F o r g o t t e n escrita por Lua Chan


Capítulo 6
O Rei de Nowhere




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3 horas. 37 minutos. 06 segundos. E ainda contando...

Esse era o tempo que restava para a nossa condenação infinita. O arrepio voltou a se formar na minha espinha, ninguém ousou falar nada por alguns segundos. Sete nos olhava com uma expressão duvidosa. Será que ela sabia disso? Será que ela tinha ideia do quão doloroso poderia ser ficar preso dentro de um espaço-tempo totalmente diferente do seu? Será que ela foi uma das pessoas afetadas?

"O que aconteceu?" ela perguntou "Pensei que tudo estivesse bem com vocês."

"Estamos mortos!" Noah rugiu. Quando a paranoia o atingia, ele se tornava rude e insuportável "Apenas isso. Pra que se preocupar com dever de casa quando um portal psicótico irá matar a todos nós?"

"Cale a boca, Noah." ordenei, minha paciência já estava esgotando "Temos chances de sair desse lugar." de repente, virei a cabeça para Sete. Pensei na possibilidade de ela saber como escapar dessa incalculável imensidão de areia. Quando perguntei, ela ficou cabisbaixa.

"Tem alguma coisa que quer compartilhar conosco, garota?" Seis insistiu, franzindo os lábios. A garota não parecia intimidada, ela sequer parecia ter medo dele, o que era estranho.

"Tem alguém que pode ajudar vocês, mas receio que não queiram encontrá-lo." disse com um tom sombrio "Existem apenas duas pessoas que podem permitir a entrada e saída de qualquer ser, seja EVO ou humano, de Nowhere. Breach é uma delas, mas ela nunca deu as caras há um bom tempo, portanto sugiro que descartem essa opção. A segunda pessoa é o rei de Nowhere, nosso terrível ditador."

"Não está querendo dizer que vamos precisar de..." hesitei, estremecendo por dentro "Ryan. Está?"

"Sim, é exatamente o que estou dizendo, Rex."

Ótimo. Perfeito! Nossas opções começaram a reduzir. Eram duas delas: conseguir a autorização de Ryan Salazar, minha sósia maligna, ou viver em Nowhere para sempre. Parecia até uma piada. Como conseguiríamos um "sim" de alguém tão terrível quanto esse Ryan?

"Parece que não temos escolha." Seis suspirou, evitando olhar para mim. Sua aura estava incrivelmente abalada, imagino o quão ruim seria olhar nos meus olhos e dizer que nossa melhor alternativa estava nas mãos de um maldito adolescente desmiolado "O que precisamos fazer para agradar esse seu rei?"

"Essa é a questão. Não há nada que o agrade." Sete respondeu, ainda menos confiante que da última vez "Mas vocês têm uma outra opção. Ryan possui um colar que tem guardado há muito tempo, ele sempre o usa. A pedra que o compõe se chama Tempus. Se a quebrarem, Ryan será destruído e vocês não precisarão de seu consentimento."

"Confesso que eu não sei qual das opções é a pior" sussurrei.

"Devemos pensar na mais prudente" Seis articula, olhando para o chão. Ele ficava menos assustador quando não olhava pra mim "Se quisermos sair daqui, teremos que enfrentá-lo, Rex. Não há escolhas."

Então eu cedi, já que era verdade. Não há mais escolhas, nosso tempo estava se reduzindo. Cada instante que perdíamos aqui, menos chances tínhamos de encontrar Violet e voltar para casa.

"Sete, guie-nos para o covil de Ryan." O ninja pediu. Sete apenas assente.

. . .

O deserto ficava cada vez mais escuro, a areia penetrava em meus olhos várias vezes, o que só dificultou tudo. Após quilômetros apenas andando, encontramos um lugar repleto de pedras e uma sucata idêntica à das minhas máquinas, quando elas se deformavam.

"Então é aqui." sussurra Noah, sendo interrompido por uma lufada de ar "Esperava mais de você, Rex"

"Eu não sou Ryan. Não somos a mesma pessoa." resmunguei para ele, um pouco mais chateado do que eu deveria estar "Podemos prosseguir, por favor?"

Sete continuou a nos guiar, parando somente quando ouvimos uma voz masculina, muito semelhante a minha. Era ele, tínhamos certeza disso. Ryan, porém, estava conversando com uma garota. Nos escondemos atrás de uma enorme pedra.

"Você está fabricando muitos EVOs. Sabe que só está piorando tudo aqui!" Ryan se pronuncia. Antes mesmo de ele obter a resposta da garota, meu estômago revira e o mesmo arrepio na espinha que senti no Zoológico de EVOs voltou. Oh, não! Aquela era Breach!

"O que você tem contra EVOs? Você não é um?" a voz serpenteada da lacaia de Van Kleiss só me fez sentir mais desconforto "Não tem nenhum direito de reclamar da minha dimensão, Ryan. Não esqueça que eu o inventei."

Ryan não teve tempo para objeções, pois a garota já havia sumido em um de seus portais vermelhos. Só ouvimos seus murmúrios quando Breach se foi.

"O que Breach estaria fazendo aqui?" Sete se questiona com extrema preocupação em seus olhos.

"Talvez esteja fazendo planos com Ryan. Como a própria Breach disse, ela o criou." falei provavelmente por todos. Quando o silêncio reinou sobre o local, ficamos preocupados. Noah arriscou olhar para onde Ryan estava.

"Que estranho. Ele não está mais ali..." Nixon observou. Para confirmar, também dei uma olhada. De fato, assim como Breach, ele havia sumido.

"Onde mais ele estaria?"

"Talvez bem nas suas costas" uma voz nem tão estranha se formou atrás da gente. Lá estava Ryan com o mesmo sorriso que exibia nas câmeras de segurança.

"Ryan!" Sete exclamou, obrigando todos nós a levantar. Seis desembainhou suas katanas e Noah apontou duas armas para ele.

"Siete..." o garoto que era a minha cópia exata continuou a falar, só que dessa vez com um sotaque espanhol bem mais formulado que o meu "Estás tan... diferente."

"Tú también." Sete me surpreende, também falando espanhol.

"Qual é? Por que não me falou que era mexicana?" falei.

"E não sou. Mas aprendi com o tempo."

"Quem é esse, minha querida?" Ryan questiona, apontando para mim. Sete parecia enojada com o comentário, mas não se negou a respondê-lo "É tão parecido comigo."

"Este é Rex Salazar, uma versão sua em outra dimensão." a garota respondeu, revirando os olhos "Digamos assim."

"Uma versão minha. Que interessante..." Ryan se aproximou de mim "Hablas español, chico?"

"Sim, eu falo. Y soy un hombre, não um chico." 

"Vocês podem ir direto ao assunto? Já estou confuso." Seis pede e Sete começa a falar com Ryan.

"Essas pessoas vieram de um lugar muito distante, Vossa Majestade, e agora precisam sair daqui. Será que poderia libertá-los?"

"Daqui a 2 horas. Pelo menos." Noah acrescenta, lembrando-me da minha missão principal: encontrar Violet. Quando o meu amigo disse aquilo, Sete curvou as sobrancelhas, com raiva. É... não tínhamos mencionado sobre Violet para ela. Até que me senti culpado. Aquilo poderia estragar tudo!

"Por que a precisão? Posso saber?" Ryan questiona, revirando o olhar de mim para Seis. Dessa vez, o ninja que responde.

"Precisamos encontrar uma pessoa muito importante para mim." diz ele "A minha filha."

"Como ela se chama?" o interesse de Ryan pela minha irmãzinha me deixou desconfiado. Ele teria algo a ver com ela?

"Violet. Violet Shultz."

A minha sósia coçava o queixo e olhava atentamente para Sete, como se estivesse lembrando-a de algum lugar.

"Não acredito que Breach foi tão covarde a esse ponto. Que pena pela sua pequena Violeta."

"O nome dela é Violet. Sem o 'a' no final." retruquei, mas ele prosseguiu.

"Oh, não, Rex. Esse sim é o nome dela. Violeta Mayer. Pelo menos aqui, em Nowhere."

"Do que está falando?" Sete se pôs em seu caminho, tão branca quanto a areia que nos cercava "Esse é o meu nome!"

"Estou falando de você, Siete." ele respondeu "Nunca imaginou como ou por que você cresceu tão rápido? Você nasceu em outra dimensão, mas alguém a trouxe até aqui."

"N-Não..."

"Nós, habitantes de Nowhere, temos um envelhecimento normal, porque já nos acostumamos à atmosfera daqui. Mas você... você é que nem esses aí." Ryan apontou para nós 3. Meu coração estava saltitando.

"O que isso tudo significa?" Noah pergunta com um tom ainda mais preocupado.

"Vocês não precisam procurar por sua querida Violet. Ela está bem na sua frente."

Então eu olhei para a garota que nos acompanhou até aqui. A que carregava um arco e várias flechas vermelhas pelas costas. A de cabelos negros e curtos, a de olhos castanhos. A que nós costumávamos chamar de Sete, mas na verdade, era a minha irmã.

"Violet..." Seis sussurrou, perdido nas próprias palavras.


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