Destiny escrita por Ckyll


Capítulo 9
Casamento não é complicado, exceto com Atena.


Notas iniciais do capítulo

Hey amores
Boa leitura, e mil perdões pela demora, me explicarei melhor nas notas finais.
O capítulo de hoje é dedicado a todas as meninas do p.a.
Espero que gostem.



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Acordar com uma inimiga em sua cama era sempre uma experiência inusitada.

Tornava-se ainda mais quando essa inimiga era Atena, sua eterna rival e nova esposa. Acordou muito antes que a luz do sol atravessasse as águas, como era de seu costume, e se deparou com a deusa da sabedoria aninhada a seu corpo. Ela parecia tranquila, diferente da noite anterior onde tinha chutado e empurrado o rei dos mares enquanto dormia. Sim, ela era uma peste mesmo em seu sono.

Por alguns momentos tudo aquilo era muito familiar, a sensação do corpo dela junto ao seu, sua respiração suave contra a pele do deus, seus dedos o segurando firmemente pela camisa. Era como se memórias muito antigas estivessem prestes a emergir, e isso nunca era boa ideia. Não havia nada em seu passado que ele quisesse recordar.

Tinha começado seu dia com um café da manhã na cozinha do palácio, em companhia dos empregados, como vinha fazendo desde que Anfitrite fora embora. Antes a rainha dos mares costumava acompanha-lo durante as refeições, ela não era a víbora que todos imaginavam, e Poseidon sabia que aquela imagem da deusa fora criada por alguma de suas amantes. Franzindo o cenho ele pensou em suas amantes, ou melhor dizendo: Antigas amantes. Seus casos nunca terminavam bem, por mais que estivesse apaixonado, sempre haviam empecilhos que impediam tudo de ir em frente.

Ele era casado. Ele era um deus. Ele não a amava de verdade.

Era tudo uma questão de necessidade, ou mesmo de egoísmo. Era ver e desejar, tomar para si de qualquer forma. Para escapar desses pensamentos, foi até a ala leste e permaneceu lá até que Sebastian fosse a sua procura.

As audiências na sala do trono aconteciam todas as manhãs, seus súditos vinham de todos os lugares para pedir algo, reclamar, ou simplesmente agradecer. Era lá onde ele resolvia problemas, dos mais corriqueiros aos mais complicados, como aquele daquela manhã, dois sereianos brigando por um baú de ouro. Tinha que admitir, estava se divertindo ao vê-los trocar acusações, mas sua atenção foi desviada quando no canto de sua visão fios loiros surgiram ondulando na água. Atena estava ali.

Não esperava que ela se acostumasse ao lugar tão rápido, tampouco que o encontrasse ali, mas com outra olhada descobriu Sebastian a seu lado, aquele velho tritão sempre se juntando com quem não devia. Sentiu como se ela estivesse invadindo seu espaço enquanto olhava os painéis com a história dos mares, a história desde a criação até ele, sua vida bem diante dos olhos da deusa da sabedoria.

― Poderia parar de me encarar? ― a voz da deusa o tirou de seus devaneios, e novamente o deus foi arrastado para o presente. Estavam na praia, Atena estava completamente molhada segundos antes, e ele não conseguia parar de olhar.

― Você disse que ia começar, e até agora não disse nada.

Atena respirou fundo, claramente buscando paciência, e Poseidon sorriu. Havia uma estranha satisfação em vê-la irritada, era apenas nesses momentos em que a deusa da sabedoria abandonava aquela fachada indiferente e inalcançável, tornando-se quase normal, e não o alien sem coração que ela era.

― Quando o rejeitado despertou e tomou controle do corpo de Zeus, houve um conselho Olimpiano, pouco tempo depois. ― ela começou, e as lembranças começaram a se desenrolar na mente do deus, foram semanas conturbadas aquelas. ― Você sugeriu que ele fosse retirado de meu pai e esquartejado, para que cada parte dele ficasse em um dos reinos, ou apenas nos seus, porque no mar ele não conseguiria criar forças para se reconstituir.

― Foi uma sugestão, e se bem me lembro, seu pai ignorou. ― o dar de ombros foi propositalmente despreocupado, ele ainda se perguntava por que tentava ajudar o caçula egoísta, devia deixar que o parasita se apossasse dele novamente e destruísse o mundo. A questão é que o gêmeo do mal foi longe demais, atacando o acampamento meio-sangue e fazendo com que os semideuses passassem a não só temer Zeus, mas odia-lo. ― No que isso tem a ver com o fato de eu estar casado com você?

― Acredito que tenha seja algo mais ligado a seu reino do que a você.

Poseidon franziu o cenho, era difícil seguir a linha de raciocínio de Atena, ainda mais porque sua mente insistia em não se concentrar nas palavras, mas sim nos lábios rosados da deusa.

― Atena, não sei o que aprendeu no Olimpo em relação aos deuses e seus domínios, mas aqui vai uma lição grátis: Eu sou o mar, sou a representação física do meu reino, então seja lá qual for o motivo de seu adorável irmãozinho não vir até aqui, tem a ver comigo.

― O mar é mais antigo do que você, Poseidon. Uma força primordial, você se tornou a personificação disso, porém a coisa toda é mais a fundo.

― Acho que você quis dizer “O buraco é mais embaixo”. ― ele corrigiu, e a deusa lhe deu um olhar raivoso, o que lhe provocou um sorriso por saber como ela detestava aquela expressão.

― A questão é: Existe a profecia.

Aquilo quase fez o deus rosnar em frustração, um gesto que Héstia tinha se esforçado para fazê-lo parar, mas era menos catastrófico do que dar tridentadas no chão e causar terremotos por todos os lados. Sempre havia uma profecia, sua vida seria tão mais simples sem aquelas palavras incompreensíveis, mas alguém ligava para isso? Moros era um maldito piadista.

― Devemos permanecer juntos... ― ele recordou, mas Atena o interrompeu.

“A sabedoria deve unir-se ao mar”. E como sabem que eu jamais me uniria a você por livre e espontânea vontade, Zeus e Hera decidiram por nos casar.

― Se quer saber... ― começou a reclamar, também não estava casado com ela por livre e espontânea vontade, na verdade Atena seria sua última opção quando pensasse em casamento. Ou melhor, ela nem seria uma opção.

Quando concluiu aquele pensamento sua mente fez questão de lhe contradizer, trazendo a tona lembranças do passado, algo tão antigo que ele mal sabia se havia acontecido de fato ou delirado. Enquanto a deusa da sabedoria continuava a falar, Poseidon lembrava como gostava da voz dela no início, da forma como eles costumavam conversar, como conseguiam se entender. Encarando os olhos cinzentos recordou o tempo em que os conhecia tão bem quanto os próprios, quando Atena não o encarava com desprezo, mas sim com simpatia e até carinho quando ele a fazia rir.

― Não, eu não quero saber o que você pensa, tudo o que quero é entender essa profecia e encontrar uma solução para essa confusão. ― Atena sentia-se profundamente incomodada sob seu olhar, ele sabia disso, ainda mais quando a encarava daquela forma pensativa, impossível de decifrar.

― Di immortales, é uma profecia simples, qual é a dificuldade em entende-la? ― ele não se importou se ela o olhava daquele jeito fulminante que fazia deuses se encolherem e murmurarem desculpas. ― A fantástica deusa da sabedoria não consegue entender uma profecia.

 ― É simples, propositalmente simples. O que significa que tem algo escondido nas entrelinhas. ― a deusa parecia se esforçar para não pular no pescoço dele, coisa que já tinha feito antes, pular sobre o deus dos mares e estapeá-lo era sempre tentador. ― É uma profecia, Poseidon. Nunca é simples, é propositalmente simples para que você caminhe direto em direção ao precipício.

― Caminhar até o precipício? Estamos casados, e temos que gerar “um fruto dessa união”.

― Gerar um filho? Com você? ― Atena ria, mas era de nervosismo. Porém era possível ver a irritação crescer no deus, seus olhos verdes escureceram e as ondas recuaram como se estivessem se preparando para um ataque.

Era isso o que Poseidon mais detestava nela, a mania da deusa da sabedoria em agir como se ele fosse inferior a ela, como se não fosse o suficiente, como se não fosse melhor do que os nerds que ela estava acostumada a lidar. Irritar-se era inevitável, e lhe parecia absurdo que qualquer ser no mundo considerasse que eles fossem, em algum momento, aceitar brincar de casinha e gerar um lindo herdeiro, um peixe-coruja.

Nunca ia acontecer. Eles eram incompatíveis demais, mas ainda assim, o desprezo dela o feria. Mais do que a seu ego, feria uma parte dele, algo que ele tinha enterrado dentro de si éons atrás.

― Você também pode tentar fazê-lo com os dedos, mas não acho que vá ser muito satisfatório.

Atena corou, e Poseidon se viu admirando o lindo tom rosado que se espalhou pelas bochechas da deusa, recordou-se as vezes que indagara se era daquela forma que ela produzia seus miraculosos semideuses. Mas, isso só durou um instante, pois logo os olhos cinza faiscaram, demonstrando a raiva da deusa.

― Será que você pode, ao menos por um minuto, levar essa situação a sério? Isso não é uma brincadeira, Poseidon. Eu fui obrigada a me casar com você, terei de quebrar meu juramento e ter um filho com o meu inimigo.

― Não, Atena, eu não posso levar essa situação a sério nem por um minuto ou eu vou surtar. Isso não se trata só de você, ou do seu juramento. É sobre mim, também. É sobre a minha vida. Eu estava feliz, sabia? Solteiro, livre, eu estava bem. Então seu pai interfere, de novo, e te joga nos meus braços. E você acha que é a única que está frustrada aqui? Você perde seu juramento, eu perco a minha liberdade. Se eu soubesse, teria permanecido casado com Anfitrite, assim nada disso estaria acontecendo!

A explosão de palavras foi libertadora, como tirar o peso dos céus de seus ombros, e por alguns instantes tudo o que ele sentia era raiva, tanta raiva. Atena, por sua vez, o encarou em silêncio. Era outra coisa irritante nela, provocava até que o deus dos mares gritasse como um louco, e depois se calava como se não tivesse feito nada.

― Não foi escolha minha. ― ela murmurou, e Poseidon fechou os olhos por alguns instantes. Porque aquilo soava como um pedido de desculpas, mais do que como uma afirmação.

― Eu sei. Também não escolhi isso.

Ele jamais concordaria com aquilo, se tivessem lhe dado oportunidade de opinar. No entanto, Zeus tirara seu poder de escolha, como o péssimo irmão que era, e sua esposa abençoara os deuses mais disfuncionais para que se tornassem um casal.

“Olhando pelo lado bom, foi Hera, e não Afrodite.”, aquela situação seria ainda pior nas mãos da deusa do amor, com todas aquelas ideias românticas, Afrodite transformaria aquela catástrofe num romance barato. As palavras de sua irmã voltaram a mente do deus, clareando seus pensamentos e lhe fazendo tomar uma decisão.

“Pense que não está fazendo isso por Atena ou por Zeus... Pense que está fazendo por Métis.”

Ele podia fazer aquilo pela antiga amiga, devia isso a ela. Voltou seu olhar para Atena, aquela que não parecia em nada com a mãe, e era uma cópia de tudo o que ele mais detestava em Zeus. Então deixou que sua voz saísse tranquila, porém firme, a ela.

― Encontraremos uma solução. ― prometeu, e a deusa da sabedoria foi tirada de seus devaneios. ― Acharemos uma brecha na profecia, venceremos seu irmão e então, nós dois nos livramos dessa confusão que eles chamam de casamento.

Atena o encarou por um longo instante, e o deus via que ela estava avaliando se deveria confiar em suas palavras. Por fim ela apenas assentiu, e voltou seu olhar a frente. Ali Poseidon percebeu, casamento não era complicado, exceto, é claro, com Atena.


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Notas finais do capítulo

Tenho que dizer: Escrever esse capítulo foi difícil numa proporção épica. Levei dias tentando desenvolver, e ainda sinto que não ficou bom. Prometo compensar no próximo capítulo.

Tem fic nova de Atena e Afrodite, deem uma olhada em Symphony of Love e me deixem feliz.

Nos vemos nos comentários?
Beijos, Ckyll



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