos são tão estranhos...

"Obrigado, Holi."

Depois de tantas falas, entramos na vasta imensidão de areia.

(. . .)

Meus ouvidos ficaram tapados, foi difícil ouvir a voz de Seis ou de Noah. Após balançar a cabeça, eles voltaram ao normal. Seis estava em pé, testando o comunicador. Estava funcionando, pelo jeito.

Estaremos pesquisando informações sobre esse lugar." disse Holiday do outro lado "Forneceremos atualizações em diferentes momentos. Estejam prontos. Desligo."

O universo que Breach criou era estranho e frio. Mares de areia se estendiam além do alcance de nossa vista. Mesmo assim, havia alguns carros abandonados e uma loja de conveniência a uns 7 metros de distância. Noah levantou do chão, coçando a cabeça e tentando tirar a areia dos seus cabelos loiros.

"Por onde começamos?" perguntou ele.
Acha que eu sei? Não faço ideia de onde estamos e-"

"Cuidado!" Seis me interrompeu, cortando o ar com as novas katanas, dadas pelo Cavaleiro Branco como cortesia. Não entendemos o que ele estava fazendo, fomos atirados novamente ao chão.
As respostas foram dadas em menos de 2 segundos. Duas flechas de ponta vermelha escarlate foram lançadas na direção do ninja. Que bom que ele foi tão ágil e desviou as duas com as espadas. 

"Quem atirou essas coisas?" pedi, me recuperando do impacto. Seis estava olhando para um ponto fixo que não identifiquei devido a areia em meus olhos. Depois de retirá-la, acompanhei sua visão.

"Ela."

Uma menina de cabelos curtos e negros estava bem em nossa frente. Ela segurava um arco e usava uma saia curta sobre uma calça. Ela deveria ter a minha idade, levando em conta seu tamanho e seus olhos castanhos. Um sorriso quase imperceptível se esboçara em seus lábios finos.

"Quem é você?" Seis questionou, diminuindo suas distâncias e apontando as katanas para a garota.

"Sete." respondeu num sussurro audível "Você pode me chamar de Sete."


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